A única vitória do Náutico sobre o Botafogo no Rio de Janeiro, pela Série A, foi há quase trinta anos. Para ser mais exato, foi em 1985, com Baiano e Nunes marcando os gols do 2 x 0. A partida aconteceu em São Januário. Pois alvirrubros e alvinegros voltaram à casa vascaína na noite deste sábado.
Com um time bem fechadinho, como nos melhores momentos de Zé Teodoro no Arruda, o Timbu não teve vergonha alguma de dar chutão para fora de sua área. E nem deveria ter motivo mesmo, pois a fase não está nada fácil.
Com os zagueiros Jean Rolt e William Alves e os volantes Elicarlos, Derley e Rodrigo Souto, o time pernambucano suportou bem o primeiro tempo. O jogo chatíssimo, travado, era o que interessava ao Náutico nesta rodada, com o objetivo de brecar a série de insucessos no Campeonato Brasileiro.
A tática ruiu no início do segundo tempo, com Elias recebendo a bola nas costas da defesa e abrindo o placar para o Fogão. Aos 31, Renato definiu o 2 x 0, curiosamente o mesmo placar do jogo anterior no estádio. Foi a sexta derrota vermelha e branca em oito apresentações, numa carência grande de reforços.
O resultado levou o Botafogo à liderança e manteve o Náutico na lanterna, num duro contraste que só mesmo a história é capaz de fazer esquecer.
Com mais uma goleada na conta, o Náutico segue na lanterna do Brasileirão. O time agora está a três pontos do 16º colocado, o primeiro fora da zona de rebaixamento. Só uma vitória timbu e uma derrota do Criciúma, combinadas com o saldo de gols, tirariam o clube do Z4 na próxima rodada.
Por causa de uma excursão do São Paulo à Europa, um jogo da da 11ª rodada do campeonato foi antecipado, São Paulo 1 x 2 Bahia.
A 8ª rodada do representante pernambucano
20/07 – Botafogo x Náutico (21h00)
Jogos no Rio pela elite: 1 vitória timbu, 2 empates e 6 derrotas.
Tenho 33 anos. Isto significa que acompanho futebol com alguma consciência desde o fim dos anos 80. Ali, já sabia o nome dos jogadores, queria ir ao estádio, sofria ouvindo rádio, dava volta no quarteirão quando meu time era campeão, chorava nas piores derrotas. É natural que a visão sobre o esporte e a interpretação dos acontecimentos vá se moldando com o tempo. Mudando. Infância, adolescência, paixão, maturidade, profissionalismo. Em cada uma dessas etapas, o futebol se revela por ângulos diferentes. Mesmo tendo “estudado” a história do nosso esporte, pertenço a uma geração (e quem não pertence?) e a minha percepção do futebol é influenciada diretamente por ela.
Esta (não tão) pequena introdução foi para falar do Atlético/MG. Há uns 7 ou 8 anos virava madrugadas debatendo futebol em fóruns de discussão e comunidades no finado Orkut – fascinado com a nova possibilidade de trocar ideias e visões com torcedores de todos os clubes do país. E não existia polêmica maior (o Brasileiro de 1987 não conta) do que a real existência do conhecido G12. O grupo dos 12 maiores clubes do futebol nacional. Aqueles que todos conhecem. Ou que fomos quase adestrados a conhecer e respeitar. Eram os times que estavam todos os dias na TV, nos brinquedos, por todos os lados. Nos anos 1980, era um verdadeiro milagre encontrar um time de botão com escudos do Sport, Náutico ou Santa. Um caderno, uma toalha, um boneco, um boné… Nada. Eram apenas os quatro do Rio, os quatro de São Paulo, os dois de Minas e os dois do Rio Grande do Sul.
Porém, os tempos mudam. Os costumes, os valores, as pessoas. As fronteiras foram desaparecendo, o foco naturalmente foi sendo ampliado. E nos últimos 13 anos pelo menos sempre defendi a tese de que o tal G12 não existe na prática. Estamos condicionados a aceitá-lo, mas sobram fundamentos para renegá-lo. A distância do São Paulo ou Corinthians – em qualquer aspecto (títulos, torcida, estrutura, dinheiro) – para o Botafogo é incomparavelmente maior do que a do alvinegro carioca para clubes como Coritiba, Atlético/PR, Bahia e Sport – equipes grandes em suas regiões, com títulos nacionais e consideradas (corretamente) intermediárias no futebol brasileiro. O Botafogo – sem estádio, com torcida reduzida e ausente, e dois títulos nacionais bem esporádicos – é tão intermediário quanto os clubes que citei. O que o diferencia? Apenas a geografia e a massificação da mídia, herança dos anos 80. A decadência é visível. Nas pesquisas recentes de torcidas e números de sócios, tornou-se comum aparecer atrás dos principais times fora do eixo RJ/SP/MG/RS.
