Colorizando a era de ouro do Náutico

Final do Pernambucano de 1954: Náutico 1x1 Sport (Timbu campeão). Foto de arquivo colorizada por Clayton Borges (@_Diiu)

A era de ouro da história futebolística do Náutico, a década de 1960, é baseada em fotografias em preto e branco e pouquíssimos vídeos, com a mesma textura. Imagens coloridas são raras, o que traz à tona o trabalho feito por Clayton Borges, um alvirrubro que colorizou da história timbu. Na verdade, ele começou antes mesmo do hexa, com a final do Estadual de 1954, entre Náutico e Sport.

O Alvirrubro com seu uniforme tradicional e o Leão com uma versão bem antiga do padrão reserva, inspirado na faixa do Vasco. Na imagem, os capitães Ivanildo (o “Espingardinha”) e Zé Maria, antes de a bola rolar, recebendo as últimas orientações do árbitro Mário Vianna, da federação paulista e então apontado como um dos melhores do país. O jogo na Ilha terminou 1 x 1, com o Náutico ficando com a taça após a melhor de três (veja a imagem original aqui).

Na sequência, Clayton – que compartilhou as fotos num grupo de torcedores nas redes sociais – usou a técnica via Photoshop e Lightroom nos destaques do hexa, ainda exclusivo. Uniformes, faixa de campeão, Aflitos… Tudo com o vermelho vivo, com o Náutico em cores. Eis a transformação visual do passado.

Qual foto histórica do seu clube você gostaria de ver colorida?

Confira o trabalho do ColoredHistory com a Seleção de 1958 clicando aqui.

Lula Monstrinho, goleiro (com a faixa de campeão em 1964)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Lula Monstrinho

Lala, atacante (com a faixa de tetracampeão em 1966)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Lala

Nado, ponta-direita (convocado à Seleção Brasileira em 1966)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Nado

Bita, centroavante (hexacampeão e maior artilheiro do clube, com 223 gols)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Bita

Ivan Brodi, meia (hexacampeão com mais jogos no período: 128 partidas)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Ivan Brondi

Campinense supera o Salgueiro no Sertão e encaminha vaga à semi da Lampions

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Salgueiro 0x2 Campinense. Crédito: Esporte Interativo/reprodução

Invicto, o Campinense estabeleceu a segunda melhor campanha na fase de grupos da Copa do Nordeste. Com cinco vitórias e um empate, só foi superado pelo Bahia, 100%. Uma estatística de respeito, ainda mais para um clube com um título no torneio, em 2013. Ainda assim, a Raposa parece conviver com a desconfiança dos torcedores dos maiores clubes da região, espalhados nas capitais. Pois lá em Campina Grande a história vem escrita de novo. No Sertão, fez 2 x 0 no Salgueiro, se impondo do começo ao fim da noite.

Enquanto os grandes recifenses vêm passando maus bocados no Cornélio de Barros, o time paraibano passeou, marcando dois gols com Jussimar e administrando o jogo no segundo tempo, bem postado em campo. Justificou o favoritismo, pois já havia vencido o adversário pernambucano lá e lô no grupo A. Encerrando os jogos de ida das quartas de final da Lampions, o Campinense obteve a maior vantagem até aqui, ficando com um pé na semifinal.

A segunda parte do confronto será no domingo, no Amigão, onde a Raposa não perde há um ano! Com um histórico recente de classificações em mata-matas, no Estadual e na Copa do Brasil, o Salgueiro terá a sua maior missão. Mas o esforço do time treinado por Sérgio China ainda é válido, pois, além da melhor campanha no torneio, fisgaria mais R$ 450 mil de cota. Somada aos R$ 935 mil já garantidos, a receita seria fundamental na Série C no segundo semestre.

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Salgueiro 0x2 Campinense. Crédito: Esporte Interativo/reprodução

Odebrecht deixa a operação da Arena com 24% de ocupação em 108 jogos de clubes

Arena Pernambuco. Foto: Odebrecht/divulgação

Atualização: apesar do prazo dado pelo próprio secretário, Felipe Carreras adiou a mudança, pois ainda aguarda o distrato formal para assumir a arena…

O dia 31 de março de 2016 marca o encerramento da operação da Arena Pernambuco Negócios e Investimentos S.A., o consórcio responsável pelo empreendimento em São Lourenço. O rompimento da parceria público-privada, cujo contrato duraria 30 anos, acontece por parte do governo do estado, devido ao resultado financeiro do estádio, operando no vermelho desde o início. Além da mobilidade, o déficit é uma consequência direta do contrato mal formulado pelo Palácio do Campo das Princesas, com ampla vantagem à iniciativa privada.

