O ano da Copa do Mundo no Brasil

Joseph Blatter confirma o Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014, em 30 de outubro de 2007. Foto: Fifa/divulgação

O pentacampeonato mundial da Seleção Brasileira, com Ronaldo e Rivaldo, ainda não havia completado sequer um ano quando foi anunciado, em 3 de junho de 2003, o interesse do país em organizar novamente a Copa do Mundo. No caso, a edição de 2014. O caminho seria longo até a realização do antigo desejo, quase inacreditável naquela época. A concorrência era acirradíssima, com potências econômicas já dotadas de infraestrutura de qualidade.

Entretanto, ajudou e muito o rodízio implantado pela Fifa – e hoje extinto – com os continentes a cada torneio. Cumprindo o regulamento, 2010 iria para a África, de forma inédita, e 2014 voltaria para a América do Sul, fora da rota desde 1978. Candidato único, após intensa articulação política, o Brasil foi confirmado como país-sede em 30 de outubro de 2007, num envelope aberto por Joseph Blatter em Zurique, sede da entidade.

Desde então, uma árdua sequência com a escolha das cidades – de 18 candidatas para 12 subsedes -, burocracia para o início das obras dos novos estádios (“arenas”) e das intervenções na mobilidade urbana, atraso nas construções, superfaturamento, aditivos, paralisações, evento-teste com a Copa das Confederações, manifestações tomando as ruas, pressão externa e interna… E expectativa. Estamos, enfim, no ano da Copa, a 162 dias do pontapé inicial no Itaquerão, em São Paulo, no dia 12 de junho. Diante de 65 mil pessoas – todos os ingressos para a partida ja foram vendidos -, o Brasil de Neymar, Fred e Felipão enfrentará a Croácia em busca do hexa.

Além da volta da hegemonia do futebol, que também daria fim ao fantasma do Maracanazo de 1950, o Brasil quer usar o Mundial para dar o grande salto econômico no ano. Um estudo encomendado pelo Ministério do Esporte prevê um impacto econômico de R$ 183 bilhões, resultado da soma dos recursos investidos e gerados no país antes e durante a competição, de forma direta ou indireta, incluindo aí 710 mil novos empregos.

O custo para essa projeção pra lá de otimista não foi baixo. Aliás, ainda nem parou de crescer. Inicialmente, a previsão de investimentos em infraestrutura no Brasil era de R$ 23 bilhões, já elevado. Agora, o preço da competição já passou dos R$ 64 bilhões. É mais que a soma das últimas três Copas.

A pressa para deixar tudo pronto – ou quase tudo, pois algumas obras da Matriz de Responsabilidades foram abortadas por falta de tempo – visa a recepção de todo o público que irá curtir os 64 jogos agendados, sendo cinco deles na Arena Pernambuco, pronta e já em plena operação em São Lourenço da Mata, tirando do antigo terreno o visual bucólico. Estima-se 3,1 milhões de turistas nacionais e 600 mil estrangeiros circulando em todo o país durante o maior evento esporivo já realizado no continente, incluindo jogos, shows nas fan fests, turismo etc.

A corrida pelos três milhões de bilhetes da Copa já começou, com seguidas fases de venda online. Já foram adquiridos 890 mil. Até a abertura, a venda deverá ser recorde, tamanha a procura, com seis milhões de solicitações de mais de cem países. A festa está programada, faltando pouquíssimo tempo para o Brasil receber bem o mundo. Aquele pequeno envolope aberto de sete anos atrás ganhou forma, transformou-se em responsabilidade. A Copa será aqui e, definitivamente, o brasileiro fará parte da festa. Todos juntos num só ritmo.

Maracanã na Copa das Confederações. Foto: Fifa

Os passos de Santa Cruz, Sport e Náutico no Nordestão de 2014

Nordestão

O trio da capital pernambucana irá estrear no futebol em 2014, oficialmente, na Copa do Nordeste. Remodelado e com um investimento de R$ 40 milhões, o regional irá premiar o grande campeão com uma vaga na Copa Sul-Americana ainda nesta temporada, no segundo semestre.

Santa, Sport e Náutico, classificados como campeão, vice e 3º lugar do Estadual passado, voltam a disputar juntos o Nordestão após doze anos (veja aqui).

