Analisando o mapa de curtidas dos clubes em Pernambuco, via Globo/Facebook

Mapa de curtidas de clubes em Pernambuco. Crédito: globoesporte.globo.com (reprodução)

O Mapa das curtidas dos times do Brasil no facebook, produzido pelo globoesporte.com em parceria com a rede social de Mark Zuckerberg, é espetacular. Próximo do que se imagina caso o IBGE resolva adicionar, um dia, a pergunta “Para qual time você torce?” ao censo nacional. Foram analisadas 54 milhões de curtidas nas páginas oficiais de 43 clubes do país, em maio de 2015. A partir disso, um mapeamento individual em 5.570 municípios. Aqui, vamos tratar de Pernambuco. O mapa foi colorizado com o líder em cada cidade, independentemente da intensidade de pessoas envolvidas.

No caso local, apenas três clubes lideram entre os 185 municípios. Pelo volume territorial, a ordem seria a seguinte: Flamengo (vermelho), Corinthians (preto) e Sport (amarelo). Pela quantidade de cidades pernambucanas, a ordem seria Timão (99), Sport (53) e Fla (33). Contudo, os dois cenários vão de encontro ao Ibope, a pesquisa tradicional mais recente, que apontou a ordem Sport, Santa, Corinthians e Náutico. Vamos, então, a um exemplo de distorção. Petrolina, com maioria flamenguista, tem um território imenso, de 4.561 km², com 331 mil moradores. Já o Grande Recife é formado por 14 cidades, totalizando em 2.770 km², mas com uma população de 3.914.317 habitantes. Detalhe: o Sport ficou à frente em toda RMR. Visualmente, parece ter menos “likes”. Na própria Zona da Mata (com o Leão à frente) a densidade populacional é superior ao Sertão (Fla).

Em escala nacional ocorre a mesma distorção, com domínio territorial do Mengo, por mais que o Corinthians tenha mais curtidores (10,4 milhões x 10,1 milhões). Um mapa de calor poderia amenizar essa percepção, assim como a divulgação do percentual absoluto em cada estado, o que não foi divulgado num primeiro momento. São apenas observações sobre o levantamento, no qual o próprio portal faz questão de não tratar como “pesquisa de torcida”, até mesmo por não contar com a fatia (geralmente de 20%, segundo os institutos) de pessoas que não gostam de futebol. Mas em nada diminui a sensação sobre um raio x jamais visto neste polêmico assunto.

Sport: presente em 5.446 municípios, 1º em 53, 2º em 33, 3º em 38, 4º em 48
Santa: presente 3.130 municípios, 2º em 8, 3º em 17 e 4º em 22
Náutico: presente em 3.880 municípios, 4º em 4

Mapa de curtidas dos times do Brasil no Facebook (Sport). Crédito: app.globoesporte.globo.com/futebol/mapa-das-torcidas-no-facebook (reprodução)

Mapa de curtidas dos times do Brasil no Facebook (Santa Cruz). Crédito: app.globoesporte.globo.com/futebol/mapa-das-torcidas-no-facebook (reprodução)

Mapa de curtidas dos times do Brasil no Facebook (Náutico). Crédito: app.globoesporte.globo.com/futebol/mapa-das-torcidas-no-facebook (reprodução)

Recife entre as praças com mais partidas do Flamengo na televisão aberta

Jogos do Flamengo na TV aberta em 2014. Crédito: Ibope/Repucom

Um levantamento do Ibope aponta que o Flamengo teve 46 partidas exibidas na televisão aberta em 2014, considerando Globo e Band. Isso atraiu a atenção, nem que por um minuto, de 134 milhões de telespectadores. Outro dado interessante é o número de jogos do Fla transmitidos nas 15 principais praças. Como alguns jogos no Maracanã, por força de contrato, não passaram para o Rio, a cidade com mais apresentações foi Manaus (38 x 37).

