Civilidade entre alvirrubros, rubro-negros e tricolores na Arena Pernambuco

Torcedores de Náutico, Santa Cruz e Sport na Arena Pernambuco. Foto: Fifa/divulgação

Se tem algo que chamou a atenção na Arena Pernambuco nesta Copa das Confederações foi o comportamento do público na arquibancada.

Ordeiro, animado e contente com os bons jogos disputados.

Conforme divulgado pela própria Fifa, dos mais de 100 mil bilhetes vendidos para os três jogos por aqui, 84,5% pararam nas mãos de pernambucanos.

O sotaque carregado, as camisas tradicionais dos três clubes da capital e bandeiras amarradas no parapeito do estádio.

O que seria algo preocupante, tornou-se o diferencial, com torcedores de Náutico, Santa Cruz e Sport sentados lado a lado, uniformizados.

Conversas entre desconhecidos sobre Estadual, Brasileiro, jogos passados…

Provocação sadias entre os rivais, gritos de guerra durante as partidas, sobretudo com os rubro-negros, e saída conjunta para casa. Na paz.

Bandeiras de Náutico, Santa Cruz e Sport na Arena Pernambuco. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Nem a falta de alambrado na arena foi um problema na segurança.

Tudo isso, ressaltando, com a venda de cerveja liberada, algo proibido há três temporadas nos jogos regulares do futebol local.

A proibição através de uma lei estadual foi motivada pela violência. Na Copa das Confederações não houve qualquer registro policial nos jogos.

Qual foi a grande diferença no comportamento?

A questão certamente é ampla, sociológica. A partir da educação.

No entanto, a realização dessas partidas serviu como um laboratório, deixando claro que a convivência pode existir entre as três principais massas.

Falta ao governo decidir, porém, como será a organização nos clássicos. No principal meio, o metrô, por exemplo. Um trem para cada torcida? Um vagão?

Até a definição deste esquema, fica o bom exemplo da Copa…

Torcedores de Náutico, Sport e Santa Cruz no jogo Itália 4x3 Japão, na Arena Pernambuco, na Copa das Confederações 2013. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Uma pavimentação inexistente ao CT do Sport, mas que estava prevista na Copa

Acesso ao CT do Sport. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

O acesso ao centro de treinamento do Sport, em Paratibe, foi um dos pontos mais criticados na organização pernambucana para a Copa das Confederações.

Após o jogo de empurra-empurra entre as prefeituras de Recife e Paulista, ficou decidido que a capital seria a responsável pela área.

Na semana que antecedeu Espanha x Uruguai, o primeiro dos três jogos no estado, a delegação da Celeste enfrentou problemas para chegar ao CT.

A ladeira de barro, um problema histórico, faz com que o próprio Leão evite treinar lá no período chuvoso, instransitável.

Para a surpresa de ninguém, choveu bastante neste mês de junho.

E nada de obras por lá… Nada de acesso pavimentado. Nade de Padrão Fifa.

O local era um dos três escolhidos pela entidade para abrigar os treinamentos das seleções no torneio, ao lado do CT do Náutico e do Arruda.

Pois bem. No dia da passagem uruguaia, com o mundo registrando, funcionários da PCR passaram uma pá e um trator por lá, de forma emergencial. Por que nada foi feito anteriormente?

Segundo Ricardo Leitão, secretário extraordinário da Copa, diversos órgãos e prefeituras tiveram atribuições definidas para a organização da competição.

O gestor informou que cabia à Prefeitura do Recife pavimentar o trecho.

“Fizemos várias reuniões e cada um sabia o seu papel. A prefeitura sabia dessa responsabilidade de fazer aquela obra de acesso”.

A PCR, por sua vez, alega que a escolha do campo do Sport foi em novembro de 2012, sem tempo hábil para qualificá-lo para o evento teste.

Orçamento da estrada? R$ 2 milhões. Resta continuar cobrando…

Acesso ao CT do Sport. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Clássico dos Clássicos nos CTs em castellano

Treino do Uruguai no CT do Sport em 14 de junho de 2013. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

O investimento foi milionário nos centros de treinamento de Náutico e Sport na última temporada. Aproximadamente R$ 6 milhões em cada um.

Aporte com o objetivo primordial de aumentar a estrutura dos clubes e também para receber seleções nos torneios da Fifa. A concorrência era direta entre os rivais. Neste primeiro evento, a Copa das Confederações, missão cumprida para ambos, mas com ressalvas na instalação leonina.

Nesta sexta, dose dupla. À tarde, o Uruguai de Suárez e Forlán foi o CT do Leão, em Paratibe, num percurso de 1h30 a partir do hotel em Boa Viagem. Sem sistema de iluminação, a movimentação foi logo marcada para as 15h15. Um trator tentou melhorar o acesso, ainda não pavimentado…

Diego Forlánd e Andrés Iniesta treinando nos CTs de Sport e Náutico . Fotos: Paulo Paiva/DP/D.A Press

À noite, no mesmo horário da partida de domingo, 19h, a Espanha de Casillas, Iniesta, Xavi e Piqué já havia sido escoltada por inúmeros batedores até a Guabiraba, no alvirrubro CT Wilson Campos.

