Diego Souza desperdiça pênalti e Sport perde do Cruzeiro em uma Ilha lotada

Série A 2016, 35ª rodada: Sport 0 x 1 Cruzeiro. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O jogo contra o Cruzeiro poderia ter sido o da permanência para o Sport, que chegaria a 46 pontos em caso de vitória. Aliviaria 2016. Assim, animados pela goleada em Porto Alegre, os leoninos esgotaram os ingressos com bastante antecedência. Mais de 25 mil torcedores, no segundo maior público do clube no Brasileirão. Entretanto, esse público saiu da Ilha do Retiro bastante frustrado. Pela derrota, 1 x 0, e pelo péssimo futebol apresentado, sobretudo no segundo tempo, lembrando a capenga equipe dirigida por Falcão.

Possivelmente pelo abalo psicológico causado no fim da primeira etapa. Do 1 x 0 ou 0 x 1 em menos de dois minutos. Aos 41, pênalti em Diego Souza. Artilheiro do campeonato, o meia partiu pra cobrança, no seu estilo característico, e acertou o travessão, com a bola quicando rente à linha. Enquanto o camisa 87 se mantinha perplexo (e era um dos melhores até ali), o lance seguiu, com o contragolpe celeste, resultando em mais um escanteio cedido por Matheus Ferraz, mesmo sem ser tão acossado. Após a cobrança, Henrique pegou a sobra e acertou o cantinho, no único espaço entre três rubro-negros.

Na volta do intervalo, o time mineiro obedeceu bem as ordens de Mano, com quase todos os azuis atrás da linha da bola. Uma barreira que o Sport não conseguiu furar em momento algum – no máximo, com Rogério em chutes rasteiros. Com a atuação piorando e a torcida já inquieta, Daniel Paulista mexeu. Lenis e Túlio de Mello. O colombiano ciscou pela esquerda, mas pouco produziu. O segundo, brigando pelo alto, fez menos ainda. Lembraram um Sport que parecia já distante. Porém, o revés, deixando o temor, mostra que o grupo segue com limitações. E nem sempre será possível depender de DS87…

Série A 2016, 35ª rodada: Sport 0 x 1 Cruzeiro. Foto: Ricardo Fernandes/DP

A evolução da venda online, chegando a 70% na Ilha em 2016. 100% ao alcance?

Ingresso vendido pela internet para Sport x Cruzeiro, pela 35ª rodada da Série A 2016. Imagem: Sport/site oficial

Dos 21 mil ingressos vendidos (público geral) e reservados (sócios) de forma antecipada para Sport x Cruzeiro, pela 35ª rodada do Brasileirão, mais de 14 mil foram solicitados pela internet. Com 70% de ação online, o Sport registrou um recorde particular que expõe um novo momento no futebol pernambucano. Quatro meses atrás, também na Ilha, o jogo entre leoninos e palmeirenses teve 26 mil pessoas, com 15% de venda online. Até então, era o recorde. Essa ascensão da venda digital, em detrimento da venda física, é uma realidade.

Como mudou tão rápido? No caso rubro-negro, o momento atual para os associados adimplentes, com acesso liberado. Desde que seja feita a reserva, cuja ação, chamada de “check-in”, ocorre inicialmente, durante dois dias, pela web. E assim foram três partidas seguidas (Vitória, Ponte Preta e Cruzeiro) com mais de 20 mil pessoas garantidas com antecedência. Com o ingresso pago, mesmo para o sócio, o percentual seria menor? Possivelmente. Mas o X da questão nesta postagem é a quantidade de gente em condições de compras online (desktop ou smartphones), evitando filas e correria de última hora. Ganha o torcedor (comodidade) e o clube (receita prévia), além de inibir o cambismo.