O quadro divulgado por José Colagrossi, o diretor-executivo do Ibope/Repucom, especializado em pesquisas de impacto e eficiência do patrocínio no esporte, segue com o Distrito Federal, fechando a elite do mercado rubro-negro. Na Série A de 2015, Brasília abrigou um público de 67 mil pessoas para Fla x Coxa, justificando a audiência. Em 4º lugar, o Recife. À frente de centros com mais torcida flamenguista (reconhecidamente), como Salvador, Fortaleza e Vitória.

Apesar da presença regular de Sport, Santa Cruz, Náutico nas Séries A e B, a influência midiática do Mengo (por opção de quem transmite, claro) toma parte da programação. Na capital do estado foram 28 jogos, ou 60% do conteúdo aberto do time carioca! Como Globo e Band contam, um mesmo jogo exibido pelas duas aparece duas vezes. Em Pernambuco, o maior índice de torcida já alcançado pelo Fla foi de 8%, segundo o Plural Pesquisa, em 2011, o que corresponderia a 703 mil pessoas na época. Contrasta bastante com a grade.

A avaliação do Campeonato Brasileiro 2015, segundo o Ibope

A CBF encomenou ao Ibope uma pesquisa para avaliar o Campeonato Brasileiro de 2015, a partir da percepção do próprio torcedor. Foram 1.200 entrevistas realizadas em 248 cidades, entre os dias 17 e 22 de junho. Metade aprova a competição. Contudo, o estudo traz outros detalhes, como nível técnico dos jogos e da infraestrutura, segurança nos estádios etc.

Um dos questionamentos mais interessantes se refere ao horário preferido do público: 20h30 na quarta-feira e 16h no domingo. 22h? Só uma empresa gosta.

Qual é o principal para fator para afastar o público? Violência, claro, com 25%.

Confira a íntegra da pesquisa.

Recalculando as pesquisas de torcida a partir da estimativa do IBGE em 2015

Torcidas de Sport, Santa Cruz e Náutico. Fotos: Diario de Pernambuco

O IBGE nunca mensurou o tamanho das torcidas dos clubes brasileiros. Ainda assim, o censo é primordial para esse cálculo, claro. Qualquer projeção de torcida feita por outros institutos de pesquisa utiliza as estimativas oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Além do censo absoluto a cada 10 anos (2000, 2010, 2020…), são feitas estimativas anuais, utilizadas das mais diversas formas socioeconômicas (daí, a natural falta de tempo, e interesse, para fomentar algo no esporte). Os dados oficiais da população brasileira em 2015 acabam de ser divulgados pelo IBGE no Diário Oficial da União, tendo como data de referência para os habitantes do país o dia 1º de julho.

A partir disso, o blog recalculou as pesquisas de torcida mais recentes em cada região de interesse para o futebol local (Recife, Grande Recife, Pernambuco e Brasil). Caruaru e Goiana, o únicos municípios fora da região metropolitana com pesquisas específicas já divulgadas, também entraram na conta. As diferenças nos percentuais podem ser explicadas tanto pela margem de erro de cada estudo quanto pelas amostragens (quanto mais gente ouvida, teoricamente melhor). No caso do Ibope, a diferenças entre Pernambuco e Brasil, com o Tricolor tendo mais gente no estado do que em todo o país, se deve ao arrendondamento dos percentuais (para mais ou para menos). Vamos às estatísticas dos clubes pernambucanos mencionados.

Brasil (204.450.649 habitantes)
Ibope 2014
Período: 05/12/2013 a 14/02/2014
Público: 7.005 entrevistados (26 estados e o DF)
Margem de erro: 1,0%

15º) Sport – 1,2% (2.453.407)
17º) Santa Cruz – 1,0% (2.044.506)
* O Ibope divulgou os dados nacionais dos 18 primeiros. Náutico não figurou.