Não considero que a localização geográfica seja suficiente e determinante para fazer do G12 algo eternamente imutável. Se absolutamente tudo muda ao nosso redor, os velhos conceitos e – neste caso – preconceitos também devem mudar. Gestões, investimento, renovação da torcida, patrimônio e – sobretudo – títulos são fundamentais. Todos somados formam um grande time, assim como a tradição e a história. Costumo colocar o Atlético/MG no mesmo “bolo” de Botafogo, Coritiba e etc. O título da Libertadores pode mudar a minha visão? Claro. As circunstância também. Investimento milionário, jogadores de Seleção…É o que sempre defendi. Não vejo o futebol como uma “sociedade de castas”. Os degraus estão aí para subir e descer. E fundamentalmente: os degraus estão aí para todos.
* Fred Figueiroa é o colunista de esportes do Diario de Pernambuco
O público fraco no clássico carioca na Arena Pernambuco, com 7.882 pagantes e prejuízo de R$ 41 mil no borderô, repercutiu fora do estado. Na imprensa do Sudeste, o tema foi discutido nas mesas redondas mais conhecidas da tevê.
O fiasco teria sido motivado pela “resistência cultural do futebol pernambucano”.
Abaixo, as opiniões dos jornalistas Juca Kfouri, no programa Linha de Passe, da ESPN Brasil, Lédio Carmona, no Redação Sportv, e Luiz Roberto, no Bem, Amigos!, ambos do Sportv. Todos no mesmo tom.
Juca Kfouri “O futebol brasileiro comete contra si mesmo o equívoco de achar, de desconhecer por exemplo o perfil do torcedor pernambucano. O torcedor pernambucano se orgulha de dizer que é Sport, é Náutico e é Santa Cruz. Se há um torcedor no Nordeste que se orgulha de dizer isso e reprime os outros que dizem ser Flamengo, Vasco e Fluminense, é o torcedor pernambucano. É uma questão de orgulho estadual não ir a um Clássico Vovô.”
Lédio Carmona “Não deu público porque o torcedor do Recife, do estado de Pernambuco, torce para Náutico, Sport e Santa Cruz. Ele torce muito, é muito apaixonado. Tem uma resistência. Eles são apaixonados pelos clubes deles e não tem espaço para clube de outro estado. O resultado financeiro era esperado. Eles não querem receber esses jogos. É um direito. É a cultura local.”
Luiz Roberto “Acho que ficou aqui um alerta, uma confirmação. Me foi perguntado outro dia sobre o fato de jogos de times de outros estados acontecerem na Arena Pernambuco. Não teremos no Recife a mesma pegada de outras capitais do Nordeste. O Recife é uma cidade peculiar nesse aspecto. Ela é muito com os times locais. Não adianta porque no Recife não será como Natal, por exemplo, João Pessoa etc.”
O borderô do clássico carioca na Arena Pernambuco, divulgado pela CBF, apresentou o primeiro prejuízo do novo empreendimento.
O duelo entre Botafogo e Fluminense, que valeu a liderança da Série A no domingo, terminou com saldo negativo nas finanças, apesar da renda de R$ 368 mil proporcionada pelos 7.882 pagantes.
As despesas foram bem maiores…
Mandante, o Fogão alugou o estádio, pagando R$ 270 mil. Ou seja, só o alguel do espaço correspondeu a 73% de toda a receita.
Porém, ainda houve gasto com ingressos (R$ 36 mil) e taxas para as federações do Rio (R$ 36 mil) e Pernambuco (R$ 18 mil).
No fim, a conta do alvinegro foi de R$ 41 mil, mas no vermelho.
A escolha pelo Recife não foi mesmo das melhores, pois o rombo foi superior aos jogos do clube em Volta Redonda, onde o estádio já vinha apresentando públicos pífios.
O jogo anterior do Botafogo como mandante no Brasileiro havia sido no Raulino de Oliveira, contra o Cruzeiro. Na ocasião foram apenas 2.685 pagantes.
A renda foi negativa, mas o fumo foi menor, de R$ 410.
Ou seja, o prejuízo no Recife foi 100 vezes maior…
Invadiu o gramado, tirou foto com o atacante Fred e beijou os pés do atacante.
Depois da cena lamentável, ainda saiu rindo, acenando para as câmeras.
Esculhambação demais.
