Os torneios olímpicos de futebol no Rio

Sorteio dos torneios olímpicos de futebol em 2016. Crédito: twitter.com/Brasil2016

Os torneios olímpicos de futebol em 2016, tanto masculino quanto feminino, foram definidos em sorteio no Maracanã, palco da decisão dos Jogos do Rio de Janeiro, com a Seleção Brasileira buscando o inédito ouro nas duas categorias. Tem cinco pratas ao todo. Entre os homens, na mais que conhecida obsessão da Canarinha, o time Sub 23 ficou num grupo fácil, com Iraque, África do Sul e Dinamarca. Para o evento, que será realizado em seis cidades (apenas Salvador no Nordeste), o time deverá contar com Neymar, liberado pelo Barcelona. O craque será um dos três convocados acima do limite de idade.

O degrau mais alto do pódio vem passando pertinho há algumas Olimpíadas. As cinco medalhas foram conquistadas nas últimas oito edições, com três pratas (1984, 1988 e 2012) e dois bronzes (1996 e 2008). Até hoje, 18 seleções conseguiram o ouro olímpico no futebol, incluindo os rivais Uruguai e Argentina, ambos bicampeões (1924/1928 e 2004/2008). Logo, o Brasil só aparece em 19º lugar no quadro de medalhas (abaixo). O regulamento no Rio é o mesmo das últimas edições, com quatro grupos de quatro times, nos quais os dois melhores avançam. Na sequência, quartas de final, semifinal e final. É a chance.

Grupos do torneio olímpico masculino de futebol de 2016. Crédito: twitter.com/Brasil2016

Tabela da seleção masculina na 1 fase:
04/08 – Brasil x África do Sul (Mané Garrincha, 16h)
07/08 – Brasil x Iraque (Mané Garrincha, 22h)
10/08 – Brasil x Dinamarca (Salvador, 22h) 

Já no torneio feminino, onde a Seleção também bateu na trave, são doze países, divididos em três chaves. Ou seja, além dos dois melhores de cada grupo, os dois melhores terceiros lugares avançam ao mata-mata. Ainda liderado por Marta, o time verde e amarelo tem como missão chegar ao menos na semifinal. Nas cinco edições realizadas desde Atlanta, em 1996, as mulheres brasileiras só caíram nas quartas uma vez, justamente na última edição, em Londres.

Grupos do torneio olímpico feminino de futebol de 2016. Crédito: twitter.com/Brasil2016

Tabela da seleção feminina na 1ª fase:
03/08 – Brasil x China (Engenhão, 16h)
06/08 – Brasil x Suécia (Engenhão, 22h)
09/08 – Brasil x África do Sul (Manaus, 22h)

Palcos selecionados: Maracanã, Engenhão, Mané Garrincha, Arena Corinthians, Mineirão, Fonte Nova e Arena da Amazônia. Sobre ingressos, veja aqui.

Eis o quadro de medalhas dos finalistas do torneio masculino de 1900 a 2012…

Quadro de medalhas no torneio masculino de futebol de 1900 a 2012. Crédito: Wikipedia/reprodução

Eis o quadro de medalhas dos finalistas do torneio feminino de 1996 a 2012…

Quadro de medalhas no torneio feminino de futebol de 1900 a 2012. Crédito: Wikipedia/reprodução

Catálogo da CBF com 790 estádios de futebol, incluindo 39 em Pernambuco

O cadastro nacional de estádios da CBF em 2016. Crédito: CBF/reprodução

A sexta atualização do Cadastro Nacional de Estádios foi divulgada pela CBF, desta vez com 790 palcos registrados, oito a mais que a última publicação oficial. De acordo com o documento de 97 páginas, 420 estádios têm lotação máxima de 5 mil espectadores, enquanto 11 podem receber mais de 50 mil. Considerando as praças esportivas listadas nas 27 unidades da federação, 241 estão no Nordeste, sendo 39 particulares, 3 federais, 17 estaduais e 182 municipais. Na região, 162 palcos têm iluminação, o que corresponde a 67%.

Estatísticas dos estádios brasileiros:
Capacidade de público, iluminação, propriedade e regiões.

Em Pernambuco (lista abaixo) são 39 estádios reconhecidos, sendo a Arena Pernambuco o mais recente – o 40º deveria ser o Grito da República, em Olinda, cuja obra está atrasada há dois anos. São 36 locais com refletores e 3 sem sistema de iluminação, mesmo número da última atualização.

Dos doze estádios inscritos no Campeonato Pernambucano de 2016, apenas três têm a mesma capacidade de público tanto no catálogo da confederação quanto nos quatro laudos exigidos e cadastrados pela FPF (engenharia, vigilância sanitária, segurança e bombeiros). Arruda, Ilha e Carneirão vivem uma situação inversa, pois poderiam receber mais gente segundo a CBF.

