No Brasil, é quase impossível dissociar a final olímpica de 2016 entre Brasil e Alemanha da tragédia (para os brasileiros) na semifinal da Copa do Mundo de 2014. A pauta é clara, quase obrigatória, mas com um mínimo de discernimento, naturalmente. Revanche ou não (e não é, efetivamente, na visão do blog), vamos ao outro lado desta cobertura, com algumas manchetes alemães após a confirmação do duelo no Maracanã. O blog printou os sites de três jornais das cidades mais populosas do país, do diário de maior circulação e do principal jornal esportivo. A pauta “2014” apareceu, mas em doses homeopáticas…
Kicker (diário esportivo) O Kicker, o principal jornal especializado em futebol no país, traz em sua manchete: “Sonho perfeito final: Alemanha encara o Brasil!”. Entretanto, apesar da empolgação, não há uma contextualização com o Mundial de 2014, mas com o fato de enfrentar o anfitrião na decisão.
Bild (jornal nacional) No Bild, o jornal de maior circulação na Alemanha, a chamada sobre a classificação alemã é direta em relação ao Mineirazo. “Adeus ao 7 x 1”, no alto do link, seguido do título numa fonte enorme: “Brasil quer revanche na final no Rio”. Ou seja, lembraram do episódio, mas num (curioso) viés brasileiro.
Berliner Morgenpost (jornal de Berlim) O Morgenpost já classifica a campanha da jovem equipe alemã como “Sucesso Olímpico”, seguindo com “homens jogam pela primeira vez pelo ouro”. Na reportagem há a ressalva que a informação trata da seleção unificada, pois a Alemanha Oriental foi campeã olímpica em 1976, nos Jogos de Montreal.
Die Zeit (jornal de Hamburgo) Em Hamburgo, uma manchete mais fria, até mesmo para os padrões germânicos: “Seleção Alemã alcança a final”. No texto, contudo, há sim uma referência à Copa do Mundo, mas deixando claro o peso de cada confronto. “Dois anos após o triunfo da Copa do Mundo, a equipe júnior da Alemanha vai disputar o ouro olímpico”.
Abend Zeitung (jornal de Munique) Em Munique, terra do Bayern, o “Jornal da Noite” também destaca o fato de seleção do país ser formada por atletas mais novos: “Agora a jovem seleção alemã enfrentar o Brasil, pelo ouro”. E nada de Copa.
Inaugurada em 1995, a ESPN Brasil passa contar, a partir de 4 de julho de 2016, com um estúdio no Recife, reduzindo uma antiga lacuna de cobertura em relação ao futebol nordestino. Com o espaço montado na Boa Vista, a emissora se junta a Sportv (via Globo Nordeste) e Esporte Interativo, que também contam com estrutura e profissionais na capital pernambucana, com inserções regulares em programas ao vivo em rede nacional.
No caso da ESPN, Pernambuco passa a ser sede do Bate-Bola Bom Dia Nordeste, um bloco com duas edições semanais no primeiro Bate-Bola da grade, comandado pelo comentarista Léo Medrado, com experiência em jornalismo esportivo tanto na tevê quanto na rádio. No programa inaugural, os presidentes de Náutico, Santa e Sport e o vice do canal, João Palomino. Anteriormente, a participação era limitada a algumas participações via Skype. A expansão enxerga o óbvio, pois a audiência sempre existiu.
No Sportv as inserções locais ocorrem no Redação Sportv e no Seleção, enquanto no Esporte Interativo há um programa específico, o Resenha Esporte Clube. Nos demais canais de tevê paga, voltados para o futebol, seguem sem estúdios no estado a Fox Sports e a Band Sports.
Observação: Os direitos de transmissão da Copa do Nordeste seguem com o EI até 2022. Neste ano, a ESPN manifestou desejo na exibição…
Além da cobertura diária dos quatro grandes jornais do estado, com o dia a dia dos clubes pernambucanos e análises exclusivas, existe uma linha editorial especial com circulação apenas nos jogos realizados no Grande Recife.
A distribuição gratuita do Torcida acontece na Ilha do Retiro, no Arruda e na Arena Pernambuco, nas apresentações de Sport, Santa Cruz e Náutico, respectivamente. Em ação desde 2010, o jornal traz um material exclusivo de cada time em edições distintas, com quatro páginas cada.
A curiosidade em relação a este trabalho é o fato de que a vida útil do “jornalismo impresso”, como um todo, é colocada à prova a cada avanço tecnológico, com a informação cabendo num smartphone. Porém, o velho costume de folhear o jornal parece lutar contra isso. Mesmo no cimento quente de uma arquibancada.
