Assembleia Legislativa aprova a venda da cerveja nos estádios pernambucanos

Cervejas de Náutico, Santa e Sport. Arte sobre imagens do clubemix.com.br/

Após seis anos, a cerveja está de volta ao futebol pernambucano. Por 18 votos a 13, os deputados estaduais aprovaram na Assembleia Legislativa a liberação da venda e consumo nos estádios pernambucanos. A cerva, uma histórica fonte de receita dos clubes, estava proibida nessas bandas desde 24 de março de 2009, quando foi publicada a lei estadual de autoria de Alberto Feitosa.

Durante esse tempo todo se discutiu as benesses do veto, na segurança. Mas, efetivamente, os números da violência nos jogos diminuíram com a proibição? Por mais que a Secretaria de Defesa Social siga reticente, até o ex-juiz do Juizado do Torcedor, Aílton Alfredo, defensor da antiga lei, acabou mudando de opinião, admitindo que os dados não estavam correlacionados – boa parte dos casos registrados envolvia, na verdade, as torcidas uniformizadas.

Num processo arrastado, desde janeiro, o projeto já passara nas comissões da Alepe, faltando a votação. Enfim, o projeto de lei ordinária 2153/2014, de Antônio Moraes, foi ao plenário. Apesar da oposição via bancada evangélica, passou. Resta a ratificação numa votação regimentar e a assinatura do governador Paulo Câmara, um trâmite normal. Essa decisão deve impulsionar o futebol. A Itaipava, que detém o naming rights da Arena Pernambuco, poderá vender seu principal produto – a lacuna era uma barreira no contrato de R$ 10 milhões/ano.

Agora, até o Estadual pode ter uma cervejaria como parceira. Em 2009, com o veto, a Ambev recuou num naming rights de R$ 800 mil, no “Pernambucano Brahma Fresh”. A FPF deve negociar a marca do torneio de 2016 a 2019. Entre os quatro interessados, duas cervejarias. Economia à parte, a loira gelada está voltando ao Arruda, Ilha, Arena, Aflitos, Lacerdão, Cornélio de Barros…

Balanço dos jogadores profissionais no Nordeste, inferior a dois salários mínimos

Quadro sobre os jogadores profissionais de futebol no Nordeste em 2015 (via CBF/FPF). Arte: Infogr.am (Cassio Zirpoli)

Um levantamento da CBF sobre o Nordeste, de 2015, aponta a existência de 1.911 contratos ativos de jogadores profissionais. No futebol, de uma forma geral, se enxerga um meio de altos salários, muito acima da média do trabalhador comum. Esse contexto existe, é verdade, mas numa parcela ínfima dos atletas, como Diego Souza (R$ 250 mil) e Grafite (R$ 166 mil), destaques de Sport e Santa Cruz, por exemplo. No geral, nas divisões inferiores, nacionais e estaduais, o rendimento mensal mal passa de um salário mínimo (R$ 788).

De acordo com o dado repassado pelo diretor de competições da FPF, Murilo Falcão, apenas 200 jogadores ganham mais de R$ 1 mil na região. E essa mesma fatia é a única com contratos superiores a três meses de duração. Pois é, o restante (89,5%) ganha menos e só atua 1/4 do ano. Não por acaso, no futebol local é comum ver os mesmos nomes disputando a primeira divisão no primeiro semestre e a segunda divisão no segundo semestre, sempre em clubes pequenos. Imagine em centros menos estruturados, como Sergipe e Piauí…

Em 2014, o movimento Bom Senso FC, liderado pelos próprios jogadores, também fez um raio x da categoria, num retrato nacional. Situação parecida. Dos 20 mil atletas no boletim informativo diário (BID), 82% joga por menos de salários mínimos (na época em R$ 724), com 15% de desempregados. Dos 684 clubes listados, 583 (ou 85%) ficam inativos por seis meses. É um problema geral.

Nordeste (CBF) 
1.911 jogadores profissionais
89,5% com menos de R$ 1.000
10,5% com mais de R$ 1.000

Brasil (Bom Senso FC)
20.000 jogadores profissionais
82% com menos de dois salários mínimos (R$ 1.448)
3% com mais de dois salários mínimos  (R$ 1.448) 

Na Série A2 do Pernambucano (abaixo), o cenário fica ainda mais evidente, até por ser “Sub 23”, com a possibilidade de inscrição de no máximo quatro jogadores sem limite de idade. Naturalmente, a faixa salarial cai ainda mais.