A diferença na capacidade do catálogo em relação aos laudos do Estadual:
+9.462 – Arruda (Recife)
-1.545 – Arena Pernambuco (São Lourenço)
+5.548 – Ilha do Retiro (Recife)
-518 – Lacerdão (Caruaru)
-500 – Ademir Cunha (Paulista)
zero – Cornélio de Barros (Salgueiro)
+911 – Carneirão (Vitória)
-1.307 – Antônio Inácio (Caruaru)
zero – Mendonção (Belo Jardim)
zero – Nildo Pereira (Serra Talhada)
-100 – Paulo Petribú (Carpina)
-1.661 – Joaquim de Britto (Pesqueira)

Os 39 estádios pernambucanos cadastrados segundo a CBF

Gramados padronizados no Brasil em 2016, com mudanças na Ilha e no Arruda

Gramado

O pedido havia sido feito em maio, pelos próprios técnicos da Série A, liderados por Levir Culpi, então no Atlético Mineiro. Para melhorar o sistema de jogo, se exigiu a padronização das dimensões dos campos, seguindo as definições dos torneios da Fifa. Ou seja, 105 metros de comprimentos por 68 metros de largura. Em 2015, sete estádios tinham tamanhos diferentes, todos eles maiores. Agora, em dezembro, a resposta da confederação brasileira de futebol. Através do diretor de competições da entidade, Manoel Flores, a CBF comunicou que os estádios inscritos nas duas principais divisões nacionais deverão contar com a dimensão unificada a partir de 2016.

A medida terá um reflexo imediato em Pernambuco, uma vez que, curiosamente, os campos da Ilha do Retiro e do Arruda são os maiores da primeira divisão – na segundona, o Náutico não terá problema algum na Arena Pernambuco. Os dois gramados têm mais de 1.000 metros quadrados de diferença em relação ao novo “tamanho-padrão”. Sport, Santa Cruz e os demais administradores de estádios receberão da CBF os instrumentos específicos para indicar, exatamente, os trechos que devem ser pintados.

Oficialmente, as medidas permitidas pela Fifa são de 90 a 120 metros de comprimento e de 45 a 90 metros de largura, resultando em um formato retangular, obviamente. Aos poucos, vai se buscando um padrão internacional, já adotado na Copa do Mundo, Eurocopa, Copa América, Olimpíadas…

Confira as dimensões atuais dos estádios do Brasileirão 2016
8.250 m² (110m x 75m) – Ilha do Retiro (Sport)
8.190 m² (105m x 78m) – Arruda (Santa Cruz)
7.869,7 m² (108,25 x 72,7m) – Morumbi (São Paulo)
7.848 m² (109m x 72m) – Couto Pereira (Coritiba)
7.437,7 m² (105,8m x 70,3m) – Vila Belmiro (Santos)
7.350 m² (105m x 70m) – Barradão (Vitória)
7.350 m² (105m x 70m) – Orlando Scarpelli (Figueirense)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Pernambuco (Sport e Santa Cruz)
7.140 m² (105m x 68m) – Itaquerão (Corinthians)
7.140 m² (105m x 68m) – Allianz Parque (Palmeiras)
7.140 m² (105m x 68m) – Moisés Lucarelli (Ponte Preta)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Condá (Chapecoense)
7.140 m² (105m x 68m) – Maracanã (Flamengo, Fluminense e Botafogo)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Grêmio (Grêmio)
7.140 m² (105m x 68m) – Beira-Rio (Internacional)
7.140 m² (105m x 68m) – Mineirão (Cruzeiro e Atlético-MG)
7.140 m² (105m x 68m) – Engenhão (Botafogo)
7.140 m² (105m x 68m) – Independência (Atlético-MG e América-MG)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena da Baixada (Atlético-PR)

Errejota, a bola oficial dos Jogos Olímpicos de 2016

A bola oficial dos Jogos Olímpicos de 2016. Crédito: Adidas/reprodução

A Olimpíada de 2016 vai encerrar um ciclo de grandes eventos esportivos no Brasil num intervalo de quatro anos. No futebol propriamente dito, será o terceiro torneio com seleções nacionais no país, após a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014.

Como de praxe no marketing esportivo, a Adidas, patrocinadora da Fifa e responsável pelas bolas oficiais, antecipou a pelota exclusiva para as competições masculina e feminina. Chegou a vez da Errejota, numa óbvia brincadeira às inicias da cidade-sede dos Jogos Olímpicos. A bola vai rolar em sete estádios (Maracanã, Engenhão, Mané Garrincha, Arena Corinthians, Mineirão, Fonte Nova e Arena da Amazônia).

