Odebrecht deixa a operação da Arena com 24% de ocupação em 108 jogos de clubes

Arena Pernambuco. Foto: Odebrecht/divulgação

Atualização: apesar do prazo dado pelo próprio secretário, Felipe Carreras adiou a mudança, pois ainda aguarda o distrato formal para assumir a arena…

O dia 31 de março de 2016 marca o encerramento da operação da Arena Pernambuco Negócios e Investimentos S.A., o consórcio responsável pelo empreendimento em São Lourenço. O rompimento da parceria público-privada, cujo contrato duraria 30 anos, acontece por parte do governo do estado, devido ao resultado financeiro do estádio, operando no vermelho desde o início. Além da mobilidade, o déficit é uma consequência direta do contrato mal formulado pelo Palácio do Campo das Princesas, com ampla vantagem à iniciativa privada.

Desde a inauguração, no amistoso entre Náutico e Sporting, em junho de 2013, até hoje, foram 34 meses de administração, com 108 jogos envolvendo clubes em competições oficiais. Mesmo com o consórcio iniciando a venda de ingressos para Náutico x Central, em 2 de abril, o estado estimou o fim da parceria. Portanto, a taxa de ocupação neste contexto foi de apenas 24%, com menos de 12 mil pessoas. Ou seja, nem 1/4 do estádio, com 46.214 lugares.

O blog levantou os dados de público e renda nos jogos regulares. O quadro desconsiderou amistosos e as partidas entre seleções (nove, com Copa das Confederações, Copa do Mundo e Eliminatórias), com regras de faturamento bem distintas, para a Fifa e a CBF. Em 1.019 dias, até o Clássico dos Clássicos em 6 de março, a média foi de um jogo a cada 9 dias. Muito pouco para um estádio pensado para ao menos dois jogos por semana, com o Trio de Ferro.

Na conta, entrou até o clássico carioca entre Botafogo e Fluminense, pela Série A de 2013, quando o alvinegro bancou o aluguel, de R$ 270 mil, para ficar com todo o borderô, mas amargou um prejuízo de R$ 41 mil – foi a única experiência “forasteira”. A partir de 1º de abril, a administração passará para a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, por pelo menos 60 dias. No período, o estado pretende lançar uma nova licitação para a arena. Fica a expectativa sobre o novo tipo de contrato que será proposto, pois o prejuízo já foi milionário…

2016 (janeiro-março)
Jogos: 3 (3 do Náutico)
Público: 19.230 (média: 6.410)
Ocupação: 13,8%
Renda: R$ 482.845 (média: R$ 160.948)
Tíquete: R$ 25,10

2015 (janeiro-dezembro)
Jogos: 41 (29 do Náutico, 10 do Sport e 2 do Santa)
Público: 437.893 pessoas (média: 10.680)
Ocupação: 23,1%
Renda: R$ 11.017.089 (média: R$ 268.709)
Tíquete: R$ 25,16

2014 (janeiro-dezembro)
Jogos: 43 (30 do Náutico, 7 do Sport e 6 do Santa)
Público: 529.146 pessoas (média: 12.305)
Ocupação: 26,6%
Renda: R$ 14.467.554 (média: R$ 336.454)
Tíquete: R$ 27,34

2013 (junho-dezembro)
Jogos: 21 (18 do Náutico, 2 do Sport e 1 do Botafogo)
Público: 247.604 pessoas (média: 11.790)
Ocupação: 25,5%
Renda: R$ 6.360.142 (média: R$ 302.863)
Tíquete: R$ 25,68

Total: 34 meses, de 22/05/2013 a 06/03/2016
Jogos: 108 (80 do Náutico, 19 do Sport, 8 do Santa e 1 do Botafogo)
Público: 1.233.873 (média: 11.424)
Ocupação: 24,7%
Renda: R$ 32.327.630 (média: R$ 299.329)
Tíquete: R$ 26,20

Náutico – 80 jogos
Público: 626.596 pessoas (média: 7.832)
Ocupação: 16,9%
Renda: R$ 15.612.141 (média: R$ 195.151)
Tíquete: R$ 24,91