O Tricolor está no grupo B, ao lado de Bahia, CSA e Vitória da Conquista. O sorteio colocou ainda rubro-negros e alvirrubros na mesma chave, a D, juntamente a Botafogo de João Pessoa e Guarany de Sobral.

A tabela da Copa do Nordeste – abaixo – foi revisada, aumentando o período de disputa, agora de 19 e janeiro, na de grupos, a 9 de abril, na finalíssima.

O título não vem para o estado desde 2000, com o Leão…

As 62 partidas da competição serão exibidas na televisão, revezando as transmissões entre Rede Globo (aberta) e Esporte Interativa (assinatura).

Em apenas cinco dias, as finalíssimas do Pernambucano e do Nordestão

Calendário da CBF para o futebol brasileiro em 2014

A CBF reajustou o calendário do futebol brasileiro em 2014.

Aos grandes clubes pernambucanos a mudança poderá ser drástica…

Anteriormente, a Copa do Nordeste seria disputada de forma enxuta entre 12 de janeiro e 23 de fevereiro. A finalíssima do Pernambucano seria apenas em 13 de abril. Caso um time local avançasse até as finais do regional, as primeiras rodadas do campeonato estadual seriam reagendadas.

Agora, as duas competições serão realizadas de forma paralela. A fase principal do centésimo Campeonato Pernambucano começará em 8 de fevereiro, mantendo o segundo jogo da final em 13 de abril.

O Nordestão, porém, foi esticado. Usando sobretudo as datas no meio de semana. A decisão da copa nordestina será em uma quarta, 9 de abril.

Ou seja, em cinco dias, um clube pernambucano poderá disputar duas taças, com o Estadual e o Nordestão, num verdadeiro choque de datas.

Eis o calendário das decisões.

02/04 – Jogo de ida do Nordestão (quarta)
06/04 – Jogo de ida do Estadual (domingo)
09/04 – Jogo de volta do Nordestão (quarta)
13/04 – Jogo de volta do Estadual (domingo)

Elenco, concentração, qualidade, preparação física etc.

Missão para Náutico, Santa Cruz e Sport…

Confira o calendário do futebol brasileiro em 2014 em uma resolução maior aqui.

Pernambuco, o 8º melhor futebol do país

Ranking Oficial da CBF de 2013, para as federações

O futebol pernambucano aparece pelo segundo ano seguido em 8º lugar no ranking da CBF sobre as 27 federações estaduais do país, atrás Santa Catarina e Goiás.

Apesar da maior tradição local, é inegável o melhor momento das duas praças nas últimas competições nacionais, que formam a base de pontos.

Tanto Pernambuco quanto Goiás terão um clube na Série A e dois na Série B em 2014. O Goiás, entretanto, foi o sexto colocado no último Brasileirão, em uma posição ainda não alcançada pelos pernambucanos nos pontos corridos.

Já Santa Catarina será simplesmente o segundo estado com mais representantes na elite. Serão três clubes, Criciúma, Chapecoense e Figueirense. Ultrapassou o Rio de Janeiro.

É possível mudar o cenário da terrinha nos próximos anos…?

No modelo anterior do ranking da CBF, com a soma dos pontos entre 1959 e 2011, o estado era o sexto colocado. O sistema mudou para uma aferição somente com as últimas cinco temporadas, com mais pontos aos anos mais recentes. Ou seja, o título da Copa do Brasil do Sport, em 2008, saiu do somatório no novo ranking, com levantamento entre 2009 e 2013.

Na nova lista, os oito times pernambucanos presentes entre as 221 equipes brasileiras rankeadas somam 21.642 pontos. Em 2012 eram 22.765.

Ranking da CBF com ordem em 2013 na Aflitos, Ilha do Retiro e Arruda

Ranking Oficial da CBF de 2013

A Confederação Brasileira de Futebol divulgou a nova atualização de seu ranking oficial de clubes, apresentado uma vez a cada ano, sempre em dezembro.

Esta é a segunda versão do formato, contemplando os últimos cinco anos, com pesos diferentes, com vantagem para os mais recentes. Veja o sistema aqui.

O Náutico, apesar do rebaixamento, se beneficiou da pontuação conferida aos vinte participantes da elite nacional e agora é o clube pernambucano com a melhor posição na lista, pela primeira vez na sua história.

O Timbu subiu ao 21º lugar, uma posição acima do ranking passado. Com 7.557 pontos, abriu 817 de vantagem sobre o rival o Sport. O Leão, apesar do acesso na segunda divisão, despencou cinco colocações, agora em 24º, com 6.740.

