A cidade de Campina Grande é a única do interior a receber uma decisão da Copa do Nordeste. Em 2016, o populoso município no agreste paraibano chega à segunda finalíssima, com Campinense e Santa Cruz na disputa pela cobiçada taça dourada. Para se ter uma ideia, o Recife, um dos principais centros futebolísticos da região, até hoje só recebeu uma final, numa lista de seis cidades que tem uma folgada liderança de Salvador, com cinco aparições.
Com a capacidade liberada para 20 mil torcedores, a mesma carga em 2013, o Amigão será ocupado em 1º de maio por 17 mil raposeiros e 3 mil corais, com a disposição das torcidas já estabelecida pelo mandante – além disso, os dois estados poderão ver o jogo na tevê aberta. De 1994 a 2015, os mandantes ganharam sete títulos, enquanto os visitantes levaram a melhor em cinco.
As sedes das 13 decisões do Nordestão 1994 – Rei Pelé, Maceió-AL (CRB (2) 0 x 0 (3) Sport*) 1997 – Fonte Nova, Salvador-BA (Vitória* 1 x 2 Bahia) 1998 – Machadão, Natal-RN (América* 3 x 1 Vitória) 1999 – Fonte Nova, Salvador-BA (Bahia 1 x 0 Vitória*) 2000 – Ilha do Retiro, Recife-PE (Sport* 2 x 2 Vitória) 2001 – Fonte Nova, Salvador-BA (Bahia* 3 x 1 Sport) 2002 – Barradão, Salvador-BA (Vitória 2 x 2 Bahia*) 2003 – Barradão, Salvador-BA (Vitória* 0 x 0 Fluminense) 2010 – Frasqueirão, Natal-RN (ABC 1 x 2 Vitória*) 2013 – Amigão, Campina Grande-PB (Campinense* 2 x 0 ASA) 2014 – Castelão, Fortaleza-CE (Ceará 1 x 1 Sport*) 2015 – Castelão, Fortaleza-CE (Ceará* 2 x 1 Bahia) 2016 – Amigão, Campina Grande-PB (Campinense x Santa Cruz) * Os clubes campeões
Ranking de cidades 5 – Salvador 2 – Natal, Fortaleza e Campina Grande 1 – Maceió e Recife
Ranking de estádios 3 – Fonte Nova 2 – Barradão, Castelão e Amigão 1 – Rei Pelé, Machadão, Ilha do Retiro e Frasqueirão
A Copa do Nordeste passaria por um estágio de obervação de 2015 a 2017, com a presença de clubes do Piauí e do Maranhão, finalmente inseridos no torneio. A condição de “ouvintes” se refletia nas finanças, sem cotas na primeira fase. Somente a partir das quartas os clubes dos dois estados receberiam as verbas acordadas. Conforme dito pela Liga do Nordeste na época, após o triênio haveria uma avaliação dos resultados técnico e econômico com os novos participantes. Logo, 2018 poderia marcar um novo Nordestão, inclusive com a projeção de outra ampliação. Ao que parece, a mudança é muito mais drástica, enxugando a competição de 20 para 16 times. Trata-se de uma disputa entre as federações mais fortes (Bahia, Ceará e Pernambuco) e os sete clubes mais populares (Bahia, Vitória, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa e Sport). Clubes dos 7?!
Enquanto as entidades brigam por mais datas nos campeonatos estaduais, hoje numa clara condição de coadjuvantes, os times almejam um regional ainda mais rentável, sem espaço para surpresas. Neste caso, entende-se a recorrente ausência dos grandes, perdendo as vagas em campanhas ruins no Estadual – Náutico, Santa, Vitória, Fortaleza e, agora, Ceará, passaram por isso.
Inicialmente, a ideia seria implantar uma classificação via ranking – no caso dos clubes, essa ideia seria apenas a ponte para uma reforma maior, com participantes fixos (detalhes abaixo). A federações também alegam um melhor nível técnico com menos jogos, com uma consequente melhor distribuição das receitas. Difícil é não relacionar isso ao aumento dos respectivos campeonatos, a fonte absoluta de receita das federações. O Pernambucano, por exemplo, só tem 14 datas, e a taxa sobre as rendas dos jogos é de 8%.