A invasão de campo na Arena Pernambuco durante o clássico carioca, no domingo, foi a primeira na nova safra de estádios do país em jogos pela Série A.
Mostrou que parte da torcida ainda precisa ser reeducada.
Nesta nova fase não há alambrados separando as torcidas. Também não há uma divisória entre a arquibancada e o gramado.
É uma liberdade ao torcedor, uma prova de civilidade. Para o bom andamento do espetáculo é preciso, então, contar com a colaboração do público.
Vestindo a camisa do Flu, o torcedor identificado como Douglas Alei, seguidor também do Sport, não ligou pra isso e passou sem problemas pela fiscalização.
Só foi detido ao voltar para a cadeira na escadinha de acesso. De lá, foi levado até o juizado especial, onde foi lavrado um boletim de ocorrência.
O tal torcedor ainda recebeu um lanche da organização antes de ser liberado…
Pouco tempo depois ele já estava tirando onda no facebook (veja aqui).
Pois é. No Brasil é preciso estabelecer logo uma punição severa aos invasores, além de multas. Na Inglaterra cenas do tipo, julgadas rapidamente, terminam em prisão de até quatro meses. Em São Lourenço só houve uma “punição”.
A polícia apagou do celular do torcedor a sua foto ao lado de Fred…
O enorme estacionamento da Arena Pernambuco já está operando. Ao todo, são 4.700 vagas, número próximo ao do Shopping Center Recife.
No amplo espaço há um lugar exclusivo para ônibus. No clássico carioca entre Botafogo e Fluminense, neste domingo, o setor ficou cheio.
O repórter João de Andrade, do Superesportes, conferiu a origem de parte dos ônibus e vans que chegaram pelas rodovias federais BR-408, BR-232 e BR-101.
A maioria dos coletivos veio da Paraíba e de Alagoas.
Em tempo: o estacionamento do estádio tem preços distintos para tipos de veículos, com motos (R$ 5), carros (R$ 20) e ônibus e vans (R$ 80).
Os clubes cariocas vêm num ritmo itinerante na Série A. Com o Engenhão fechado para reformas e sem acordo para atuar no Maracanã, os times vêm buscando opções e tentando desbravar mercados…
Pernambuco se fez presente no roteiro futebolístico.
Neste domingo o estado recebeu o tradicional Clássico Vovô, com integrantes do G4 do campeonato brasileiro. Botafogo e Fluminense.
Partida envolvendo o campeão carioca e o campeão brasileiro, com Seedorf e Fred, jogadores diferenciados. A vitória valeria a liderança da Série A.
De fato, uma boa atração no papel. Já na arquibancada da Arena Pernambuco isso não foi traduzido em sucesso de público. E olhe que o consórcio administrador do estádio estimava em 20 mil torcedores.
Os mosaicos vermelhos, tão corriqueiros no Engenhão, com cadeiras na cor azul, tomaram conta do estádio em São Lourenço da Mata. A presença foi tão baixa que não foi preciso sequer abrir o anel superior.
Foram apenas 7.882 pagantes, com um borderô de R$ 368.550.
Em Brasília, também com uma nova arena, ainda mais cara, em busca de fontes de receita, o Flamengo jogou duas vezes no Brasileirão, ambas com sucesso estrondoso de público e renda.
Nas partidas contra Santos e Coritiba a torcida rubro-negra lotou as arquibancadas do Mané Garrincha. Foram nada menos que 116.326 pagantes, com uma renda agregada de inacreditáveis R$ 9.653.710.
A população da capital federal, uma cidade de apenas 53 anos, colabora para isso. Uma região formada por “migrantes”, muitos de origem carioca. Mas também de outros estados com menos tradição no futebol.
No Recife, um conhecido reduto com forças locais na massa, o jogo seria um teste. Um caso a ser estudado pelo mercado da bola.
Certamente, a resposta financeira de Botafogo 1 x 0 Flu não foi das melhores.
“Com mais esse grande jogo, a Itaipava Arena Pernambuco inicia a sua variedade de atuações e demonstra a vocação de multifuncionalidade. Já recebemos a Copa das Confederações e jogos do Naútico. Encaramos esta partida como mais um espetáculo, como teremos outros, ligados não apenas ao futebol, como também a shows, eventos e entretenimento. Estamos preparados para oferecer as melhores condições possíveis”.
A declaração é de Sinval Andrade, presidente do consórcio Arena Pernambuco, se referindo ao clássico carioca Botafogo x Fluminense, no estado.
Obviamente, ele enxerga da melhor forma possível (e rentável) esta agenda. Foi o clássico do Rio de Janeiro que deu início às discussões sobre o tema.