Campeão da Série C, o Santa ganhou só três lugares, uma vez que a pontuação da terceirona é baixa. Soma 3.091, menos da metade dos rivais. O cenário coral deverá mudar em 2014, com a provável subida de várias posições, na Série B.

Outros pernambucanos na lista: Salgueiro (47º, 2.874 pts), Central (94º, 564 pts), Ypiranga (107º, 459 pts), Petrolina (158º, 204 pts), Porto (182º, 153 pts).

Confira a lista completa da CBF, com 221 equipes, clicando aqui.

Relembre o ranking de 2012.

O tal cruzamento da divergência, imposto antes do início do Brasileiro de 1987

Jornal do Brasil em 11 de setembro de 1987

Uma das principais polêmicas acerca do Campeonato Brasileiro de 1987 é fundamentada no momento em que o cruzamento dos módulos amarelo e verde foi imposto pela CBF.

Há mais de duas décadas é comum escutar de torcedores e, sobretudo, jornalistas, de todos os cantos do país, que o decisivo cruzamento envolvendo os dois primeiros colocados de cada módulo surgiu apenas com o campeonato em andamento, o que negaria segundo os mesmos o direito de Sport e Guarani na disputa.

Trata-se de uma visão rasa de uma competição tão polêmica, recheada de nuances na esfera esportiva e jurídica, e ainda aberta.

Mas, ao pé da letra cronológica, o cruzamento surgiu antes. O direito é legal. O formato do Nacional foi concebido em 24 de julho daquele ano, 48 dias antes da primeira rodada do módulo verde, ou “Copa União”, como seria chamada por causa de um patrocinador.

Protagonista do imbróglio, o Clube dos 13 naturalmente lutou contra a ideia e as reviravoltas continuaram, tentando manter o campeonato mais enxuto, com 13 clubes – isso mesmo, sem os três convidados.

Na noite do dia 3 de setembro, na sede da CBF, o presidente da confederação, Otávio Pinto Guimarães, anunciou o acordo com os clubes, incluindo o Clube dos 13, a contragosto. Foi assegurada a proposta original da entidade.

Jornal do Brasil em 11 de setembro de 1987Seria uma primeira divisão com 32 clubes, divididos em dois módulos, mantendo os 16 indicados pelo Clube dos 13 em uma das chaves – e seus respectivos acordos comerciais -, e com o cruzamento final. Aliás, o termo “cruzamento” não é o ideal, pois na prática seria um quadrangular, com jogos de ida e volta entre os melhores dos dois módulos.

A reprodução no alto é do tradicional Jornal o Brasil, sediado no Rio de Janeiro, com a publicação do dia 11 de setembro de 1987, a data do primeiro jogo oficial do Campeonato Brasileiro, entre Palmeiras e Cruzeiro. Nota-se que durante mais de uma semana a estrutura do torneio já era de domínio público.

Confira a cronologia em uma resolução maior aqui.

No dia seguinte à reunião, 4 de setembro, a Gazeta Esportiva informou a ausência do cruzamento, numa imagem bem disseminada na web (veja aqui).

Seria interessante conferir os exemplares nos sete dias seguintes àquela informação.

Pois bem. O campeonato foi iniciado, e com o regulamento escrito às pressas, pois a bagunça, claro, seguia. Com a assinatura do Clube dos 13? Conforme diz na própria sentença de 11 páginas favorável ao Sport, através da Justiça Federal, em 1994, existiu um “acordo tácito”.

Ou seja, os clubes do módulo verde se submeteram às regras normativas da CBF, ao seu tribunal, aos seus árbitros, à sua organização, à sua chancela.

Acredite, essa pesquisa foi simples, com todo o conteúdo liberado na internet.

Como é que depois de tanto tempo ainda seja tão comum o erro cronológico?

A raiz cultural das viradas de mesa no Campeonato Brasileiro

Revista Placar de 27 de outubro de 1986

O Brasileirão teve inúmeros formatos e nomenclaturas entre 1959 e 1985.

Do sistema eliminatório às fases de grupos, dos convites aos esboços de critérios técnicos para embasar as participações. Na década de 1980 a vaga no Nacional era conquistada através dos campeonatos estaduais – Pernambuco, por exemplo, tinha duas vagas diretas. No entanto, uma competição com 44 clubes, sem organização alguma no calendário, não se mostrava mais atrativa. Patrocinadores e torcedores foram se afastando aos poucos.

