O relatório econômico da FGV sobre a danosa operação da Arena Pernambuco

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco

A equipe técnica da Fundação Getúlio Vargas, contratada pelo governo do estado, passou quatro meses levantando todos os dados econômicos da Arena Pernambuco relacionados à sua operação, cujo contrato original (rompido) apontava 30 anos junto ao consórcio liderado pela Odebrecht. Finalizado pela FGV em 23 de dezembro, só agora, em 5 de março de 2016, foi publicado no Portal da Transparência. Trata-se de um calhamaço de 225 páginas.

O relatório econômico aponta um faturamento muito abaixo do previsto em contrato. Nos dois primeiros anos, apenas 20%, mostrando o quanto foi danoso o acordo na parceria público-privada. De julho de 2013 a junho de 2015, a receita projetada foi de R$ 226 milhões, com a receita obtida chegando a R$ 47 milhões.

Entre outros pontos, o documento aponta oito medidas a curto prazo para otimizar a mobilidade e, consequentemente, a operação do estádio. Tal ponto considera cenários de lotação no estacionamento. Além disso, traz o interesse do governo para tocar a Cidade da Copa em outros moldes, via programa Minha Casa, Minha Vida, com 3 mil apartamentos de 45m² e 1.200 casas de 60m².

O raio x vai muito além do futebol…  Mexe profundamente com o erário.

Governo rompe contrato com a Arena PE após seis anos. O acordo previa 33 anos

Nota oficial do Governo de Pernambuco rescindindo a concessão com o consórcio Arena Pernambuco

A parceria público-privada (PPP) entre o governo do estado e o consórcio Arena Pernambuco Negócios e Participações, formado por duas empresas da Odebrecht, foi assinado em 15 de junho de 2010. Três meses depois o BNDES aprovou o crédito de R$ 400 milhões para financiar a construção do estádio. O gasto seria bem maior, as obras de mobilidade não seriam finalizadas, a Cidade da Copa ficaria no papel, o contrato de operação seria bem dispendioso (com balanços negativos de R$ 29,7 milhões em 2013 e R$ 24,4 milhões em 2014), além do claro esvaziamento nas partidas, com taxa de ocupação abaixo de 25%. Esse mesmo empreendimento ficou sob a mira da Polícia Federal, que apontou a construção como resultado de uma “organização criminosa”.

Pois é, bronca acumulada. Cinco anos e nove meses depois, o distrato. Em nota, o governador Paulo Câmara (secretário de planejamento na gestão de Eduardo Campos, o idealizador da arena) anunciou a rescisão, justificada em nove pontos, após o parecer da Fundação Getúlio Vargas, sugerindo a revisão, e do Tribunal de Contas do Estado, que apontou 21 irregularidades. Assim, foi encerrado um contrato previsto para 33 anos, entre construção e operação. 

Obviamente, o caso irá à justiça. E será mais um entre governo e construtora, pois até o custo final da obra segue em discussão (502 mi x 743 mi). E o Náutico nessa situação? Há uma cláusula de extensão, que garante a continuidade do clube durante um período. Mas o contrato deve sair de cena, com o alvirrubro ficando atento às cláusulas rescisórias (com as indenizações).

Em negrito, observações do blog sobre a nota oficial do governo:

1) A Arena Pernambuco foi entregue em junho de 2013 e custou R$ 479.000.000,00 (base maio de 2009), tendo 75% da sua construção financiada pelo BNDES e sendo a mais barata entre as arenas construídas no Brasil, levando em conta a capacidade instalada;
A mais barata numa visão sui generis… Na prática, o estádio segue sem valor, pois foi preciso antecipar a abertura em oito meses, o que encareceu a obra – a empreiteira alega um aumento de R$ 264 milhões, com o governo admitindo ao menos R$ 23 milhões. Uma câmara de arbitragem decidirá o valor final. Aí sim, saberemos se foi “a mais barata”.

2) Após a realização da Copa das Confederações, a Arena começou a ser operada pela concessionária Arena Pernambuco Negócios e Participações, a quem cabe a obrigação de explorar economicamente o empreendimento;
Na ocasião, a Radial da Copa (acesso viário mais curto) não estava pronta, dificultando o acesso e, consequentemente, a exploração comercial.