Sport – 19 jogos
Público: 452.597 pessoas (média: 23.820)
Ocupação: 51,5%
Renda: R$ 12.859.835 (média: R$ 676.833)
Tíquete: R$ 28,41

Santa Cruz – 8 jogos
Público: 145.011 pessoas (média: 18.126)
Ocupação: 39,2%
Renda: R$ 3.487.104 (média: R$ 435.888)
Tíquete: R$ 24,04

Botafogo – 1 jogo
Público: 9.669 pessoas
Ocupação: 20,9%
Renda: R$ 368.550
Tíquete: R$ 38,11

A diferença no custo do novo estádio do Peñarol em relação aos projetos do Recife

Estádio "Campeón del Siglo", do Peñarol, na inauguração, em 28/03/2016. Foto: Peñarol/twitter

O Peñarol inaugurou o estádio Campeón del Siglo, após 25 meses de obras, consumindo 40 milhões de dólares. Palco mais moderno de Montevidéu, que tinha o tradicional Centenário e o reformado Parque Central, do rival Nacional, como principais estádios, a nova casa carbonera impressiona pelo custo, sobretudo para os brasileiros, com estádios caríssimos para a Copa do Mundo de 2014. A cancha do clube pentacampeão Libertadores, construída do zero, num terreno a 19 quilômetros do centro da cidade, atende às normas básicas do Padrão Fifa, seguindo a quinta versão do dossiê “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, com 420 páginas.

Não foi uma obra pensada para o Mundial, mas para a sua torcida, o mais importante. Para bancar o projeto, o clube tentou um empréstimo de US$ 25 milhões. O banco só aprovou US$ 18 mi. E a direção tocou a obra, sem luxo. Não por acaso, à parte de instalações modernas, como a fachada, o museu, o restaurante e o auditório, o empreendimento conta com adequações voltadas para o público local. Com 17 entradas, a arquibancada é espaçosa, mas apenas uma das quatro tribunas são cadeiradas. As demais, não, até porque boa parte da torcida “alenta” em pé – aos poucos, a mudança chega ao Brasil, com setores sem cadeiras nas arenas de Corinthians e Grêmio.

A princípio, não foi colocada uma cobertura, que encareceria bastante o projeto – porém, a estrutura foi pensada para uma reforma futura. Simples, mas funcional, o estádio – curiosamente já visitado e aprovado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino – apresenta um custo mais em conta. Basta comparar com os cinco projetos apresentados no Recife, sendo quatro construções e uma reforma. A partir do valor original de cada um, na época do lançamento, o blog enumerou dois quadros, equiparando os dados na moeda americana, em números absolutos, e na moeda brasileira, com correção monetária, através do IGP-M.

Independentemente da escolha, as projeções locais estão muito acima. Até a Arena Coral, que não começaria do zero. No caso do Sport, o orçamento do estádio – sem shopping e hotéis – seria suficiente para erguer cinco campos iguais ao do Peñarol. Cinco! E o que dizer da Arena Pernambuco? Em valores corrigidos, R$ 110 mi x R$ 817 mi. Não estaria na hora de considerar o perfil torcedor pernambucano, em vez dos gastos astronômicos do pleno “Padrão Fifa”? Sem surpresa, aqui, só um saiu do papel, com custo ainda indefinido…

Campeón del Siglo
Local: Montevidéu
Lançamento: 19/12/2013
Capacidade: 40.000
Custo: R$ 93.156.000
Dólar: US$ 40 milhões (cotação*: R$ 1,76)
Correção**: R$ 110.029.262

Arena Sport
Local: Ilha do Retiro (Recife)
Lançamento: 17/03/2011
Capacidade: 45.000
Custo: R$ 400 milhões (depois, o complexo subiu para R$ 750 milhões)

Dólar: US$ 238.663.484 (cotação*: R$ 1,67)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 496%
Correção**: R$ 551.618.560
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 401%

Arena Timbu
Local: Engenho Uchôa (Recife)
Lançamento: 18/11/2009
Capacidade: 30.000
Custo: R$ 300 milhões