Outro entrave para o enxugamento passa no vigente acordo judicial (Liga/CBF), com a garantia de dez edições da Lampions (até 2022) e contrato de tevê assinado pelo mesmo período. Com a receita crescente – de R$ 5,6 milhões em 2013 para R$ 14,8 milhões em 2016 -, qualquer mudança redutiva torna-se arriscada sobre o acordo nos tribunais. Ainda mais se passar pela grade de transmissão, até 25% menor. Como aumentar o faturamento com uma exposição menor? Em tese, a aposta dos articuladores é baseada na presença dos maiores clubes, com mais clássicos regionais, em vez de partidas sem tanto apelo. O que não pode ficar de fora é a execução de um justo critério técnico, para que o tal Clube dos 7 não lembre os ideais do Clube dos 13…
Vamos aos possíveis modelos trabalhados nos bastidores:
Copa do Nordeste, como é hoje… 20 clubes, oriundos dos estaduais (3 vagas para PE e BA e 2 para os demais) 5 grupos de 4 times Os cinco líderes e os três melhores vice-líderes avançam às quartas Quartas de final, semifinal e final em jogos de ida e volta 12 datas
74 jogos (14 no mata-mata, 18%)
Obs 1. Se falou até em uma reformulação já em 2017, mas não há base legal, pois as vinte vagas do torneio já foram asseguradas via estaduais de 2016.
Copa do Nordeste, como as federações querem em 2018 16 times, com nove campeões estaduais e sete via Ranking da CBF 4 grupos de 4 times Os dois melhores de cada chave avançam às quartas Quartas de final, semifinal e final em jogos únicos 9 datas
55 jogos (7 no mata-mata, 12%)
Obs 2. O formato seria permanente, mantendo os campeonatos estaduais como torneios de acesso ao regional, sem nenhuma participação fixa.
Copa do Nordeste, como os sete maiores clubes querem em 2018 16 times, com nove campeões estaduais e sete via Ranking da CBF 4 grupos de 4 times Os dois melhores de cada chave avançam às quartas Quartas de final, semifinal e final em jogos de ida e volta 12 datas
62 jogos (14 no mata-mata, 22%)
Obs 3. A edição de 2018 seria uma transição para compor o torneio da nova fase, a partir de 2019, com a mesma fórmula, mas com a participação via acesso/rebaixamento com uma segunda divisão, esta formada pelos estaduais.
Na visão do blog, os dois modelos especulados reduzem a importância do Nordestão, em calendário e mérito esportivo. A proposta dos clubes para 2018, sem a participação fixa, parece a melhor, desde que se mantenha assim. Ao jornal O Povo, o presidente da federação cearense de futebol, Mauro Carmélio, confirmou a articulação, inclusive junto à CBF e à Liga do Nordeste. Ao Diario de Pernambuco, o mandatário da federação pernambucana, Evandro Carvalho, se esquivou do assunto e disse que somente depois do regional de 2016 o futuro regulamento será discutido. Para entender melhor esse posicionamento, é preciso dizer que o dirigente vem participando do Grupo de Reformas da CBF.
Você concorda com a possível mudança? Qual é a melhor proposta?
A TV Coral registrou os bastidores da inédita classificação do Santa Cruz à final da Copa do Nordeste de 2016, com a vitória por 1 x 0 sobre o Bahia, na Fonte Nova. O vídeo tem 6 minutos de imagens do pré-jogo, da comemoração no vestiário, com depoimentos no calor do objetivo alcançado. Assista.
Um domingo histórico para o país, que parou diante da televisão para acompanhar à votação sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. À tarde, a atenção dos pernambucanos estava voltada para o futebol, com o dia decisivo nas semifinais do Nordestão. Pauta absoluta para o 45 minutos, que analisou a classificação do Santa Cruz na Fonte Nova. Ao vencer o Bahia, o Tricolor se credenciou à sua primeira final. Na sequência, o mau futebol e a consequente eliminação diante do Campinense, no Amigão. Falcão balança? Por fim, após uma longa gravação, comentamos, sim, sobre o resultado na Câmara dos Deputados. Do circo às mudanças necessárias.
Neste podcast, de 1h52, estive ao lado de Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
O Santa Cruz voltou a se agigantar na Fonte Nova. Repetindo o feito na Segundona, quando arrancou para o acesso, os corais conquistaram em Salvador a vaga na decisão do Nordestão. Uma campanha inédita na história coral, consolidando um momento vitorioso na história do clube, com quatro títulos estaduais em cinco anos. A vitória por 1 x 0 foi o resultado da confiança após o desempenho no Arruda, quando dominou o Bahia e só não saiu com o resultado positivo por uma infelicidade, num pênalti bobo nos minutos finais.
Aquele prêmio ao Baêa manteve uma invencibilidade que já capengava desde as quartas de final, quando se classificou com o adversário mandando três bolas na trave. Contra o Santa, não. Na décima apresentação baiana na Lampions, a primeira derrota, fatal. Foi o quarto clássico entre os dois times no torneio. Ao Santa, com duas derrotas e um empate até então, era preciso vencer. Na prática, as contas com empates eram inglórias.