Ainda no Recife, em conjunto com a Arena Pernambuco, o Náutico também vem condicionando o seu torcedor à compra antecipada sem a necessidade de comparecimento na bilheteria. No mesmo palco em São Lourenço, o confronto entre Brasil e Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, foi visto por 45 mil espectadores, com 100% de venda online, em questão de horas. Há tecnologia, há público e, pelo visto, há também um crescente engajamento…

Percentual de ingressos vendidos/reservados pela internet na Ilha

70%, Sport x Cruzeiro (14,8 mil ingressos, em 16/11/2016)
15%, Sport x Palmeiras (3,1 mil ingressos, em 06/07/2016)

6%, média do clube em 2015

Exigências do MPPE para liberar o Arruda com 60 mil e Ilha com 32 mil. Até 2018

Arruda e Ilha do Retiro. Fotos: DP

Até 2018, Santa Cruz e Sport podem voltar a ter a autorização para a capacidade máxima de seus estádios, Arruda e Ilha. Isso caso consigam atender às exigências definidas numa reunião envolvendo representantes dos clubes com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através da Promotoria de Justiça Especializada do Torcedor, e com Corpo de Bombeiros. São quatro tópicos na casa coral e cinco no reduto leonino, com prazos distintos. Desde 25 de setembro de 2015, quando os bombeiros emitiram atestados sobre o José do Rego Maciel e o Adelmar da Costa Carvalho, as respectivas capacidades foram reduzidas. Não por questão de espaço físico para o público, mas pela estrutura oferecida para a evacuação da torcida, apontando escadas, portas e corredores afunilados. Então, vamos aos tópicos para o laudo definitivo.

Lembrando que os dois clubes já tinham começado a agir – veja aqui e aqui.

Arruda
Termos de Ajustamento de Conduta, em 27/09/2016

1) Limpeza de banheiros, troca de tubulações e plano de manejo de lixo (6 meses)
2) Mais rampas e assentos para cadeirantes, mapa tátil para cegos e vagas de estacionamento para idosos e deficientes (18 meses)
3) Construção de uma sala para a central de comando da PM (20 meses)
4) Impermeabilização da armação em concreto, conserto das juntas de dilatação e das armaduras expostas (24 meses)

Cronologia da capacidade
1972 – 64.000 lugares *inauguração
1982 – 110.000 (+53.000) *construção do anel superior
1993 – 85.000 (-25.000)
2001 – 75.000 (-10.000)
2005 – 65.000 (-10.000)
2012 – 60.044 (-4.956)
2015 – 50.582 (-9.462)
2018 – 60.044 (+9.462)?

Recorde: 96.990 (Brasil 6 x 0 Bolívia, em 29/08/1993)

Ilha do Retiro
Termos de Ajustamento de Conduta, em 27/09/2016

1) Compra de lixeiras (para os boxes de venda) e sanitários (15 dias)
2) Impermeabilização de lajes, retirada de infiltrações, manutenção da infraestrutura elétrica e de armaduras aparentes (7 meses).
3) Vagas de estacionamento para idosos e deficientes (15 dias)
4) Mais espaço na arquibancada a deficientes, nova sinalização e melhora nas rampas de acesso para cadeirantes (14 meses)
5) Melhorar o sistema de combate a incêndio e pânico (24 meses)

Cronologia da capacidade
1950 – 20.000 lugares *reforma para a Copa do Mundo
1960 – 36.000 (+16.000) *ampliação da cadeira central e da arquibancada
1984 – 45.000 (+9.000) *construção das gerais e ampliação da cadeira central
1998 – 50.000 (+5.000) *construção da ‘curva especial’
2001 – 45.000 (-5.000)
2005 – 32.500 (-12.500)
2006 – 30.520 (-1.980)
2007 – 34.500 (+3.980) *construção da ‘curva da ampliação’
2012 – 34.200 (-300)
2013 – 32.983 (-1.217)
2015 – 27.435 (-5.548)
2018 – 32.983 (+5.548)?

Recorde: 56.875 (Sport 2 x 0 Porto, em 07/06/1998)

O intercâmbio colombiano na Ilha antes da Sul-Americana contra o Santa Cruz

Delegação do Independiente Medellín na Ilha do Retiro. Foto: Independiente/twitter (@DIM_Oficial)

Em 2015, no confronto internacional no Recife, pela Sul-Americana, o Santa Cruz cedeu o campo do Arruda para o primeiro treinamento do Huracán. O time argentino havia acabado de chegar para a ida das oitavas, contra o Sport. 

Em 2016, no confronto internacional no Recife, pela Sul-Americana, o Sport cedeu o campo da Ilha para o primeiro treinamento do Independiente. O time colombiano havia acabado de chegar para a volta das oitavas, contra o Santa. 

Delegação do Independiente Medellín na Ilha do Retiro. Foto: Independiente/twitter (@DIM_Oficial)

A situação é plenamente normal na disputa do Brasileirão – embora os locais mais utilizados sejam os centros de treinamento de alvirrubros e rubro-negros -, mas no cenário internacional a simples movimentação gera uma (rara) exposição gratuita, com informações e imagens dos clubes locais e da cidade, como no conteúdo compartilhado pelo DIM em suas redes sociais.

Em ambos os casos, os gringos também agendaram treinos nos palcos das partidas, seguindo o regulamento do torneio, para a véspera. Ilha do Retiro e Mundão. Neste século, esta é apenas a 5ª partida oficial de um clube estrangeiro na capital pernambucana: LDU (2009), Colo Colo (2009), Libertad (2013), Huracán (2015) e Independiente Medellín (2016). Muito pouco…

Relembre a passagem do Huracán no Arruda clicando aqui.

Delegação do Independiente Medellín na Ilha do Retiro. Foto: Independiente/twitter (@DIM_Oficial)

Sport marca no começo, segura pressão do Santos e vence jogo importante na Ilha

Série A 2016, 27ª rodada: Sport x Santos. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

O Sport fez um ótimo primeiro tempo contra o Santos, um adversário qualificado, no G4 e com três vitórias seguidas até então. Forçando bastante, marcou na terceira tentativa de Rogério em dez minutos, e ainda teve três chances incríveis em cruzamentos rasteiros, duas com Gabriel Xavier e uma com Everton Felipe. Não ampliou, viu o adversário paulista chegar com perigo e no segundo tempo tomou um sufoco danado, suportando. A vitória por 1 x 0, “trocando” com o revés diante do Coxa, há uma semana, acalma o ambiente na Ilha do Retiro, com seguidas mudanças no time titular. Estamos no fim de setembro e o técnico Oswaldo de Oliveira ainda busca a formação ideal.

Mesmo sem Ricardo Oliveira, o Peixe envolveu o dono da casa, com Lucas Lima (sobretudo) e Copete criando bastante e exigindo boas defesas de Magrão. Mas vale destacar que o início desta pressão, na etapa complementar, surgiu numa jogada errada do Sport, com Everton Felipe tentando um passe de letra no campo defensivo. O adversário pegou a bola e segundos depois já estava na cara do gol. No rebote, numa bomba, a bola bateu no braço de Ronaldo Alves. Reclamação justa de pênalti, não assinalado. E o jogo continuou favorável ao Santos, com Rithely e Paulo Roberto (acionado no lugar de Neto Moura, após a mudança de intensidade) se desdobrando para desarmar. Enquanto isso, o Leão não conseguia encaixar contragolpes. Diego Souza, marcado, encontrava dificuldade para prender a bola, especialidade sua.

O sinal de vitória só começou a aparecer numa bobeira de Elano. O experiente meia de 35 anos conseguiu ser expulso com dois amarelos por reclamação em dez segundos. Com um a mais nos quinze minutos finais, o Sport passou a ter um pouco mais de posse, mas o nervosismo pelo resultado atrapalhou, com o alvinegro indo com tudo. Nos acréscimos, numa trama enfim bem articulada, DS87 conseguiu finalizar com perigo. Acredite, o contra-ataque desta jogada quase acabou em empate, expondo a dificuldade do jogo. Mas deu Sport, que voltou a terminar um jogo sem sofrer gols, sendo apenas a 5ª vez em 27 apresentações. Nada mais justo para Magrão, com a camisa 600 nas costas.

Série A 2016, 27ª rodada: Sport x Santos. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Os esquemas táticos do Santa Cruz de Doriva durante o clássico na Ilha

Antes dos jogos, na preleção, os treinadores costumam mostrar esquemas táticos específicos para o time. Num painel, no powerpoint, o que for. Então, eis os papéis com os esquemas táticos usados por Doriva no último Clássico das Multidões de 2016. O treinador do Santa Cruz montou esquemas para a bola parada, em escanteios e faltas (laterais e frontais), ofensiva e defensivamente. Os registros, colados na parede do vestiário dos visitantes na Ilha, foram deixados pela comitiva coral. O registro é do repórter João de Andrade Neto, até porque o acesso dos jornalistas ao campo da Ilha, visando a cobertura dos treinamentos, é feita justamente pelo túnel visitante

Obs. Segundo o Footstats, o Sport cruzou 44 bolas na área coral, com bola rolando e na bola parada. Desse total, 18 foram certas, resultando em 4 gols. Em contrapartida, o Santa cruzou 16 vezes, com 3 acertos, resultando em 1 gol.

1) Escanteio ofensivo: quatro jogadores na área, todos altos. Na sobra, Keno e Pisano, com potencial de arremates de fora da área. Ou mesmo João Paulo, caso não cobre o tiro de esquina. A movimentação, algo importante em jogadas do tipo, não está bem detalhada no folheto.

Esquema tático do Santa Cruz para o Clássico das Multidões em 11/09/2016. Foto: João de Andrade Neto/DP

2) Escanteio defensivo. Até sete jogadores de linha na área, incluindo os mesmos quatro acionado em escanteios ofensivos. Um gol leonino saiu em cobrança de escanteio, curto.

Esquema tático do Santa Cruz para o Clássico das Multidões em 11/09/2016. Foto: João de Andrade Neto/DP

3) Falta lateral ofensiva: Organização semelhante ao escanteio, mas com a presença de Danny Morais, possivelmente com cobertura para evitar contragolpes.

Esquema tático do Santa Cruz para o Clássico das Multidões em 11/09/2016. Foto: João de Andrade Neto/DP

4) Falta lateral defensiva: De um a dois jogadores na barreira, sendo um deles Lé Moura. Na área, são sete atletas à frente de Tiago Cardoso. Fora, na sobra, Pisano e Keno posicionados para puxar o contra-ataque.

Esquema tático do Santa Cruz para o Clássico das Multidões em 11/09/2016. Foto: João de Andrade Neto/DP

5) Falta frontal defensiva: De quatro a cinco atletas na barreira, com João Paulo completando. Mais uma vez, a lista de jogadores da bola aérea.

Esquema tático do Santa Cruz para o Clássico das Multidões em 11/09/2016. Foto: João de Andrade Neto/DP

6) Pênalti: Keno, Bruno Moraes e João Paulo. Considerando os jogadores que atuaram, a ordem está correta (Keno cobrou uma penalidade na 1ª rodada, contra o Vitória). Ausente no clássico, Grafite encabeçaria a lista caso escalado.

Esquema tático do Santa Cruz para o Clássico das Multidões em 11/09/2016. Foto: João de Andrade Neto/DP

Bastidores leoninos de Sport 5 x 3 Santa

A vitória do Sport sobre o Santa Cruz, na Ilha do Retiro, encerrou a série de Clássicos das Multidões em 2016, o ano do centenário do confronto.

Em jogos de grande apelo, os clubes tem o hábito de filmar os bastidores, antes e depois, com depoimentos dos jogadores. Porém, os vídeos só costumam ser divulgados em caso de vitória. No caso, vamos à versão rubro-negra, de 10 minutos, focada no atacante Ruiz e produzida por Lucas Fitipaldi. Assista.

Torcida visitante nos clássicos no Recife: 50%, 20%, 10% e possivelmente 0%

Sport 1 x 1 Santa Cruz na final do Pernambucano de 1996. Crédito: youtube/reprodução

“Eu não quero essa história de torcida única nos estádios no Pernambuco, não. Isso acontece no Campeonato Brasileiro”
Carlos Alberto Oliveira, presidente da FPF, em janeiro de 2009.

“Já estamos cogitando torcida única, embora não acredite que vá funcionar”
Evandro Carvalho, presidente da FPF, em setembro de 2016.

Nos mais de sete anos entre as duas declarações, o futebol local viveu um período de turbulência, com seguidos arrastões e brigas entre facções uniformizadas na cidade, detenções sem efeito, tentativas de homicídio (tiro e agressão) e dois assassinatos. Paulo Ricardo Gomes da Silva, de 26 anos, atingido por um vaso sanitário em 2015, e Márcio Roberto Cavalcante da Silva, de 36 anos, espancado em 2016. Mortos na saída de jogos de futebol no Recife.

A cada manchete violenta, repercutida no país, os organizadores tentaram impor ações, que posteriormente se mostraram paliativas. Foi assim até hoje, com o governo do estado pecando de forma absurda na questão, cristalina em relação à segurança pública. Agora, por mais que a violência tenha sido sensivelmente reduzida dentro dos estádios, o isolamento em clássicos segue como ‘solução’. Para 2017, já no Campeonato Pernambucano, há a possibilidade real de clássicos com torcida única, nos quatro principais palcos da região metropolitana. Como já ocorre nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte.

Como exemplo, dois Clássicos das Multidões, ambos na Ilha do Retiro e separados por vinte anos, 1996 e 2016. Mostram uma redução impressionante do espaço à torcida coral. Nacionalmente, hoje, o Regulamento Geral de Competições da CBF determina uma carga de 10% dos ingressos à torcida visitante. No cenário local, em 2009, o então mandatário da federação elevou o dado para 20%, válido apenas entre os confrontos envolvendo o Trio de Ferro, justamente para evitar a perda da identidade. Formada por clássicos divididos meio a meio nas arquibancadas e gerais, num passado cada vez mais remoto.

Com o cenário, a divisão nos clássicos (abaixo) perderia qualquer sentido…

Arruda*
Capacidade: 50.582 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (5.058 ingressos)
Visitante/Campeonato Estadual – 20% (10.116 ingressos)

Ilha do Retiro*
Capacidade: 27.435 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (2.743 ingressos)
Visitante/Campeonato Estadual – 20% (5.487 ingressos)

Aflitos** 
Capacidade: 15.000 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (1.500 ingressos)
Visitante (Campeonato Estadual – 20% (3.000 ingressos)

Arena Pernambuco*
Capacidade: 45.845 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (4.584 ingressos)
Visitante/Campeonato Estadual – 20% (9.169 ingressos)

* Os limites autorizados pelo Corpo de Bombeiros, por questão de segurança
** A capacidade atual é de 22.856, mas será reduzida na reforma

Sport 5 x 3 Santa Cruz, na 24ª rodada do Brasileirão de 2016. Crédito: Rede Globo/reprodução

No fim, o Sport ganha o Troféu Givanildo Oliveira e soma a segunda taça centenária

Durval com o Troféu Givanildo Oliveira, em homenagem ao centenário do Clássico das Multidões. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

O centenário do Clássico das Multidões foi marcado por oito jogos, nos âmbitos estadual, nacional e internacional. Jogos acompanhados in loco por 130.362 torcedores, com média 16.295 e 16 gols ao todo. Metade justamente no derradeiro confronto, a vitória do Sport sobre o Santa Cruz por 5 x 3, no resultado que definiu, no apagar das luzes, a posse do Troféu Givanildo Oliveira.

O regulamento instituído pela FPF era bem simples, com o título simbólico para o clube com mais pontos nos clássicos disputados em 2016. Em caso de igualdade, cada rival ganharia uma taça. E era justamente esse desfecho até os 44 minutos do segundo tempo da decisão na Ilha, no returno da Série A. Até o gol de Vinícius Araújo, que colocou o Leão pela primeira vez em vantagem na tarde. O gol de Everton Felipe, por cobertura, encerrou a história. Até então, a vantagem no ano era coral, com triunfos em dois mata-matas, na final do Estadual e na segunda fase da Copa Sul-Americana. No entanto, o resultado positivo do Leão, fazendo 3 x 2 em triunfos, rendeu um lá e lô no Brasileirão.

Com a conquista, erguida pelo capitão Durval, o rubro-negro somou a segunda taça em clássicos centenários. Em 2009, a disputa envolveu Sport e Náutico, mas num formato distinto. Foi apenas um jogo, também na elite, no dia seguinte ao aniversário do clássico. Com o 3 x 3, cada rival ganhou uma taça. Em 2017, será a vez do Troféu Gena, no centenário do Clássico das Emoções.