Dólar: US$ 174.825.174 (cotação*: R$ 1,76)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 337%
Correção**: R$ 468.083.640
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 325%

Arena Pernambuco
Local: Jardim Penedo (São Lourenço da Mata)
Lançamento: 15/01/2009
Capacidade: 46.214
Custo: R$ 532 milhões (toda a Cidade da Copa custaria R$ 1,59 bilhão)

Dólar: US$ 229.053.646 (cotação*: R$ 2,32)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 472%
Correção**: R$ 817.164.821
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 642%

Arena Coral
Local: Arruda (Recife)
Lançamento: 28/06/2007
Capacidade: 68.500
Custo: R$ 190 milhões

Dólar: US$ 98.911.968 (cotação*: R$ 1,92)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 147%
Correção**: R$ 341.207.985
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 210%

Arena Recife-Olinda
Local: Salgadinho (Olinda)
Lançamento: 29/05/2007
Capacidade: 45.500
Custo: R$ 335 milhões

Dólar: US$ 172.209.941 (cotação*: R$ 1,94)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 330%
Correção**: R$ 601.844.183
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 446%

* A conversão foi calculada do dia do lançamento para 29 de março de 2016
** Correção através do IGP-M do dia do lançamento para fevereiro de 2016

Estádio "Campeón del Siglo", do Peñarol, na inauguração, em 28/03/2016: Peñarol 4x1 River Plate-ARG. Foto: Peñarol/twitter

O perfil da torcida no jogo Brasil x Uruguai, na Arena Pernambuco

Dados sobre o público de Brasil x Uruguai, na Arena Pernambuco. Crédito: governo do estado

Foram comercializados 44.739 ingressos para a partida entre Brasil e Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa 2018. O perfil do público no clássico continental na Arena Pernambuco é bem distinto em relação aos jogos de futebol no estado. A torcida residente na Região Metropolitana do Recife corresponde a 51%, bem abaixo do usual, próximo a 100%. O interesse do jogo, claro, ultrapassou as fronteiras, até mesmo pelos preços cobrados, de R$ 57,50, para a meia-entrada na arquibancada superior, a R$ 300, o valor unitário do camarote.

As capitais mais próximas (João Pessoa, Maceió e Natal) também fizeram parte do bolo, tomando boa parte dos 16% de bilhetes destinados aos demais nordestinos. Para completar, a hinchada uruguaia. As entradas foram vendidas pela própria AUF (a “CBF” dos hermanos), chegando a dois mil interessados. Por sinal, o quadro divulgado pela secretaria de turismo do estado mostra que os estrangeiros poderão injetar até R$ 4 milhões na economia local.

Formado pelas classes A e B, o público presente no duelo entre Neymar e Suárez é semelhante ao do último Mundial. Em 2014, os cinco jogos no estádio receberam 203.025 pessoas, com 59% do público formado por estrangeiros. Na ocasião, os pernambucanos corresponderam a 28,5% do total, sendo 20% no Grande Recife. O jogo pode ser até aqui, não necessariamente o público…

A divisão dos 44.739 ingressos em Brasil x Uruguai
Grande Recife – 51% (22.816)
Outros* – 23% (10.289)
Nordeste (RN, AL e PB) – 16% (7.158)
Interior de PE – 5% (2.236)
Uruguai – 5% (2.236)
*Origem nacional desconhecida pela CBF

Dados sobre o público de Brasil x Uruguai, na Arena Pernambuco. Crédito: governo do estado

Projetando as cotas do Esporte Interativo na Série A, já considerando o Santa Cruz

Projeção de cotas do Esporte Interativo no Brasileiro em 2019. Crédito: Douglas Batista Cruz (@dbatistadacruz)

A partir de 2019 a transmissão da Série A na televisão por assinatura ficará dividida entre os canais Sportv (da Globo) e Esporte Interativo (da norte-americana Turner). A cisão, a primeira em vinte anos, ocorre porque o EI vem seduzindo os clubes com propostas mais vantajosas na plataforma fechada. A promessa é repartir R$ 550 milhões entre os vinte clubes a cada ano, seguindo o modelo inglês: 50% igualitário, 25% pela última campanha e 25% por audiência. A partir dos clubes já acertados, o torcedor Douglas Batista Cruz, com outras colaborações no blog, fez uma projeção sobre a divisão “hoje”.