3) Nesse período de exploração da Arena, o Governo do Estado de Pernambuco constatou que as receitas projetadas pela Concessionária não se confirmaram;
Essa falha também é do estado, pois já na concepção parecia claro, uma vez que o governo atrelou o contrato à presença dos três clubes, com os 20 principais jogos de cada um. Como só o Náutico assinou, foi preciso fazer um aditivo, garantindo um faturamento mínimo de R$ 73 milhões por ano. Caso não fosse alcançado, o estado completaria. Ou seja, um contrato excepcional para o consórcio, com receita mínima garantida.

4) Diante da diferença entre as receitas estimadas e as realizadas, o Governo do Estado decidiu fazer uso do mecanismo de revisão contratual e encomendou à Fundação Getúlio Vargas (FGV) a análise do aspecto econômico do contrato, seus custos, suas receitas, apontando caminhos para a execução ou rescisão contratual, sempre com vistas a se obter a solução mais vantajosa ao interesse público;
Ao mesmo tempo, o governo suspendeu o Todos com a Nota, que era uma das bases de faturamento da arena, tendo inclusive uma lei estadual obrigando os grandes clubes a atuar lá para seguir no programa.

5) O estudo da FGV sinalizou o que a equipe técnica do Governo do Estado já tinha constatado: que a frustração de receitas decorreu da subutilização do equipamento. Diante disso, o Governo decidiu rescindir o contrato; Pela lei, o contratado deve ser ressarcido do saldo devedor da obra, uma vez que o equipamento foi efetivamente construído, está em funcionamento e pertence a Pernambuco;
A subutilização do equipamento também passa pela infraestrutura oferecida, muito aquém da anunciada. Em vez de ter uma estação de metrô a 700 metros, ficou a 2,5 km, sem volta nos jogos de meia noite. Três anos após a conclusão, os clubes seguem sem o BRT até a arena.

6) No entanto, enquanto não houver uma decisão definitiva dos órgãos de controle quanto ao valor total da obra, o Governo do Estado não efetuará nenhum pagamento;
É o único estádio da Copa 2014 com valor total ainda desconhecido…

7) O Governo do Estado abrirá uma concorrência internacional para contratar uma nova empresa para a operação da Arena Pernambuco;
Em coletiva, o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, revelou em fevereiro de 2016 que um grupo holandês, que conversou com o clube, também estaria de olho no possível fim do contrato da arena.

8) Importante destacar que o contrato de concessão foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), na decisão de n.o 0101011/2011; Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e BNDES;
Ou seja, passou pelo crivo de muita gente sem que ninguém se desse conta do tamanho da despesa que o estado teria na operação…

9) A análise encomendada pelo Governo do Estado de Pernambuco à Fundação Getúlio Vargas está disponível no Portal da Transparência.

Atualização. O consórcio divulgou uma nota sucinta (como sempre):

“A Arena Pernambuco esclarece que até o momento não recebeu qualquer notificação do Governo do Estado de Pernambuco formalizando a decisão de rescindir o contrato de concessão. Há uma arbitragem e uma negociação em curso com o poder concedente para a revisão dos termos do contrato. A concessionária esclarece que não tomou conhecimento do relatório final da Fundação Getúlio Vargas.”

Arena Pernambuco. Foto: Odebrecht/divulgação

“A maior prova de que preço tem pouca influência no público de uma partida de futebol”. A lição da Seleção ao Sport?

Print do facebook, na página do Superesportes, em 03/03/2016

O jogo entre Brasil e Uruguai, na Arena Pernambuco, em 25 de março, irá registrar o recorde de público do estádio, com 44.739 ingressos já garantidos, sendo 38 mil para o público geral e o restante repassado aos parceiros comerciais da CBF. Considerando apenas o bilhete mais barato, de R$ 57,50 (lembrando que chegou a ter entrada vendida a R$ 287), a projeção mínima de bilheteria aponta R$ 2,18 milhões. A tendência é que ultrapasse os R$ 4 milhões. Sem dúvida, um sucesso comercial. Esperado, diga-se.

Possivelmente a partir disso, o CEO do Sport, Leonardo Estevam, comentou na página do Superesportes no facebook:

“A maior prova de que preço tem pouca influência no público de uma partida de futebol”.