Daí, a formação coral, extremamente aberta no início da partida. Wallyson substituiu o suspenso Lelê no meio, ambos atacantes. Time exposto? Sim, mas focado no objetivo, consciente das apresentações irregulares do Bahia. O mandante até começou apertando a saída de bola, com os pernambucanos tendo dificuldades para passar da meio do meio-campo, mas a partir de uma sucessão de erros baianos a tarde de domingo virou.
Começou com um recuo sem força, seguiu com um domínio sem jeito e terminou numa saída errada do goleiro. Nos três lances, a atenção total de Grafite, que se aproveitou e mandou para as redes, obtendo a vantagem necessária aos onze minutos. Impôs ao rival um nervosismo visível – o Brocador escapou de ser expulso ainda na primeiro etapa. Em um segundo tempo mais nervoso, com chances claras dos dois lados, os corais mostraram o mesmo copeirismo visto no Castelão contra o Ceará, também com um triunfo. Algo mais que necessário para levantar a inédita orelhuda dourada.
O Ibope-Repucom fez um levantamento sobre os maiores contratos de patrocínio-master do futebol brasileiro em 2016. No gráfico divulgado pelo diretor do instituto, José Colagrossi, foram indicados os 15 primeiros times. Não se trata da soma de receitas com o padrão, que pode ser até uma colcha de retalhos, mas do principal investidor, estampado na área nobre do uniforme.
A lista considerou valores oficiais, o que justifica a ausência do Santa Cruz. No acordo recém-firmado, o Tricolor deverá receber R$ 6 milhões anuais da MRV Engenharia, segundo reportagem do globoesporte.com. O valor colocaria os corais em 10º lugar no país, ao lado do rival Sport e de outras três equipes. Vale destacar que a mesma empresa estampa a marca no padrão do Bahia, cujo valor também não foi revelado, mas é especulado em R$ 7 milhões.
No topo, os dois times mais populares do país, Flamengo e Corinthians, ambos patrocinados pela Caixa Econômica Federal. Por sinal, também deve-se ao banco o maior patrocínio da Série B, com R$ 9 milhões ao Vasco, em 8º no geral. Entre os nomes tradicionais, Santos, Flu e Botafogo são as lacunas, pois não têm contratos vigentes – no máximo, acordos pontuais a cada partida.
Maiores patrocínios do Nordeste em 2016 R$ 7 milhões – Bahia (MRV)* R$ 6 milhões – Sport (Caixa) R$ 6 milhões – Vitória (Caixa) R$ 6 milhões – Santa Cruz (MRV)* * Valores não confirmados
Os jogos mais importantes de Santa e Sport nesta temporada, até o momento, serão realizados em horário nobre, às 16h do domingo. Ambos fora de casa, contra Bahia e Campinense, em busca de um lugar na final do Nordestão de 2016. Por mais que todas, absolutamente todas as partidas dos times mais populares do estado tenham sido transmitidas pela Globo Nordeste quando atuaram como visitantes (oito vezes), desta vez os dois estão fora da grade.
A direção nacional da emissora optou por transmitir a votação sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, e antecipou para as 16h20 do sábado as partidas da grade. Foi assim no Paulista, Mineiro, Gaúcho, Cearense, Alagoano… Nada de futebol no domingo. Em vez de arquibancadas lotadas, um país dividido pelo muro em Brasília, em frente ao Congresso. Duas exceções: o Carioca, com os quatro grandes jogando no domingo, apenas no pay-per-view, e o Nordestão, em sua fase decisiva.
Com a palavra, o diretor do EI, Fábio Medeiros, que respondeu ao blog no twitter:
“A gente também preferia (jogos em horários diferentes), mas a Globo pediu pra ser nesse horário, pois antes ela passaria os dois (um para o Recife e outro para Salvador). E agora não dá pra mudar. Quando fomos avisados não dava mais tempo, infelizmente. Seria espetacular. Uma pena! E também entendo a necessidade deles (Globo) fazerem a cobertura de Brasilia”.
Ou seja, além dos assinantes do canal (até 440.179 na Bahia e 273.587 em Pernambuco) e das ondas do rádio, o único jeito para assistir aos jogos, cercados de ansiedade, é viajar. São dois mil ingressos aos corais na Fonte Nova, no terceiro anel, e dois mil aos leoninos no Amigão, na arquibancada da sombra. Limitação total para dois jogos esperados por milhões…
Em dois jogos movimentados no Recife, cinco gols anotados e cenários completamente abertos para as partidas de volta pela semifinal da Copa do Nordeste de 2016. O Santa Cruz vencia o Bahia até os 37 do segundo tempo, mas acabou cedendo o empate, 2 x 2. Já o Sport empatava sem gols com o Campinense até os 49 minutos, 1 x 0. Com o futebol objetivo demonstrado no Arruda, qual é a chance coral de voltar classificado em Salvador, no domingo? Com a desorganização tática na Ilha, o que Leão deve fazer em Campina Grande, sobretudo com as suspensões de Durval e Rithely? Pauta suficiente para o 45 minutos, que ainda debateu o texto infeliz, na visão do blog, do Movimento Ocupe Estelita, defendendo a Torcida Jovem (veja aqui).