Confira os detalhes das três bolas criadas para os torneios no Brasil:
Cafusa (Copa das Confederações 2013)
Brazuca (Copa do Mundo 2014)
Errejota (Olimpíadas 2016) 

Qual foi a bola mais bonita criada pela Adidas no país?

No vídeo de apresentação da Errejota, um passeio pelo Rio, com a presença de Gabriel Jesus, do Palmeiras, presente na Seleção Olímpica.

As medidas dos campos do Brasileirão, com ou sem Padrão Fifa

Dimensões oficiais do futebol, segundo a Fifa

Os treinadores dos clubes presentes no Brasileirão de 2015 se reuniram na sede da CBF no dia 27 de abril. Entre os temas discutidos, a uniformidade dos campos dos estádios utilizados na competição. O pleito é antigo.

Dos 19 estádios indicados pelos times (Fla e Flu dividem o Maraca), dez já foram adaptados às dimensões do “Padrão Fifa”, com 105 metros de comprimento e 68 metros de largura – conforme a 5ª versão do relatório “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, de abril de 2011. Curiosamente, os não adaptados têm medidas maiores. Ilha do Retiro, São Januário e Serra Dourada estão no topo, com uma área de jogo de 8,25 mil metros quadrados, ou 1.110 m² a mais que o tamanho estipulado pela Fifa.

O estádio vascaíno chegou a ter as “medidas modernas” durante a fase como centro de treinamento de seleções no Mundial de 2014. Contudo, este ano o presidente do clube, Eurico Miranda, retomou às medidas tradicionais, a pedido dos jogadores, uma vez que seria prejudicial ao rendimento da equipe, com a facilidade de retrancas adversárias (!). Já no caso do Sport, o campo principal do CT de Paratibe tem o mesmo tamanho do Adelmar da Costa Carvalho.

Há mais de 150 anos se busca uma padronização. Oficialmente, as medidas permitidas pela entidade que rege o football são de 90 a 120 metros de comprimento e de 45 a 90 metros de largura, resultando em um formato retangular, obviamente. Para partidas internacionais, a recomendação é mais específica, entre 100 e 110 metros de comprimento e 64 e 75 metros de largura.

Há quase uma década houve uma princípio de unificação no país. Em 2006, o Inmetro fez um levantamento em nove campos da Série A. Após o resultado, a CBF anunciou um estudo em âmbito nacional, consultando a Fifa, para saber sobre a possibilidade de serem definidas faixas de variações para as medidas. Parou ali, mas a queixa dos profissionais (técnicos e jogadores) se manteve.

Quem levantou a bandeira novamente – revelando a pauta dos técnicos na reunião no Rio, em 2015 – foi Levir Culpi, do Galo, que manda seus jogos em campos com o novo parâmetro. O discurso “padronizado” já é um começo…

8.250 m² (110m x 75m) – Ilha do Retiro (Sport)
8.250 m² (110m x 75m) – São Januário (Vasco)
8.250 m² (110m x 75m) – Serra Dourada (Goiás)
7.869,7 m² (108,25 x 72,7m) – Morumbi (São Paulo)
7.848 m² (109m x 72m) – Couto Pereira (Coritiba)
7.665 m² (105m x 73m) – Ressacada (Avaí)
7.437,7 m² (105,8m x 70,3m) – Vila Belmiro (Santos)
7.350 m² (105m x 70m) – Arena Joinville (Joinville)
7.350 m² (105m x 70m) – Orlando Scarpelli (Figueirense)
7.140 m² (105m x 68m) – Itaquerão (Corinthians)
7.140 m² (105m x 68m) – Allianz Parque (Palmeiras)
7.140 m² (105m x 68m) – Moisés Lucarelli (Ponte Preta)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Condá (Chapecoense)
7.140 m² (105m x 68m) – Maracanã (Flamengo e Fluminense)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena Grêmio (Grêmio)
7.140 m² (105m x 68m) – Beira-Rio (Internacional)
7.140 m² (105m x 68m) – Mineirão (Cruzeiro)
7.140 m² (105m x 68m) – Independência (Atlético-MG)
7.140 m² (105m x 68m) – Arena da Baixada (Atlético-PR)

Os demais estádios da Copa do Mundo de 2014 que ocasionalmente recebem jogos do Campeonato Brasileiro (incluindo a Arena Pernambuco, com seis partidas do Leão agendadas) também têm dimensões 105m x 68m.