A frase foi sumariamente rebatida por torcedores, não só rubro-negros. Como sou um dos administradores da página, resolvi comentar também (assinando o meu nome, claro). Na minha visão, o contexto do jogo da Canarinha é completamente descaracterizado para justificar ingressos de R$ 60 numa arquibancada da Ilha do Retiro contra América-PE ou River-PI, prática recente no clube. Com clara distinção na qualidade, estrutura, oferta e demanda.

Em seguida, o dirigente treplicou:

“Inelasticidade do preço demanda. Esse conceito você precisa entender, antes de fazer uma análise qq acerca de ocupação em jogos de futebol. Sugiro o livro Fundamentos de Economia do colega professor Marco Antônio Vasconcelos. Será muito útil para você entender e evoluir nas suas análises. Aliás, todos os argumentos acima, comprovam exatamente o conceito de que no jogo de futebol é inelástica a demanda.”

Vale destacar que originalmente a sua primeira frase dizia que o preço “não tem influência”, mudando depois para “pouca influência”.

De fato, teoria é algo importante em qualquer segmento (não li o livro indicado) e no esporte não é diferente. E é preciso somar isso a dados concretos de uma área de atuação específica. No futebol, entre outras coisas, o perfil da torcida, que no caso do Sport é formado em sua maioria pessoas de poder aquisitivo baixíssimo (na capital, só 26% ganham mais de dois salários mínimos). Nessa mistura, chega-se à prática. Na qual é preciso enxergar o seu público-alvo.

Atualização: após a repercussão negativa, Estevam apagou o comentário.

As referências pernambucanas no bar temático de futebol em São Paulo

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Ao entrar em um bar temático de futebol, a reação do público é quase sempre a mesma. A procura de uma relação com a sua origem, pela representatividade. Seja com uniforme, foto, flâmula, ingresso, faixa de campeão, carteira de sócio etc. Numa passagem em São Paulo, fui ao bar São Cristóvão, homenageando o carismático (e frágil) clube carioca que revelou Ronaldo Fenômeno.

Fincado na Vila Madalena desde abril de 2000, o local conta com incontáveis peças, até no teto. Barça e Real? Estão lá, mas se ficasse nisso, francamente, não teria tanta graça. Vá além. Pense em Auto Esporte-PB, Alecrim-RN, Galícia-BA. Estão todos lá. Muitas levadas pelos próprios clientes. O motivo? A presença do rival na parede. O futebol pernambucano, claro, está representado. Logo na entrada, uma flâmula do Sport sobre o título da Copa do Brasil de 2008 – admito que esta me causou surpresa, pois caso o Timão tivesse ficado com o título, seria bem improvável encontrar o mesmo objeto num bar no Recife.

Dentro, uma faixa do Santa Cruz pelo título estadual de 2011 e uma flâmula antiga do Náutico. Na parede do espaço central, duas pequenas garrafas de cachaça de Central e Porto, juntas. Reconhecido nacionalmente (pela ruindade), o Íbis também se faz presente com um uniforme. No bar ainda é possível ver adesivos dos clubes na chopeira e até uma bandeira do Leão

Ao sair do bar, a reação é quase sempre a mesma… Tirar fotos.

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Novo presidente da Fifa, Gianni Infantino promete Copa do Mundo com 40 seleções

Gianni Infantino, o presidente-eleito da Fifa em 2016. Foto: Fifa/twitter

No segundo turno da eleição em Zurique, o que não acontecia desde 1974, o suíço Gianni Infantino foi eleito para a presidência da Fifa pelos próximos quatro anos. Candidato com status de secretário-geral da Uefa, o dirigente tem como primeira meta, claro, tentar limpar a imagem da Fifa, arruinada pelo escândalo de corrupção, desarticulado pelo FBI. Bem difícil. Entre as promessas de campanha, saindo da estrutura política, uma ideia chama atenção. Trata-se da ampliação da Copa do Mundo, passando de 32 para 40 países! O formato atual, tecnicamente já inchado, foi estabelecido em 1998, na França. O controverso torneio no Catar, em 2022, será o sétimo assim. Durante a campanha, Gianni lançou a proposta, em 19 de janeiro, baseada na “representatividade”. O europeu afirma também ter simpatia pela ideia de um mundial regional, semelhante à edição organizada simultaneamente entre Japão e Coreia do Sul. Contudo, ele destaca que pode ocorrer em até mais de dois países…

“Deveríamos dar a mais oito países a possibilidade de aproveitar do febre da Copa do Mundo de uma forma passional. E também conseguiríamos uma maior representação em todo o mundo no processo.” 

