Classificação da Série A 2014 – 4ª rodada

Classificação da Série A 2014, na 4ª rodada. Crédito: Fifa

A primeira vitória do Sport como visitante no Brasileirão, no 1 x 0 sobre o Coritiba, valeu cinco colocação para o time na tabela, pulando do 10º para o 5º lugar.

Curiosamente, a única derrota leonina até após quatro rodadas foi justamente para o atual líder da competição, o Internacional, isolado na ponta. No próximo domingo, o clássico entre os clubes mais vencedores do Nordeste, Sport x Bahia. E valerá o G4…

A 5ª rodada do representante pernambucano
18/05 – Sport x Bahia (16h00)

Jogos no Recife pela elite: 4 vitórias leoninas, 4 empates e 6 derrotas.

No frio curitibano, a primeira vitória leonina longe da Ilha

Série A 2014, 4ª rodada: Coritiba x Sport. Crédito: JOKA MADRUGA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Buscando uma variação tática, Eduardo Batista bancou o Sport no 4-4-2 no Paraná. Logo fora de casa, tentou ser mais ofensivo. A falta de ímpeto contra o Inter, há uma semana, incomodou o treinador rubro-negro.

E o resultado veio, Coxa 0 x 1 Leão, com muita determinação e paciência.

O primeiro tempo do Sport foi de muita marcação neste domingo. Fechou bem os espaços e não passous sustos, apesar de ter errado alguns passes na saída de bola. Foram esses os momentos de maior tensão, e olhe lá.

No ataque, o volante Augusto César surpreendeu, aparecendo bastante. Inclusive, teve nos pés a melhor chance rubro-negra até então, num contra-ataque. Renan Oliveira (substituindo Ailton) passava livre pelo lado direito, mas resolveu arriscar de longe.

O pior momento veio na largada da etapa complementar. Numa falta grotesca de atenção de Renan, na meia lua, Alex aproveitou e bateu firme, com a bola explodindo no travessão.

Mas é preciso ressaltar que no frio curitibano o Sport não abdicou do ataque, apesar de uma quantidade sem fim de contra-ataques mal executados. Aos poucos, foi enxergando a possibilidade de vencer pela primeira vez como visitante nesta Série A.

E o gol saiu a cinco minutos do fim, numa bola parada. Neto Baiano bateu forte, no cantinho. O goleiro espalmou e Rithely, mais uma vez, apareceu como surpresa.

Um triunfo para deixar o time pernambucano em 6º lugar. Bom começo. Ainda assim, é preciso qualificar o elenco, justamente para consolidar o momento…

Série A 2014, 4ª rodada: Coritiba x Sport. Crédito: facebook.com/coritibaoficial

Antes tarde do que nunca, as despedidas oficiais de Leonardo e Kuki

Leonardo (Sport) e Kuki (Náutico), ex-ídolos do futebol pernambucano. Fotos: Sport/instagram, Gil Vicente e Heitor Cunha (ambos do DP/D.A Press) e arquivo pessoal/Kuki

Leonardo e Kuki marcaram época no futebol pernambucano.

No Sport, entre 1992 e 2000, o rápido e habilidoso Leonardo conquistou nove títulos, sendo o jogador com mais conquistas pelo clube. Marcou 136 gols, sendo 34 na Série A, tornando-se o terceiro maior artilheiro da história rubro-negra. Foi ídolo numa época de domínio leonino na região.

No Náutico, de 2001 a 2010, o raçudo Kuki mostrou um raro faro de gol. Já chegou experiente, mas fez história, vestindo a camisa vermelha e branca em 386 partidas, recorde do clube. Balançou as redes 179 vezes, com três títulos e três artilharias. Foi o símbolo do resgate alvirrubro, que vivia um enorme jejum.

Ambos encerraram as carreiras profissionais em 2010, Leonardo aos 36 anos e Kuki aos 39. Atuaram juntos somente num amistoso solidário, o Gol pela Vida.

Quatro anos depois, antes tarde do que nunca, os dois atacantes terão as suas despedidas oficiais dos gramados. Cada um na sua em 2014…

Na Arena Pernambuco, possível amistoso antes do Mundial, com Kuki. Na Ilha do Retiro, possível amistoso do Sport com Leonardo após a Copa do Mundo.

Jogos festivos, camisas exclusivas, placas especiais etc.

Na memória das duas torcidas rivais, golaços e mais golaços. Ao todo, foram 315 com as duas camisas. Rubro-negros e alvirrubros terão mais uma oportunidade de vibrar com os velhos ídolos. Mais um gol na conta?