Pernambuco (9.345.173 habitantes)
Ibope 2014
Período: 05/12/2013 a 14/02/2014
Público: 300 entrevistados (nº de municípios não divulgado)
Margem de erro: 1,0%

1º) Sport – 26,3% (2.457.780)
2º) Santa Cruz – 24,0% (2.242.841)
4º) Náutico – 5,3% (495.294)

Grande Recife (3.914.317 habitantes)
Exatta 2014
Período: janeiro de 2014
Público: 600 entrevistados
Margem de erro: não divulgada

1º) Sport – 42% (1.644.013)
2º) Santa Cruz – 27% (1.056.865)
3º) Náutico – 10% (391.431)

Recife (1.617.183 habitantes)
Plural 2015
Período: junho de 2015
Público: 800 entrevistados
Margem de erro: 3,46%

1º) Sport – 36% (582.185)
2º) Santa Cruz – 31% (501.326)
3º) Náutico – 10% (161.718)

Caruaru (347.088 habitantes)
Plural 2014
Período: 4 a 5 de janeiro de 2014
Público: 400 entrevistados
Margem de erro: 4,9%

1º) Sport – 17% (59.004)
3º) Santa Cruz – 8% (27.767)
4º) Central – 7% (24.296)
6º) Náutico – 5% (17.354)
10º) Porto – 1% (3.470)

Goiana (78.618 habitantes)
Plural 2015
Período: junho de 2015
Público: 400 entrevistados
Margem de erro: 4,9%

1º) Sport – 25% (19.654)
2º) Santa Cruz – 13% (10.220)
3º) Náutico – 7% (5.503)

Presidente do Flamengo diz ter a maior torcida em 24 dos 27 estados do país. Será? Não em Pernambuco

Eduardo Bandeira de Mello, o presidente do Flamengo (2013-2015). Crédito: Alexandre Vidal/FlaImagem

Eduardo Bandeira de Mello assumiu o Flamengo com uma dívida impagável, de R$ 758 milhões. Em dois anos, com uma gestão austera, o dirigente vem quebrando o senso comum. Desde 2013, já reduziu o passivo do clube carioca em R$ 138 milhões. Sem dúvida alguma, um alento ao time mais popular do país. O presidente rubro-negro vem contando com apoio de sua torcida, com o avanço dos sócios-torcedores e o consumo maciço de produtos oficiais do Mengo. Porém, o discurso do dirigente mostra uma torcida além da realidade.

Em 2015, o seu mantra tem sido o de apontar o Fla como o detentor da maior torcida em 24 unidades da Federação, considerando os 26 estados e o Distrito Federal. A mais recente foi repercutida no programa Linha de Passe, na ESPN, através do jornalista Juca Kfouri, que considerou os três estados sem domínio como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Confira algumas declarações de Bandeira de Mello sobre o mesmo tema.

“Um clube nacional como o Flamengo, com torcida em todos os lugares, não pode virar os olhos para a sua torcida do interior. Seja no Brasileiro, em amistosos ou torneios, sempre poderão ser realizados jogos em outras praças. Afinal de contas, o Flamengo é o clube mais popular em 24 das 27 unidades da Federação.”
Em entrevista ao jornal O Globo, em 8 de maio de 2015.

“Em 24 dos 27 estados do Brasil, o Flamengo é o time mais popular.”
Em uma palestra na UFRJ, em 15 de maio de 2015.

“O Flamengo tem 40 milhões de eleitores, é o time preferido em 24 estados e a Nação Rubronegra deve acompanhar o voto dos parlamentares.”
Em coletiva em São Paulo, sobre a MP do Futebol, em 6 de julho de 2015

Nota-se que o nosso estado integra a visão do mandatário flamenguista, difundida sem correção. Abaixo, vale relembrar sete pesquisas de torcida realizadas em Pernambuco entre 1983 e 2014, dos mais variados institutos, incluindo o Ibope, o mais conhecido do Brasil. Em nenhum levantamento o Fla aparece à frente. Na verdade, o máximo foi alcançar o 3º lugar no primeiro estudo local feito pelo Instituto Plural, com 8%, um público localizado sobretudo no interior, uma vez que na capital a influência de times de fora é mínima.