As ligas de futebol mais populares do mundo na temporada 2013/2014

Média de público dos campeonatos nacionais de 2013 e 2014. Crédito: Pluri Consultoria

O Brasileirão de 2013 foi o primeiro no país denro do novo momento estrutural, com as arenas da Copa do Mundo. Fizeram parte da competição o Maracanã, a Arena Pernambuco, o Mineirão, o Mané Garrincha, a Fonte Nova e o Castelão.

A novidade deste padrão de conforto deve se estabelecer de vez na edição de 2014, com outras seis arenas, além dos novos estádios de Grêmio e Palmeiras. No ano passado, contudo, foi tímido o acréscimo na média de público da Série A, com 1.980 pessoas a mais por jogo (+15%).

A taxa de ocupação (um ponto importante na pesquisa) foi de 39%. Baixo.

Para um país que organizou o Mundial com a segunda maior média da história (53 mil espectadores), é decepcionante a colocação atual no quesito clubístico, em 15º. Vice-campeã do mundo, a Argentina tem uma média de 20 mil…

Sem surpresa, a Alemanha, agora campeã mundial, mantém a liga mais popular do futebol. A Bundesliga registrou uma média de 43 mil pessoas, segundo o levantamento da Pluri Consultoria. A considerável vantagem sobre o segundo lugar (Premier League) é de 6,5 mil torcedores. Há tempos é assim.

Os 25 principais campeonatos reuniram 127,6 milhões de torcedores na temporada 2013/2014, com uma média de 18,5 mil. O avanço em relação ao ano anterior foi de 0,6%. Ainda assim, o futebol segue atrás das principais ligas esportivas dos EUA (futebol americano, baseball, basquete e hóquei sobre o gelo), com 161,2 milhões de público absoluto e índice de 23,9 mil.

Quanto ao País do Futebol, vale conferir o rescaldo da Copa nos números…

Uma Alemanha como nunca se viu, plenamente consagrada no Maracanã

Final da Copa do Mundo de 2014: Alemanha 1 x 0 Argentina. Foto: Mike Hewitt/Fifa/Getty Images

Rio de Janeiro – Nunca antes na história desse país um time de futebol curtiu tanto um campeonato, da fase preparatória ao troféu erguido diante dos olhares de todo o mundo. Historicamente vista com a seriedade de seu povo, essa brilhante Alemanha tetracampeã mudou completamente esse conceito, esbanjando carisma numa campanha quase perfeita. Goleada na estreia sobre o time do melhor do mundo, Cristiano Ronaldo, uma apresentação antológica no Mineirão, com o 7 x 1 sobre o Brasil em plena semifinal, e a vitória da técnica sobre a Argentina na finalíssima no Maracanã, num jogo de muita paciência, estendendo a emoção da Copa das Copas até a prorrogação.

Tudo isso intercalado pelas praias no sul da Bahia, pelas visitas em escolas públicas, brincadeiras na web e se arriscando no português com declarações de amor ao Brasil. Mesmo algoz da Seleção, não despertou tal sentimento na imensa torcida verde e amarela. O apoio brazuca na decisão deixou claro isso – tudo bem, ajudado pela rivalidade com os hermanos do outro lado.

A decisão terminou com apenas um gol, o 171º do Mundial, igualando um recorde de 1998. Saiu dos pés de Mario Götze. E saiu com muita força, dominando e batendo rápido frente a Romero. Golaço, definindo a terceira final da história entre os dois países. A tarde já havia virado noite e o tempo parecia se estender mesmo aos pênaltis. Eram sete minutos do segundo tempo da prorrogação, num jogo tenso, brigado do começo ao fim. A Argentina fez tudo o que Brasil quis ser em BH. Forte no meio e consciente de seu potencial, de suas armas. Mas numa Copa reconhecida pela tática, ficou mesmo pelo caminho.

Final da Copa do Mundo de 2014: Alemanha 1 x 0 Argentina. Foto: Martin Rose/Fifa/Getty Images

A partida ficará na cabeça de alguns jogadores para sempre. Tentarão esquecer Higuaín e Palacio, que ficaram cara a cara com o goleiro Neuer. Chutaram para fora, totalmente desmarcados. Para desespero de Messi, marcado de forma implacável e que esteve muito perto da consagração como gênio. Saiu com a Bola de Ouro. A Taça Fifa, viu só de longe. Ficou para uma próxima.

Enquanto isso, lembrarão sempre do triunfo no gigante estádio carioca Schweinsteiger, ícone de uma geração que vinha batendo na trave há tempos, e Klose, o maior artilheiro da história da Copa, com 16 gols. Foi o jogador mais aplaudido no Maraca durante toda competição, ao deixar o campo no finzinho do tempo normal. Entrou Götze. Esse aí, nem precisa falar. Tem apenas 22 anos e contará para muita gente, com orgulho, o que fez no já saudoso 13 de julho.