Série A2 (Sub 23) de 2015: Barreiros 0x0 Ipojuca. Foto: FPF/site oficial

Central viaja 2.889 quilômetros até o interior gaúcho, em busca da Série C

Série D 2015, Central 3x0 Serrano-BA. Foto: Raniere Marcelo/divulgação (twitter.com/RaniereMarcelo)

A Série D foi criada em 2009. Lá, o Central sofre há tempos. Já está na quinta participação, sempre sonhando com um calendário mais digno, a partir da terceira divisão do futebol nacional, com ao menos 18 jogos no segundo semestre. Em 2015, chega ao mata-mata pela quarta vez. Para conquistar o acesso, será preciso superar mais duas fases, alcançando a semifinal. No drama da Patativa, a história sempre terminou nas oitavas de final.

O drama da Patativa nas oitavas de final
2009 – Alecrim (0 x 2 e 1 x 0)
2013 – Botafogo-PB (3 x 1 e 1 x 3, saindo nos pênaltis)
2014 – Confiança (0 x 1 e 1 x 1)
2015 – Lajeadense (?)  

A viagem até Lajeado, no interior gaúcho, terá 2.889 km, uma das mais longas da história alvinegra, sem dúvida. Lá, o confronto começará em 27 de setembro, com o jogo em Caruaru no domingo seguinte. O Central passou de fase como líder do grupo A4, com a quinta melhor campanha geral: cinco vitórias, um empate e duas derrotas. Na última rodada, goleou o já eliminado Serrano por 3 x 0, no Lacerdão, com gols de Candinho e Viola (2), e se beneficiou da derrota do Estanciano para o Treze, com a liderança caindo no colo.

Caso passe da Lajeadense, irá pela primeira vez ao “mata-mata do acesso”. E nas quartas não há chaveamento prévio. Os oito classificados serão encaixados pelas campanhas gerais (1º x 8º, 2º x 7º etc). Até hoje, o único acesso do Central foi em 1986, quando venceu seu grupo no Torneio Paralelo e disputou a Série A do mesmo ano. Está na hora de a Patativa voar de novo, para longe…

Série D 2015, Central 3x0 Serrano-BA. Foto: Raniere Marcelo/divulgação (twitter.com/RaniereMarcelo)

A mistura entre NFL e Série D, com Central, Serra Talhada, Cardinals e Texans

Central/Arizona Cardinals. Arte: grafipedia.com.br/

Você consegue imaginar alguma relação entre NFL e a Série D? Esporte, estrutura, visibilidade, marketing? Absolutamente nada. Pois o site Grafitepédia criou um curioso “crossover” entre as duas competições, unindo os universos paralelos dos 32 times de futebol americano aos participantes da quarta divisão nacional de 2015. Ou seja, dois clubes pernambucanos entraram na brincadeira.

O Central se juntou ao Arizona Cardinals, mantendo o escudo do clube e as cores da franquia. A escolha foi motivada por causa dos pássaros (patativa e cardeal) que marcam as duas equipes. Assim como o representante de Caruaru, o Cardinals segue em busca da primeira conquista. Foi vice do Super Bowl em 2009, enquanto  o Central foi vice estadual em 2007.

Estreante em competições nacionais em 2015, o Serra Talhada, fundado em 2011, foi misturado ao Houston Texas, o caçula da NFL. A franquia está em ação desde 2002. Outro cruzamento semelhante entre os dois é o mascote, com o Cangaceiro no Serra e o cowboy em Houston.

Confira os demais crossovers NFL/Série D clicando aqui.