Desde a inauguração, no amistoso entre Náutico e Sporting, em junho de 2013, até hoje, foram 34 meses de administração, com 108 jogos envolvendo clubes em competições oficiais. Mesmo com o consórcio iniciando a venda de ingressos para Náutico x Central, em 2 de abril, o estado estimou o fim da parceria. Portanto, a taxa de ocupação neste contexto foi de apenas 24%, com menos de 12 mil pessoas. Ou seja, nem 1/4 do estádio, com 46.214 lugares.

O blog levantou os dados de público e renda nos jogos regulares. O quadro desconsiderou amistosos e as partidas entre seleções (nove, com Copa das Confederações, Copa do Mundo e Eliminatórias), com regras de faturamento bem distintas, para a Fifa e a CBF. Em 1.019 dias, até o Clássico dos Clássicos em 6 de março, a média foi de um jogo a cada 9 dias. Muito pouco para um estádio pensado para ao menos dois jogos por semana, com o Trio de Ferro.

Na conta, entrou até o clássico carioca entre Botafogo e Fluminense, pela Série A de 2013, quando o alvinegro bancou o aluguel, de R$ 270 mil, para ficar com todo o borderô, mas amargou um prejuízo de R$ 41 mil – foi a única experiência “forasteira”. A partir de 1º de abril, a administração passará para a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, por pelo menos 60 dias. No período, o estado pretende lançar uma nova licitação para a arena. Fica a expectativa sobre o novo tipo de contrato que será proposto, pois o prejuízo já foi milionário…

2016 (janeiro-março)
Jogos: 3 (3 do Náutico)
Público: 19.230 (média: 6.410)
Ocupação: 13,8%
Renda: R$ 482.845 (média: R$ 160.948)
Tíquete: R$ 25,10

2015 (janeiro-dezembro)
Jogos: 41 (29 do Náutico, 10 do Sport e 2 do Santa)
Público: 437.893 pessoas (média: 10.680)
Ocupação: 23,1%
Renda: R$ 11.017.089 (média: R$ 268.709)
Tíquete: R$ 25,16

2014 (janeiro-dezembro)
Jogos: 43 (30 do Náutico, 7 do Sport e 6 do Santa)
Público: 529.146 pessoas (média: 12.305)
Ocupação: 26,6%
Renda: R$ 14.467.554 (média: R$ 336.454)
Tíquete: R$ 27,34

2013 (junho-dezembro)
Jogos: 21 (18 do Náutico, 2 do Sport e 1 do Botafogo)
Público: 247.604 pessoas (média: 11.790)
Ocupação: 25,5%
Renda: R$ 6.360.142 (média: R$ 302.863)
Tíquete: R$ 25,68

Total: 34 meses, de 22/05/2013 a 06/03/2016
Jogos: 108 (80 do Náutico, 19 do Sport, 8 do Santa e 1 do Botafogo)
Público: 1.233.873 (média: 11.424)
Ocupação: 24,7%
Renda: R$ 32.327.630 (média: R$ 299.329)
Tíquete: R$ 26,20

Náutico – 80 jogos
Público: 626.596 pessoas (média: 7.832)
Ocupação: 16,9%
Renda: R$ 15.612.141 (média: R$ 195.151)
Tíquete: R$ 24,91

Sport – 19 jogos
Público: 452.597 pessoas (média: 23.820)
Ocupação: 51,5%
Renda: R$ 12.859.835 (média: R$ 676.833)
Tíquete: R$ 28,41

Santa Cruz – 8 jogos
Público: 145.011 pessoas (média: 18.126)
Ocupação: 39,2%
Renda: R$ 3.487.104 (média: R$ 435.888)
Tíquete: R$ 24,04

Botafogo – 1 jogo
Público: 9.669 pessoas
Ocupação: 20,9%
Renda: R$ 368.550
Tíquete: R$ 38,11

A diferença no custo do novo estádio do Peñarol em relação aos projetos do Recife

Estádio "Campeón del Siglo", do Peñarol, na inauguração, em 28/03/2016. Foto: Peñarol/twitter

O Peñarol inaugurou o estádio Campeón del Siglo, após 25 meses de obras, consumindo 40 milhões de dólares. Palco mais moderno de Montevidéu, que tinha o tradicional Centenário e o reformado Parque Central, do rival Nacional, como principais estádios, a nova casa carbonera impressiona pelo custo, sobretudo para os brasileiros, com estádios caríssimos para a Copa do Mundo de 2014. A cancha do clube pentacampeão Libertadores, construída do zero, num terreno a 19 quilômetros do centro da cidade, atende às normas básicas do Padrão Fifa, seguindo a quinta versão do dossiê “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, com 420 páginas.

Não foi uma obra pensada para o Mundial, mas para a sua torcida, o mais importante. Para bancar o projeto, o clube tentou um empréstimo de US$ 25 milhões. O banco só aprovou US$ 18 mi. E a direção tocou a obra, sem luxo. Não por acaso, à parte de instalações modernas, como a fachada, o museu, o restaurante e o auditório, o empreendimento conta com adequações voltadas para o público local. Com 17 entradas, a arquibancada é espaçosa, mas apenas uma das quatro tribunas são cadeiradas. As demais, não, até porque boa parte da torcida “alenta” em pé – aos poucos, a mudança chega ao Brasil, com setores sem cadeiras nas arenas de Corinthians e Grêmio.

A princípio, não foi colocada uma cobertura, que encareceria bastante o projeto – porém, a estrutura foi pensada para uma reforma futura. Simples, mas funcional, o estádio – curiosamente já visitado e aprovado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino – apresenta um custo mais em conta. Basta comparar com os cinco projetos apresentados no Recife, sendo quatro construções e uma reforma. A partir do valor original de cada um, na época do lançamento, o blog enumerou dois quadros, equiparando os dados na moeda americana, em números absolutos, e na moeda brasileira, com correção monetária, através do IGP-M.

Independentemente da escolha, as projeções locais estão muito acima. Até a Arena Coral, que não começaria do zero. No caso do Sport, o orçamento do estádio – sem shopping e hotéis – seria suficiente para erguer cinco campos iguais ao do Peñarol. Cinco! E o que dizer da Arena Pernambuco? Em valores corrigidos, R$ 110 mi x R$ 817 mi. Não estaria na hora de considerar o perfil torcedor pernambucano, em vez dos gastos astronômicos do pleno “Padrão Fifa”? Sem surpresa, aqui, só um saiu do papel, com custo ainda indefinido…

Campeón del Siglo
Local: Montevidéu
Lançamento: 19/12/2013
Capacidade: 40.000
Custo: R$ 93.156.000
Dólar: US$ 40 milhões (cotação*: R$ 1,76)
Correção**: R$ 110.029.262

Arena Sport
Local: Ilha do Retiro (Recife)
Lançamento: 17/03/2011
Capacidade: 45.000
Custo: R$ 400 milhões (depois, o complexo subiu para R$ 750 milhões)

Dólar: US$ 238.663.484 (cotação*: R$ 1,67)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 496%
Correção**: R$ 551.618.560
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 401%

Arena Timbu
Local: Engenho Uchôa (Recife)
Lançamento: 18/11/2009
Capacidade: 30.000
Custo: R$ 300 milhões

Dólar: US$ 174.825.174 (cotação*: R$ 1,76)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 337%
Correção**: R$ 468.083.640
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 325%

Arena Pernambuco
Local: Jardim Penedo (São Lourenço da Mata)
Lançamento: 15/01/2009
Capacidade: 46.214
Custo: R$ 532 milhões (toda a Cidade da Copa custaria R$ 1,59 bilhão)

Dólar: US$ 229.053.646 (cotação*: R$ 2,32)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 472%
Correção**: R$ 817.164.821
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 642%

Arena Coral
Local: Arruda (Recife)
Lançamento: 28/06/2007
Capacidade: 68.500
Custo: R$ 190 milhões

Dólar: US$ 98.911.968 (cotação*: R$ 1,92)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 147%
Correção**: R$ 341.207.985
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 210%

Arena Recife-Olinda
Local: Salgadinho (Olinda)
Lançamento: 29/05/2007
Capacidade: 45.500
Custo: R$ 335 milhões

Dólar: US$ 172.209.941 (cotação*: R$ 1,94)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 330%
Correção**: R$ 601.844.183
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 446%

* A conversão foi calculada do dia do lançamento para 29 de março de 2016
** Correção através do IGP-M do dia do lançamento para fevereiro de 2016

Estádio "Campeón del Siglo", do Peñarol, na inauguração, em 28/03/2016: Peñarol 4x1 River Plate-ARG. Foto: Peñarol/twitter

Podcast 45 (228º) – Momentos decisivos no Estadual e Nordestão, Arena e Seleção

A semana bem movimentada no futebol pernambucano rendeu um podcast de quase duas duas. Começamos com o momento decisivo no Estadual, após os tropeços de Santa (América) e Sport (Salgueiro). Projeção de confrontos na semi? E a melhora técnica no Tricolor, de técnico novo? Analisamos tudo. Em seguida, a pauta foi direcionada para a Arena Pernambuco, cuja administração passará para o governo do estado em 1º de abril. O que poderá mudar (mobilidades, calendário, serviços)? Claro, pontuamos a situação do Náutico nesta polêmica. Por fim, detalhes de Brasil 2 x 2 Uruguai, em São Lourenço.

Confira um infográfico com a pauta do programaqui.

Neste podcast, com 1h54, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Sport perde outra do Salgueiro, agora na Ilha e com desgaste desnecessário

Pernambucano 2016, 9ª rodada: Sport 0x1 Salgueiro. Foto: Peu Ricardo/Esp. DP

Seguindo como carrasco, o Salgueiro venceu o Sport na Ilha do Retiro de forma incontestável. Arrumado e com mais vontade em campo, o time sertanejo foi cirúrgico em sua estratégia, diante de uma adversário desinteressado, com cara de feriadão, numa formação injustificável de Falcão. A vitória poderia dar a vantagem de decidir em casa no mata-mata estadual? Francamente, seria um bônus mínimo, ainda mais considerando que a escolha do mando é da FPF. Pois o treinador rubro-negro apostou no jogo e poupou apenas Danilo Fernandes e Durval, substituídos por Magrão e Luis Gustavo.

Manteve os três volantes – por que não testar uma variação, já que Diego Souza atuará no Nordestão? -, apresentando um futebol sem intensidade, com falso domínio através da posse de bola. No primeiro tempo, o Leão teve 67%, mas criou apenas três chances. Desperdiçadas por Gabriel Xavier (lance de maior perigo), Lenis (bateu fraco) e Túlio de Melo (cabeçada). Na etapa complementar, nem isso. Ligação direta e meias distantes do ataque. Tocando bem a bola e ganhando quase todas as sobras – num sinal claro de vontade -, o Salgueiro foi se adiantando, arriscando. Precisou nem entrar na área para vencer.

Aos 26 minutos, Toty bateu forte, de longe. A bola ainda tocou na trave antes de entrar, 1 x 0. Se a apresentação já desagrava os 4.370 espectadores, em desvantagem o time se portou ainda pior. Sem qualquer aspecto de coletividade, não houve reação. Com o revés, o Sport não pode mais acabar o hexagonal na liderança, e mesmo o segundo lugar está difícil. Ou seja, o domingo só rendeu desgaste (físico e de confiança) numa semana decisiva, com as quartas de final da Lampions. Quanto ao Carcará, atual vice-campeão estadual, foi dado mais um passo na campanha sólida, hoje com 74% de aproveitamento.

Pernambucano 2016, 9ª rodada: Sport 0x1 Salgueiro. Foto: Peu Ricardo/Esp. DP

Santa não passa pelo América e vaga na semi passará no Clássico das Multidões

Pernambucano 2016, 9ª rodada: América 0x0 Santa Cruz. Foto: Rafael Martins/Esp. DP

O choque de realidade após o clássico entre Brasil e Uruguai na Arena Pernambuco foi duro, com América e Santa Cruz fazendo um jogo fraquíssimo tecnicamente. Na Ilha do Retiro, no dia seguinte ao duelo entre Neymar e Luis Suárez, uma partida de poucas emoções, ainda que estivesse em disputa a vaga à semifinal estadual. Mas não havia como mudar o contexto, com um time extremamente frágil de um lado e um adversário em crise do outro.