E neste caso estamos falando de uma tiragem de 25 mil exemplares…
No jornalismo esportivo, um dos momentos mais agitados na temporada é o de especulações e anúncios de novos reforços nos principais times.
Na mesma intensidade da ansiedade da torcida, aumenta a audiência nos sites e na circulação dos jornais. Um reflexo direto.
Nem sempre, obviamente, é possível acertar. Uma negociação desfeita faltando poucos detalhes, uma fonte não tão bem informada ou mesmo uma “perua”, como se diz aqui no Recife em relação às notícias sem fundamento algum.
E este contexto está muito além da cobertura de Náutico, Santa Cruz e Sport.
Vamos citar então os maiores clubes do mundo, Barça e Real.
A imprensa nas duas cidades é fortíssima, mas como qualquer periódico, incluindo aí, claro, o Diario de Pernambuco, tem os seus erros históricos.
Em Madri, o Marca, principal jornal esportivo da Espanha, já cravou Suárez, Neymar e até Ronaldinho Gaúcho com a camisa camisa merengue. Em negociações milionárias, todos acabaram no Camp Nou.
Em Barcelona, os principais concorrentes, Mundo Deportivo e Sport, bancaram os nomes de Benzema, Bale, Ozil e Kaká com o uniforme blaugrana. Todos acabaram assinando com o clube da capital.
Para esses erros, felizmente há uma infinidade de acertos, em primeira mão, inclusive. Assim é o jornalismo, apurando o máximo possível de informações. Na produção final, porém, nem sem sempre se acerta.
A agência de notícias Associated Press, com sede em Nova York, é uma das mais antigas do mundo, em atividade desde 1846. Conhecida pela sigla “AP”, a agência distribui notícias e fotos para jornais de todos os cantos do globo, incluindo os pernambucanos, diga-se. Por isso, chama a atenção a reportagem enviada à Europa sobre a Copa do Nordeste. Escrito por Tales Azzoni, correspondente da AP em São Paulo, o texto “Prospera a versão brasileira da Liga dos Campeões, a Lampions League” explica o apelido Lampião/Lampions, a média de público e a transformação do futebol da região. A seguir, a tradução do texto. Confira a reportagem original, em inglês, clicando aqui.
Equipes com grandes e fervorosas torcidas se qualificam através de campeonatos locais. Elas são divididas em grupos de quatro e o melhor avança para a fase eliminatória. Milhares vão ao jogos, milhões assistem na televisão e o interesse segue crescendo.O sorteio para as quartas de final é transmitido ao vivo pela TV e o campeão ergue um troféu conhecido como “orelhuda”.
Liga dos Campeões? Experimente Lampions League.
Disputado no nordeste do Brasil, povoado por quase 55 milhões de habitantes, quase tantos como a soma de Chile e Argentina, a Lampions League evolui como o campeonato regional de futebol mais bem sucedido do país.
Ela tem algumas das mais altas audiências da tevê e a melhor média de público. No ano passado, a final atraiu mais de 60.000 pessoas à Arena Castelão, em Fortaleza, no maior público do Brasil à parte da Copa do Mundo. Passou até os jogos do Mundial em Fortaleza, incluindo o da Seleção.
O campeonato é oficialmente conhecido como Copa do Nordeste (Northeast Cup), mas não demorou muito para que os fãs começassem a chamá-lo de Lampions League, em referência a Lampião, um conhecido e popular herói local da década de 1920, que permanece simbólico à região. Muitos nordestinos – northeasterns – vão aos jogos vestindo camisas da “Lampions League” e chapéus típicos.
Não é coincidência que o formato da Lampions League, o marketing e o troféu sejam modelados à Liga dos Campeões da Uefa. Até o hino da Liga dos Campeões foi adaptado para a música leve de uma região conhecida por seu clima quente, belas praias e pessoas alegres.
A emissora que transmite a Copa do Nordeste no Brasil, o Esporte Interativo, também adquiriu recentemente os direitos exclusivos para a Liga dos Campeões no país.
“Estamos usando um torneio para ajudar a promover o outro”, diz o presidente da Esporte Interativo Edgar Diniz. “Nós sempre admiramos e nos inspiramos pela forma como a Liga dos Campeões foi capaz de construir sua marca. Por isso, decidimos adotar algumas das mesmas práticas.”
A copa tem crescido tanto que o clube mais popular do Brasil, o Flamengo, do Rio de Janeiro, tentou recentemente um convite junto aos organizadores. O Goiás, um clube de primeira divisão nacional localizado no Centro-Oeste, também considerou a adesão.
Entre os times tradicionais no torneio estão Bahia, Vitória, Náutico, Sport, Ceará e Fortaleza, todos com reconhecimento pelo Brasil. A intensa rivalidade entre eles acrescenta sabor, assim como o entusiasmo dos torcedores locais, conhecidos como os mais apaixonados e dedicados no país.
“Todo mundo está reconhecendo que este é um dos melhores torneios no Brasil neste momento”, diz Alexi Portela, o presidente da liga que organiza a copa. “Aqui, as equipes preferem jogar a Copa do Nordeste do que a Copa do Brasil. O impacto financeiro para esses clubes tem sido grande. O torneio tornou-se realmente significativo para cada um destes clubes.”
Como outros torneios regionais, a copa preenche os primeiros meses antes do Campeonato Brasileiro, que começa em maio e vai até dezembro. Ídolos locais, como Chicão, Magrão e Durval esperam também ganhar para suas equipes uma vaga na Copa Sul-Americana.
As Copa do Nordeste foi disputada pela primeira vez em 2001, mas foi cancelada após duas temporadas por razões políticas. Ele voltou com o novo formato em 2013.
“Nós crescemos (em público) 22% no ano passado, e esperamos crescer 30% este ano”, diz Portela. “Não há dúvida de que estamos falando sobre o mais rápido crescimento de uma competição no Brasil hoje em dia”.
Nota blog – Apesar do texto positivo sobre a Lampions, faltaram alguns dados na reportagem. Destaco abaixo:
1) Oficialmente, a Copa do Nordeste começou em 1994, e não em 2001.
2) O público da final do regional foi o segundo maior registrado no país em 2014, fora o Mundial. O maior, também no Castelão, foi na Série C, no 1 x 1 entre Fortaleza e Macaé, com 62.525 pagantes.
3) A média de público do Nordestão foi, sim, a maior entre estaduais e regionais em 2014. O índice do torneio foi de 8.286 espectadores por jogo.
4) Segundo o Ibope MW Parabólica, as 62 partidas do regional de 2014 tiveram uma audiência média de 1,6 milhão de telespectadores. Na final, 4,5 milhões.
5) O faturamento do Nordestão 2014 foi de R$ 23 milhões e a expectativa é de que o número chegue em 2015 a R$ 29 milhões, o maior da história.
Teresópolis – São 1.632 profissionais da imprensa trabalhando na cobertura da Seleção Brasileira na Granja Comary. Acompanhar a preparação da equipe de Felipão para o Mundial de 2014 vem sendo bem corrido, com uma carga horária acima do normal e a consciência de que trata-se de um trabalho especial.
Numa interação com torcedores no twitter, algo que procuro (e gosto) fazer bastante, alguns me pediram algo específico. Sugeriram uma postagem sobre essa experiência (massa), justamente pela proximidade do relato, quase um canal direto com com o centro de treinamento da Seleção.
Realmente, fazia sentido. Afinal, no treino do mesmo dia, um domingo, postei várias mensagens e fotos sobre o desempenho dos jogadores no campo principal, mas sem deixar de conversar com a galera. Era tudo inédito para mim na Granja Comary.
Como jornalista esportivo – a área que sempre quis -, escrever sobre a Seleção é um objetivo que você projeta naturalmente. A minha primeira grande oportunidade do tipo (e inesquecível, diga-se) foi em 2011, na Copa América, durante 26 dias na Argentina. Agora, um cenário semelhante, mas com uma estrutura ainda maior, mais moderna. O mesmo espaço é dividido com jornalistas de renome nacional, como Juca Kfouri, PVC e Tino Marcos. É impossível ficar parado, pela agenda (treino às 9h30, coletiva com dois jogadores às 12h30 e treino às 15h30). Texto, texto, foto, texto, Superesportes, blog, correção…
O ritmo é diferente, sem dúvida. Ou seja, como profissional, só tenho a aprender aqui.
Em relação ao contato com os jogadores, há hoje uma barreira. Há 15 anos era possível entrevistar atletas pessoalmente, independentemente do seu veículo – e aqui, sem dúvida, isso faz diferença. Hoje, o contato é restrito às coletivas, em jogadores indicados pela própria comissão técnica/assessoria. Os principais, Neymar e Fred, por exemplo, demoram a entrar na pauta. A blindagem é clara.
No momento em que tudo isso é transmitido ao vivo em sites e canais de tevê, como ser diferente no conteúdo? Como justificar o investimento? E é óbvio que o Diario de Pernambuco fez isso para que eu estivesse no Rio. O caminho parece ser o de contextualizar depoimentos, histórias, treinamentos, regulamentos etc. Cada um procurando o seu viés. Ao jornal Estado de S. Paulo, a lesão de Paulinho, ex-Corinthians, ganhou um destaque maior. No Diario, a entrada do pernambucano Hernanes na vaga foi o direcionamento adotado. Leituras diferentes de um mesmo episódio.
Existem momentos complicados, desde uma apuração, uma pergunta não efetuada nas concorridas coletivas e problemas logísticos. No meu caso, o crachá ainda não estava no sistema no primeiro dia. Ou seja, não havia liberação para entrar na granja. Telefonemas, e-mails, respostas e, muito tempo depois, chegou.
Cada crachá de acesso, aliás, tem a sua limitação. Estou liberado para o centro de imprensa, para um palco provisório armado pela CBF atrás do gol do campo principal e na área de circulação da granja. Os alojamentos, claro, ficam do lado oposto.
Resumindo, é terminando um texto e seguindo para outra demanda. Tudo num frio considerável – ainda mais para quem vem do Recife. Tempo variando de 10 a 15 graus e bastante vento, o que só piora a sensação térmica.
Nos intervalos – acredite, é preciso se alimentar -, surge uma resenha diferente, no contato com jornalistas de outros estados. Cada um com seu time – e que certamente escutam as mesmas coisas que eu -, sua visão da profissão, suas histórias. Em uma dessas, já na noite de domingo, estava terminando o texto para o jornal numa sala de imprensa com três televisões. Duas passando jogos ao vivo e uma com a reprise de Corinthians x Botafogo. Pedi para que mudassem de canal, para a TV Brasil. Sim, Salgueiro x ASA. “Pode colocar aí, vá por mim. Canal 166 da Sky”.
Não me levaram a sério na hora. No fim, a turma – formada por cariocas, paulistas e mineiros – estava torcendo pelo Carcará, que venceu por 1 x 0. Até ali, na prática, mal sabiam que o Salgueiro existia. Mudou. E tudo por causa da ampla cobertura da Seleção na Granja Comary, por causa da presença de 1.632 profissionais. E porque tive o prazer, como jornalista formado, de ser um deles…
Começou no exterior, mas não demorou a acontecer no país.
Os diários deixaram as folhas de papel para assumir uma versão completamente online.
Outros, em situação mais difícil, simplesmente deixaram de circular.
Fizeram história. Viraram história.
A mudança no comportamento da sociedade, a evolução tecnológica da informação, a qualidade da notícia, a crise econômica. São inúmeros os motivos apontados.
Certeza mesmo, só de que vivemos uma era de mudanças no jornalismo.
Um grande exemplo disso está nas bancas de São Paulo nesta terça-feira.
Na verdade, “não” está nas bancas. Após 46 anos, chegou ao fim o periódico Jornal da Tarde. O exemplar paulistano encerrou as suas atividades após um histórico criativo.
Entre as suas capas, destaque absoluto para a eliminação do Brasil na Copa de 1982.
Era uma terça-feira, dia 6 de julho, manhã seguinte à dolorosa eliminação de um dos times mais técnicos que a Seleção Brasileira já teve.
Quase todos os jornais brasileiros trouxeram imagens do time de Zico e Falcão desolado no gramado do Sarriá, simbolizando o fim do futebol-arte.
O Jornal da Tarde virou a câmera e focou a torcida. Surpreendeu (veja aqui).
Estabeleceu um modelo de jornalismo esportivo, além do factual, chapado.
No papel, na televisão, na tela do computador, do tablet, do smartphone ou simplesmente nas ondas do rádio, não importa o transmissor da notícia.
Dica para jornalistas interessados na área esportiva: a Unicap acaba de lançar a pós-graduação em administração esportiva, a 1ª do Norte-Nordeste). O curso está aberto a graduados em ensino superior em qualquer área.
Objetivos: formar gestores para clubes, associações, e demais entidades que desenvolvam atividades relaciondas às diversas modalidades dos esportes de alto rendimento e de lazer, consultores em gestão esportiva e empreendedores de novos negócios e projetos relacionados ao esporte.
Duração: 18 meses (de março de 2008 a agosto de 2010)
Valor: 18 x R$ 290