“A Fifa deveria explorar a possibilidade de organizar a Copa do Mundo não só em um ou dois países, mas em toda uma região. Assim, permitiria que diversos países aproveitassem a honra e os benefícios de receber a Copa do Mundo.”

Vale lembrar que Argentina e Uruguai já articulam, em conjunto, uma candidatura para 2030, quando o torneio completará um século, iniciado justamente em Montevidéu. A seguir, a quantidade de participantes em todas as copas.

1930 – 13 seleções (18 jogos)
1934 – 16 seleções (17 jogos)
1938 – 15 seleções (18 jogos)
1950 – 13 seleções (22 jogos)
1954 – 16 seleções (26 jogos)
1958 – 16 seleções (35 jogos)
1962 – 16 seleções (32 jogos)
1966 – 16 seleções (32 jogos)
1970 – 16 seleções (32 jogos)
1974 – 16 seleções (38 jogos)
1978 – 16 seleções (38 jogos)
1982 – 24 seleções (52 jogos)
1986 – 24 seleções (52 jogos)
1990 – 24 seleções (52 jogos)
1994 – 24 seleções (52 jogos)
1998 – 32 seleções (64 jogos)
2002 – 32 seleções (64 jogos) – 2 sedes
2006 – 32 seleções (64 jogos)
2010 – 32 seleções (64 jogos)
2014 – 32 seleções (64 jogos)
2018 – 32 seleções (64 jogos)
2022 – 32 seleções (64 jogos)
2026 – 40 seleções? (76 jogos?) – 3 sedes?

Sobre a eleição, Gianni, de 45 anos e não citado nas investigações, recebeu 115 dos 207 votos, garantindo um mandato até 2019. Ele será o 9º presidente da história da entidade. Eis as dez propostas do novo homem-forte do futebol:

1) Implementar uma boa governança e cumprir as reformas
2) Indicar um novo secretário-geral da Fifa
3) Encontros estratégicos com membros das associações ainda em 2016
4) Encontro com parceiros comerciais para retomar a confiança para o mercado
5) Articular novos regulamentos de desenvolvimento do futebol
6) Foco em projetos nacionais e regionais para ajudar as confederações
7) Iniciar o processo de organização da Copa do Mundo de 2026
8) Criar um programa de estágio para a cooperação em todos os níveis
9) Introduzir reformas concretas para o sistema de transferência
10) Criar um grupo de “renomes” para ações sociais no futebol 

Eleição na Fifa. Crédito: Fifa/twitter

Os valores reais dos ingressos de Brasil x Uruguai, na Arena PE, 15% mais caros

A setorização dos ingressos para Brasil x Uruguai. Crédito: CBF

Um dia após a CBF anunciar os valores dos ingressos para Brasil x Uruguai, a realidade. Na prática, todos os 38 mil bilhetes postos à venda para o público geral sofreram um acréscimo de 15%, devido à taxa de compra na internet. E esse cenário deve ser regra, pois a venda online, iniciada em 25 de fevereiro, será exclusiva durante 18 dias. Somente em 14 de março, caso sobre algo, a venda será aberta nas bilheterias dos Aflitos, Arruda e Ilha do Retiro. Lembrando que mais cinco mil entradas serão repassadas aos parceiros comerciais da confederação, totalizando 43 mil espectadores na Arena Pernambuco.

Anel superior/meia – de R$ 50 para R$ 57,50
Anel superior/inteira – de R$ 100 para R$ 115

Anel inferior/meia – de R$ 80 para R$ 92
Anel inferior/inteira – de R$ 160 para R$ 184
Deck premium – de R$ 200 para R$ 230
Vip – de R$ 200 para R$ 230
Villa Mix – de R$ 250 para R$ 287,50

Veja a mensagem do Guichê Web após a confirmação da compra aqui.

Em caso de cancelamento do jogo, a taxa de conveniência não será ressarcida.

Em relação à setorização do estádio, a CBF estabeleceu um novo modelo – o quarto desde o início da operação no empreendimento, em 2013 -, com a criação do “Villa Mix”, com open bar e shows no setor sul inferior. Nas demais áreas, a setorização seguiu o modelo regular do consórcio, em vez daqueles elaborados pela Fifa nas Copas das Confederações e do Mundo. Por outro lado, no primeiro jogo da Seleção em São Lourenço os lugares serão marcados.

Relembre as setorizações da arena clicando aqui.

A construção da Arena do Sport só deve começar em 2026. Até lá, reformas na Ilha

Projeto da Arena do Sport. Crédito: Sport/divulgação

A Arena do Sport foi lançada em março de 2011, com prazo de conclusão previsto para o fim de 2015. Obviamente, já passamos da data e não há nem a assinatura do contrato, que esfriou após a dificuldade para encontrar um investidor no lugar da Engevix, investigada na Lava-Jato. E a tendência, por mais que as licenças de demolição e construção estejam ok, é que demore bastante.

O presidente do clube, João Humberto Martorelli, admitiu que o novo estádio poderá começar a ser construído entre 2021 e 2026. Isso mesmo, até dez anos de espera. Após a falta de parceiros no país, o clube passou buscar investidores no exterior. Quem chegou mais próximo foi o grupo Vinci, da França, que já ergueu cinco estádios na França e outros três na China, África do Sul e Arábia Saudita. O aporte necessário para a construção do complexo da Ilha do Retiro seria de R$ 750 milhões. Contando o gasto para colocar todos os empreendimentos comerciais em ação – já com a contrapartida para o investidor -, a movimentação financeira poderia chegar a R$ 2 bilhões.

A quantia é impraticável, ainda mais para a desconfiança internacional sobre o cenário econômico brasileiro. Não por acaso a direção de engenharia do Leão já elabora um plano de reforma da Ilha, tentando adaptar o palco o máximo possível às novas exigências, como a colocação de cadeiras em todos os setores, acessos mais amplos, banheiros, bares, iluminação mais potente etc. Com mais conforto já seria possível aumentar a atual limitação de 27 mil lugares para a capacidade oficial, de 32 mil. Eis a possível realidade na próxima década.

Ilha do Retiro via Google Maps

Sport renova com a Globo até 2020, mas a cota da Série A sofre redução de mercado

Rede Globo e Sport

O Sport confirmou a extensão do seu contrato de transmissão do Campeonato Brasileiro, junto à Rede Globo, para o biênio 2019/2020. Após as notícias de que os clubes estavam aceitando cotas menores da emissora (redução de 25%), o presidente leonino, João Humberto Martorelli, explicou a situação pernambucana. Numericamente, a parcela do Leão até será maior em 2019 em relação à cota fixa de 2018, de R$ 35 milhões, mas considerando a projeção (e valor) de mercado – com o crescimento paulatino da verba de tevê -, o repasse será menor. O mandatário não divulgou valores, mas é possível dar um exemplo, a partir de um cenário explicado pelo próprio CEO do clube, Leonardo Estevam, também presente na apresentação da direção.

Ato 1
Pelo contrato vigente, o clube receberia “R$ 100” em 2018

Ato 2
Pela projeção de mercado (crescimento da competição, com marca e visibilidade + índices financeiros, como IPCA e IGP-M), a nova cota em 2019 deveria ser de pelo menos R$ 130.

Ato 3
Contudo, a Globo, alegando uma retração de investidores (patrocínios na grade), teria oferecido um valor bruto até acima de 2018, mas proporcionalmente abaixo do crescimento esperado, calculado anualmente desde 2012. Logo, um número entre R$ 105 e R$ 110…

Pela assinatura do novo acordo, o Sport recebeu um “bônus” milionário. Esta verba já foi paga, mas o clube ainda não gastou. A ideia é utilizar esse montante – já previsto no orçamento atual – a médio prazo, “com calma”, nas palavras do próprio dirigente. Reforços na Série A? Considerando os dois anos anteriores, na mesma gestão, seria um quadro bem possível. Sobre a escolha da Globo, em detrimento do Esporte Interativo, que se reuniu com o clube em 21 de dezembro e cobriu com sobras (10x) a cota da tevê fechada, de R$ 3 milhões, o presidente do Sport justificou que “seria mais seguro” fechar os três contratos de uma vez, com a mesma empresa (aberta, fechada e pay-per-view). No caso, o dirigente expôs a desconfiança de ter apenas um contrato em mãos.