Em 1985 a média de público foi de 11.625 pessoas, a menor desde 1979 – quando o torneio teve 94 clubes, num exemplo clássico de falta de organização somada a mais rasteira política. Pois bem. Na temporada seguinte foi decidido que o futebol brasileiro tentaria se adaptar à estrutura europeia, já tradicional, com o campeonato separado por divisões e a implantação do sistema de acesso e descenso ao fim de cada edição. Um lampejo de profissionalismo e o outro maior do jeitinho, como ficaria nítido a cada semana naquele campeonato.

A ideia original era reestruturar o Brasileiro aos poucos, até alcançar o número de 20 participantes. Para isso, obviamente era preciso dar o primeiro passo, de forma criteriosa. No campo. Assim, estipulou-se uma Série A (por sinal, tal expressão nem existia naqueles tempos) com 24 clubes em 1987. Nenhuma vaga seria oriunda dos estaduais. Ou seja, o Brasileiro de 1986 necessariamente classificaria todos esses times. Desta forma,  a CBF oficializou o “acesso” no regulamento com seis vagas para cada um dos quatro grupos na segunda fase do torneio. Mas ainda havia a primeira etapa…

Jornal O Estado de S. Paulo de 20 de outubro de 1986Aí talvez esteja enraizada toda a cultura de “virada de mesa” do futebol nessas bandas. Eram quatro chaves (A, B, C e D), com onze times. Os seis melhores de cada uma passariam à fase seguinte, além dos quatro melhores independentemente dos grupos. A esses ainda se juntariam outros quatro classificados através do Torneio Paralelo – uma disputa à parte, com 36 clubes em quatro grupos, tendo o Central de Caruaru como ganhador de um. Numa conta simples, seriam 32 equipes na 2ª fase, das quais as 24 melhores jogariam a sonhada e inédita primeira divisão no ano seguinte. Apenas os dois últimos dos grupos I, J, K e L seriam “rebaixados” – além de todos os eliminados na etapa anterior e no próprio Torneio Paralelo.

Ainda na primeira fase daquela competição, o primeiro grande baque. O Vasco, campeão brasileiro em 1974 e vice em 1979 e 1984, fora eliminado no grupo C. Logo, fora rebaixado. O motivo foi um tanto insólito. Um atleta do Sergipe, Carlos Alberto, havia sido flagrado no exame antidoping. Naqueles tempos, o julgamento terminava com a transferência dos pontos para a outra equipe. No caso, o Joinville, no grupo B e que ganhou os dois pontos – o sistema de três pontos por triunfo só surgiu em 1995. Foi o suficiente para ultrapassar o Vasco na disputa pela quarta e última vaga da repescagem. Veio a batalha de liminares…

O clube carioca, já sob influência de Eurico Miranda, entrou na justiça alegando “quebra de privacidade no resultado do exame antidoping”, numa clara brecha na lei, e o Joinville retrucou (veja aqui).

De mãos atadas, a CBF encontrou uma solução daquelas. A entidade eliminou a Portuguesa, a vice-líder da chave D, porque a direção havia entrado na Justiça Comum numa polêmica sobre a arrecadação dos jogos, sobre a legalidade dos 5% da bilheteria para a federação – sem relação com a classificação.

O rubroverde do Canindé foi outro a acionar a justiça. Mais. No pleito, contou com o apoio de todos os outros representantes de São Paulo, que ameaçaram se retirar do campeonato caso a decisão fosse mantida. Acuada novamente, a CBF – envolvida na época numa ardilosa disputa política – acabou dando razão a todos e classificou 33 equipes, no mais puro tapetão. Com o número ímpar, inviabilizando a formação da fase seguinte, além da pressão dos demais competidores, a confederação fez o mais fácil – quase um modus operandi -, ao promover a entrada de mais três equipes, apenas por uma questão de simetria. No bolo, entraram Náutico, Santa Cruz e Sobradinho – então eliminados e rebaixados -, totalizando 36 times, distribuídos em quatro chaves de nove. A bagunça foi documentada durante semanas pela revista Placar.

Enfim finalizada a primeira fase – vale ler duas vezes até aqui, pois foi mesmo um ano confuso -, veio a etapa classificatória às oitavas de final. Os jogos país afora começaram em 12 de outubro.

No dia 20, como publicou o jornal O Estado de S. Paulo, a CBF promoveu uma mudança no regulamento, aumentando a primeira divisão de 1987 para 28 clubes. Sustentou a modificação em uma resolução do Conselho Nacional de Desportos (CND), órgão normativo ligado ao governo federal, com a ampliação até a quantidade máxima indicada.

Para se ter uma ideia das paralisações e da falta de uma agenda, a segunda fase do Nacional de 1986 só terminou em 29 de janeiro do ano seguinte. O Vasco, aquele mesmo rebaixado lá no comecinho, se recuperou e chegou até as oitavas. Já Botafogo, Sport – 3º lugar na primeira fase – e Vitória, que avançaram nas vagas originais, foram “rebaixados”. A gritaria, como não poderia deixar de ser, foi enorme, iniciando a bola de neve.

O título de 1986 seria finalmente definido em 25 de fevereiro de 1987, num jogaço entre Guarani e São Paulo, no Brinco de Ouro. Festa tricolor nos pênaltis, após o eletrizante 3 x 3, com direito a prorrogação.

A partida só não teve mais reviravoltas que as reuniões na CBF, no STJD, no CND e na Justiça Comum visando a formação do Campeonato Brasileiro de 1987. O rebaixamento criado na edição do ano anterior perdera a validade jurídica após a mudança dos classificados à segunda fase.

Àquela altura, o número imaginado de 24 clubes para o primeiro ano com divisões – ou até a ampliação de 28 – já havia se tornado irreal. Teríamos novamente um Brasileirão com 44? Não era desejo de ninguém, ao menos isso.

Haveria, sim, o campeonato brasileiro com um critério técnico – mesmo que ali já existissem vários, com mudanças a cada novo debate entre os dirigentes. Entre as opções, esquecer 1986, e seus possíveis entraves jurídicos, e considerar o ranking histórico? Mas qual ranking, pontos ou arrecadação…? Esquecer a frieza dos regulamentos era uma vontade mais forte, desde que para benefício próprio. Durante todo o primeiro semestre, a cartolagem seguiu discutindo, com a CBF chegando a anunciar a falta de recursos e, por isso, a incapacidade de organizar um campeonato naquele momento.

Jornal do Brasil em 11 de setembro de 1987Como se sabe, surgiria justamente ali, em 11 de julho, o Clube dos 13 – que de fato, ao contrário de sua última e implodida versão, só tinha treze componentes, tradicionais.

Veio com uma visão inovadora do mercado esportivo, importante, mas à parte de todo o passado e do direito adquirido. De cara, o Clube dos 13 limpou geral a lista do torneio, definindo apenas 16 participantes, número abaixo até do mínimo estipulado por escrito por Manoel Tubino, presidente do CND, de 20 equipes.

Naturalmente, muita gente em condições de disputa ficou de fora, como, vejam só, o último vice-campeão brasileiro.

O tapetão foi empurrado para o torneio seguinte, iniciado em 11 de setembro de 1987 e ainda em discussão, como registrou o Jornal do Brasil. E aí não é mais preciso dizer mais nada. A confusão segue até hoje…

Entre a virada de mesa e o tapetão, a mudança no caderno esportivo

Evolução do caderno Superesportes no dia 11 de dezembro de 2013

A reviravolta no Campeonato Brasileiro, na noite de terça-feira, movimentou dirigentes, advogados, tribunais, jogadores, torcedores e, claro, a imprensa.

No Diario de Pernambuco, a redação teve que correr. O caderno Superesportes sofreu uma grande mudança em sua primeira página.

A capa traria um material sobre a violência no futebol, ainda no rescaldo da selvageria em Joinville, entre integrantes de organizadas de Atlético-PR e Vasco.

Essa reportagem rapidamente cedeu espaço ao “Caso Héverton”, cuja escalação irregular pode rebaixar a Portuguesa e manter o Fluminense na elite.

Então, veio a produção de textos em ritmo acelerado, a definição da manchete e a seleção das fotografia, inclusive de polêmicas do passado.

As mudanças foram acontecendo, sendo ponderadas e a contextualização de “virada de mesa” foi suplantada pelo “tapetão”, que agrega as modificações através da justiça, corretas ou não. O que um detalhe no regulamento não faz…

Confira a capa definitiva em uma resolução maior aqui.