Um trajeto mais curto, de 45 minutos, também com caminho livre, claro. Com o potente sistema de iluminação no local, a Fúria fez um treino completo.

Mas vale um questionamento, devido ao quadro incomum desta sexta. O fato de abrigar uma seleção tradicional pode levar o torcedor do respectivo time de futebol do Recife a apoiá-la na partida de domingo? Até porque mais de 85% dos 40 mil torcedores na Arena Pernambuco serão pernambucanos.

Treino da seleção espanhola em 14 de junho de 2013 no CT do Náutico. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Guia das cidades nas Confederações com Náutico, Santa Cruz e Sport

Guia Visa da Copa das Confederações de 2013

Patrocinadora oficial da Fifa há anos, a Visa lançou o guia oficial das cidades do torneio, com 150 páginas, em português e inglês.

O Recife tem nove páginas na versão nacional e outras nove para estrangeiros, com história, museus, dicas sobre restaurantes e hotéis e futebol, claro.

Nas páginas 42 e 111, detalhes sobre o futebol pernambucano, incluindo naturalmente pequenos relatos sobre Náutico, Santa Cruz e Sport.

Acima, a íntegra da página, chamando a atenção para as conquistas e curiosidades de cada um para o público internacional. Os heróis locais…

Túneis amadores para profissionais no estádios locais

Túneis de acesso aos campos na Ilha do Retiro, Aflitos e Arruda. Fotos: Wellington Araújo/Rádio CBN

Estrutura alagada, uma adversidade comum no futebol pernambucano. Basta uma chuva um pouco mais forte e a precariedade da infraestrutura de acesso aos campos dos estádios recifenses fica evidente.

No Arruda, além do campo desgastado, o corredor alagado no acesso ao vestiário supostamente foi um problema para abrigar o primeiro dia de treinos na Copa. Abaixo, registros do radialista Wellington Araújo.

Os três estádios da capital contam com os corredores subterrâneos de acesso ao gramado. Na Arena Pernambuco, o correr é na altura do gramado.

Arruda, com uma pintura vencida há tempos e umidade extrema nas paredes.

Túnel de acesso ao campo no Arruda. Foto: Wellington Araújo/Rádio CBN

Aflitos, sem iluminação alguma e com bastante lodo.

Túnel de acesso ao campo nos Aflitos. Foto: Wellington Araújo/Rádio CBN

Ilha do Retiro com bomba d`água, devido à quantidade de alagamentos no setor.

Túnel de acesso ao campo na Ilha do Retiro. Foto: Wellington Araújo/Rádio CBN

As benesses (os problemas) dos (da falta de) investimentos públicos nos clubes

Centro de Treinamento Wilson Campos com a presença da seleção da Espanha em 13 de junho de 2013. Foto: Alexandre Barbosa/DP/D.A Press

Os campos oficiais de treinamento definidos pela Fifa em Pernambuco foram os centros de treinamento de Náutico e Sport e o estádio do Arruda, do Santa.

Dentro dos três locais surgiram novos arranjos na infraestrutura. O mais visível sem dúvida foi no CT Wilson Campos, agora com sistema de iluminação, inaugurado em grande estilo, com o treino da Espanha, campeã do mundo.

Com isso, o CT do Náutico deu mais um grande passo, pois poucos clubes do país contam com centros com refletores. O investimento foi público, da Prefeitura do Recife, que bancou aportes para as instalações. Até o momento, só o Sport, integrado ao “pacote das confederações”, não recebeu.

Ao todo, R$ 1,2 milhão dos cofres públicos para ser dividido entre os rivais.

No Arruda, gasto com melhorias nos vestiários. Inicialmente, o CT leonino havia ficado de fora da lista da Fifa, segundo a agenda da Copa das Confederações, com treinos das seleções nos palcos do Alvirrubro e do Tricolor.

A forte chuva no Recife acabou mudando a situação, com o Uruguai optando pelo centro em Paratibe. No entanto, veio um novo veto, devido à falta de um acesso decente. A estrada em Paratibe segue em situação constrangedora.

A prefeitura alega que o inverno inviabilizou a obra. Pois é.

Acesso ao centro de treinamento do Sport, em Paratibe, em junho de 2013. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

A sexta classificação da Segundona 2013

Classificação da Série B 2013, na 6ª rodada. Crédito: Superesportes

Mais uma terça cheia na agenda calendário da Série B, com dez partidas. A 6ª rodada do foi a última antes da paralisação para a Copa das Confederações, organizada pela primeira vez no Brasil. Único time invicto, a Chapecoense segue disparada.

Jogando em casa o Sport tinha a chance de continuar no G4. A derrota por 2 x 0 para o Bragantino, debaixo de outro toró na Ilha, afundou a classificação leonina. O time caiu do 3º para o 8º lugar na embolada disputa.