Primeira seleção europeia a conquistar o mundo na América do Sul, a Alemanha de certa forma repete o que fez a Canarinha em 1958, na Suécia, sendo o primeiro sul-americano campeão no Velho Mundo. A verdade é que o timaço germânico deixará o Brasil com a sensação de ter feito uma viagem inesquecível. Vieram, curtiram, jogaram muito e venceram. Fizeram história.

Final da Copa do Mundo de 2014: Alemanha 1 x 0 Argentina. Foto: Matthias Hangst/Fifa/Getty Images

Histórias da Copa do Mundo

O trabalho foi intenso, desde já inesquecível. Durante 15 dias, a dedicação foi integral ao Diario de Pernambuco, direto do Rio de Janeiro, como um dos quatro correspondentes do jornal no Mundial – os outros foram João Andrade em São Paulo, Brenno Costa em Salvador e Celso Ishigami em Fortaleza.

Foram 114 textos publicados no Superesportes, dia e noite. Faltou tempo para atualizar o blog. O corpo, a mente e o foco profissional, tudo encaminhado para as edições do DP. Aqui, então, algumas das matérias à parte da cobertura regular de treinos, coletivas e jogos. Até porque a Copa do Mundo é muito mais do que isso, com inúmeras histórias passando na sua frente… de torcedores, de um ambiente transformado, de uma experiência que jamais será esquecida.

Abaixo, resumos de 14 histórias. No hiperlink, os textos completos.

A emoção do jornalista costa-riquenho Leonel Sandí, assistindo na Arena Pernambuco à classificação inédita de sua seleção às quartas de final da Copa 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

29/06 – Emoção de jornalista costa-riquenho contagia tribuna da Arena

As palavras iam sendo escritas com lágrimas no teclado, em uma cena real, humana. Foi preciso enxugá-las, pois seria uma atitude mais fácil do que conter a emoção. O jornalista costa-riquenho Leonel Sandí, de 24 anos, cobria a sua primeira Copa do Mundo com a missão de escrever sobre o maior momento futebolístico de seu país. Diante de seus olhos, viu uma aguerrida e carismática seleção superar a Grécia nos pênaltis, na Arena Pernambuco, se classificando pela primeira vez às quartas de final do Mundial. A sua emoção contagiou a todos na tribuna de imprensa. E a imagem acabou vista por 1,2 milhão de pessoas.

Carro colombiano de 1983 atravessa o continente até o Maracanã, visandl o Mundial de 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

28/06 – Com 31 anos de estrada, carango colombiano brilha no Maracanã

Longe dos atuais padrões de design, o carrinho está cansado. Já rodou dezenas de milhares de quilômetros em todos os tipos de estrada no continente e já teve inúmeros proprietários. Os atuais não fazem nem ideia da quilometragem total, mas garantem: dá pra confiar no motor. Todo paramentado para o Mundial do Brasil, o Renault 4, fabricado em 1983, chegou ao Rio numa viagem desde Chiquinquirá, no norte colombiano. A bordo, os amigos Daniel Rincón, 29 anos, Jeni Avendaño e Roger Zambiano, ambos de 24. Durante o caminho, colecionaram histórias, com a ajuda de desconhecidos, tudo pela Copa.

Telão do Maracanã transmitindo o jogo Brasil x Chile, no Mineirão, pelas oitavas de final da Copa 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

28/06 – A apreensão do Mineirão sentida pelos brasileiros no Maracanã

A atenção no Maracanã começou dividida no primeiro dia das oitavas de final. Em campo, o jogo seria Uruguai x Colômbia. Até a bola rolar no gramado, olhos para o alto, em direção a um dos quatro telões do estádio. Imagens em alta de definição em 98 metros quadrados, tendo como programação o jogo Brasil x Chile. Eram poucos torcedores no estádio carioca, mas já vibrando com a abertura do mata-ma. Pela primeira vez nesta Copa, a Fifa havia liberado a transmissão de outro jogo no estádio. E a torcida foi no embalo – o objetivo era evitar que o público demorasse a entrar no Maracanã porque estava assistindo ao jogo do Mineirão. Todo o sofrimento em Belo Horizonte acabou sentido “in loco” no Maraca, com direito à secação dos uruguaios.