O quadro inclui o Santa, com forte indício da negociação com o EI, há mais de um mês. Assim, seriam sete clubes na elite. Logo, o bolo (proporcional) seria de R$ 192,5 milhões. Para o cálculo, foi tomado como base de dados a audiência de 2016 (ou seja, a divisão feita pela Globo, o único modo conhecido para mensurar) e as campanhas no Brasileiro de 2015. Os números mudam dependendo da representatividade de cada time, técnica e televisiva.

No caso coral, vice-campeão da Segundona e no piso das cotas globais, o montante seria de R$ 19.813.000 – só pela tevê fechada, reforçando. Em tempo: neste ano o tricolor receberá R$ 26 milhões, somando os cinco contratos possíveis (aberta, fechada, pay-per-view, internet e internacional). Ou seja, com a projeção via Esporte Interativo, os corais precisariam captar R$ 7 milhões na tevê aberta e no PPV para superar o valor atual (e real). Difícil?

Veja o gráfico em uma resolução melhor aqui

Confira uma projeção de cotas do Brasileirão via Premier League aqui.

Após dois anos, um novo uniforme para a Seleção Brasileira, com estreia na Arena

O novo uniforme da Seleção Brasileira em 2016. Crédito: Rafael Ribeiro/CBF

A CBF apresentou o novo uniforme da Canarinha em 2016. Apesar dos rumores sobre um padrão monocromático, todo amarelo, atendendo a um apelo sem sentido da Fifa (pois mexe com a tradição da cada seleção), a Nike manteve o formato original dos dois modelos oficiais, com cores distintas nas peças.

1) Camisa amarela, calção azul e meias brancas.
2) Camisa azul, calção branco e meias azuis. 

A primeira imagem foi divulgada através de uma rápida gravação no facebook, no momento da sessão de fotos com três jogadores da Seleção Olímpica, Douglas Santos, ex-Náutico, Gabigol e Thiago Maia.

A camisa da Seleção era a mesma desde a Copa do Mundo de 2014. Com o fulminante 7 x 1 a favor dos alemães encalhando os produtos, sobretudo no mercado interno, a confederação e a fornecedora de material esportivo acabaram cancelando o lançamento de um novo padrão pela primeira vez em vinte anos de parceria. Após duas temporadas, já no ritmo das Eliminatórias, com Neymar em alta e com a Olimpíada na agenda, o cenário favoreceu.

E a estreia do novo uniforme verde e amarelo será justamente na Arena Pernambuco, em 25 de março, no clássico contra o Uruguai…

O que você achou do novo uniforme? Gostaria de um padrão monocromático?

Náutico fecha contrato histórico com a Globo para o Brasileiro, de 2019 a 2024

Náutico fechou com a Rede Globo de 2019 a 2024. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O Náutico firmou um contrato de quatro anos com a Rede Globo, de 2019 a 2024, para a transmissão do Campeonato Brasileiro. Trata-se de um acordo histórico para o clube, que sempre foi obrigado a negociar o contrato ano a ano, na Série A, devido ao desinteresse da emissora em termos nacionais. Com a concorrência batendo à porta após 2018, quando termina o atual contrato (exclusivo), a empresa teve que abrir os cofres e buscar novos times, para tentar frear a investida do Esporte Interativo na tevê fechada, já com Inter, Santos, Atlético-PR e Bahia, entre outros clubes que mudaram de lado.

O acordo timbu, confirmado pelo presidente Marcos Freitas, engloba na verdade cinco contratos: tevê aberta, tevê fechada, pay-per-view, sinal internacional e internet. Ao fechar com a Globo, recebendo um luva de R$ 3 milhões e garantindo um piso na elite, o Timbu recusou a proposta do EI de R$ 10 milhões/ano. A partir de 2019, o dirigente prevê uma cota de R$ 45 milhões/ano.