Ao Tricolor, mesmo com a má campanha, uma vitória simples diante do Mequinha (goleado nas rodadas anteriores por Náutico e Sport) seria suficiente para garantir a vaga. Foi incapaz. Único concorrente, o Alviverde até poderia ultrapassá-lo na classificação em caso de vitória, mas estava cristalino como o empate lhe agradava. Até porque, mesmo sem fazer muito em campo, o Santa criou algumas chances, parando no goleiro Delone, que empurrou para a última rodada do hexagonal a definição sobre a 4ª colocação da fase.

O empate em 0 x 0 deixou a situação da seguinte forma: com 10 pontos, o Santa precisa de um empate no Clássico das Multidões, em 10 de abril, para não depender de outro resultado. Já o América precisa ganhar do Central, em Caruaru, e torcer por uma derrota coral. Assim, os dois empatariam em 10 pontos, com o Mequinha à frente nas vitórias (3 x 2). Pois é, uma disputa pra lá de improvável se mantém no Estadual. Pra lá de aceitável, também, a vaia dos tricolores, maioria entre as 1.148 pessoas que encararam a peleja

Pernambucano 2016, 9ª rodada: América 0x0 Santa Cruz. Foto: Rafael Martins/Esp. DP

Jogão na Arena Pernambuco, com o Brasil cedendo o empate ao Uruguai

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil x Uruguai. Foto: AUF/twitter (@Uruguay)

Foi uma partidaça de futebol, bem jogada, batalhada e com muitos gols. Brasil e Uruguai fizeram valer a expectativa na Arena Pernambuco, que nunca havia recebido um jogo da Seleção. No primeiro tempo, pleno destaque para Neymar, armando e atacando, liso em campo. Na retomada, o atacante caiu, junto como todo o time. Levando em conta que do outro lado havia um poderoso ataque, a situação ficou complicada diante dos hermanos, com Cavani e Suárez balançando as redes e pressionando para virar. Ao todo, 20 finalizações (Uruguai 12 x 8). Entre as 45 mil pessoas presentes, várias conseguiram a proeza de não fixar o olhar no impecável gramado. Algumas porque não conseguiram chegar a tempo, devido à mobilidade falha na estrada, mas outras tantas preferiram ficar entretidas nos shows da área vip e nos incontáveis selfies. Acabaram desperdiçando uma oportunidade única. Só lamento.

Quem prestou atenção, no campo ou na tevê, reconheceu o esforço inicial do time de Dunga, superior na primeira metade do confronto. No decorrer da noite apareceriam os problemas defensivos, técnicos e táticos  – também reflexo dos 128 dias sem jogo do time -, diretamente relacionados à reviravolta no placar, desorganizando o conjunto de vez. O Brasil abriu dois gols de diferença em apenas 25 minutos, com Douglas Costa e Renato Augusto – na verdade, a vantagem vinha desde os 40 segundos! A equipe jogou para ampliar, mas deu espaço, sem tanta pegada no meio-campo. E isso é algo fatal, pois a Celeste é especialista em deixar um jogo encardido mesmo fazendo pouco (até então).

O maestro Tabárez passou a investir nas costas dos laterais brasileiros, e foi buscar o empate através dos atacantes do PSG e do Barça, aos 30 da primeira etapa e aos 2 da segunda. Suárez, aliás, chegou a quatro gols na arena, marcando nas três vezes em que esteve no local (Espanha, Taiti e Brasil). E o que era uma festa, com cara de goleada, virou o clássico de sempre, com o time charrúa chegando bem perto da virada, sobretudo em cima do zagueiro David Luiz, com uma idolatria incompreensível na arquibancada.