Gallup 1983* (520 entrevistados)
1º) Sport 22,4%
2º) Náutico 14,1%
3º) Santa Cruz 12,9%
* O percentual de pessoas sem clube foi de 41%, fazendo com que os demais clubes, somados, chegassem a apenas 9,6%.

Opine 2008 (1.732 entrevistados)
1º) Sport 22,9%
2º) Santa Cruz 17,1%
3º) Náutico 6,1%
4º) Corinthians 5,3%
5º) São Paulo 5,2%
6º) Flamengo 3,9%

Maurício de Nassau 2009 (3.363 entrevistados)
1º) Sport 26,4%
2º) Santa Cruz 15,7%
3º) Náutico 8,0%
4º) Flamengo 6,8%
5º) Corinthians 4,8%
6º) Palmeiras 3,8%

Ibope 2010 (nº de entrevistados não informado)
1º) Sport 33,0%
2º) Santa Cruz 12,8%
3º) Náutico 9,0%
4º) Corinthians 8,1%
5º) São Paulo 4,6%

Instituto Plural 2011 (1.200 entrevistados)
1º) Sport 26,0%
2º) Santa Cruz 16,0%
3º) Flamengo 8,0%
4º) Náutico 7,0%
4º) Corinthians 7,0%
6º) Palmeiras 4,0%

Instituto Plural 2013 (1.200 entrevistados)
1º) Sport 22,9%
2º) Santa Cruz 13,6%
3º) Corinthians 9,3%
4º) Náutico 6,4%
4º) Flamengo 6,4%
6º) São Paulo 4,3%

Ibope 2014 (300 entrevistados)
1º) Sport 26,3%
2º) Santa Cruz 24,0%
3º) Corinthians 7,3%
4º) Náutico 5,3%
5º) São Paulo 4,0%
6º) Palmeiras 3,3%
7º) Flamengo 2,3%

Numa amplitude regional, o Flamengo detém, sim, a maior torcida, com 22,4% segundo a pesquisa mais recente no Nordeste, da Pluri Consultoria, de 2012. Uma popularidade reconhecida. Lembremos, entretanto, que as declarações do mandatário vêm focando os estados. E Pernambuco é um dos cinco do país nos quais as torcidas locais são maioria, com 60,4% (Sport + Santa + Náutico), contra 39,6% dos “forasteiros”, ainda segundo a Pluri.

Por fim, voltando ao último levantamento do Ibope, de 2014, outros dois estados apontam torcidas locais à frente, Bahia (Bahia) e Paraná (Atlético-PR). Logo, esse mantra de Eduardo Bandeira de Mello precisa ser revisto. Ou ao menos ser questionado, tirando o viés de verdade absoluta.

Percentual de torcidas locais e "forasteiras" nos estados. Crédito: Pluri Consultoria 2014/reprodução

Mapeamento de torcidas: Pernambuco (Ibope/2014)

Pesquisa de torcidas em Pernambuco, segundo o Ibope/Lance!, em 2014. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Foram ouvidas 7.005 pessoas na pesquisa nacional de torcidas realizada pelo Ibope, em parceria com o Lance!. No país, o índice de 2014 é um dos maiores da história. No entanto, ao dividir por estado, ampliando o quadro de números, o estudo acaba revelando um dado inferior a outros levantamentos. Alguns estados tiveram suas estatísticas reveladas. Entre eles, Pernambuco, com 300 entrevistados, de todas as classes de renda, escolaridade e idade.

Inúmeras pesquisas já foram feitas por aqui, mas nem sempre em todo o estado. Alguns institutos optam apenas pelo Recife. Outros vão um pouco mais longe, cobrindo a região metropolitana e seus 14 municípios. Numa abrangência máxima, poucos casos. Nas últimas três décadas, o blog encontrou sete pesquisas estaduais com a quantidade explícita de entrevistados. E a pesquisa do Ibope em 2014 foi, neste contexto, a de menor amostragem. Onze vezes menor que o levantamento do Instituto Maurício de Nassau, feito há cinco anos.