Serra Talhada/Houston Texans. Arte: grafipedia.com.br/

Pernambuco x Argentina, do primeiro duelo internacional do estado à Sula

Pernambuco x Argentina

Tudo começou com um buffet em 17 de dezembro de 1936. Fazendo valer o apelido de “boêmio”, o elenco do Atlanta fez uma despedida na calle Humboldt, em Villa Crespo. No dia seguinte, a delegação partiu do porto iniciando uma longa viagem no vapor Monte Pascoal. Destino? Brasil. Pela primeira vez o Clube Atlético Atlanta jogaria no país vizinho. Ao todo, disputaria 13 partidas até março do ano seguinte. Em janeiro, o navio argentino atracou no porto do Recife. Chegou com atração (foto abaixo)

Com a ajuda financeira da Confederação Brasileira de Desportos, a atual CBF, para promover o esporte local, a técnica agremiação portenha enfrentaria adversários pernambucanos. De forma inédita, então, o futebol pernambucano receberia um time do exterior. Foram duas partidas no Campo da Avenida Malaquias, o antigo estádio rubro-negro. Bem superior, o Atlanta começou com um rotundo 10 x 6 sobre o Náutico. Na sequência, 7 x 2 sobre o Sport. O Diario de Pernambuco foi categórico sobre o espetáculo visto na cidade.

“O Recife pode ter assistido a jogo de conjunto superior ao do Atlanta; não nos lembramos, porém, de quando teria acontecido tal fato”.

A história entre pernambucanos e argentinos ganharia força na década de 1950, com a passagem de três clubes tradicionais de Buenos Aires. Vélez, Chacarita e Independiente, que futuramente seria o maior campeão da Libertadores. A primeira vitória local coube ao Santa, sobre o “Chaca” da Villa Maipú, o rival do pioneiro Atlanta. Jogo em pleno Natal de 1952, na Ilha. No acervo do pesquisador Carlos Celso Cordeiro há até o registro até de uma viagem da Seleção Argentina de Novos, atual Sub 20, entre Recife e Caruaru. A classificação do Sport às oitavas da Copa Sul-Americana de 2015 promoveu o reencontro depois de 42 anos. A diferença é que enfim garantiu uma visita à terra dos hermanos, iniciando uma era de confrontos válidos pela Conmebol…

Atualizado até 14 de janeiro de 2018

Jogos entre clubes (16)
29/01/1937 – Náutico 6 x 10 Atlanta
31/01/1937 – Sport 2 x 7 Atlanta
06/12/1951 – Náutico 2 x 3 Vélez Sarsfield
09/12/1951 – Santa Cruz 1 x 3 Vélez Sarsfield
25/12/1951 – Sport 2 x 3 Vélez Sarsfield
25/12/1952 – Santa Cruz 2 x 1 Chacarita Juniors
28/12/1952 – Náutico 2 x 2 Chacarita Juniors
01/01/1953 – América 1 x 3 Chacarita Juniors
06/01/1953 – Sport 0 x 1 Chacarita Juniors
06/12/1956 – Santa Cruz 1 x 1 Independiente
09/02/1973 – Santa Cruz 2 x 2 Argentinos Juniors
23/09/2015 – Sport 1 x 1 Huracán (Sul-Americana)
30/09/2015 – Huracán 3 x 0 Sport (Sul-Americana)
24/01/2016 – Sport 2 x 0 Argentinos Juniors (Taça Ariano Suassuna)
06/07/2017 – Sport 2 x 0 Arsenal de Sarandí (Sul-Americana)
27/07/2017 – Arsenal de Sarandí 2 x 1 Sport (Sul-Americana)
14/01/2018 – Sport 2 x 0 Atlético Tucumán (Taça Ariano Suassuna)

17 jogos disputados, 4 vitórias de PE, 4 empates, 9 derrotas; 29 GP, 42 GC

Jogos entre clubes e seleções (5)
08/12/1956 – Seleção Pernambucana 1 x 0 Independiente
12/01/1968 – Náutico 2 x 0 Seleção Argentina de Novos
24/01/1968 – Santa Cruz 1 x 2 Seleção Argentina de Novos
28/01/1968 – Sport 2 x 0 Seleção Argentina de Novos
05/02/1968 – Central 2 x 1 Seleção Argentina de Novos

O escrete do Atlanta no Recife, em 1937, iniciando a história PE x ARG…

O time do Atlanta, da Argentina, durante a passagem no Recife em 1937. Crédito: Diario da Manhã/reprodução

Scout internacional para todos os clubes pernambucanos nas Séries A, B, C e D

Scout contratado pela CBF para o futebol brasileiro em 2015

Uma plataforma internacional de scout foi contratada pela CBF para o uso de todos os clubes inscritos nas quatro divisões do Campeonato Brasileiro. Logo, seis clubes pernambucanos foram contemplados com o sistema elaborado por uma empresa italiana: Sport na A, Náutico e Santa Cruz na B, Salgueiro na C e Central e Serra Talhada na D. Trata-se de uma ferramenta de análise de desempenho técnico e tático para o auxílio na montagem dos elencos.