Não é possível informar a cota com exatidão pois a nova distribuição prevê a divisão por bases iguais (40%), campanhas (30%) e audiência (30%). O período acertado pelo clube de Rosa e Silva é o mais longo do Recife, uma vez que o Sport ampliou o seu contrato, também com a Globo, até 2020. Seria o mesmo modelo, como “cotista de televisão”? Infelizmente, não. Caso dispute a Segundona, seguirá recebendo a cota básica, hoje de R$ 5 milhões.

Alvirrubro, qual é a sua opinião sobre o contrato de quatro anos com a Globo?

O preço mínimo para o ingresso, uma exigência no regulamento do Brasileiro

Regulamento sobre o preço dos ingressos na Série A de 2016. Crédito: CBF

Os regulamentos oficiais das duas principais divisões do Campeonato Brasileiro de 2016 têm uma regra ainda incomum no futebol do país: o preço mínimo de ingresso. Divulgados em março, os documentos são idênticos quanto ao formato de disputa, com vinte clubes e pontos corridos, mas diferindo sobre as vagas internacionais, acessos e rendimentos, naturalmente. Na questão da venda de bilhetes, o menor valor da Série A deve ser R$ 40, com direito à meia-entrada, de acordo com o artigo 15. É o dobro do estipulado à Segundona, conforme o artigo 13 do regulamento específico da competição. A ideia foi implantada pela confederação em 2015, se estendendo às demais séries.

Como não houve alteração no segundo ano, fica a dúvida sobre a execução de fato da norma, pois a direção de competições já abriu espaço para promoções, inclusive do Sport, com desconto na venda antecipada aos seus sócios. Na Ilha, em 2015, a prática comum foi R$ 60 (inteira), R$ 30 (sócio) e R$ 10 (sócio). Ainda no Recife há outro exemplo sobre o assunto. Para esta temporada, o Santa, também presente na elite, criou um setor (sul inferior) de livre acesso ao sócio, com mensalidade de R$ 30. Ou seja, a regra acaba tendo uma influência maior sobre os ingresso cobrado aos visitantes – cuja norma não é especificada no regulamento. Em tempo: a renda líquida de cada partida é do mandante.

Preços mínimo do ingresso no Brasileiro:
Série A – R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Série B – R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Série C – R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)*
Série D – R$ 10*

* Valores de 2015, segundo o artigo 19 de cada regulamento. A CBF ainda não divulgou os documentos de 2016.

“A mobilidade não foi determinante para a subutilização da Arena PE”, diz governo

O procurador geral do estado de Pernambuco, César Caúla, durante coletiva sobre a rescisão do contrato de operação da Arena. Foto: Cassio Zirpoli/DP

A rescisão da concessão de operação da Arena Pernambuco, por parte do governo, está nas mãos do procurador geral do estado, César Caúla. Em coletiva na sede do órgão, no centro do Recife, Caúla esmiuçou alguns dados, tendo que assumir a posição de porta-voz de Paulo Câmara acerca do contrato. Após o pagamento de R$ 81,16 milhões de contraprestação de operação em 2013 e 2014, o governador autorizou a suspensão das parcelas em janeiro de 2015, devido à medida de revisão contratual baseada no estudo da Fundação Getúlio Vargas. Na coletiva, o procurador sequer utilizou a expressão “rescisão unilateral”, tirando qualquer lacuna de culpa por parte do estado, repetindo o mantra do Palácio do Campo das Princesas. Agora, a ‘crise econômica do país’ seria o principal motivo para o mau resultado.

As declarações do porta-voz do estado caso e as observações do blog:

Quando o estado decidiu rescindir o contrato?
“O contrato previa uma revisão após seis meses seguidos de frustração (saldo negativo). Usamos o mecanismo de defesa em janeiro 2015, seis meses após a Copa do Mundo. Suspendemos o pagamento.”
O procurador alega que o fator principal para o desempenho foi a mudança de cenário econômico do país nos últimos dois anos. À frente do contrato com uma garantia milionária ao consórcio e à infraestrutura de mobilidade.