Sem filhos, Nino vai criando a sua própria família à medida em que a 'hinchada' uruguaia vai chegando nas canchas. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

28/08 – O uruguaio colecionador de ingressos, fora das arquibancadas

Há cinco décadas o comportamento pouco usual no futebol é o mesmo. O jogo é resumido na ida ao estádio, ficando sempre próximo ao portão, mas do lado de fora. Não há motivo algum para sofrer nas arquibancadas assistindo à partida, pois é muito mais prazeroso curtir só o “pré-jogo”, colecionando os ingressos (“relíquias”) de tais apresentações. Essa é a vida de Nino Ledesma, um uruguaio de 58 anos, residente na “República Oriental do Uruguai”, como faz questão de dizer, citando o nome completo de seu país. A sua fantasia é uma grande colagem de ingressos de jogos de futebol, que não para de crescer.

Ao comemorarem gols, muçulmanos argelinos fazem reverência a Allah. Foto:  Quinn Rooney/Getty Images

23/06 – A real influência do Ramadã na Copa

O Ramadã é o período de reflexão espiritual dos muçulmanos, no qual praticam o seu jejum ritual. O nono mês do calendário islâmico, no qual acredita-se que Maomé recebeu os primeiros versos do Alcorão, começará em 28 de junho, seguindo por 30 dias. Ou seja, seria iniciado paralelamente às oitavas de final da Copa do Mundo de 2014. A relação é direta e precisou ser estudada pela Fifa, com possíveis reflexos na competição. Foram feitos estudos e consultas a seleções com muitos muçulmanos, com Argélia e Costa do Marfim. O tema é polêmico há tempos.

Dupla de sósias aproveita para faturar durante a realização da Copa do Mundo. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

20/06 – Sósias de Maradona e Valderrama ganham espaço de Pelé 

Tradicionalmente, um sósia de Pelé ganha uns trocados na frente do Maracanã em dia de jogo. Sumido nos últimos dias, viu a concorrência crescer. Não bastasse o eterno concorrente ao posto de melhor do mundo no futebol, Maradona, há também um Valderrama na parada, no embalo da seleção colombiana, já classificada às oitavas da Copa. Dividindo o espaço na frente da entrada principal do estádio, onde fica a estátua de Bellini, os dois sósias (pra lá de genéricos) cobram pequenas quantias por uma foto. Tamanha a quantidade de torcedores estrangeiros no entorno do Maraca desde que começou o torneio, a clientela tem sido até razoável.

Metrô do Rio de Janeiro, customizado para a Cop 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

19/06 – Narração no metrô carioca colocando a torcida no clima da Copa

“Levanta a torcida que ele está chegando. Lá vem o maior do mundo, o Maraca. É queridão, é queridaço. Prepara para sair pela meia esquerda. Levanta na área, vai chegando, vai chegando, olha lá, olha lá. Levantou, chegoooou… Maracanã. É ele, o mais querido, o palco da finalíssima. Next stop, Maracanã.” Eis a narração na voz de Luiz Penido, locutor da Rádio Globo, especialmente gravada para anunciar a parada na estação de metrô mais próxima ao maior estádio da Copa do Mundo de 2014. E assim, o sistema metroviário do Rio se preparou especialmente para a grande demanda de torcedores no principal acesso ao estádio.

Casal russo no Rio de Janeiro para assistir à Copa do Mundo, mas sem o conhecimento de um segundo idioma. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

19/06 – De Moscou ao Maracanã, a barreira linguística

Um simpático casal de meia idade caminhava na calçada da Avenida Pausa Sousa apressando o passo. A chuva onipresente no Rio não estava prevista para os dois. Nas sacolas plásticas, água mineral e alguns biscoitos. Queriam passar o dia na região, próxima ao Maracanã. A chuva atrapalhou, mas complicado mesmo estava conseguir uma informação. Oleg e Olga Fedorenko são russos. Vieram, claro, por causa da Copa do Mundo, mas sem o conhecimento de um segundo idioma. A estrutura do Mundial de 2014 é feita a partir de três idiomas: português, espanhol e inglês. Não era o caso para os dois turistas, os primeiros de uma leva. Na base dos gestos, o prenúncio de uma dificuldade que muitos brasileiros deverão ter em 2018, na Copa da Rússia.

Misterchip trabalhando na cobertura de Chile 2 x 0 Espanha na Copa 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

18/06 – Da paixão pela Espanha, um banco de dados para 1 milhão de pessoas

O seu perfil no twitter tem quase um milhão de seguidores. Eram 983.902 até a publicação da reportagem. Um número exato para perfilar alguém que só vive através dos dados esportivos. Alexis Martín-Tamayo, jornalista espanhol de 40 anos, começou a ficar famoso na rede social há quatro anos, através do @2010MisterChip. Durante a campanha da Espanha no Mundial da África do Sul, ele usou o microblog para derramar estatísticas sobre o torneio. Dos mais variados tipos. Algumas situações eram extremas, como “há quanto tempo não se marcava um gol de perna esquerda dentro da área faltando 15 minutos”. A descrição do twitter é clara, com “os segredos e a magia do futebol revelados”.

Casal, ela chilena e ele espanhol, no jogo Chile 2x0 Espanha, pelo Mundial 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

18/06 – Chilena e espanhol, casados há dez anos, realizam sonho na Copa

Catherine Hidalgo e Diego Alonso se conheceram há dez anos em Valparaíso, na beira do Oceano Pacífico. Ela, chilena, torcedora do Wanderers e moradora da cidade litorânea. Ele, espanhol, estudando na região e fanático pelo Celta. Clubes sem tanta tradição em seus países, mas longe de mudar a paixão dos dois pelo futebol. Uma década depois, casados, vão à sua primeira Copa do Mundo, no Brasil. Após o sorteio, tentaram (e conseguiram) ingressos para o jogo entre as seleções de cada um, Chile e Espanha. Já planejam um filho, certamente com histórias para contar aqui do Brasil.

Estudantes do curso de Turismo entrevistam torcedores estrangeiros. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

18/06 – Estudantes aproveitam a Copa para a traçar um perfil dos estrangeiros

A quantidade de torcedores estrangeiros no Maracanã nos jogos da Copa do Mundo de 2014 passa de 30 mil, numa projeção por baixo. Aproveitando este nicho, o curso de turismo da Universidade Federal Fluminense criou uma pesquisa para traçar o perfil desses torcedores (e turistas). Trajados com um colete azul com as palavras “survey” e “encuesta”, ou pesquisa em inglês e espanhol, os alunos do 7º período vão fazendo 30 perguntas aos torcedores. A principal queixa, segundo os dados preliminares, é o preço de produtos e serviços cobrados nos bares, restaurantes e hotéis.

Deficiente visual, Thiago Campos foi à Fan Fest acompanhar o jogo da Seleção com o calor do público. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

17/06 – A atmosfera do futebol na areia apenas pelo som

“Vem com a gente, Thiago. Assiste lá. Vai perder uma dessa?” Os amigos nem precisaram insistir muito. O fato de ter futebol e multidão na jogada já era suficiente para convencer o rapaz de 21 anos, que diz gostar de fazer loucura por futebol. Apesar da autodescrição, a estreia no Mundial tinha sido em casa, na companhia da famíla, sem aperreio. Na segunda partida da Seleção, encarou a areia e o sol forte de Copacabana para torcer pelo time. No aperto. Entre os mais de 25 mil torcedores presentes na Fan Fest, numa gama de culturas e línguas tão distintas, ao menos um não fixou o olhar para o enorme telão de LED no palco principal. Não precisava. O comportamento da massa e a intensidade da narração bastavam para a tarde valer a pena. Thiago Campos não enxerga há dez anos. E que nem por isso deixou de frequentar o Maraca.

Torcedores argentinos acampados na Avenida Atlântica, a principal de Copacabana. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

16/06 – Copacabana Camping dos argentinos

A orla de Copacabana é um dos cartões postais mais conhecidos do mundo. A presença de turistas estrangeiros nem de longe é novidade. O mar de uniformes de seleções, sim, mudou a cara do lugar. Mas era até esperado, ainda mais com a enorme Fan Fest armada na praia. O que não se imaginava, e agora vem tirando sono das autoridades, é a quantidade sem fim de veículos acampados (literalmente) na Avenida Atlântica. Placas de Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Rosário, entre outras. Vans, trailers, carros. Todos percorrendo 2,5 mil quilômetros. Esse comboio involuntário de argentinos, que trouxe mais de 40 mil torcedores ao Rio, ainda não se dissipou. Cozinhando macarrão em pleno calçadão, argentinos que sequer viram o gol de Messi no Maraca.

CT da Inglaterra na Urca, no Rio de Janeiro. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

16/06 – Bunker inglês na urca com estrutura top bancada pela FA

A Football Association (FA), a federação inglesa de futebol, é uma das mais ricas do mundo. Para dar plenas condições de trabalho às suas seleções, os britânicos não costumam economizar. Os valores não foram revelados (em “libras esterlinas”), mas é difícil achar que saiu barato o quartel-general montado no bairro da Urca. Assim como Alemanha (sul da Bahia) e Holanda (estádio da Gávea), a Inglaterra criou seu próprio bunker no país. Utilizando a Escola de Educação Física do Exército, liberado especialmente para o Mundial, o English Team se sentiu em casa – apesar do clima quente. Montado em tempo recorde, o CT foi totalmente adaptado para receber a seleção inglesa.