Os primeiros pitacos sobre a Copa de 2014

Grupos da Copa do Mundo de 2014. Arte: Fred Figueiroa/DP/D.A Press

As 32 seleções classificadas ao Mundial de 2014 foram distribuídas.

Bem distribuídas, diga-se.

Grupo da morte? É melhor enxergar a alcunha no plural.

Obviamente, serão seis meses de projeções e mesas redondas até a bola rolar, na segunda Copa do Mundo da história organizada no país.

Falando nisso, vamos aos pitacos preliminares do blog…

Grupo A – Brasil, Croácia, México e Camarões
A Seleção Brasileira, em evolução técnica sob o comando de Felipão, caiu em uma chave moderada, no máximo. Representante europeia no quarteto, a Croácia enfrentou problemas para alcançar a sua vaga. O México até vem dando trabalho ao Brasil, mas nas categorias de base, como nas Olimpíadas e no Mundial Sub 17. No time principal, em Copas, é freguês – e não atravessa boa fase. Já Camarões cumpre a cota histórica de times africanos no caminho verde e amarelo. O foco o entendimento para contar com Eto’o.

Vagas: Brasil e México

Grupo B – Espanha, Holanda, Chile e Austrália
Um dos grupos mais difíceis do torneio, sem dúvida alguma. Nada menos que a atual campeã mundial e a atual vice-campeã. Protagonistas da batalha no Soccer City, na África do Sul, Fúria e Laranja Mecânica seguem em boa fase, novamente apontadas como favoritas. O Chile, por sua vez, registrou uma campanha sólida na eliminatória sul-americana, acabando em 3º lugar. Tem um forte conjunto e deve contar com apoio maciço da torcida. Sem surpresas, a Austrália é a zebra.

Vagas: Espanha e Holanda

Grupo C – Colômbia, Grécia, Costa do Marfim e Japão
Uma chave bastante equilibrada, mas, ao menos na tradição dos Mundiais, nivelada por baixo. Cabeça de chave através do ranking da Fifa, a Colômbia tem mais uma chance de realizar uma boa campanha e superar o trauma de 1994, quando chegou como favorita e decepcionou ainda na primeira fase. Quem não quer mudar é a Grécia, sempre com o seu truncado jogo e que às vezes se mostra eficiente. A Costa o Marfim tem em Drogba o principal jogador da chave. Por último, o Japão visa repetir a boa imagem deixada na Copa das Confederações, com um futebol rápido e ofensivo.

Vagas: Colômbia e Costa do Marfim

Grupo D – Uruguai, Costa Rica, Inglaterra e Itália
Eis um poderoso grupo a morte, com três campeões do mundo. A Costa Rica deve deixar o Brasil rapidamente. Difícil mesmo será apontar o campeão que também deixará o Mundial ainda na primeira fase. A Itália, do técnico Prandelli, conta com um grupo qualificado e tem tradição demais para ser relegada. Cenário semelhante ao da Inglaterra, sempre times de estrelas, no papel. No entanto, 1966 à parte – quando foi campeã como anfitrião -, o English Team costuma ficar pelo caminho. E o que dizer da aguerrida Celeste? Vem com Suárez, em grande fase, Forlán e Cavani disposta a manter a aura de 1950.

Vagas: Itália e Uruguai

Grupo E – Suíça, Equador, França e Honduras
A Suíça foi a cabeça-de-chave oficial, mas com o sorteio levando a França para a chave E, acabou havendo uma inversão de valores. As bolinhas camaradas no sorteio fizeram os Bleus de Franck Ribéry “ressurgir” na Copa, já com status de favoritos no grupo. A França tem boas chances de manter a sina de uma Copa boa e outra ruim. No caso, estea seria a “boa” (foi campeã em 1998, eliminada na 1ª fase em 2002, vice em 2006 e eliminada novamente na fase e grupos em 2010). Equador e Honduras não devem passar de meros figurantes.

Vagas: França e Suíça

Grupo F – Argentina, Bósnia, Irã e Nigéria
Historicamente, os hermanos são sorteados para grupos dificílimos. É algo cultural na torcida vizinha. Desta vez, entretanto, o sorriso foi largo em Buenos Aires. O time de Lionel Messi deve conquistar três vitórias (goleadas?) na primeira fase. Bósnia, Irã e Nigéria proporcionarão uma briga tremenda pela outra vaga nas oitavas. Leve vantagem para os nigerianos, com um lastro futebolístico – incluindo um título olímpico de 1996, sobre os próprios argentinos.

Vagas: Argentina e Nigéria

Grupo G – Alemanha, Portugal, Gana e Estados Unidos
Outra chave equilibrada e de nível técnico elevado. A Alemanha esteve presente nas duas últimas semifinais, com equipes jovens de muita qualidade. Os lusos também tem uma boa memória recente, com a 4ª colocação em 2006. E ainda contam com o provável melhor jogador até a Copa, Cristiano Ronaldo – favorito ao prêmio da Fifa em 2013. Os EUA podem até endurecer algum confronto, mas não a ponto de mudar o destino dos classificados. Gana, que por pouco não alcançou a semifinal no Mundial passado, chegou na Copa ao atropelar o Egito na repescagem africana. O que não é suficiente para impor outro contexto.

Vagas: Alemanha e Portugal

Grupo H – Bélgica, Argélia, Rússia e Coreia do Sul
No derradeiro grupo da Copa, os sul-coreanos fomentam a principal chance de evitar a classificação de dois europeus às oitavas. Arrumada, a Bélgica vive uma grande fase após quase três décadas de inércia na competição – foi semifinalista em 1986 – curiosamente, no calor mexicano. Sede da Copa do Mundo seguinte ao Brasil, a Rússia quebra um hiato de presenças que durava desde 2002. Nas Eliminatórias, deixou Portugal de CR7 em segundo lugar. No mínimo, merece respeito.

Vagas:  Rússia e Bélgica

As exigências para o Arruda no Mundial de 1994

Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994, em 1993: Brasil 6 x 0 Bolívia

Após a edição de 1950, o Brasil pleiteou a organização da Copa do Mundo em outras duas oportunidades antes de voltar a ser sede, em 2014.

Candidaturas em 1994 e 2006. Na segunda tentativa frustrada a Confederação Brasileira de Futebol desistiu da disputa três dias antes da votação, em 2000. Já na anterior a CBF manteve até o fim o desejo de receber a competição.

Na votação em 4 de julho de 1988, em Zurique, o país recebeu apenas 2 dos 19 votos, perdendo até do Marrocos. Como se sabe, os Estados Unidos ganharam a eleição do comitê executivo da Fifa e organizaram a Copa com a maior média de público da história, com 68.991 torcedores por jogo.

Antes da derrota, contudo, a candidatura brasileira percorreu o país, visitando os prováveis palcos. Com exigências estruturais menores, não haveria tanta necessidade para erguer novas arenas. Pernambuco estaria entre as subsedes.

Arena Pernambuco? Nem em sonho. Seria mesmo no Arruda, cuja ampliação do anel superior havia sido concluída em 1983. Pois em 19 de janeiro de 1988 o estádio do Santa Cruz recebeu uma comissão da Fifa para uma inspeção completa. Como publicou o Diario de Pernambuco na época, foram listadas as principais exigências para o setor de imprensa.

Nota-se a clara diferença tecnológica em relação ao Mundial e 2014…

125 cabines para emissoras de TV, com 3 lugares cada
50 cabines telefônicas
10 telefones públicos
15 telefax (claro, pois não havia nem sombra dos e-mails ou redes sociais)

Já em 2014, a Arena Pernambuco terá um espaço climatizado para 600 jornalistas, mesas equipadas com televisões de LED, internet de altíssima velocidade (4G), via cabo ou wi-fi, além de sala de entrevistas com mais de 200 lugares. Na tribuna de imprensa, espaço para 150 monitores de TV.

Confira a sala de imprensa da arena na Copa das Confederações aqui.

Para a próxima Copa, o preterido projeto tricolor contaria com a transformação do seu estádio na Arena Coral, numa modernização orçada em R$ 190 milhões. Em 1994 não precisaria de nada disso. Nem cobertura e nem a colocação de cadeiras – no máximo, assentos.

A capacidade de 85 mil pessoas, na época, era mais do que suficiente. Porém, seria preciso reformar os vestiários e os acessos às arquibancadas. Ao menos o vestiário foi melhorado em 1993 para as Eliminatórias da Copa. Curiosamente, o jogo marcou o recorde do José do Rego Maciel, com 96.990 pessoas no show do Brasil sobre a Bolívia, 6 x 0. Poderia ter sido até um jogo do próprio Mundial…