No finzinho, Alisson salvou o Brasil de uma derrota em casa pelas Eliminatórias. o que nunca aconteceu. Livre, Suárez perdeu, com a defesa comemorada como um grito de gol. Como a pressão adversária continuou nos descontos, a paciência foi embora, com vaias da torcida verde e amarela. Não pela diversão (futebolisticamente falando, houve), mas pelo resultado, naturalmente. O empate em 2 x 2 acabou com uma sequência de oito vitórias consecutivas da Seleção atuando em Pernambuco. A arrancada havia começado justamente contra o Uruguai, em 1985, no Arruda. Mas eles não desistem, nunca…

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Douglas Costa). Foto: Brasil Global Tour/twitter (‏@BGT_ENG)

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Renato Augusto). Foto: Brasil Global Tour/twitter (‏@BGT_ENG)

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Cavani). Foto: AUF/twitter (@Uruguay)

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Suárez). Foto: Brasil Global Tour/twitter (‏@BGT_ENG)

O maior público da Arena Pernambuco e a maior renda (conhecida) do estado

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil x Uruguai. Foto: João de Andrade Neto/DP

O jogo entre Brasil e Uruguai registrou o recorde de público da Arena Pernambuco, com 45.010 torcedores, sendo 43.898 pagantes e 1.112 gratuidades. Esse borderô correspondeu a 97,3% da capacidade máxima do estádio. Para isso, contabilizaram todas as entradas, inclusive de pessoas que acabaram nem entrando. A noite ainda reservou outro recorde. A bilheteria foi a maior da história da futebol do estado, arrecadando R$ 4.961.890 (tíquete médio de R$ 113). Para a marca ser reconhecida é preciso desconsiderar os torneios da Fifa em 2013 e 2014, com oito jogos na arena, uma vez que as rendas não foram divulgadas.

É até possível que alguns jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo tenham gerado mais dinheiro, pois a maioria dos ingressos foi comercializada a partir de R$ 180 – a carga com desconto foi bem enxuta. Portanto, levando em conta as arrecadações “abertas”, o clássico sul-americano superou outro jogo válido pelas Eliminatórias da Copa, Brasil 2 x 1 Paraguai, em 10 de junho de 2009. Naquela noite, o Arruda recebeu 55.252 pagantes, proporcionando R$ 4.322.555 (média de R$ 78), destinando 10% para o Santa Cruz.

Bilheteria à parte, esta foi a 9ª vez que um público na Arena passou da casa de 40 mil espectadores, em mais de cem jogos realizados em São Lourenço. Foram oito jogos entre seleções e apenas um entre clubes (Sport x São Paulo). Até hoje, nenhum ocupou 100% dos 46.214 lugares – dado pra lá de incomum, pois algumas partidas tiveram lotação máxima, com a quantidade de assentos reduzida por questões de segurança.

Maiores públicos da Arena Pernambuco
45.010 – Brasil 2 x 2 Uruguai (25/03/2016)

41.994 – Sport 2 x 0 São Paulo (19/07/2015)
41.876 – Alemanha 1 x 0 Estados Unidos (26/06/2014)
41.705 – Espanha 2 x 1 Uruguai (16/06/2013)
41.242 – Costa Rica (5) 1 x 1 (3) Grécia (29/06/2014)
41.212 – México 3 x 1 Croácia (23/06/2014)
40.489 – Itália 4 x 3 Japão (16/06/2013)
40.285 – Costa Rica 1 x 0 Itália (20/06/2014)
40.267 – Costa do Marfim 2 x 1 Japão (14/06/2014)

Bastidores da Seleção no Recife, na primeira aparição de Neymar na Arena

Brasil treinando na Arena Pernambuci antes do jogo contra o Uruguai pelas Eliminatórias da Copa 2018. Crédito: Rafael Ribeiro/CBF

Com uma programação bem enxuta na capital pernambucana, passando apenas 36 horas, a Seleção Brasileira realizou o único treino antes do jogo contra o Uruguai pouco depois da chegada ao hotel em Boa Viagem, onde foi recepcionada por torcedores.

A assessoria da CBF divulgou um vídeo de bastidores da viagem da Canarinha ao Recife, desde a Granja Comary. À noite, o time realizou um reconhecimento na Arena Pernambuco, na primeira e única aparição de Neymar no estádio antes do clássico pelas Eliminatórias da Copa 2018.