Bora Milutinovic em mais um Mundial. Agora na rádio, mas sempre de bom humor

Bora Milutinovic, técnico com participação em cinco Copas do Mundo, no centro de mídia do Maracanã no Mundial de 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Rio de Janeiro – Aos 70 anos, o técnico Bora Milutinovic detém uma marca impressionante na história da Copa do Mundo. Fez fama ao estar presente em cinco Mundiais seguidos, sempre treinando uma seleção diferente. Todas do segundo escalão, é verdade, mas quatro delas passaram da primeira fase nas mãos do sérvio.

1986 – México (quartas de final)
1990 – Costa Rica (oitavas de final)
1994 – Estados Unidos (oitavas de final)
1998 – Nigéria (oitavas de final)
2002 – China (primeira fase)

Nas últimas três edições, Bora até tentou um lugarzinho na Copa, mas acabou como espectador. Tem prestígio no mundo futebol e bastante história para contar, tanto que está credenciado em 2014, mas como comentarista de uma rádio mexicana.

Na noite de sábado, o centro de mídia do Maracanã já estava quase vazio, fechando. Até que um senhor começou a ser entrevistado por duas japonesas e seu enorme aparato. Após a gravação, a abordagem do blog foi natural. Bem humorado, o experiente técnico atendeu, falando em espanhol, quase português.

A conversa, rendendo algumas gargalhadas, contou com outros três jornalistas presentes e durou 18 minutos. Aqui, alguns trechos da entrevista com um dos personagens carismáticos da Copa.

Qual é a sua opinião sobre a Seleção Brasileira?
“A Seleção Brasileira tem um público extraordinário. Tem jogadores que jogam em grandes clubes e tem dois treinadores campeões do mundo. O que pode temer? Tem quase tudo perfeito e deve ganhar, mas não será fácil.”

Se tiver que apontar uma seleção para bater o Brasil, qual seria?
“Bem, eu não disse que o Brasil era a primeira escolha. (risos). Eu só falei sobre a Brasil. Para mim, a favorita é a Espanha, que ainda tem chance de se classificar, ainda mais com os jogadores que tem.”

O que você acha da seleção da Bósnia, mais uma da ex-Iugoslávia?
“Eu nasci a 200 metros da Bósnia. É sério. É só um rio que separava o lugar. A Bósnia era do mesmo país, do mesmo coração, por hora separado, mas com o mesmo sentimento. Sobre o time, tem um atacante muito bom (Dzeko) e jogadores que jogam fora do país.”

Qual foi a sua campanha mais marcante no Mundial?
“A única coisa que lamento na Copa é ter jogador três vezes contra o Brasil. (risos dos repórteres) É sério! Com a Costa Rica, perdemos com um gol contra (na verdade, o gol foi de Muller). Em 1990, perdemos com um gol de Bebeto. Em 2002, perdemos para um time com Roberto Carlos e Ronaldo. Sempre. Mas também sou muito feliz de estar aqui no Rio, na terra do futebol mais importante do mundo.”

Ainda há tempo de superar Parreira, que também treinou cinco seleções na Copa?
“Parreira eu respeito muitíssimo. É um treinador exitoso. Eu nunca fui atrás de números para ser ou não o recordista. Penso no destino. Deus me deu o destino de disputar cinco Copas do Mundo. A história ainda não acabou. Estou aqui.”

Como seria o time da Iugoslávia, hoje, caso o país estivesse unido?
“Te asseguro que o time não seria unido, porque esse é o grande problema (gargalhada geral). Temos talento sim. Como seria, não se sabe, mas é uma lástima que isso não aconteça. Mas que bom que nesse Mundial temos duas equipes (Croácia e Bósnia). Que a Sérvia faça o mesmo.”

No fim da entrevista, já às 23h, o sérvio ainda perguntou como ir para Copacabana.

“Táxi ou ônibus?” Todos responderam táxi. E o técnico enfim foi embora…

Bora Milutinovic, técnico com participação em cinco Copas do Mundo, no centro de mídia do Maracanã no Mundial de 2014. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Um giro no Maracanã antes do retorno oficial

Rio de Janeiro – O Maracanã está pronto para voltar à Copa do Mundo.

Em vez de 200 mil torcedores, como na decisão há 64 anos, 71 mil devem assistir ao jogo Argentina x Bósnia e Herzegovina. Público menor, mas com lotação máxima, a atual.

Aqui, um último olhar no estádio…

A gravação foi feita pelo blog no curto período liberado pela Fifa, na noite de sábado, com o time de Messi fazendo o reconhecimento do gramado impecável.