Haja assunto no fim de semana. Última rodada do Campeonato Pernambucano com Clássico das Multidões, eliminação do Náutico, semifinal do Nordestão batendo a porta e a recorrente violência na chegada e na saída dos estádios na capital. Tudo isso entrou na pauta do 45 minutos, mas em duas edições distintas. Estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Na primeira parte do podcast, com 1h02min, o desfecho do hexagonal do título tomou boa parte do tempo, já projetando os confrontos Sport x Salgueiro e Central x Santa Cruz – sem pipocar, indicamos os favoritos. O aguardado duelo entre Sport x Bahia, pela Copa do Nordestão, também teve vez.
Com 56 minutos, a segunda parte tratou apenas do Náutico, que neste 7 de abril chegará a 114 anos. Aniversário em um momento turbulento, eliminado de forma precoce do estadual e do regional, além do ambiente político instável. A discussão foi do passado ao futuro do Alvirrubro.
O esquema de segurança da polícia militar delimita um raio de 5 km no entorno do estádio nos clássicos na capital pernambucana. Na Ilha, no Clássico das Multidões que encerrou o hexagonal do título de 2015, o efetivo total foi de 485 policiais, dos quais 344 fora do estádio. A partir desse dado – que varia de jogo a jogo, dependendo da demanda analisada pela própria PM -, vamos aos vídeos abaixo, com um confronto generalizado entre supostos integrantes das duas maiores torcidas organizadas da capital (Jovem e Inferno Coral).
Sim, as uniformizadas locais estão proibidas pela justiça, mas estão “enganando” por aí, com a camisa da mesma cor e a palavra “paz” no peito. Na prática, é exatamente o oposto, com a violência sem limite – gerando excesso da própria polícia. No fim, as cenas de sempre, com pancadaria, vandalismo nas ruas e nos ônibus, corre-corre, tiroteio…
É preciso aumentar o raio de ação, a quantidade de policiais ou a estratégia? Talvez, todas as opções, além da execução da lei, com o veto real às TOs.
A reportagem da TV Clube fez uma varredura no Recife, no raio de ação dos 334 policiais militares destacados no domingo…
Vídeo registrado por um morador de um edifício próximo à Ilha, com a chegada da torcida organizada, com confusão apesar da escolta.
O interior nunca chegou tão forte à fase decisiva do Campeonato Pernambucano desde a criação do sistema com semifinal e final, em 2010. Com dois representantes neste ano (Central e Salgueiro), aumenta a chance de por fim ao incômodo jejum na história do futebol local. Apenas Pernambuco e Rio de Janeiro jamais consagraram um campeão estadual fora da capital. Por aqui, o máximo foi o vice-campeonato, em 1997 e 1998 com o Porto e em 2007 com Central. No atual formato, foram cinco eliminações em cinco semifinais.
Não por acaso, a presença de Sport (40 títulos) e Santa Cruz (27) na semifinal é um indício fortíssimo de que a taça deve permanecer no Recife. Além de já terem decidido a competição em 23 edições, desde a implantação da fórmula vigente, com o G4, os troféus só ficaram no Arruda (3) e na Ilha do Retiro (2).
Contudo, para manter a taça à beira-mar, o Leão precisará viajar viajar até Salgueiro (515 km), enquanto a Cobra Coral irá a Caruaru (130 km)…
A eliminação precoce do Náutico no Estadual, após perder de 4 x 1 para o Salgueiro, no Cornélio de Barros, resultou também numa marca histórica, negativa. Ao terminar a edição de 2015 sem levantar a taça de campeão pernambucano, o Timbu chega a 11 anos de seca. O hiato desde 2004 igualou o maior jejum, quando conquistou o título de 1989 e só voltou a soltar o grito de campeão em 2001, em seu centenário, evitando o hexa do Sport.
Agora, o clube de Rosa e Silva se aproxima perigosamente do maior jejum de um grande clube do estado. No hiato recorde, o Leão ficou sem vencer o Pernambucano no período que marcou a maior série de triunfos do Náutico, o hexa, e do Santa Cruz, o penta. Doze edições. Contudo, no intervalo de troféus locais, o Leão conquistou o Torneio Norte-Nordeste de 1968.
O levantamento do blog , abaixo, considera o intervalo entre títulos estaduais. A explicação é necessária pois o Tricolor disputou o Estadual de 1915 a 1930 (16 edições) sem ganhar, assim como o Alvirrubro entre 1916 a 1933 (18).
Sport (1962/1975) – 12 anos
Sport ( 1928/1938) – 9 anos
Náutico (1989/2001) – 11 anos
Náutico (2004 / presente) – 11 anos
Náutico (1974/1984) – 9 anos
Santa Cruz (1947/1957) – 9 anos
Santa Cruz (1959/1969) – 9 anos
Santa Cruz (1995/2005) – 9 anos
Jejuns dos demais clubes campeões pernambucanos:
América (1944 / presente) – 71 anos
América (1927/1944) – 16 anos
Torre (3 títulos), Tramways (2) e Flamengo do Recife (1) estão extintos.
As semifinais definitivas: Sport x Salgueiro e Central e Santa Cruz.
A 10ª rodada foi muito movimentada, com dez gols. O desfecho do hexagonal proporcionou cenário inédito no mata-mata. Pela primeira vez, desde que o sistema de semifinais foi implantado, em 2010, dois times do interior terminaram no G4. Com a presença da Patativa e do Carcará, já é certo que o interior será representado na Copa do Nordeste de 2016, uma vez que o estado tem três vagas – claro, há a possibilidade de os dois se classificarem.
Quanto ao Náutico, lanterna na fase, ficou o registro da sua pior campanha de 1997, apesar das queixas de seu presidente, Glauber Vasconcelos, sobre o suposto uso de imagens da TV na derrota no Cornélio de Barros, que resultaram na volta atrás em pênalti marcado. Acho improvável que o jogo seja anulado.
Saíram 69 gols nos 30 jogos desta fase do #PE2015, com média de 2,3. Porém, em relação à artilharia oficial, na qual a FPF considera os dois hexagonais e o mata-mata. Portanto, Kiros, do Porto, tem 10 gols e é o líder, mesmo atuando apenas no hexagonal do rebaixamento. Curiosamente, o centroavante marcou outros 9 gols no 1º turno, que não entram na conta.
Sport 1 x 1 Santa Cruz – Em um clássico sem tanto apelo, mas disputado, os corais empataram no último lance do domingo, com João Paulo.
Salgueiro 4 x 1 Náutico – Focado totalmente no jogo, o Carcará não perdoou nem quando Júlio César foi expulso, com um jogador de linha indo para o gol.
Serra Talhada 2 x 1 Central – O Cangaceiro marcou o gol da vitória aos 45 do 2º tempo, com Jessuí, o suficiente para deixar a última posição do hexagonal.
Destaque: João Paulo. Mesmo puxado, conseguiu cabecear para as redes de Magrão. Além disso, foi o jogador mais lúcido do Santa no clássico na Ilha.
Carcaça: Nielson Nogueira. Não vai admitir a consulta às imagens da TV, mas a forma como conduziu o lance no Cornélio minou a sua arbitragem.
Tabela das semifinais:
Ida
19/04 – Salgueiro x Sport
19/04 – Santa Cruz x Central
Volta
26/04 – Sport x Salgueiro
26/04 – Central x Santa Cruz
O Clássico das Multidões na Ilha do Retiro pouco valia. A não ser a greia, onipresente na imensa rivalidade pernambucana. Aos rubro-negros, numericamente, absolutamente nada, com a liderança geral no Estadual consolidada há tempos. Aos tricolores, a chance de decidir a semifinal contra o Central em casa, nada mais. Ainda assim, no domingo de páscoa, as torcidas compareceram. Valia o sorriso na segunda-feira.
Não houve vencedor, mas inegável a satisfação final dos corais, que arrancaram o empate em 1 x 1 aos 47 minutos do segundo tempo, num lance de raça de João Paulo, diante de uma defesa plantada. Àquela altura, o Santa jogava com dez em campo, após a expulsão de Danny Morais. Esse vermelho estava diretamente relacionado ao gol do Leão – com um mistão em campo -, quando o zagueiro coral, o último homem, derrubou Samuel. O próprio centroavante bateu, no cantinho esquerdo do goleiro Fred.
A festa tricolor na geral do placar, quase tomada, valeu pela rivalidade. No fim, com as reclamações de sempre acerca de um clássico (arbitragem, excesso de faltas, resultado no detalhe etc) não houve mudança prática alguma. Em busca do bicampeonato, o Sport (com 11 pontos a mais sobre o 2º lugar no hexagonal) enfrentará o Salgueiro decidindo na Arena Pernambuco, dando seguimento ao acordo firmado com o consórcio.
Estadual à parte, o Leão terá algo maior pela frente já nesta semana, embate contra o Bahia pela semifinais da Copa do Nordeste. Sem mistão, a greia fica para outra oportunidade. Já o Santa terá que ir a Caruaru no segundo jogo da semifinal contra o Central. Será a primeira vez que um time do interior jogará a segunda partida em casa. Se bem que neste mata-mata o Tricolor terá uma dose de confiança a mais, mesmo na condição de visitante, justamente por causa do clássico. Valeu algo…
Pela segunda vez na temporada, o Salgueiro eliminou o Náutico, mesmo sem um mata-mata sequer. Quis o destino que as últimas rodadas do Nordestão e do Pernambucano agendassem o duelo entre o Carcará e o Timbu. Em ambos os casos, no Cornélio de Barros e com o visitante jogando pelo empate. No regional, o time de Sérgio China atropelou. No Estadual, um solzão daqueles no Sertão, neste domingo, idem.
O resultado começou a ser construído antes dos dez minutos. Tamandaré cruzou e Rodolfo Potiguar, entre dois zagueiros, marcou de cabeça o seu primeiro gol na competição. Em desvantagem tão cedo, o Náutico precisou se expor, tudo o que Lisca não queria, consciente da deficiência técnica causada pelos desfalques.
A situação só piorou com a saída de Carmona, destaque na estreia da Copa do Brasil. Sentiu uma lesão e deixou o time completamente sem criatividade. A classificação sertaneja foi sacramentada aos 4 minutos da etapa complementar, no chutaço de Valdeir, também balançando as redes pela primeira vez. Nem a expulsão de Pio, deixando o Alvirrubro em vantagem numérica, adiantou. O time estava atordoado – com direito um pênalti anulado após suposta consulta à TV. Sem diminuir o ritmo, o mandante fez 4 x 1.
Rodado, o Salgueiro despachou o adversário e alcançou a semifinal local pela terceira vez: 2012, 2014 e 2015. Enfrentará o Sport disposto a enfim avançar à final. Pela televisão, o Timbu, 6º lugar com duas vitórias em dez jogos, acompanhará o desfecho após a sua pior campanha desde 1997, na mesma 6ª posição. Pior. Também acompanhará pela tevê a Copa do Nordeste de 2016…
O ônibus oficial do Santa Cruz, o Expresso Coral, foi apresentado em setembro de 2008, pelo então presidente do clube, Edson Nogueira. No veículo, um avanço estrutural, chamou a atenção uma frase na parte traseira.
“Movido por 5.000.000 de apaixonados”.
Na ocasião, a população de Pernambuco era de 8,8 milhões de habitantes. Ou seja, 56% da população seria tricolor.
Em 2015, o atual mandatário tricolor, Alírio Moraes, mandou repaginar o busão, agora chamado de Expresso Coral II, com um novo adesivo. Na parte traseira, novo dado sobre a torcida.
“Movido por 6.000.000 de apaixonados”.
Segundo a projeção mais recente do IBGE, a população do estado é de 9,2 milhões. Logo, 65% da população seria tricolor.
E a parcela da torcida fora de Pernambuco? Infelizmente, nenhum clube do Nordeste tem sequer 500 mil torcedores fora de seu estado de origem.
Este é apenas um exemplo da autoafirmação dos clubes locais. Não se limita apenas ao Arruda. Na Ilha do Retiro, por exemplo, está pintado “campeão do centenário”. Basta ser um pouco racional para discordar…
O último podcast na Semana Santa traz um balanço das estreias pernambucanas na Copa do Brasil, com vitórias de Salgueiro, Sport e Náutico, das quais apenas a do Carcará garantiu a classificação antecipada. O 45 minutos também analisa os preparativos para a rodada final do hexagonal do título do Campeonato Pernambucano de 2015, com um Clássico das Multidões na Ilha do Retiro. E a última vaga, fica com o Náutico ou o Salgueiro?
Para completar, um debate sobre quais seriam os maiores times do Nordeste…
Nesta 116ª edição (1h25min), estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Pedro Carmona voltou a jogar após 1 ano e 11 dias. Tempo demais para um jogador de futebol. No estaleiro, foi preciso ter paciência e força de vontade para se recuperar de uma grave lesão. Num clássico contra o Santa, na Arena, ele rompeu os ligamentos do joelho direito. Era o artilheiro do time, com 6 gols.
O seu retorno veio a conta gotas. Este ano contra o Sport, no mesmo local, ficou no banco de reservas. Chorou só por estar tão perto do gramado novamente. Contra o Brasília, na estreia timbu na Copa do Brasil de 2015, foi enfim escalado. Com a braçadeira de capitão, o meia foi adiantado ao ataque. Uma consequência dos inúmeros desfalques que Lisca teve que contornar.
Após um primeiro tempo discreto do jogador – a partida toda, em si, foi fraca -, Carmona desencantou no comecinho da etapa complementar.
Arriscou de longe, num chute rasteiro. Acertou o canto direito do goleiro e vibrou, marcando o gol da vitória por 1 x 0. Junto com ele, muitos alvirrubros abriram um sorriso de alívio, por um reforço tão importante a poucos dias do decisivo jogo contra o Salgueiro, valendo um lugar na semifinal do Pernambucano.
No Distrito Federal, o Timbu não eliminou o jogo de volta, mas ficou muito perto da vaga, que renderia R$ 240 mil (já recebeu R$ 200 mil pela participação na primeira fase), receita tida como sobrevida administrativa. A partida volta será apenas em 15 de abril. Até lá, já saberemos a definição do hexagonal estadual. Desde já, porém, sabemos que Carmona voltou.