Os públicos internacionais no Recife, com 19 partidas oficiais entre 1968 e 2016

Sul-Americana 2016, oitavas: Santa Cruz 3 x 1 Independiente Medellín. Foto: Wellington Araújo/CBN Recife 105.7 FM

Com a participação do Santa Cruz na Sul-Americana de 2016, o Trio de Ferro completou o ciclo de disputas internacionais, com ao menos uma para cada rival pernambucano. Entretanto, até hoje, uma série de campanhas fracas, com um brilhareco em 2009. Com isso, a ocupação nas arquibancadas seguiu o mesmo ritmo, como comprova o primeiro jogo de um torneio interclubes da Conmebol no Arruda. O retrospecto no Grande Recife conta com 19 jogos, incluindo quatro clássicos, mas nenhum borderô chegou sequer a 30 mil espectadores. No geral, uma média de 13 mil pessoas, que cai consideravelmente no recorte da Sula, com times locais presentes em quatro temporadas consecutivas.

Eis os públicos oficiais de todos os jogos internacionais oficiais no Recife

Taça Libertadores da América (3 participações)
21/01/1968 – Náutico 1 x 3 Palmeiras – 8.004 (Ilha)
11/02/1968 – Náutico 1 x 0 Deportivo Gailicia (VEN) – 7.302 (Ilha)
14/02/1968 – Náutico 3 x 2 Deportivo Portugués (VEN) – 6.513 (Ilha)
02/07/1988 – Sport 0 x 1 Guarani – 27.860 (Ilha)
16/08/1988 – Sport 5 x 0 Alianza (PER) – 15.213 (Ilha)
23/08/1988 – Sport 0 x 0 Universitario (PER) – 22.628 (Ilha)
04/04/2009 – Sport 2 x 0 LDU (EQU) – 20.184 (Ilha)
08/04/2009 – Sport 0 x 2 Palmeiras – 19.386 (Ilha)
22/04/2009 – Sport 2 x 1 Colo Colo (CHI) – 20.050 (Ilha)
12/05/2009 – Sport (1) 1 x 0 (3) Palmeiras – 28.487 (Ilha)

Total – 175.627 torcedores em 10 jogos (média de 17.562)
Sport – 153.808 pessoas em 7 jogos (21.972)
Náutico – 21.819 pessoas em 3 jogos (7.273)

Copa Sul-Americana (6 participações)
20/08/2013 – Sport 2 x 0 Náutico – 16.125 (Ilha)
28/08/2013 – Náutico (1) 2 x 0 (3) Sport – 8.320 (Arena PE)
23/10/2013 – Sport 1 x 2 Libertad (PAR) – 17.575 (Arena PE)
28/08/2014 – Sport 0 x 1 Vitória – 6.025 (Ilha)
27/08/2015 – Sport 4 x 1 Bahia – 8.201 (Ilha)
23/09/2015 – Sport 1 x 1 Huracán (ARG) – 7.726 (Ilha)
24/08/2016 – Santa Cruz 0 x 0 Sport – 5.517 (Arena PE)
31/08/2016 – Sport 0 x 1 Santa Cruz – 6.570 (Arena PE)
28/09/2016 – Santa Cruz 3 x 1 Independiente (COL) – 5.474 (Arruda)

Total – 81.533 torcedores em 9 jogos (média de 9.059)
Sport – 62.222 pessoas em 6 jogos (10.370)
Santa – 10.991 pessoas em 2 jogos (5.495)
Náutico – 8.320 pessoas em 1 jogo (8.320)

Libertadores + Sul-Americana (9 participações)
Total – 257.160 torcedores em 19 jogos (média de 13.534)

Sport – 216.030 pessoas em 13 jogos (16.617)
Náutico – 30.139 pessoas em 4 jogos (7.534)
Santa – 10.991 pessoas em 2 jogos (5.495)

Santa vence com três gols de Grafite, mas é eliminado da Sula pelo Independiente

Sul-Americana 2016, oitavas: Santa Cruz 3x1 Independiente Medellín. Foto: Pablo Kennedy/Santa Cruz (facebook)

O Santa Cruz fez uma grande partida contra o Independiente. Sobrou, na verdade, com Grafite brilhando, após quinze jogos de jejum. O camisa 23 marcou três gols, colocando o tricolor com a mão na vaga até os 31 minutos do segundo tempo. O time pernambucano, dessa vez sem poupar ninguém, atacou mais e se defendeu bem, com Néris e Danny Morais implacáveis diante do confuso ataque colombiano – errando tempo de passe e chutes na entrada da área. Entretanto, numa infelicidade do goleiro Edson Kölln, que saiu muito mal numa cobrança de escanteio, a bola sobrou para Ibarguen, que fez o único gol visitante, 3 x 1. O diferencial num confronto equilibrado.

Vestindo a camisa tricolor pela terceira vez, o goleiro substituiu Tiago Cardoso, pela primeira vez no banco em seis anos de clube. A pressão existia e a oportunidade foi dada. Ainda que algum torcedor o culpe pela eliminação, creio que a maior falha foi institucional, com a decisão de poupar Keno, João Paulo e Léo Moura em Medellín, justo na primeira experiência internacional. Com um time esfacelado tecnicamente, perdeu lá por 2 x 0 e deixou a missão indigesta.

Sul-Americana 2016, oitavas: Santa Cruz 3 x 1 Independiente Medellín. Foto: Peu Ricardo/DP

Além disso, aquela decisão da direção foi atrelada à péssima campanha no Brasileiro. E o reflexo veio no Arruda, com apenas 5.474 torcedores. Ao menos o povo estava animado, com 200 músicos corais rasgando o frevo. E foi no ritmo, acelerado, que o Santa comandou o primeiro tempo, com Grafa marcando em duas cabeçadas, aos 13 e aos 30, esta adiantado. Com o placar igualado, na segunda etapa o time atuou de forma mais cadenciada, sem aperreio.

Era buscar a bola e sair com inteligência, contando ainda com a má apresentação do campeão colombiano, inoperante à frente e deixando muito espaço. E deixou mesmo, para Grafite, chegando ao hat-trick internacional aos 25. Foram seis minutos com a classificação às quartas da Sula, um feito ainda inédito no Nordeste, até o baque. Aplaudido no apito final (de forma merecida), o Santa deixa a Sula com R$ 2,1 milhões em cotas e com o gostinho de uma campanha necessária para o clube, moral, técnica, financeiramente. Hoje, tem a pré-vaga para 2017. Quem sabe com decisões institucionais melhores…

Sul-Americana 2016, oitavas: Santa Cruz 3 x 1 Independiente Medellín. Foto: Peu Ricardo/DP

O intercâmbio colombiano na Ilha antes da Sul-Americana contra o Santa Cruz

Delegação do Independiente Medellín na Ilha do Retiro. Foto: Independiente/twitter (@DIM_Oficial)

Em 2015, no confronto internacional no Recife, pela Sul-Americana, o Santa Cruz cedeu o campo do Arruda para o primeiro treinamento do Huracán. O time argentino havia acabado de chegar para a ida das oitavas, contra o Sport. 

Em 2016, no confronto internacional no Recife, pela Sul-Americana, o Sport cedeu o campo da Ilha para o primeiro treinamento do Independiente. O time colombiano havia acabado de chegar para a volta das oitavas, contra o Santa. 

Delegação do Independiente Medellín na Ilha do Retiro. Foto: Independiente/twitter (@DIM_Oficial)

A situação é plenamente normal na disputa do Brasileirão – embora os locais mais utilizados sejam os centros de treinamento de alvirrubros e rubro-negros -, mas no cenário internacional a simples movimentação gera uma (rara) exposição gratuita, com informações e imagens dos clubes locais e da cidade, como no conteúdo compartilhado pelo DIM em suas redes sociais.

Em ambos os casos, os gringos também agendaram treinos nos palcos das partidas, seguindo o regulamento do torneio, para a véspera. Ilha do Retiro e Mundão. Neste século, esta é apenas a 5ª partida oficial de um clube estrangeiro na capital pernambucana: LDU (2009), Colo Colo (2009), Libertad (2013), Huracán (2015) e Independiente Medellín (2016). Muito pouco…

Relembre a passagem do Huracán no Arruda clicando aqui.

Delegação do Independiente Medellín na Ilha do Retiro. Foto: Independiente/twitter (@DIM_Oficial)

Poupando três titulares, Santa perde em Medellín e vê situação difícil no Arruda

Sul-Americana 2016, oitavas de final: Independiente Medellín x Santa Cruz. Foto: Raul Arboleda/AFP

O adversário era dos mais complicados nas oitavas da Sul-Americana, o atual campeão colombiano, investindo em seu primeiro título internacional. Ainda assim, esse cartaz foi sumindo durante o jogo, numa atuação bem irregular do Independiente Medellín. Errando passes no ataque, sem tanta cobertura no meio-campo. E mesmo assim construiu uma vantagem considerável jogando em casa, 2 x 0. Para isso, um Santa Cruz sem força ofensiva, resguardado na defesa durante os noventa minutos e penalizado mais uma vez no fim. Apesar do comunicado oficial da direção coral, na véspera, negando a formação mista, o qual o blog não concordou, a ausência de Keno, João Paulo e Léo Moura, sobretudo os dois primeiros, foi bastante sentida pelo time.

Não houve escape. À frente, Grafite batalhou pela bola, mas sequer finalizou, chegando a 13 jogos sem balançar as redes. Bruno Moraes ficou no banco e lá permaneceu até o fim, numa decisão controversa de Doriva – afinal, se viajou, tinha condições de jogar. Com uma formação 4-1-4-1, mas marcando bem atrás da linha da bola, a peça mais próxima ao Grafa foi Arthur, limitado uma (boa) cobrança de falta no primeiro tempo. Cumpriu o papel tático de combater a saída de jogo do DIM, mas não agrediu a meta a adversária.

Sul-Americana 2016, oitavas de final: Independiente Medellín x Santa Cruz. Foto: Raul Arboleda/AFP

Após a pressão inicial dos colombianos, com a bandinha tocando sem parar no Atanasio Girardot, os corais esfriaram o jogo. E justamente neste momento saiu o gol do mandante, aos 38, numa ótima infiltração. Caicedo tocou para Hechalar, que, cara a cara com Tiago Cardoso, bateu rápido, sem chances. Apesar de ter ido para o vestiário em desvantagem, o time pernambucano, em sua primeira apresentação oficial fora do país, jogava de forma organizada. Faltava Keno no contragolpe. Ou seja, faltava tudo. E era preciso também diminuir erros nas laterais, sobretudo na esquerda, com Allan Vieira – a cada má atuação, aumenta a lamentação pela longa contusão de Tiago Costa.

Se não levava perigo, lá atrás Néris e Danny Morais tiravam tudo. Mas a recorrente deficiência na bola cruzada se fez presente, de forma cruel. Aos 42, outra vez com a bola de pé em pé, o Independiente virou o jogo para a direita, com o cruzamento de lá à pequena área. Falha de marcação de Danilo Pires, bem distante de Cortés, que cabeceou no contrapé do goleiro coral. O time foi vazado após os 40 minutos do segundo tempo em 4 dos últimos 5 jogos, numa situação que vem minando a confiança. Dentro de uma semana, o Santa precisará de confiança, de Keno, João Paulo, Léo Moura e de sua torcida. Talvez essa soma empurre o time às quartas, feito ainda inédito para o Nordeste.

Sul-Americana 2016, oitavas de final: Independiente Medellín x Santa Cruz. Foto: Raul Arboleda/AFP

Os jogos no exterior de Santa Cruz, Sport e Náutico em torneios da Conmebol

A partida entre Santa e Independiente, em Medellín, completou o ciclo de jogos no exterior do Trio de Ferro. Agora, todos têm experiências em competições oficiais da Conmebol. Um histórico iniciado em 1968, com o Náutico, representando o Brasil como vice da Taça Brasil. Em nove partidas, visitas a Venezuela, Peru, Chile, Equador, Paraguai, Argentina e Colômbia, com 3 vitórias, 1 empate e 5 derrotas, considerando apresentações na Libertadores (1968, 1988 e 2009) e na Sul-Americana (2013-2016). Abaixo, registros de agências fotográficas que cederam imagens ao Diario de Pernambuco ao longo dos anos. Por sinal, nota-se o avanço das imagens, da dificuldade em jogos noturnos, impressões em preto e branco e, enfim, câmeras digitais.

Em relação aos demais países filiados da Conmebol, faltam viagens pernambucanas a Uruguai e Bolívia. Esperamos em breve…

21/09/2016 – Independiente (COL) 2 x 0 Santa Cruz (Sul-Americana, Medellín)
O duelo entre o campeão colombiano e o campeão nordestino foi transmitido para toda a América Latina pelo canal Fox Sports. Em campo, os corais jogaram sem três titulares, sofrendo o segundo gol no finzinho, dificultando bastante o jogo de volta, no Arruda.

Sul-Americana 2016, oitavas de final: Independiente Medellín 2 x 0 Santa Cruz. Foto: Conmebol/twitter (@conmebol)

30/09/2015 – Huracán (ARG) 3 x 0 Sport (Sul-Americana, Buenos Aires)
Após o empate no Recife, com André marcando para o rubro-negro, a igualdade permaneceu durante todo o primeiro tempo em Buenos Aires. Nos 45 minutos finais, porém, três gols do mandante, que posteriormente seria vice na Sula 

Sul-Americana 2015, oitavas de final: Huracán 3x0 Sport

25/09/2013 – Libertad (PAR) 2 x 0 Sport (Sul-Americana, Luque)
O primeiro jogo internacional de um clube do estado pela Sul-Americana inicialmente ocorreria na casa do Libertad, em Assunção, mas mudou de palco porque rubro-negro exigiu o cumprimento do regulamento, que demandava uma capacidade mínima de 10 mil. A Conmebol atendeu. Em campo, não adiantou. Na volta, reservas e outro revés.

Sul-Americana 2013, oitavas de final: Libertad 2 x 0 Sport

29/04/2009 – LDU (EQU) 2 x 3 Sport (Libertadores, Quito)
Com dois gols de Andrade, o Leão virou o jogo sobre o atual campeão continental e terminou na liderança do “grupo da morte”. Foi a primeira vitória de um clube brasileiro no estádio Casa Blanca em jogos na Libertadores.

Libertadores 2009, LDU 2x3 Sport

18/02/2009 – Colo Colo (CHI) 1 x 2 Sport (Libertadores, Santiago)
O jogo (e estreia) teve a presença de 1.800 torcedores rubro-negros no estádio David Arellano, o recorde de uma torcida estrangeira no local até então, superando o Boca Juniors. A vitória veio com gols dos atacantes Ciro e Wilson.

Libertadores 2009, fase de grupos: Colo Colo 1x2 Sport

22/07/1988 – Alianza (PER) 0 x 1 Sport (Libertadores, Lima)
De muito longe, o lateral-direito Betão marcou o solitário gol da vitória leonina, num jogo transmitido ao vivo para o Recife, pela Globo Nordeste. O resultado deu sobrevida à primeira campanha internacional do rubro-negro.

Libertadores 1988, fase de grupos: Alianza 0x1 Sport

18/07/1988 – Universitario (PER) 1 x 0 Sport (Libertadores, Lima)
Foi a segunda derrota seguida do time pernambucano na competição, pressionando bastante o jogo seguinte. No fim daquela campanha, perderia a vaga justamente para o Universitario, com um empate sem gols em casa.

Libertadores 1988, fase de grupos: Universitario 1x0 Sport

31/01/1968 – Deportivo Galicia (VEN) 2 x 1 Náutico (Libertadores, Caracas)
O segundo gol do Galicia foi irregular, segundo relato do jornal na época. Com status de vice-campeão brasileiro, o Timbu decepcionou em solo venezuelano, com críticas da crônica esportiva recifense pelos dois jogos sem vitória por lá.

Libertadores 1968: Deportivo Galicia 2 x 1 Náutico. Foto: Arquivo/DP

27/01/1968 – Deportivo Portugués (VEN) 1 x 1 Náutico (Libertadores, Caracas)
O meia Ivan Brondi, atual presidente do clube alvirrubro, empatou o jogo, garantindo o primeiro ponto do clube no grupo 5 da Liberta.

Libertadores 1968: Deportivo Portugués 1 x 1 Náutico. Foto: Arquivo/DP

Time do Santa em Medellín. Misto ou não?

Comunicado do Santa Cruz sobre a participação no jogo de ida das oitavas da Copa Sul-Americana de 2016

A notícia de que Keno, João Paulo e Léo Moura não embarcaram em São Paulo para Medellín, retornando ao Recife antes do jogo contra o Independiente, pela Copa Sul-Americana, rendeu polêmica entre torcedores e imprensa. Estaria o Santa, em decisão da direção e da comissão, preterindo o jogo internacional, em 21 de setembro, para focar na luta pela permanência na Série A?

Após muita cobrança nos perfis oficiais do clube, no facebook e no twitter, o tricolor emitiu um comunicado oficial justificando a decisão. Trata a não utilização do trio como foco na própria Sula, com força máxima (técnica e fisicamente) dia 28, no Arruda. Ao menos na visão do blog, a ausência dos jogadores configura, sim, em uma formação mista no primeiro jogo contra DIM. Keno é o maior destaque ofensivo, João Paulo o ponto de equilíbrio do time, e Léo Moura vem com bom rendimento nos cruzamentos, num escape pela direita.

Também pesa limitar a 90 minutos, no âmbito técnico, a decisão do confronto. Além disso, enquanto no Campeonato Brasileiro o clube te 11% de chance de escapar, uma eventual classificação às quartas da Sula valeria uma premiação de R$ 1,5 milhão e o status de maior campanha nordestina no torneio.

De toda forma, está aberto o debate… A nota foi convincente?

Os resquícios do narcotráfico em sete clubes do futebol colombiano

O envolvimento de Pablo Escobar com o futebol colombiano

“Aquele que apitar mal, nós eliminamos”

“As lágrimas vieram porque o futebol estava morrendo um pouco….”

No embalo da primeira incursão do futebol pernambucano na Colômbia, através do Santa Cruz, nas oitavas da Copa Sul-Americana, vamos a um relato histórico do esporte no país, envolvido com o narcotráfico. Inclusive o adversário coral, o Independiente de Medellín, com ninguém menos que o “El Patrón”, Pablo Escobar. O texto a seguir é uma tradução da reportagem do jornal Marca, publicada em 9 de setembro de 2015 (entre parênteses, observações do blog).

O futebol colombiano ainda vive hoje um pouco à sombra de um passado obscuro, quando, nos anos 80, os narcotraficantes tomaram conta do esporte, dirigindo clubes e contratando grandes jogadores, até então impensáveis para o futebol local. Pablo Escobar e companhia usaram o esporte das massas para ganhar popularidade entre o povo colombiano, lavar dinheiro do tráfico e também com o fim mórbido de levar a guerra do narco aos campos de jogos.

Unión Magdalena
O Unión Magdalena foi o primeiro clube colombiano a contar com dinheiro ilícito da droga. No fim da década de 1970, os irmãos Dávila Armenta, suspeitos de traficar maconha na época, salvaram o clube do rebaixamento e ainda o levaram à disputa do título em 1979 (após uma ótima primeira fase, o clube acabaria na 4ª posição geral, com o jejum de títulos em vigor desde 1968).

Atlético Nacional
O Nacional de Medellín foi o “time de excelência” de Pablo de Escobar, considerado o narcotraficante mais poderoso da história da Colômbia. Em 1989, o clube ganhou uma Libertadores (a primeira do país) envolta em polêmica devido à alegação de manipulação do torneio por parte de Escobar. Tal era o descaramento na relação com Escobar que vários jogadores visitavam o traficante em sua prisão domiciliar para jogar uma pelada com ele (o clube voltou a conquistar a Libertadores em 2016, já sem a sombra do Patrón).

O envolvimento de Pablo Escobar com o futebol colombiano

Independiente Santa Fé
Em 1989, Fernando Carrillo Vallejo, acusado nos Estados Unidos de narcotráfico e dono de uma cadeia de farmácias que funcionavam na verdade como refinamento de cocaína, comprou a maioria das ações do Santa Fé. Em 1991, tornou-se propriedade de Phanor Arizabaleta, o 5º homem mais importante do cartel de Cali. Também se meteram no clube Daniel ‘El Loco’ Barrera e Efraín Hernández ‘Don Efra’.

Millionarios
Em 1983, Hermos Tamayo presidiu o clube. Também foi proprietário de um carregamento de duas toneladas de cloridrato de cocaína em Barranquilla. Em 1986 os advogados Germán e Guillermo Gomez tiveram cargos no clubes, até que Guillermo fosse assassinado por Gonzalo Rodríguez Gacha ‘El Mexicano’, que investiria no clube até fazê-lo novamente campeão nacional. (o que ocorreria em 1987 e 1988, após iniciar um hiato de taças até 2012). ‘El Mexicano’ foi um dos narcotraficantes mais sanguinários e poderosos da Colômbia.

América de Cali
Este clube foi dirigido nos anos 80 e 90 por Miguel Rodríguez Orejuela, líder do cartel de Cali e arqui-inimigo de Pablo Escobar. A partir de 1995, começaram os julgamentos contra Rodríguez e o clube foi acumulando dívidas, despedindo-se de uma gloriosa época (foi pentacampeão colombiano, de 1982 a 1986, um recorde histórico, e também alcançou a final da Libertadores em quatro oportunidades, todas como vice).

Deportivo Independiente Medellin
Héctor Mesa, narcotraficante do cartel de Medellín, foi acionista majoritário do DIM nos anos 80. Mais tarde também teve influência no clube Pablo Escobar, apesar de ser torcedor do Atlético Nacional (ao contrário do que diz o filho do traficante, que aponta Escobar como “hincha” do DIM).

Deportivo Pereira
O Pereira foi controlado nos anos 80 por Octavio Piedrahíta, um narcotraficante que os Estados Unidos tentou extraditar, mas antes foi assassinado em Medellín em 1998 (a melhor campanha do clube – jamais campeão – no período de Octavio foi um 4º lugar em 1982).

O envolvimento de Pablo Escobar com o futebol colombiano

Podcast – Misto coral na Sula, pressão em Oswaldo e meio-campo do Náutico

A gravação do podcast 45 minutos teve mais de 2h30, debatendo o futebol pernambucano com as pautas em destaque na semana. Começamos com o Santa, que nesta semana vai à Colômbia jogar pela Sul-Americana. Poupando João Paulo e Keno, Doriva sinaliza um time misto. Com o time afundado no Brasileiro, foi mesmo uma boa decisão? Argumentamos prós e contras. Em seguida, o trabalho de Oswaldo no Sport, com 14 derrotas em 30 jogos e escalações controversas. Seguindo com a chance final do Náutico, baseada no rendimento do meio com Marco Antônio, Renan e Vinícius. Além disso, outros temas no trio, classificação das Séries A e B, quartas da C e decisão na D.

Confira um infográfico com a pauta completa clicando aqui.

Estou neste podcast ao lado de Cabral Neto, Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Os ingressos no Atanasio Girardot para Independiente Medellín x Santa Cruz

Ingressos para Independiente x Santa Cruz, na Colômbia. Crédito: DIM/twitter (@dim_oficial)

Com 44.739 lugares, o estádio Atanasio Girardot, em Medellín, é um dos principais palcos do futebol colombiano. Em 2016, recebeu a finalíssima da Taça Libertadores da América, na brilhante conquista do Atlético Nacional. Também é a casa do rival Independiente, atual campeão nacional e adversário do Santa Cruz nas oitavas de final da Copa Sul-Americana.

Focando o torneio, em busca de seu primeiro título internacional e de uma possível Recopa contra o arquirrival, o Deportivo Independiente Medellín, ou simplesmente “DIM”, aposta na força da sua torcida, apontada como a 8ª maior do país, com cerca de 2,5 milhões de “hinchas”. Para a partida de ida, no Girardot, ingressos de R$ 24 a R$ 128, segundo a conversão em 19 de setembro, com R$ 1 equivalendo a 894,45 pesos colombianos.

Ou seja, o câmbio deixa uma impressão de ingressos mais caros por por lá.

Estádio Atanasio Girardot, em Medellín, na Colômbia

Também chama a atenção na organização colombiana a venda descentralizada, alcançando todas as regiões da cidade, em oito pontos, incluindo o metrô, como mostra o mapa compartilhada pelo clube nas redes sociais.

Para comparar com os valores locais, eis os preços da Sula no Girardot:

VIP
Sócio – R$ 111,80
Não sócio – R$ 128,57

Arquibancada Ocidental (alta 7, 8 e 9)
Sócio – R$ 83,85
Não sócio – R$ 95,03

Arquibancada Oriental (preferencial)
Sócio – R$ 41,37
Não sócio – R$ 58,14

Geral (Norte/Sul)
Sócio – R$ 24,60
Não sócio – R$ 35,78

Ingressos para Independiente x Santa Cruz, na Colômbia. Crédito: DIM/twitter (@dim_oficial)

A incrível viagem da kombi tricolor do Recife a Medellín. Com data para quebrar

Kombi coral. Foto: Santa Cruz/site oficial (santacruzpe.com.br)

Seria uma odisseia. A bordo de uma kombi cansada, fiéis tricolores partiriam no domingo, às 13h, com destino a Medellín, na Colômbia. Tudo para ver a primeira partida oficial do Santa Cruz no exterior, diante do Independiente, pelas oitavas da Copa Sul-Americana, quarta-feira, às 21h45. Ao custo de R$ 300, ou R$ 400 parcelado, o torcedor ficaria quatro dias na estrada, num trajeto para poucos.

O menor percurso possível, de 8.128 quilômetros, cortaria o interior de Pernambuco, Piauí, Maranhão, Tocantins e Pará, com direito a 1.046 km somente na BR-230, até chegar em Humaitá, no sul do Amazonas. Lá, pegaria a Transamazônica até Manaus, subindo em Roraima e finalmente saindo do país. Colômbia? Nada disso. Caso liberada na divisa, a kombi guerreira entraria na Venezuela, que vive um momento turbulento. Teria que percorrer o país até a Colômbia. Nessa viagem toda, cinco balsas para atravessar rios. Com boa vontade, respeitando todas as leis de trânsito e sem parar um instante sequer, seriam 119 horas. Da saída programada no Arruda até o jogo, apenas 81 horas.

Ao pé da letra, via estimativa do Google Maps, somente ao meio-dia da sexta essa kombi chegaria. Até lá, o time do Santa já estaria novamente no Brasil. Não que a viagem tenha sido mal planejada. Por mais que tenha instigado torcedores, afinal, seria uma senhora prova de paixão, foi tudo uma brincadeira, iniciada e viralizada em grupos de torcedores nas redes sociais. A própria kombi, real, foi tirada do site oficial, num registro de um torcedor que usa o veículo fazendo transporte escolar gratuito. Ao menos um dado compartilhado era real: o telefone. O que não teve de gente interessada nas “três vagas restantes”…

Obs. Na trama, a kombi “quebraria” na terça-feira. Chegar seria mesmo difícil.

Estradas de Recife até Medellín, na Colômbia. Crédito: Google Maps