Jogos disputados em 2016
21/02 – Sport 2 x 1 Santa Cruz, Estadual (Ilha, 14.609)
10/04 – Santa Cruz 1 x 1 Sport, Estadual (Arruda, 16.377)
04/05 – Santa Cruz 1 x 0 Sport, Estadual (Arruda, 30.163)
08/05 – Sport 0 x 0 Santa Cruz, Estadual (Ilha, 27.493)
01/06 – Santa Cruz 0 x 1 Sport, Série A (Arruda, 16.951)
24/08 – Santa Cruz 0 x 0 Sport, Sul-Americana (Arena, 5.517)
31/08 – Sport 0 x 1 Santa Cruz, Sul-Americana (Arena, 6.570)
11/09 – Sport 5 x 3 Santa Cruz, Série A (Ilha, 12.682)

Classificação após 8 clássicos
12 pontos – Sport
9 pontos – Santa Cruz

Em jogo eletrizante, Sport marca cinco gols no segundo tempo e vence o Santa

Série A 2016, 24ª rodada: Sport 5 x 3 Santa Cruz. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Foi um desfecho além do imaginável para o centenário do Clássico das Multidões. O oitavo e último confronto em 2016, ao vivo na tevê para todo o estado, foi, sem dúvida alguma, o jogo mais eletrizante. Sete gols somente no segundo tempo, sendo cinco dos rubro-negros, reviravoltas até o fim, empenho absoluto em campo, tristeza e comemoração de um lado, comemoração e tristeza do outro. O Sport fez 5 x 3 no Santa Cruz, somando seis pontos em cima do rival no Campeonato Brasileiro, num lá e lô que dá fôlego na briga contra o descenso. Naturalmente, empurrou o tricolor ainda mais para o buraco.

Para falar sobre o jogo, o primeiro tempo pode ser resumido na velocidade de Keno para definir as jogadas, abrindo o placar com seis minutos, e na atuação de Tiago Cardoso, praxe contra os leoninos, com três defesas incríveis. Nos descontos, num rebote do goleiro na pequena área, Durval conseguiu chutar por cima, passando aquela sensação de que seria mais uma tarde com festa na geral do placar. O cenário já era propício ao Santa e João Paulo, na volta do intervalo, acertou um chutaço, deixando uma possível reação estática. Por isso, talvez o gol mais importante do Leão tenha sido o primeiro, logo na sequência, trazendo estímulo à torcida e ao próprio time, visivelmente abatido pelo placar.

Série A 2016, 24ª rodada: Sport 5 x 3 Santa Cruz. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

A partir dali, o Sport passou a jogar pelos lados, finalmente encontrando espaço. Os gringos, Rodney (esquerda) e Ruiz (direita) levaram vantagem, com a mobilidade do colombiano bem superior à peça anterior, Edmílson. Nem Léo Moura nem Allan Vieira deram conta das tabelas, com a bola passeando na área coral. Com Diego Souza sendo mais recuado (começou como atacante, numa função onde não rende), a bola aérea tornou-se um perigo. Após muita luta, o primeiro empate veio aos 24 minutos, com a pressão silenciada 120 segundos depois, com Bruno Moraes ensaiando mais uma atuação decisiva. O terceiro gol coral foi gerado numa sucessão de falhas, com a saída de Matheus Ferraz e com Magrão pregado na pequena área, deixando o general concluir.

Novamente em desvantagem, o Sport seguiria investindo nos cruzamentos, e Tiago Cardoso, quem diria, passaria longe da performance inicial. De cabeça, Ruiz marcou o seu primeiro gol na Ilha. Nova igualdade e confusão, com Diego Souza e Derley expulsos. Neste clima quente, quem perderia mais? Com o volume de jogo do Sport, ambos. Porém, o buraco deixado pelo volante foi maior que a participação de DS87, com outros nomes sobressaindo, Vinícius Araújo e Everton Felipe, acionados. Aos 44 e aos 46 minutos, ambos marcaram, em uma das maiores vitórias do Sport nos últimos tempos. Ao torcedor, cuja rivalidade pesa demais, não há como negar. Nem ao vencedor nem ao derrotado. E poderia ficar melhor para o Sport? Poderia e ficou. Com a conquista do Troféu Givanildo Oliveira, a simbólica disputa das multidões, numa legítima final.

Série A 2016, 24ª rodada: Sport 5 x 3 Santa Cruz. Foto: Paulo Paiva/DP