O novo estudo ficou abaixo até de pesquisas só na capital. Ponto fora da curva com isso? Não exatamente, mas quanto menor a amostragem, maior a chance de falha. Agora, a principal surpresa é a suposta força paulista, com o Corinthians à frente do Náutico e São Paulo e Palmeiras com mais torcedores do que o Flamengo. Historicamente, esses dados não batem. Na dianteira, uma maior e incomum aproximação do Santa em relação ao Sport.

Ibope / Pernambuco 2014
Período: 05/12/2013 a 14/02/2014
Público: 300 (nº de municípios não divulgado)
Margem de erro: 1,0%
População estimada (IBGE/2013): 9.208.551

1º) Sport – 26,3% (2.421.848)
2º) Santa Cruz – 24,0% (2.210.052)
3º) Corinthians – 7,3% (672.224)
4º) Náutico – 5,3% (488.053)
5º) São Paulo – 4,0% (368.342
6º) Palmeiras – 3,3% (303.882)
7º) Flamengo – 2,3% (211.796)

Sem clube – não divulgado
Outros times – não divulgado

Eis as pesquisas de torcida com amostragens divulgadas em Pernambuco.

Pesquisa de torcidas em Pernambuco de 1983 a 2014

Nos últimos três anos também foram realizadas quatro pesquisas no Recife e no Grande Recife, variando de 500 a 2.837 pessoas entrevistadas.

Enfim, a amostragem do Ibope com 300 pessoas foi baixa, mas como nem todas as pesquisas divulgam os seus dados estaduais, é provável que já tenha ocorrido um índice até inferior…

Mensurando as torcidas brasileiras no embalo das pesquisas políticas

Institutos de pesquisa no Brasil: Datafolha, Vox Populi, Plural Pesquisa, Ibope, Maurício de Nassau e Sensus. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

O cenário é comum em ano eleitoral no Brasil, a cada dois anos. Até a véspera da votação são divulgadas, de norte a sul, pesquisas de intenção de voto.

Existem quase duas centenas de consultorias no ramo. Na Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, a Abep, estão cadastrados 174 institutos.

Acredite, esses mesmos levantamentos eleitorais têm uma relação direta com os estudos quantitativos sobre torcidas de clubes de futebol.

Foi o caso do Ibope, instituto mais famoso do país, que lançou uma pesquisa nacional de torcida pela última vez em 2010. Agora, em mais um ciclo presidencial, especula-se um novo grande levantamento de campo do Ibope. No último foram ouvidas 7.109 pessoas, em 141 cidades.

O custo de um estudo do tipo, dependendo do número de entrevistados – mudando, claro, a fidelidade na margem de erro -, pode ir de R$ 8 mil a mais de R$ 70 mil. De 400 pessoas a aproximadamente 10 mil entrevistados.

No campo político, os levantamentos são encomendados por jornais, emissoras de televisão e até pelos próprios partidos, com o objetivo de enxergar melhor o eleitorado, tanto nas disputas majoritárias – municipal, estadual e federal -, quanto nas proporcionais – vereador e deputado.

O público pesquisado é sempre a partir dos 16 anos. Não por acaso, não mesmo, é a idade mínima para tirar um título de eleitor no país.

Com questionários prontos, alguns institutos de pesquisa aproveitam a oportunidade para mensurar outras questões. E aí entra o futebol.

Cenário aplicado, por exemplo, em Caruaru, através da Plural Pesquisa em 2014. Outros municípios já estão na pauta, como Garanhuns e Petrolina.

Cidades, estados, país. Não é mera coincidência. Até porque a divulgação dos estudos costuma ter espaço na mídia e repercussão entre as massas, dando destaque aos nomes das empresas envolvidas.

Portanto, a situação já está encaminhada para um ano recheado de levantamentos sobre os times, inclusive de grande alcance. O cenário político está aberto. Para entender melhor o público, o futebol sai ganhando no embalo.

Confira as pesquisas já publicadas pelo blog aqui.