Falando especificamente sobre 2020, Martorelli projeta um faturamento de R$ 100 milhões no período, o que corresponderia ao maior faturamento da história do clube. E a ideia é justamente reduzir o impacto da televisão no orçamento, de 55% para 35%. Para isso, será preciso aumentar as demais receitas conhecidas, como comércio, marketing, bilheteria etc. Caso essa mudança (difícil) aconteça, o time começaria a seguir o modelo dos principais clubes do mundo, cada vez menos dependentes das cotas da televisão.

As novas lojas virtuais de Sport e Santa

Logo da Cazá do Sport e da Loja Cobra Coral, as lojas oficiais de Sport e Santa Cruz em fevereiro de 2016

Dando sequência ao trabalho nas novas lojas oficiais, Sport e Santa Cruz lançaram os sites oficiais dos estabelecimentos. No caso leonino, após uma campanha de marketing, gerando engajamento para “liberar” o acesso, entrou no ar o site da Cazá do Sport, administrado pelo Netshoes.

Além dos produtos oficias da Adidas relacionados ao clube, existem produtos à parte, como um boné da Champions League, por exemplo. Em relação às roupas casuais, peças de outras fabricantes (como a Braziline) estão no catálogo, uma vez que a loja engloba qualquer produto licenciado do Leão.

No caso tricolor, com a Loja Cobra Coral, operada pela PE Retrô, a vitrine virtual é formada pelas seções oficiais (da Penalty), retrô (da própria PE Retrô), casuais e acessórios – esta última ainda em construção. Além da opção no site, há também uma ferramente de contato via whatsapp (98887-4019). No Náutico, a Timbushop segue como a loja oficial do clube, mas a página virtual do empreendimento encontra-se fora do ar, mesmo com o link direcionado através do site  oficial do clube.

Confira as homes das lojas do Sport e do Santa, com estilos bem distintos.

Home do site oficial da loja Cazá do Sport em 18/02/2016

Home do site oficial da Loja Cobra Coral em 18/02/2016

Campeonato Pernambucano Celpe, o novo naming rights do Estadual 2016

O novo "naming rights" do Estadual 2016, "Campeonato Pernambucano Celpe". Foto: Thaís Lima/Esp/DP

Após dois anos, o Estadual volta a ter um “naming rights”, atrelando o nome da competição a um patrocinador. A partir de agora, “Campeonato Pernambucano Celpe”, num contrato de um ano com a empresa que fornece energia para os 184 municípios pernambucanos, privatizada em 2000. Numa coletiva na sede da FPF, o presidente da entidade, Evandro Carvalho, anunciou a parceria junto ao presidente da empresa, Antônio Carlos Sanches, ladeado por dirigentes de Náutico (Marcos Freitas), Sport (Arnaldo Barros) e Santa Cruz (Alírio Moraes).

Além da divulgação da nova marca, há a possibilidade de promoções, como ingressos em troca de mensalidades quitadas sem atraso – a conferir. Em relação ao aporte, nem a federação nem a Celpe revelaram valores. Entretanto, em janeiro o mandatário da federação havia informado ao blog o patamar esperado. Entre cervejarias e montadoras, a FPF havia recebido propostas de R$ 500 mil a R$ 800 mil, mas a intenção era fechar por R$ 1 milhão líquido, uma vez que a agência de marketing envolvida ficaria com 20% da receita bruta.

A primeira incursão local neste tipo de negócio aconteceu em 2009, quando o então presidente Carlos Alberto Oliveira chegou a um acordo com a Ambev. O valor seria de R$ 800 mil, com o nome “Campeonato Pernambucano Brahma Fresh”. O veto estadual às bebidas alcoólicas, no mesmo ano, resultou no distrato. O primeiro torneio com um nome comercial efetivado foi em 2011, num contrato de quatro temporadas com a Coca-Cola. Nas duas primeiras edições, R$ 600 mil/ano. Depois, subiu pra R$ 1 milhão/ano. Agora, um pouco de luz ao apagadíssimo Estadual de 2016, com a verba extra repartida entre os clubes…

O novo "naming rights" do Estadual 2016, "Campeonato Pernambucano Celpe". Foto: Thaís Lima/Esp/DP