O motivo do rompimento…
“O rompimento decorre que a manutenção do contrato implicaria uma COA adicional (contraprestação de operação da arena) de R$ 13 milhões por ano. Ficaria muito oneroso para o estado.”
Dos R$ 119 milhões correspondentes a 25% da obra, já corrigidos pelo IPCA, o estado pagou apenas R$ 40 milhões. O restante, R$ 388,9 milhões, foi pago em dezembro de 2013, num financiamento do BNDES.

Por que o governo garantiu os 3 clubes no contrato original?
“O governo fez um levantando de viabilidade (através da inglesa Comperio Research, em 2010), e, como em todas as outras arenas, mostrava um aumento de receitas, com uma diferença no perfil do torcedor. Era um outro cenário econômico.”
Seriam oito cenários possíveis de operação, começando sem clubes (R$ 5,7 mi/ano) à presença dos três (R$ 86,2 mi/ano). Já na época o cenário seria difícil, pois nem mesmo juntando as 20 melhores partidas de cada um se chegaria a tal valor. Como só o Náutico assinou, foi preciso fazer um aditivo, garantindo um faturamento mínimo de R$ 73 milhões por ano. Caso não fosse alcançado, o estado completaria.

Qual foi o peso da mobilidade sobre o déficit na operação?
“O governo do estado não se obrigou contratualmente a executar as obras de mobilidade. Essas obras serão finalizadas, mas não foram determinantes para dizer que o equipamento é subutilizado. O jogo Sport x São Paulo, por exemplo, encheu, e outros eventos também.”
O governo pode até ter o respaldo legal nesta disputa, mas moralmente é inaceitável tentar tirar o peso da mobilidade não finalizada como fator determinante no sucesso econômico nos jogos regulares – ao menos tivesse dito ao povo há seis anos. Dados atuais: Ramal da Copa 85%, Corredor Norte-Sul 83% e Corredor-Leste Oeste 81%, todos necessários para o BRT.

O governo reconhece a arena como um fiasco em seus primeiros anos?
“A palavra fiasco vai da visão subjetiva de cada um. Na nossa visão, não, pois o estádio recebeu a Copa do Mundo, teve jogos com grandes públicos, como o do Sport, e continua sendo um equipamento de primeira qualidade. Um contrato de 33 anos não pode ser visto como mau negócio por causa de 2 anos. A gente vai trabalhar para que a arena seja bem utilizada.”
A Copa do Mundo e a Copa das Confederações foram os eventos que legitimaram a construção do estádio, colocando Pernambuco entre as 12 subsedes. Porém, isso não isenta (não mesmo) o mau desempenho (esperado) na operação, com déficits milionários ano a ano.

Qual seria o valor da indenização neste contrato?
“Ainda estamos no processo de deliberação sobre o modelo de rescisão (unilateral, acordo entre as partes, falha no contrato etc). Por isso, preferimos não falar sobre valores.”
No começo da coletiva o procurador afirmou que o governo do estado determinou que todas as informações fossem concedidas aos jornalistas… Uma nova licitação para a operação será lançada em 60 dias, independentemente do desfecho do contrato atual.

CBF, a entidade sem fins lucrativos com meio bilhão de lucro entre 2007 e 2015

Sede da CBF. Crédito: CBF

Em 30 de abril de 2007, a CBF divulgou o seu balanço financeiro referente ao exercício do ano anterior. Por sinal, 2006 foi a última temporada com prejuízo para a entidade, de R$ 22.133.000. E olhe que a confederação recebeu na ocasião um adiantamento da Isec, a International Sports Events Company, sobre os direitos dos amistosos da Seleção Brasileira por quatro anos. Desde então, ainda que a administração na entidade tenha seguido rigorosamente a mesma linha, com foco na seleção em detrimento dos clubes de futebol – a não ser para se manter no poder -, o lucro líquido em nove anos chegou a meio bilhão de reais! Mais precisamente, R$ 503 milhões.