Recuperação? Só em julho…

A 7ª rodada do representante pernambucano
06/07 – Joinville x Sport (16h20)

Revés na Ilha alagada evita tranquilidade leonina na parada da Série B

Série B 2013, 6ª rodada. Sport x Bragantino. Foto: Paulo Paiva/DP.D.A Press

Era uma chance para embalar, mas como parece ser a sina do Sport nas últimas temporadas, o arranque não aconteceu.

O Sport vinha de duas vitórias seguidas e jogaria contra o Bragantino, em casa.

A derrota para o Bragantino, na Ilha do Retiro, tirou o time rubro-negro da zona de classificação da segunda divisão nacional. O revés por 2 x 0 evitou a desejada tranquilidade durante a paralisação para a Copa das Confederações.

Na partida na noite desta terça-feira, abrindo a sexta rodada, cheia, o Leão começou pressionando, como na rodada passada, diante do Palmeiras. A chuva ainda não havia chegado. Tempo para mandar duas bolas no travessão, com Marcos Aurélio num chutaço de fora da área e Rithely numa cabeça.

Em sua primeira chance, o fechadinho Bragantino se aproveitou de uma saída equivocada de Magrão após cobrança de escanteio. No rebote, Carlinhos.

Veio a chuva e mais uma demonstração da pobreza do sistema de drenagem da Ilha, deixando poças d´água. Como no sábado, o futebol sumiu debaixo do toró.

O meia Lucas Lima caiu de produção, sem poder tocar a bola. Marcos Aurélio se esforçou, mas a bola parada não estava taão calibrada. E o fator Nunes na bola área dessa vez ficou no quase…

Para completar, quando o Sport tentou pressionar no segundo tempo, o único contragolpe do time paulista resultou em outro gol, aos doze minutos, com Magno Cruz. Estava decretada a terceira derrota e a queda na tabela.

Série B 2013, 6ª rodada. Sport x Bragantino. Foto: Paulo Paiva/DP.D.A Press

Parece que foi ontem, rubro-negro

Copa do Brasil 2008, final: Sport 2x0 Corinthians. Foto: Osmario Marques/Flickr

Por Fred Figueiroa*

Saudades de ontem.
Foi um daqueles dias que começam antes de amanhecer. Bem antes.
Começa quando você deita na cama para dormir e não dorme.
Fecha os olhos e vê um videoclipe de cenas que só podem ser vistas com olhos fechados.
Chamam de imaginação. De sonho acordado. Alguns querem acreditar que são premonições.
Mas a gente sabe que é só nervosismo mesmo.
Saudades de ontem.
De um dia que amanheceu colorido.
Por apenas duas cores.
Nas camisas, nas bandeiras dos carros e apartamentos, nas capas dos jornais, nos varais dos ambulantes pelas esquinas da cidade.
Hoje é saudade.
Ontem foi agonia.
Um dia que não passava.
Olhava no relógio. 10h.
Olhava de novo. 10h.
Esperava séculos e olhava de novo. 10h01.
Mais tarde eu entenderia que aquele dia não poderia mesmo passar.
Afinal, era um dia eterno.
Era ontem.
E ainda é hoje.
É.
Vai ser.
Sempre será.
Saudades de ontem.
Do dia em que éramos um país independente.
Do dia em que fomos inimigos do nosso próprio país.
Uma Argentina. Um Paraguai.
Uma ilha.
Ou melhor, a Ilha.
Ilha que explodia em barulho.
Explosões de fogos e de peitos.
Enquanto pela TV, um narrador praticamente lamentava o nosso gol.
Saudades de ontem.
Do dia em que a nossa seleção nos encheu de orgulho.
A nossa verdadeira Seleção.
Que não tem os melhores jogadores do mundo.
Nem os melhores do país.
Mas que nunca joga sozinha.
É até covardia.
A nossa Seleção tem mais de 30 mil jogadores enfrentando times comuns.
Saudades de ontem.
A noite que terminou vermelha.
A noite em que fogos de artifício mudaram a cor do céu.
Por alguns minutos.
Para sempre.
Hoje é dia 11 de junho.
Hoje faz cinco anos do 11 de junho mais importante da história.
O dia que em que o Sport conquistou a Copa do Brasil.
Parece que foi ontem.

*Fred Figueiroa é editor de mídias sociais e colunista de esportes do Diario

A quinta classificação da Segundona 2013

Classificação da Série B 2013, na 5ª rodada. Crédito: Superesportes

Após cinco rodadas, enfim a entrada do Sport na zona de classificação à elite nacional. A vitória sobre o Palmeiras, no encharcado campo da Ilha, elevou o Leão do 7º para o 3º lugar, graças à goleada diante do Guaratinguetá.

A segunda divisão do Campeonato Brasileiro terá apenas mais uma rodada antes da parada obrigatória para a Copa das Confederações, voltando apenas no mês de julho. Na rodada cheia da próxima terça-feira o Rubro-negro poderá alcançar um pouco de paz, algo em falta há tempos nas bandas do clube.

A 6ª rodada do representante pernambucano
11/06 – Sport x Bragantino (19h30)