Invadindo o campo para comemorar uma conquista, mas sabendo a hora de sair

Torcida do Manchester City comemora o título inglês de 2014. Crédito: ESPN/reprodução

O Manchester City comemorou o título de campeão inglês da temporada 2013/2014 em seu estádio, em grande estilo. Após a vitória sobre o West Ham por 2 x 0, na 38ª rodada da Premier League, a torcida invadiu o campo.

Não estava no script, mas não havia segurança suficiente para conter o público.

Foram milhares de torcedores no gramado, abraçando e erguendo os jogadores. Um festa espontânea, mas com um mínimo de organização, acredite.

Durou cerca dez minutos. Depois, todos voltaram para os seus lugares, para que o palco fosse armado para a entrega da taça. Pois é.

Torcida do Manchester City comemora o título inglês de 2014. Crédito: ESPN/reprodução

No Brasil, hoje, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva provavelmente aplicaria uma punição pesada. Ou, no mínimo, a cena iria a julgamento, como aconteceu com Náutico e Sport no acesso na Série B de 2011, quando as duas torcidas invadiram os Aflitos e o Serra Dourada. Por mais lúdico que os episódios tenham sido.

Falando nisso, vamos às imagens de três invasões clássicas no futebol pernambucano.

Momentos guardados nas grandes torcidas do estado, sem dúvida.

Sport, campeão brasileiro de 1987
O capitão rubro-negro, Estevam, recebeu a famosa taça das bolinhas já com a multidão no campo. Foi aberto o portão da geral da sede, com bandeiras sendo tremuladas no gramado, comemorando a vitória sobre o Guarani por 1 x 0. O comunicado da direção da CBF sobre o título oficial foi dado com a torcida ao lado.

Torcida do Sport comemora o título brasileiro de 1987, na Ilha do Retiro. Crédito: Youtube(Futuro Sport)/TV Jornal/SBT

Santa Cruz, campeão pernambucano de 1995
A torcida coral nem esperou o apito final do árbitro Wilson Souza. Com a vitória no jogo de ida e o 2 x 0 no Arruda, os primeiros tricolores pularam o canal aos 45 minutos do segundo tempo. Na invasão, teve jogador que saiu do campo de cueca, como o goleiro Marco Aurélio. Qualquer peça do uniforme era uma lembrança para o povão.

Torcida do Santa Cruz comemora o título pernambucano de 1995, no Arruda. Crédito: Youtube/Rede Globo Nordeste

Náutico, acesso à elite nacional em 2011
O empate em 2 x 2 com a Ponte Preta garantiu o vice da Série B ao Alvirrubro. Como o acesso havia sido conquistado na rodada anterior, fora de casa, a torcida festejou a volta ao Brasileirão, invadindo o campo dos Aflitos como há muito não se via. A festa já estava programada, com um palco atrás da barra, com show de Faringes da Paixão.

Torcida do Náutico comemora o acesso à Série A em 2011, nos Aflitos. Crédito: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

O complexo caminho brasileiro para a Copa Sul-Americana 2014

Copa Sul-Americana

O já complicado sistema brasileiro de classificação à Copa Sul-Americana, com oito vagas, ficou mais complexo em 2014, interligando outro torneio. Agora, é levada em consideração as Séries A e B, as Copas do Brasil e do Nordeste.

Inicialmente, Náutico, Sport e Santa Cruz estavam na briga. A situação mudou.

A já famosa “fila de espera” continua, mas com sete lugares em vez de oito. A partir da classificação no Brasileiro – com os quatro times oriundos da Série B à frente dos quatro rebaixados -, é feita a lista. Para disputar o torneio internacional, é preciso ser eliminado da Copa do Brasil antes das oitavas de final, uma vez que as competições serão paralelas no segundo semestre.

Portanto, os sete mais bem colocados no Brasileiro entre os eliminados de forma precoce na copa nacional avançam… Vale ler duas vezes para entender.

Abaixo, as 18 equipes previamente na briga. Com a disputa completa na pioneira fase da Copa do Brasil, além de parte da segunda, eis a situação dos candidatos no mata-mata nacional – já a cor corresponde ao contexto da Sul-Americana. Na configuração atual, o Timbu está fora.

Fila brasileira da Copa Sul-Americana 2014. Crédito: wikipedia

Os confrontos que interessam na Copa do Brasil são os seguintes:

Corinthians x Bahia ou América-MG
São Paulo x Figueirense ou Bragantino
Coritiba x Sport ou Paysandu
Inter ou Cuiabá x Ceará ou Chapecoense
Vasco x Ponte Preta
Santos ou Solimões x Barueri ou Londrina
Palmeiras ou Sampaio Corrêa x Avaí ou ASA
Fluminense x América-RN ou Náutico

A oitava vaga brasileira é destinada ao campeão da Copa do Nordeste, a novidade desta versão. Porém, também há uma exceção à regra.