A pesquisa de torcida da vez no Recife

A pesquisa da vez sobre torcidas foi produzida pelo Instituto Maurício de Nassau, do portal Leia Já. Com 624 entrevistados nos dias 7 e 8 de fevereiro deste ano, no Recife, o material traz um questionário amplo, com 32 páginas (veja aqui).

Abaixo, alguns quadros do estudo selecionados pelo blog. No primeiro, um aumento no número de desinteressados por futebol. Em 2011, numa pesquisa local realizada pelo Instituto Plural, o índice foi de 26%. Agora, 32%.

Já no número de torcedores dos times pernambucanos, destaque para a distância entre Sport e Santa Cruz, num dado acima de pesquisas anteriores, e a proximidade de Santa e Náutico, incomum.

Por outro lado, os corais, que lideram a média de público do Estadual há quatro anos, registraram a maior proporção entre aqueles que vão a campo efetivamente. Os rubro-negros ficaram atrás inclusive dos alvirrubros.

Confira as últimas pesquisas de torcida no estado clicando aqui.

Pesquisa de torcidas do Instituto Maurício de Nassau em 2013

Pesquisa de torcidas do Instituto Maurício de Nassau em 2013

Pesquisa de torcidas do Instituto Maurício de Nassau em 2013

Pesquisa de torcidas do Instituto Maurício de Nassau em 2013

O fator Portuguesa nos percentuais das pesquisas nacionais de torcida

Série A 2012: Portuguesa 0x0 Ponte Preta. Foto: Dorival Rosa/Portuguesa

Os institutos de pesquisa constroem a credibilidade ao longo dos anos, através de acertos nos dados equiparados aos reais, posteriormente levantados de forma integral. Antes, a conversa estatística é sempre a mesma, com dados flutuantes com pontos percentuais para mais e para menos, dentro da margem de erro. De praxe.

No futebol, as principais pesquisas, e mais polêmicas, projetam o tamanho das torcidas. A nível local, a discussão já é enorme, histórica. Imagine então no cenário nacional! Em 2009, o Instituto Maurício de Nassau ouviu 3.363 pessoas em Pernambuco. Houve contestação. Pois em 2012 o Datafolha ouviu 2.588 em 160 cidades espalhadas no país.

O resultado final do instituto paulista promoveu uma série de debates.

No topo, o inédito empate técnico. Abaixo, as últimas três pesquisas Datafolha.

2009 – Flamengo 19% x 13% Corinthians
2010 – Flamengo 17% x 14% Corinthians
2012 – Flamengo 16% x 16% Corinthians

É possível concluir que 3% da torcida nacional virou a casaca do Flamengo para o Corinthians ou simplesmente 3% dos flamenguistas desapareceram do mapa, sem explicação, ou ainda que outros 3% de corintianos nasceram num crescimento muito acima da média histórica. Até então imbatível, o Fla protesta.

Ainda no ranking principal, a polêmica atinge Pernambuco de forma direta.

Os números publicados pelo Datafolha se estendem até o 15º lugar, ocupado pela Portuguesa. Nenhum representante do futebol pernambucano se faz presente.

Ou seja, a Portuguesa, com 0,51% da torcida nacional, está não só à frente de Sport, Santa Cruz e Náutico, como de outros times populares, como Coritiba, Atlético-PR, Goiás, Remo, Paysandu, Ceará, Fortaleza… Um tanto surpreendente.

O dado corresponde a 989.129 pessoas na atualização do censo do IBGE, em 2012.

Vamos a um exercício de possibilidades, uma vez que as projeções dos clubes pernambucanos ainda não foram divulgadas. Estão inseridos no dado de “4,88%”, que corresponde a todos os times do país a partir do 16º lugar no ranking de torcidas.

Supondo que os três pernambucanos tivessem “um” torcedor a menos que a Lusa e que as três massas fossem iguais e morassem em Pernambuco, o número seria de 2.967.384. A população atual de Pernambuco é de 8.931.028 habitantes. Ou seja, as três torcidas locais teriam, segundo o Datafolha, no máximo 33,22% do estado.