No mercado desde 2004, a Wyscout enumera os perfis de 273 mil jogadores mundo afora, com mais de 124 mil partidas analisadas em 150 campeonatos diferentes. Ao todo, 80 países entraram no raio de acompanhamento, incluindo o Brasil, naturalmente. O trabalho principal ocorre a partir da cobertura de vídeo, detalhando as atuações de todos os jogadores. Claro, nem todos os torneios possuem registros dos 90 minutos em todas as partidas (vide a Série D). Assim, as fichas de alguns atletas são filtradas, contando com jogos, gols, registro de lesões, idade e histórico de transferências, um ponto importante.

Num scout completo, contudo, há dados como percentual de passes certos, finalizações, assistências, mapa de atuação, tempo em campo e estilo dos gols marcados. Neste caso, as Séries A e B, com os 760 jogos televisionados, cabem perfeitamente. O curioso é que entre os 379 clubes/clientes do Wyscout, pagando mensalidades para obter a planilha, já estavam Náutico e Sport, juntamente a potências como Barcelona, Bayern de Munique, Milan, Manchester United, Boca Juniors e Porto. Agora, adicione até o Serra Talhada…

Scout contratado pela CBF para o futebol brasileiro em 2015

Esvaziada, reunião de técnicos discute impasse de datas no Estadual, 14 ou 18

Reunião com os técnicos para o debate sobre o Campeonato Pernambucano de 2016, na sede da FPF, em 14/07/2015. Foto: FPF/twitter

O objetivo da FPF era promover, em julho, um encontro entre os técnicos dos dez clubes garantidos no Estadual de 2016. Em tese, os outros dois treinadores seriam conhecidos só após a segunda divisão, no segundo semestre. Mas bastava um pouco de atenção para ver que a concepção da ideia foi falha.

Primeiro porque apenas seis clubes estão em atividade, nas Séries A, B, C e D do Brasileiro, com os demais parados, sem um calendário oficial, sem técnicos de fato. E entre os seis clubes com treinadores efetivos, apenas três foram representados no evento na sede da federação, na Boa Vista: Eduardo Batista (Sport), Sérgio China (Salgueiro) e Cícero Monteiro (Serra Talhada).

Martelotte e Lisca até estavam no Recife, mas, corretamente, preferiram comandar os treinos de Santa e Náutico. Já Celso Teixeira, do Central, ficou em Caruaru. Esvaziada, a reunião perdeu bastante peso. Ainda assim, houve o debate sobre a competição, focando formato e estrutura – mesmo que os nomes presentes eventualmente mudem até o início do torneio.

De mais proveitoso, na opinião do blog, a discussão sobre o impasse de datas para o próximo ano, entre 14 e 18. No calendário da CBF de 2015 foram cedidas 19 aos campeonatos estaduais, com um número menor para os estados com torneios regionais (Copa do Nordeste e Copa Verde). A “exceção” foi aplicada no Nordeste (12), no Norte e no Centro-Oeste (ambos com 15). Politicamente, Pernambuco ainda adquiriu mais duas, saltando para 14, mas o pedido para aumentar para 18 em 2016 parece inviável tendo o Nordestão de forma paralela.

Com a preferência dos técnicos (e até dirigentes) pela Copa do Nordeste, parece difícil que essa opinião seja levada em conta neste assunto…

Livros de Carlos Celso com um século de história do Campeonato Pernambucano

Livros com o histórico do Campeonato Pernambucano de 2015. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Disputado desde 1915, o Campeonato Pernambucano chegou a 101 edições em 2015, ano marcado pelo centenário da FPF. Levantando todo o histórico do futebol local no arquivo público, o pesquisador Carlos Celso Cordeiro completou o ciclo com o terceiro livro sobre a competição.

Com dados de 2001 a 2015, o 21º livro lançado por Carlos Celso traz todos os jogos, públicos, artilheiros, classificações, arbitragem, entre outras curiosidades relacionadas ao Estadual, seguindo o modelo visto nos dois exemplares anteriores, de 1915 a 1970 e de 1971 a 2000. Tive o prazer de ser convidado pelo historiador para fazer o prefácio (íntegra na lista de comentários).

O trabalho, como quase sempre, se deve à paixão de Carlos Celso pela história do nosso futebol, bancando do próprio bolso a publicação de 122 páginas, sem qualquer apoio. Nem mesmo da federação, que alegou um mau momento financeiro após o fim do Todos com a Nota, por parte do governo do estado

A enxuta tiragem, com apenas vinte livros, pode ser ampliada à medida em que os leitores se interessem pelo projeto. Para adquirir o livro (R$ 42), eis o contato do autor: ccelsocordeiro@oi.com.br.

A Carlos Celso, fica a torcida pelo sucesso. Trata-se do maior pesquisador do futebol pernambucano, um verdadeiro banco de dados.

Os 100 anos entre a Liga Sportiva e a Federação Pernambucana de Futebol

Logotipo oficial em homenagem aos 100 anos da FPF. Crédito: divulgação

A Federação Pernambucana de Futebol completou 100 anos de fundação. Há exatamente um século, em 16 de junho 1915, o Diario de Pernambucou publicou o seguinte texto sobre a organização da entidade:

“Hoje, às 18 horas, haverá reunião das comissões representativas dos clubes esportivos desta capital, a fim de discutirem o melhor de organização de uma Liga de Futebol. Pede-se o comparecimento das comissões de todos os clubes à dita reunião, que se efetuará na Estrada de João de Barros, número 19-A”.

A criação vinha se desenhando há alguns anos, após as frustradas tentativas da direção do João de Barros (atual América) com a Liga Pernambucana de Football e a Liga Recifense, em 1912 e 1913, respectivamente.

Aparando as arestas, a bola começou a rolar de forma organizada. Participaram da pioneira reunião os dirigentes do João de Barros, Peres, Flamengo, Santa Cruz e Agros de Socorro. O debate começou logo em relação à escolha do nome. Liga Pernambucana de Esportes e Liga Pernambucana de Esportes Atléticos foram os primeiros postos na mesa. Ambos rejeitados, terminando a noite com o nome “Liga Sportiva Pernambucana “, proposto não por acaso pelo primeiro presidente, Aristheu Accioly Lins. Em 1915, aliás, a presidência passou de mão quatro vezes, seguindo com Alcebíades Braga, Henrique Jacques e Melchior do Amaral. Aquele ano ainda ficaria marcado também pelo primeiro Campeonato Pernambucano, vencido pelo Flamengo do Recife, hoje extinto.

Evolução do logotipo da FPF. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Nesse tempo todo, a federação mudou de nome algumas vezes.

1915 – Liga Sportiva Pernambucana (LSP)
1918 – Liga Pernambucana de Desportos Terrestres (LPDT)
1931 – Federação Pernambucana de Desportos (FPD)
1955 – Federação Pernambucana de Futebol (FPF)

Com a nomenclatura atual, de 60 anos, o distintivo também foi repaginado.

Em relação ao endereço, a última mudança foi em 1952, no local onde seria erguido duas décadas depois o tradicional Palácio dos Esportes, de nº 871 da Rua Dom Bosco, na Boa Vista. Nos bastidores do prédio de vidraça azulada já circularam 93 filiados, entre clubes e ligas municipais. Gente demais fomentando o trabalho da federação, um verdadeiro cartório do futebol, tendo como resultado um patrimônio líquido de R$ 11,5 milhões. Sob o comando de seu 31º presidente, Evandro Carvalho, a FPF organiza a cada ano nove torneios: Pernambucano, Estaduais Sub 23, Sub 20, Sub 17, Sub 15 e Feminino, Campeonato Amador, Copa do Interior e Taça Recife de Comunidades.

Politicamente, a FPF mantém há tempos um diálogo polêmico com os grandes clubes, Náutico, Santa Cruz e Sport. Trata-se de um traço recorrente em outras federações estaduais. Seja por decisões unilaterais, regulamentos esdrúxulos ou o não cumprimento de regras básicas, como o Estatuto do Torcedor, a entidade acabou sendo vista de relance pelos torcedores no estado.

Isso dificilmente mudará a curto prazo, ainda mais com a vigente a luta entre Estadual x Nordestão, na qual o melhor modelo aos times de massa parece em segundo plano para a direção. De toda forma, a FPF, que se confunde com os nomes de Rubem Moreira (1954-1982) e Carlos Alberto Oliveira (1995-2011), se mantém de pé como uma das mais ricas federações do Brasil. Que no segundo século de existência esse poder seja equivalente ao de seus filiados.

Sede da Federação Pernambucana de Futebol. Foto: FPF/divulgação

As maiores invencibilidades da Série A

Botafogo em 1978

A maior invencibilidade da história do Campeonato Brasileiro é bem difícil de ser superada. Na atual configuração da competição, um clube precisaria ser campeão invicto, após 38 rodadas, e ainda se manter longe das derrotas por mais cinco jogos no ano seguinte, por exemplo. Haja futebol. Entre as edições de 1977 e 1978, quando terminou em 5º e 9º, respectivamente, o Botafogo estabeleceu a maior série invicta registrada numa Série A, com 25 vitórias e 17 empates, somando inacreditáveis 42 jogos.

Praticamente no mesmo período, o Santa Cruz registrou a maior sequência nordestina, e a segunda no geral, com 35 partidas. Aquele timaço tricolor, com Givanildo, Betinho e Carlos Alberto Barbosa, parou apenas nas quartas de final de 1978, com duas derrotas para o Inter. Curiosamente, as cinco maiores sequências ocorreram na década de 1970, marcada por edições inchadas, com até 94 participantes, tendo inúmeros grupos até as fases decisivas.

Com a implantação do sistema de pontos corridos, aumentando bastante o nível técnico da competição, as marcas caíram bastante. Desde 2003, a melhor estatística pertence ao Corinthians, que chegou a 19 partidas sem derrota em duas oportunidades. Na primeira série, somou os últimos nove jogos de 2010 aos dez primeiros de 2011, quando tornou-se campeão pela 5ª vez. Na segunda sequência, em 2017, passou invicto no primeiro turno inteiro.

Confira as maiores invencibilidades, somando todos os torneios, clicando aqui.

Atualizado até 19 de agosto de 2017

Maiores invencibilidades na Série A – geral
1º) Botafogo – 42 partidas (16/10/1977 a 16/07/1978)
2º) Santa Cruz – 35 partidas (07/12/1977 a 23/07/1978)
3º) Palmeiras – 26 partidas (13/12/1972 a 18/11/1973)
4º) Internacional – 23 partidas (06/08/1978 a 23/12/1979)
5º) Atlético-MG – 22 partidas (16/10/1977 a 29/03/1978)
6º) Cruzeiro – 21 partidas (20/09/1987 a 25/09/1988)
7º) Grêmio – 19 partidas (04/06/1978 a 03/10/1979)
7º) Corinthians – 19 partidas (17/10/2010 a 20/07/2011)
7º) Corinthians – 19 partidas (13/05/2017 a 05/08/2017)
10º) América-MG – 18 partidas (20/10/1973 a 20/1/1974)
10º) Bangu – 18 partidas (24/03/1985 a 31/07/1985)
10º) Atlético-PR – 18 partidas (28/07/2004 a 17/10/2004)
10º) São Paulo – 18 partidas (20/08/2008 a 07/12/2008)
10º) Sport – 18 partidas (02/11/2014 a 05/07/2015)

Maiores invencibilidades na Série A – pontos corridos
1º) Corinthians – 19 partidas (17/10/2010 a 20/07/2011)

1º) Corinthians – 19 partidas (13/05/2017 a 05/08/2017)
3º) Atlético-PR – 18 partidas (28/07/2004 a 17/10/2004)
3º) São Paulo – 18 partidas (20/08/2008 a 07/12/2008)
3º) Sport – 18 partidas (02/11/2014 a 05/07/2015)
6º) Corinthians – 17 partidas (27/06/2015 a 13/09/2015)
7º) Goiás – 16 partidas (09/07/2003 a 21/09/2003)
7º) São Paulo – 16 partidas (22/07/2007 a 30/09/2007)
7º) Flamengo – 16 partidas (21/05/2011 a 14/08/2011)

Maiores invencibilidades na Série A – Pernambuco (geral)
Santa Cruz – 35 jogos (1977/1978)
Sport – 18 jogos (2014/2015)
Náutico – 10 jogos (1983)
Central – 5 jogos (1979)

Santa Cruz em 1978