Caso o campeão regional do ano correspondente (o Sport) chegue nas oitavas da Copa do Brasil, o lugar no torneio da Conmebol será repassado ao vice, e assim sucessivamente, até que algum clube cumpra os requisitos.

Então, vamos à possível fila do Nordestão (valendo a vaga “Brasil 8”).

1º) Sport (na 2ª fase da Copa do Brasil)
2º) Ceará (2ª fase)
3º) América-RN (2ª fase)
4º) Santa Cruz (2ª fase)
5º) CSA (já eliminado na Copa do Brasil)

Desta forma, dos três pernambucanos, apenas Sport e Santa permanecem em busca da Sula. Tanto no Brasileiro quanto no Nordestão, o Alvirrubro já não pode mais. Para o Leão, basta sair da Copa do Brasil até a terceira fase.

À Cobra Coral, é preciso sorte – ainda maior que a já incrível combinação que deu uma vaga ao Rubro-negro em 2013. No caso, precisa sair da Copa do Brasil nas duas próximas etapas e torcer para que Sport (Paysandu e Coritiba), Ceará (Chapecoense e Inter), e América-RN (Náutico e Fluminense) passem nos dois próximos mata-matas, chegando nas oitavas de final.

Observação: O blog vem tentando contato com a direção de competições da CBF para tirar a dúvida quanto à chance de o Sport entrar na Sul-Americana pela fila do Brasileiro, o que abriria a vaga do Nordestão ao vice.

A Copa Sul-Americana terá 47 times e será realizada de 19 de agosto a 10 de dezembro. O sorteio do chaveamento será em 20 de maio, em Buenos Aires.

Os primeiros jogos de portões fechados de alvirrubros, rubro-negros e tricolores

Náutico, Santa Cruz e Sport contam com mais de cinco milhões de torcedores, segundo as pesquisas nacionais mais recentes. Um número considerável, que se estende à presença do público nas partidas no Recife.

Apesar disso, o comportamento de uma parcela ínfima das massas resultou em penas emblemáticas. A disputa de um jogo oficial de portões fechados.

Os três rivais centenários já passaram pela constrangedora situação. Pior. As partidas foram exibidas na tevê, sem um torcedor sequer nas arquibancadas. Sem bilheteria, os clubes engoliram um prejuízo daqueles. Pior. O borderô ainda terminou negativo, com o custo operacional de pelo menos R$ 10 mil.

Eis a triste primeira vez de cada um…

29/04/2005 – Náutico 1 x 3 Portuguesa (Série B)
A punição foi imposta pela CBF após a invasão de um torcedor alvirrubro no gramado dos Aflitos, num jogo contra o Bahia no Campeonato Brasileiro do ano anterior. O Timbu precisou atuar na Ilha do Retiro.

Série B 2005: Náutico 1x3 Portuguesa. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

16/02/2014 – Sport 2 x 0 CSA (Nordestão)
A confusão com integrantes da uniformizada do clube, na estreia da competição contra o Botafogo, no Almeidão, resultou na perda de dois mandos. A punição do STJD acabou reduzida para um jogo. Como não houve atenuante na Ilha, não foi preciso mudar o local.

Nordestão 2014, quartas de final: Sport 2x0 CSA. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A.Press

07/05/2014 – Santa Cruz 3 x 1 Lagarto (Copa do Brasil)
O assassinato de um torcedor na saída do Arruda, após o jogo Santa x Paraná, pela Série B, gerou uma pena preventiva da CBF, com a interdição imediata do Mundão e a pena de portões fechados. Assim, os Aflitos, sem uso, foi o escolhido.

Copa do Brasil 2014, 1ª fase: Santa Cruz 3x1 Lagarto. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Antônio Luiz Neto, Martorelli e Glauber na intenção de acionar as organizadas pelas marcas

Camisas da Inferno Coral, Torcida Jovem e Fanáutico

O Cruzeiro foi o primeiro a quebrar o elo. Em dezembro de 2013, já campeão brasileiro, o clube proibiu o uso da sua marca nos materiais das uniformizadas.

A direção mineira alegou prejuízo financeiro ao deixar de arrecadar através dos royalties, via licença da marca, e também na própria imagem do agremiação, com as constantes brigas envolvendo supostos integrantes das organizadas, resultando inclusive na perda de mandos de campo.

Cinco meses depois, os três grandes clubes de Pernambuco iniciam uma articulação para findar a ligação com a mesma alegação. Até porque as três principais facções do estado usam os distintivos dos times em seus materiais…

Na sede da FPF, numa reunião com o procurador geral do STJD, Paulo Schmitt, os presidentes de Santa Cruz, Sport e Náutico admitiram sobre os planos de distanciamento mercadológico da Inferno Coral, Torcida Jovem e Fanáutico.

Antônio Luiz Neto
“Acionamos a empresa responsável pelo direito de uso da nossa marca para que ela tome medidas quanto a isso.”

João Humberto Martorelli
“O Sport está estruturando o seu departamento de licenciamento de marcas para garantir que as organizadas não tenham direito ao uso da marca do Sport.”

Glauber Vasconcelos
“Vamos acionar a empresa responsável pela nossa marca e também cobramos uma participação do estado na fiscalização desse tipo de produto.”

As ramificações das uniformizadas com a Jovem, Inferno Coral e Fanáutico

Torcidas organizadas no futebol brasileiro

A Jovem (Sport) é parceira da Camisa 12 (Inter), que é rival da Geral (Grêmio), que é aliada da Fanáutico (Náutico), que por sua vez alimenta uma rivalidade com a Inferno Coral (Santa), parceira da Galoucura (Atlético-MG), que é inimiga da Máfia Azul (Cruzeiro), facção ligada à Jovem (Sport)… Entendeu? Pois é.

A cena é comum no Recife, em Salvador, São Paulo, Porto Alegre ou qualquer outra grande capital. A torcida organizada visitante, de outro estado, recebe o apoio da uniformizada do rival local do adversário. Um complexo e perigoso trato baseado nas ramificações das “torcidas organizadas aliadas”.

Existem seis grandes grupos, que acirram ainda mais as rivalidades, até em clubes sem tradições do tipo. Como, por exemplo, Santa Cruz x Paraná, no Arruda. A Fúria do Paraná é parceira da Jovem do Sport, que integra também a “união do punho cruzado”. Por isso, recebeu o apoio logístico (hospedagem, material e transporte) da facção pernambucana, incluindo a presença de membros.

O fato acabou levando à presença de Paulo Ricardo na fatídica partida

Em quase todos os jogos o cenário se repete, com maior ou menor intensidade, dependendo do tamanho da “TO”. Abaixo, as ramificações dos maiores grupos do estado, em ação nos bastidores à parte da proibição da justiça nos estádios.

Torcida Jovem (Sport) – 90 mil membros
Principais aliadas: Máfia Azul (Cruzeiro), Independente (São Paulo), Jovem Fla (Flamengo) e Camisa 12 (Inter)

Torcidas uniformizadas aliadas da Torcida Jovem (Sport)

Inferno Coral (Santa Cruz) – 80 mil membros
Principais aliadas: Força Jovem (Vasco), Galoucura (Atlético-MG), Bamor (Bahia) e Mancha Azul (CSA).

Torcidas uniformizadas aliadas da Inferno Coral (Santa Cruz)

Fanáutico (Náutico) – 20 mil membros
Principais aliadas: TUP (Palmeiras), Geral (Grêmio), Jovem (Botafogo) e Cearamor (Ceará)

Torcidas uniformizadas aliadas da Fanáutico (Náutico)

As milionárias receitas de Sport, Náutico e Santa Cruz no triênio 2011-2013

Balanço financeiro de Sport, Náutico e Santa Cruz em 2011, 2012 e 2013. Arte: Silvino/Editoria de Arte do DP

Bilheteria, direitos de transmissão na televisão, patrocinadores, quadro de sócios, negociação de jogadores, venda de produtos oficiais, premiações. Somando todas as receitas possíveis em 2013, os três grandes clubes do estado registraram um faturamento de R$ 116 milhões, de acordo com os balanços financeiros apresentados por Náutico, Santa Cruz e Sport.

Numa primeira análise, uma volume considerável. No entanto, o montante foi 13% inferior ao resultado de 2012.

Receita operacional agregada
2011 – R$ 83.296.759
2012 – R$ 134.030.496 (+50.733.737, ou +60%)
2013 – R$ 116.488.865 (-17.541.631, ou -13%)

Dívida agregada (soma dos passivos circulante e não circulante)
2011 – R$ 177.496.391
2012 – R$ 170.898.306 (-6.598.085, ou -3%)
2013 – R$ 182.045.072 (+11.146.766, ou +6%)

Curiosidade: caso a receita tivesse sido dividida de forma igualitária, cada um teria recebido no ano passado exatamente R$ 38.829.621.

Confira a íntegra dos balanços financeiros: Sport, Náutico e Santa Cruz.

Os dados estão presentes nos balanços financeiros publicados pelos clubes em 30 de março (Tricolor), no Diario de Pernambuco, 8 de abril (Rubro-negro), na Folha de Pernambuco, e 30 de abril (Alvirrubro), no Diário Oficial do Estado.