Neste podcast, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Santa Cruz 2 x 2 Bahia (gravado em 14/04)
Sport 1 x 0 Campinense, Bahia x Santa e Estelita/Jovem (gravado em 15/04)
O Santa jogou bem melhor que o Bahia, abrindo a semifinal do Nordestão. Levou um gol no começo, mas se impôs para virar, na velocidade e na técnica. Finalizou bastante, tentando ampliar, mas acabou penalizado, literalmente, no fim. Empate em 2 x 2 no Arruda, obrigando o time a se superar na Fonte Nova, diante do ainda invicto rival – nada que o povão não tinha visto na última Série B. A torcida, com a presença decepcionante de 12 mil espectadores, saiu encharcada pelo toró, mas condicionada a manter a confiança até domingo. No campo, o time deu essa esperança, com intensidade em jogadas pelas pontas, sobretudo com Keno, e uma marcação consistente, travando o adversário, que mal conseguia sair jogando, arriscando ligações diretas para Hernane Brocador.
A isso se deve a formação. Milton Mendes escalou o Santa sem surpresa, com Lelê no meio, com um trio ofensivo. Idem no lado baiano, mas sem toque de bola. Menos participativo, o ataque visitante teria que jogar no erro adversário, e do árbitro. Num contragolpe aos 19 minutos, com os corais reclamando uma falta não marcada em Allan Vieira, o lance seguiu num chute cruzado, defesa de Tiago Cardoso e rebote do Broca. Após 34 dias parado, o centroavante marcou duas vezes em dois jogos. No ano, são dez tentos em nove partidas. Tem faro.
De cabeça erguida, o time coral permaneceu no campo adversário. Pouco depois, teve um gol (corretamente) anulado – sinal de que Lomba teria trabalho (e foi bem). Com 67% de posse, seguiu assim até os 44. Numa baita jogada, Keno passou por dois e bateu da quina da área, no cantinho, chegando a sete gols na temporada. Igualou sua melhor marca, de 2013. No intervalo, o recado foi claro: manter o ritmo, pois o Bahia não reagia. Após duas chances, a virada veio com Grafite, que tirou a inhaca de sete jogos, após uma rápida infiltração.
Exausto, Keno seria substituído por Daniel Costa, que, sem surpresa, diminuiu a rotação. Porém, sem comprometer. Sem chegar com perigo uma vez sequer, o Baêa conseguiu o empate aos 37. Vacilo de Wellinton Cézar, com a mão na bola num bololô após o escanteio. Pênalti, cobrado e convertido pelo ex-coral Luisinho. A vantagem do empate praticamente sumiu. Pior, Milton terá que repor a vaga de Lelê, expulso. Opções? Leandrinho, Daniel e Léo Moura. Ou uma nova improvisação ou um novo esquema. Tem três dias para decidir, com a confiança depositada pela torcida para ir à final da Lampions…
Promovendo as semifinais da Copa do Nordeste de 2016, o canal Esporte Interativo, detentor dos direitos de transmissão do torneio, tratou os clubes como filmes famosos, com direito a “trailers”. Foram lançados quatro vídeos (devidamente compartilhados nas redes sociais), com um minuto cada. Entre imagens e depoimentos, peças emulando os cenários cinematográficos.
No Santa, o ídolo Grafite assume o papel de Don Vito Corleone, O Poderoso Chefão da máfia italiana, na aclamada trilogia baseada na história escrita por Mario Puzo. Adversário dos corais, o Bahia, com uma campanha ainda invicta, teve um filme foi apropriado: Invictus. Em vez do presidente sul-africano Nelson Mandela (Morgan Freeman) e do capitão da seleção nacional de rúgbi François Pienaar (Matt Damon), o técnico Doriva e o goleiro Marcelo Lomba.
Já o Sport, cujo vídeo alcançou 430 mil visualizações em uma semana no facebook, o filme escolhido foi o último da trilogia O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Virou “O Senhor da Ilha”, na imagem de Diego Souza, substituindo Aragorn. E o Campinense? O campeão de 2013 quer, claro, repetir a história. Não por acaso, ganhou uma versão de De volta para o futuro.
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