A palavra “provincianismo” foi bastante utilizada nos dois lados da discussão.
Entre os que defendem jogos tipo, seria provincianismo achar que uma partida assim poderia influenciar no perfil das torcidas pernambucanas, com o aumento a longo prazo de torcedores de times de outros estados no Recife.
Entre os que não gostaram, seria provincianismo o fato de receber esse jogo, pois outras cidades com tradição no futebol, como Belo Horizonte e Porto Alegre, não foram cogitadas, levando em conta o poder das massas locais.
O blog, desde o começo, não tratou o clássico como um caso isolado. Mas sim como o início de uma tendência, numa transição não imaginada até então.
A frase da operadora do estádio do consórcio confirma isso.
Tanto que o jogo Flamengo x Grêmio, também pela Série A, já estaria engatilhado. Depende do resultado financeiro de Bota x Flu.
O clássico carioca terá ingressos por R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Os sócios dos Botafogo, o “mandante”, poderão comprar ingressos de sócio.
Com 50% de desconto, atendendo à vontade do clube, que alugou o estádio.
Nos jogos do Náutico, num contrato mais longo, o associado timbu terá 30%.
Não faz muito sentido.
O consórcio já ajudou bastante o Timbu, melhorando o centro de treinamento, com direito à instalação de refletores, e com um aditivo mensal de R$ 500 mil até o início da operação regular, neste mês.
No entanto, as ações mais recentes vêm batendo de frente com esse princípio.
Mudança na data do jogo, justamente para receber outro jogo, desconto menor para sócio, demora na marcação de horários para treinos etc.
Paralelamente a isso, a Arena segue buscando formas de gerar receita – e é uma necessidade. Mas ao agendar partidas do Rio de Janeiro, alvo de polêmicas, o consórcio deixa uma série de questionamentos no ar…
Na parceria público-privada, o governo do estado terá que suprir o rombo no faturamento anual caso a receita da temporada seja abaixo de 50% da previsão inicial, de R$ 73,2 milhões, segundo aditivo assinado em 21 dezembro de 2010.
A estimativa, aliás, é altíssima. Foi calculada considerando a presença de Santa Cruz e Sport, como o governo garantiu ao parceiro privado. Contaram com ovo antes da galinha, pois tricolores e rubro-negros ainda não assinaram.
Ou seja, para que o governo (o povo, consequentemente) não pague a conta – com três décadas pela frente -, os jogos de fora “precisam” ser um sucesso.
Logo, não serão poucos jogos…
Botafogo x Fluminense é, sim, uma partida emblemática para o futebol local.
Por mais que os torcedores sigam discutindo, jogos assim vão acontecer.
Comparações com os benefícios do Náutico, único cliente até o momento, serão onipresentes. A preocupação com a receita anual ainda mais.
É inegável o ganho ao estado proporcionado pela Copa das Confederações e pela Copa do Mundo. Pernambuco não poderia ficar de fora disso.
Mas o ônus, contudo, virá. Por enquanto, uma surpresa a cada semana.
Mudança cultural, econômica… Tudo a dezenove quilômetros do Marco Zero.
Até segunda ordem, pois a imprensa carioca informou uma costura para transferir o clássico entre Botafogo e Fluminense, também pela Série A, para o Nordeste, devido à falta de estádios no Rio de Janeiro.
Botafogo x Fluminense
Data: 7 de julho.
Local: Arena Pernambuco…?
A articulação com o mandante Botafogo foi confirmada pelo consórcio. Assim, o Alvirrubro teria que jogar em outra data. Ou adotaria até um plano C. Não por acaso, a tabela oficial da CBF mantém a partida em Rosa e Silva.
Que tipo de contrato assinado pelo Timbu é esse, então?
Difícil levar a sério um negócio de trinta anos no qual o clube fica a mercê do consórcio até este ponto. Antes mesmo do torcedor se acostumar na arena.
Jogo desmarcado por um show? É estranho, mas ok…
Mas ter o primeiro jogo oficial desmarcado para que o palco abrigue outra partida do mesmo campeonato, com dois times de fora?
Não creio que a o Clássico Vovô será disputado aqui em 7 de julho.
Se isso acontecer, estaremos diante de uma situação bizarra no futebol local.
Depois disso será difícil convencer os outros times do estado sobre a viabilidade de um acordo sem lastro sequer para o mando de campo.
Atualização: O clássico será no dia 7. Náutico x Ponte, em segundo plano, será no dia 6. Timbu foi consultado, mas não houve compensação financeira.