De acordo com o supracitado instituto Maurício de Nassau, percentual é bem maior, de 50,1%. E não considera, conforme dito no exercício, os torcedores em outros estados. O número corrigido, hoje, elevaria a torcida do Trio de Ferro para 4.474.445 pessoas. Considerando as últimas quatro pesquisas realizadas no estado, por quatro institutos diferentes, o percentual mínimo das três torcidas agregadas, com a margem de erro para menos, seria de 35,8%, ainda assim, à frente do máximo via Datafolha (veja aqui).

Em tempo: o Datafolha ouviu neste ano apenas 727 pessoas em todo o Nordeste.

Vale destacar que até a recém-lançada pesquisa Sport e Santa não haviam ficado, em dez anos, com menos de 0,6% em âmbito nacional. Agora, estariam abaixo de 0,51%?! Neste mesmo 2012, a pesquisa da Pluri Consultoria, com 10.545 entrevistas, apontou Sport 1,1%, Santa 0,7%, Náutico 0,4% e Portuguesa 0,1%… Haja diferença.

Mas voltemos ao Datafolha, que em 2010, com 2.600 pessoas, indicou o Sport com 1,33 milhão de torcedores, contra 880 mil da Lusa. Em dois anos, mais cem mil lusitianos, dentro do mesmo instituto? Na Ilha, mais de 340 mil pessoas deixaram de torcer?

Acredite, tem mais. Há dois anos eram 600 mil alvirrubros e 520 mil tricolores. Sim, o Santa Cruz teria a menor torcida da cidade (veja aqui).

Também há dois anos, o Ibope ouviu 7.109 pessoas no país, quase três vezes mais, reduzindo a margem de erro. Na ocasião, a soma de rubro-negros, tricolores e alvirrubros chegava a 2,8% da população nacional, ou 5.430.512. O mesmo Ibope, em parceria com o diário esportivo Lance!, promete uma nova pesquisa com mais entrevistados em 2013, no embalo da polêmica provocada pelo concorrente.

A polêmica nunca vai deixar de existir. Discutir quem tem a maior torcida faz parte.

Porém, o fato precisa ser pelo menos plausível. Não há qualquer indício que aponte o time do Canindé com essa massa superior a tantos times tradicionais. Apresentar a Portuguesa com uma torcida maior fere de morte qualquer estatística.

A culpa, no entanto, não é do Datafolha. A “culpa” sobre a polêmica é do IBGE, que se nega a acrescentar uma simples perguntinha no censo…

Série A 2012: Portuguesa 0x1 Bahia. Foto: Dorival Rosa/Portuguesa

Final com menos torcedores e menos telespectadores

Finais do Campeonato Pernambucano de 2011 e 2012. Fotos: Diario de Pernambuco

No fim das contas, o Campeonato Pernambucano desta temporada não agradou mesmo nem os torcedores nas arquibancadas e nem o público diante da televisão. Os dados da decisão da competição apresentam um resultado curioso.

A final de 2012 registrou um público menor que a decisão anterior, que reuniu os mesmos finalistas. A diferença foi de 16.332 torcedores. Em relação à audiência na TV aberta, medida no estado pelo Ibope Media Workstation, o hiato é muito maior, de 360.738 telespectadores, o que representa 12 pontos no Grande Recife.

As duas edições finais dos Clássicos das Multidões de 2011 somaram quase dois milhões de telespectadores. Para ser exato, foram 1.983.738, segundo o Ibope. Já a disputa que resultou no bi dos corais agregou 1.623.000 pessoas sintonizadas na telinha.

Confira abaixo os dados de audiência, considerando, além de telespectadores e pontos, o share, que é a porcentagem de aparelhos de TV ligados.

Na sua opinião, qual teria sido o motivo (ou motivos) para essa queda na audiência?

A disputa pelo hexa em 2011 e  o nível técnico de 2012 podem ter colaborado…

Audiência das finais do PE em 2011 e 2012, segundo o Ibope