O cenário não mudou nem mesmo com o conturbado 2015. Corrupção na Fifa, enfraquecimento político, negociações isoladas dos clubes, fuga de patrocinadores, troca de presidentes etc. Em relação ao balanço passado, o lucro subiu 41%, chegando a R$ 72.081.000. O faturamento com patrocínios caiu (5,5%), terminando em R$ 339.604.000, mas acabou “recompensado” com a redução das despesas administrativas, de R$ 167 mi para R$ 119 mi (28%).

O blog encontrou os saldos dos últimos nove balanços da confederação, todos positivos, totalizando R$ 503 milhões no período. Se no último déficit o faturamento anual foi de R$ 99 milhões, a parti dali o aumento foi considerável. Imagina-se o motivo de tanta vontade de permanecer na sede no Rio de Janeiro – mesmo sem estar na cadeira de fato. Não por acaso, fomenta-se o apoio, com R$ 123 milhões distribuídos no ano entre as 27 federações estaduais.

Lucro da CBF
2007 – R$ 10 milhões
2008 – R$ 32 milhões
2009 – R$ 72 milhões

2010 – R$ 83 milhões
2011 – R$ 73 milhões
2012 – R$ 55 milhões
2013 – R$ 55 milhões
2014 – R$ 51 milhões
2015 – R$ 72 milhões

Faturamento da CBF
2007 – R$ 114 milhões
2008 – R$ 152 milhões
2009 – R$ 233 milhões
2010 – R$ 271 milhões
2011 – R$ 313 milhões
2012 – R$ 360 milhões
2013 – R$ 436 milhões
2014 – R$ 519 milhões
2015 – R$ 518 milhões

A CBF é uma “pessoa jurídica de direito privado, de caráter desportivo, sem fins lucrativos, conforme os arts. 1º e 6º do seu Estatuto”. Há tempos, luta com todas as forças para manter tal status, sem uma regulação de fato.

As projeções otimista e pessimista sobre o público da Arena Pernambuco até 2029

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco

Com 46.214 lugares, a Arena Pernambuco ainda não estabeleceu uma boa média de público nos jogos de clubes. Nos três primeiros anos de operação, o índice chegou a 1/4 da capacidade. Menos gente, menos receita e mais dificuldades para ao menos cobrir os custos de um empreendimento de alto nível. O relatório da Fundação Getúlio Vargas sobre o estádio, encomendado pelo governo do estado, traz projeções de público nas próximas décadas.

“O cenário base, que se estima possa ser obtido no futuro, partindo da observação passada dos dois anos de operação e da situação atual de realização de jogos e de receitas da Arena, além da consideração de alguns fatos trazidos à discussão pela Concessionária, e das possibilidades de desenvolvimento da região, resume-se a:”

Tido como provável, o “cenário base” foi dividido em três períodos, 2015-2019, 2019-2029 e a partir de 2029, sempre evoluindo, tanto no número partidas quanto no público. Se atualmente a FGV prevê, num ano, no máximo 8 jogos acima de 22 mil espectadores, no último quadro poderá chegar a 20. Para isso, espera-se soluções na mobilidade, também apresentadas no documento.

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco

Outra análise interessante é a importância dos “season tickets”, com a compra de todos os jogos da temporada (de um clube mandante, no caso). Sairia de 1%, o dado atual quase desprezível, para 60% em dez anos e 90% em quinze. Será? Isso estaria atrelado a uma mudança de comportamento (e poder aquisitivo) do consumidor/torcedor. Claro, também há o cenário pessimista. Neste caso, o empreendimento continuaria recebendo no máximo 40 jogos por ano – o que resultaria num impacto considerável no faturamento.

Taxa de ocupação da Arena
2013 – 25,5% (11.790 pessoas, 21 jogos)
2014 – 26,6% (12.305 pessoas, 43 jogos)
2015 – 23,1% (10.680 pessoas, 41 jogos)

Os três primeiros anos de futebol em São Lourenço tiveram como parceiro regular apenas o Náutico, com jogos esporádicos de Santa Cruz e Sport. Com uma estimativa futura de 60 partidas, espera-se o cenário imaginado já para o primeiro ano da operação, com as 20 principais partidas do Trio de Ferro.

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco