Celebrando 10 anos, o Museu do Futebol chega ao Recife. A 1ª cidade fora de SP

Projeto do Museu do Futebol na Área, a versão itinerante. Crédito: Museu do Futebol/divulgação

O Museu do Futebol foi aberto em 2008. Localizado embaixo da arquibancada do Pacaembu, em São Paulo, o local tornou-se uma referência histórica sobre o futebol brasileiro, com um vasto material áudio-visual. Além da Seleção Brasileira, naturalmente presente, 60 clubes enviaram informações na época da inauguração do museu, incluindo Náutico, Santa Cruz e Sport. Dividido em módulos, como história, jogadores, torcida, narrações e curiosidades de clubes e seleções, entre outros temas, o museu recebeu 3 milhões de pessoas na primeira década, sendo um dos oito mais visitados do país.

Celebrando os dez anos, o Museu do Futebol ativou a primeira mostra itinerante fora do estado de São Paulo – até então, cinco cidades do interior já haviam recebido o projeto ‘Museu do Futebol na Área’. Agora, a ideia parte para o Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Trata-se de uma exposição numa área de 300 metros quadrados, com módulos reproduzindo o museu paulistano. Em Pernambuco, a largada deste circuito, viabilizado pela Motorola, ficará no recém-formado Cais do Sertão, no Recife Antigo.

Como o próprio material de divulgação diz, há o propósito de “valorizar as tradições do futebol de cada cidade, dando destaque à história dos times locais” e “ampliar o acervo do Museu, incorporando o conteúdo pesquisado nas cidades que receberão a exposição itinerante”. No caso, o Trio de Ferro já foi contatado, com uma triagem de peças das salas de troféus dos Aflitos, Arruda e Ilha (fotos, taças, camisas históricas, flâmulas, chuteiras etc). Cada clube deverá colaborar de alguma forma na produção do conteúdo local – que deve fazer parte da Sala das Origens e da Sala dos Números e Curiosidades.

Período no Recife: de 24/04 até 20/05. Entrada: gratuita

Visitei o Museu do Futebol, em SP, em 16/11/2017. Veja algumas fotos aqui.

A seguir, os módulos previstos para a exposição na capital pernambucana:

Projeto do Museu do Futebol na Área, a versão itinerante. Crédito: Museu do Futebol/divulgação

Projeto do Museu do Futebol na Área, a versão itinerante. Crédito: Museu do Futebol/divulgação

Projeto do Museu do Futebol na Área, a versão itinerante. Crédito: Museu do Futebol/divulgação

Projeto do Museu do Futebol na Área, a versão itinerante. Crédito: Museu do Futebol/divulgação

Projeto do Museu do Futebol na Área, a versão itinerante. Crédito: Museu do Futebol/divulgação

Museu do Flamengo do Recife dentro do museu do Náutico. Taças do 1º campeão

O Museu do Flamengo do Recife, dentro do Museu do Náutico. Foto: Cassio Zirpoli/DP

O Sport Club Flamengo foi fundado em 20 de abril de 1914. No ano seguinte, na condição de membro fundador da Liga Sportiva Pernambucana (LSP), o alvinegro recifense entrou para a história como o 1º campeão pernambucano de futebol, conquista celebrada mesmo após o encerramento do clube. Entre 1915 e 1947, o Fla disputou 32 edições do Estadual. Além daquele título, teve como principais campanhas a 3ª colocação em 1927, 1931 e 1932.

Ao sair de cena do certame local, que entrou na era profissional, o clube ainda disputou competições amadoras, caindo no ostracismo até o encerramento de fato. Literalmente, incluindo a sede. Com a torcida e dirigentes sumindo, onde guardar as relíquias? Curiosamente, na sede do maior algoz esportivo. No caso, dentro da sala de troféus do Náutico. O mesmo timbu que, em 1945, aplicou 21 x 3, na maior goleada já vista no estado. Apesar disso, a boa relação entre as agremiações possibilitou a entrega de uma antiga cristaleira com oito taças prateadas do Flamengo – hoje posicionada próxima à varanda do primeiro andar da sede histórica em Rosa e Silva, cujo acesso, mesmo aos sócios alvirrubros, é bem restrito. A premiação original não se encontra no móvel, mas ao longo dos anos o clube recebeu outros troféus em homenagem à glória pioneira, como uma peça da própria Liga Pernambucana de Desportos Terrestres (LPDT), a sucessora da LSP e a precursora da atual FPF.

Os principais feitos do Flamengo do Recife
1 título pernambucano (1915)
4 vices do Torneio Início (1920, 1924, 1926 e 1927)
1 vice dos segundos quadros* (1919)
* Depois viraria o campeonato estadual de aspirantes

Pelo Estadual: 335 jogos; 105 vitórias, 34 empates e 196 derrotas

Algumas das cristaleiras no museu do Náutico. A do Fla está à direita

Museu do Flamengo do Recife, dentro do Museu do Náutico. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Os troféus em homenagem ao título de 1915. À esquerda, a taça entregue pelo Santa Cruz, em 1944. À direita, o troféu oferecido pela LPDT, em 1928

Museu do Flamengo do Recife, dentro do Museu do Náutico. Foto: Cassio Zirpoli/DP

À esquerda, a taça pela vitória em um amistoso em 1927, sem maiores detalhes. À direta, um troféu de um campeonato interno – comum na época

Museu do Flamengo do Recife, dentro do Museu do Náutico. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Inauguração do Arruda acabou um carma antigo do Recife: o recorde de público

Amistoso de inauguração do Arruda, em 04/06/1972: Santa Cruz 0 x 0 Flamengo. Foto: Arquivo/DP

A construção do Arruda, transformando o alçapão num mundão de concreto, mudou o patamar do futebol pernambucano, então asfixiado pela capacidade de público reduzida, na Ilha e nos Aflitos, em relação a praças de porte semelhante, como a Bahia, já com a Fonte Nova. Pesquisando no acervo do Diario de Pernambuco é fácil encontrar queixas da crônica esportiva sobre o duradouro recorde até 1972. Até a inauguração do José do Rego Maciel, ainda com apenas um anel, a maior assistência local havia sido num Clássico das Multidões em 1955, com 34.546 torcedores. Borderô sempre lembrado.

Veio então a abertura oficial do Arruda, com o amistoso entre Santa Cruz e Flamengo. Foram nada menos que 57.688 pagantes e 4.497 não pagantes. Ou seja, mais de 62 mil torcedores assistiram ao empate sem gols, com a marca anterior finalmente descansando. E olhe que esse público deve ter sido bem maior, pois os portões foram arrombados, conforme a reportagem da época, que ouviu o superintendente da FPF, Napoleão Gonçalves.

Amistoso de inauguração do Arruda, em 04/06/1972: Santa Cruz 0 x 0 Flamengo. Foto: Arquivo/DP

“O pessoal da federação não pôde conter a invasão e houve um problema relacionado com o policiamento. Pedimos 180 homens, que chegariam ao estádio às 11h horas. Foram 100, e chegaram às 12h20. O esquema só começou a funcionar integralmente por volta das 14 horas. Cedo, houve um início de invasão, que foi controlada, mas depois ninguém pôde segurar o público.”

Para completar, o texto trazia: “informa Napoleão Gonçalves que calculadamente dez mil pessoas entraram sem pagar no setor de gerais”.

Abaixo, a nota oficial da direção tricolor acerca da capacidade, publicada no dia seguinte. Afinal, ficou a dúvida no ar. Qual seria a lotação máxima do novo estádio? Existem duas respostas, num contexto compreensível para a época: entre 66 mil e 81 mil, variando de acordo com a “taxa de conforto”. Essa taxa mudou tanto em mais de quatro décadas que o estádio, já com o segundo anel, hoje comporta até 55 mil, embora liberado para 50.582.

Amistoso de inauguração do Arruda, em 04/06/1972: Santa Cruz 0 x 0 Flamengo. Foto: Arquivo/DP

Se o recorde de público de 1955 incomodou durante 17 anos, a marca atual, de 1993, não deve virar uma preocupação. Até porque jamais será batida…

A evolução do recorde de público do Arruda*
62.185 – Santa Cruz 0 x 0 Flamengo (04/06/1972, amistoso)
62.711 – Santa Cruz 2 x 0 Náutico (01/08/1976, Estadual)
76.636 – Santa Cruz 1 x 1 Náutico (18/12/1983, Estadual)
76.800 – Brasil 2 x 0 Paraguai (09/07/1989, Copa América)
96.990 – Brasil 6 x 0 Bolívia (29/08/1993, Eliminatórias)
* A partir da inauguração

A evolução da capacidade máxima do Arruda
1972 – 66.040, após conclusão do anel inferior
1982 – 110.000 (+43.960), após a construção do anel superior
1993 – 85.000 (-25.000*)
2001 – 75.000 (-10.000*)
2005 – 65.000 (-10.000*)
2012 – 60.044 (-4.956*)
2015 – 55.582 (-4.462*)
* Redução por medida de segurança

Nota oficial do Santa Cruz sobre a capacidade, publicada no Diario de Pernambuco em 07/06/1972

Colorizando a era de ouro do Náutico

Final do Pernambucano de 1954: Náutico 1x1 Sport (Timbu campeão). Foto de arquivo colorizada por Clayton Borges (@_Diiu)

A era de ouro da história futebolística do Náutico, a década de 1960, é baseada em fotografias em preto e branco e pouquíssimos vídeos, com a mesma textura. Imagens coloridas são raras, o que traz à tona o trabalho feito por Clayton Borges, um alvirrubro que colorizou da história timbu. Na verdade, ele começou antes mesmo do hexa, com a final do Estadual de 1954, entre Náutico e Sport.

O Alvirrubro com seu uniforme tradicional e o Leão com uma versão bem antiga do padrão reserva, inspirado na faixa do Vasco. Na imagem, os capitães Ivanildo (o “Espingardinha”) e Zé Maria, antes de a bola rolar, recebendo as últimas orientações do árbitro Mário Vianna, da federação paulista e então apontado como um dos melhores do país. O jogo na Ilha terminou 1 x 1, com o Náutico ficando com a taça após a melhor de três (veja a imagem original aqui).

Na sequência, Clayton – que compartilhou as fotos num grupo de torcedores nas redes sociais – usou a técnica via Photoshop e Lightroom nos destaques do hexa, ainda exclusivo. Uniformes, faixa de campeão, Aflitos… Tudo com o vermelho vivo, com o Náutico em cores. Eis a transformação visual do passado.

Qual foto histórica do seu clube você gostaria de ver colorida?

Confira o trabalho do ColoredHistory com a Seleção de 1958 clicando aqui.

Lula Monstrinho, goleiro (com a faixa de campeão em 1964)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Lula Monstrinho

Lala, atacante (com a faixa de tetracampeão em 1966)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Lala

Nado, ponta-direita (convocado à Seleção Brasileira em 1966)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Nado

Bita, centroavante (hexacampeão e maior artilheiro do clube, com 223 gols)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Bita

Ivan Brodi, meia (hexacampeão com mais jogos no período: 128 partidas)

Foto colorizada do Náutico, via Clayton Borges (@_Diiu): Ivan Brondi

A reportagem original sobre o primeiro Clássico das Multidões, em 1916

Sport x Santa Cruz, com os primeiros escudos de cada clube. Arte: Cassio Zirpoli (com imagens de divulgação)

O Clássico das Multidões foi disputado pela primeira vez em 6 de maio de 1916, em um amistoso no antigo campo do British Club. Ainda sem a tradicional alcunha, que surgiria só na década de 1940, mas já como destaque entre os interessados pelo novo esporte, dando início a uma das maiores rivalidades do país, com mais de 540 partidas em cem anos. Abaixo, a íntegra da reportagem sobre o pioneiro confronto entre Sport e Santa Cruz, publicada no Diario de Pernambuco dois dias depois. A primeira impressão é de um texto repleto de erros (trenos, annunciado, defezas, logar), mas era a grafia da época, também pontuada por inúmeras expressões em inglês para descrever o “football”.

O jogo, com vitória leonina por 2 x 0, aconteceu logo após a inscrição do uniforme coral do Santa na liga, em 26 de março de 1916. Até então, o clube jogava de alvinegro, enquanto os rubro-negros ainda usavam o vertical, reeditado em 2015. Já o Náutico já tinha o alvirrubro com listras verticais.

Foot-ball
Os trenos entre os clubs da Liga Pernambucana
Sport versus Santa Cruz

Como fôra annunciado, realizou-se na tarde de ante-hontem o treno entre os primeiros teams do Sport Club do Recife, da divisão B, e o Santa Cruz F. C., da divisão A. O team rurbro-negro entrou em campo desfalcado apenas de Genaro, out-side left, sendo substituído por J. Reynolds, half left. Nesse logar jogou Leite, do 2º team. O conjunto tricolor apresentou-se sem o back A. Reis e sem o center forward José Tasso, que foram respectivamente substituídos por Nelson e Martiniano, do 2º team.

O jogo foi rápido e bastante animado, notando-se no entanto ao terminar, uma certa falta de coragem por parte do team do Santa Cruz, por outro lado notou-se a actividade extraordinária do center do Sport, Briant, que na nossa opinião continua a se collocar no primeiro plano entre os nossos players atacantes. Dois fortíssimos shoots seus corresponderam a dois goals marcados para a sua equipe. O back santacruzense Mangabeira defendeu seu posto na altura. Ilo fez, como sempre, boas defezas. Nunca julgamos, no entanto, que deixasse passar aquelle primeiro shoot de Briant.

O jogo poderia ter tido o resultado de 2 a 1 si o referee Arruda tivesse visto a bola tocada pelo keeper do Sport, Cavalcanti, no goal marcado pelo Santa Cruz. Si Arruda visse, podemos afirmar, daria goal. O Sport envida todos os esforços para infligir a derrota no Club Náutico. Inflingirá? Só poderemos responder no dia deste, data marcada para o melhor match deste anno: Náutico versus Sport.

Relembre o primeiro texto sobre Náutico x Sport, de 1909, clicando aqui.

Carlos Celso Cordeiro, uma vida dedicada à história do futebol pernambucano

Carlos Celso Cordeiro, historiador e pesquisador. Foto: Paulo Paiva/DP

Quem ganhou mais clássicos, Sport ou Santa Cruz?
Quem foi o maior artilheiro do Náutico?
Quando aconteceu o primeiro jogo da história de cada grande clube?
Quem venceu mais no Campeonato Pernambucano? E o maior público?
Quem treinou mais? Quem conquistou mais títulos? 

Se hoje a gente sabe qualquer estatística que alimente a rivalidade do Trio de Ferro, é possível afirmar que o mérito é todo de Carlos Celso Cordeiro.

Pernambucano de Tabira e radicado no Recife, um alvirrubro fanático, da época do hexa. Mas, sobretudo, um apaixonado pelo futebol pernambucano. Um abnegado em resgatar a nossa história, perdida nas páginas amareladas dos jornais da capital. Pesquisador nato, Carlos Celso começou a colecionar todos os dados possíveis sobre os resultados dos times do Recife em 1982. Ia diariamente ao Arquivo Público, na Rua do Imperador. Lia e revisava todas as edições à disposição, confrontando dados do Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, Diário da Noite, Jornal Pequeno , Folha de Pernambuco etc. Escalações, gols públicos, bilheterias, arbitragens e outras curiosidades. 

Primeiro, anotava tudo em cadernos empilhados em sua casa. Até 1992, quando adquiriu o seu primeiro computador, passando a armazenar os dados em disquetes. Com o avanço da tecnologia, com mais memória, revisou todo o acervo, tirando fotos das fichas, digitalizando todo o material em hd externos. Engenheiro aposentado na Chesf, viu no futebol uma nova dedicação e, mesmo sem apoio, passou a publicar livros em série sobre Náutico, Sport e Santa. O primeiro, em 1996, com um levantamento estatístico de todos os jogos do Timbu entre 1909 e 1969, o “Náutico – Retrospecto de todos os jogos”. Depois, mais três volumes, com a sua dedicação se estendendo aos rivais.

Sempre na base do esforço, com tiragens mínimas e sem o menor objetivo de enriquecer, pelo puro prazer de ver a sua paixão pela história compartilhada. Ao todo, o historiador publicou 21 livros, oriundos de seu incomparável acervo, com 20.200 partidas do futebol local desde a primeira peleja, em 1905. Mesmo com a saúde debilitada, se preparava para mais uma publicação, sobre o centenário do Clássico das Multidões em maio de 2016, repetindo a ideia de 2009, nos 100 anos de Náutico x Sport. Manter o foco era uma forma de seguir com forças.

Com muito orgulho, fui convidado por Carlos Celso para escrever uma apresentação do livro. Eu o conhecia desde 2004, quando entrei no Diario. No ano seguinte – ainda nem trabalhava em Esportes -, o convidei para participar da minha monografia da faculdade, ao lado de Fernando Menezes, Stênio José e Lenivaldo Aragão. Aceitou, claro, com a mesma educação mostrada nesse tempo todo de convivência. Sempre atencioso nas incontáveis matérias sobre história e estatística, no jornal ou no blog. Falo por mim, mas tendo a certeza que isso se aplica a todos os colegas.

Por isso, a enorme tristeza neste 24 de janeiro de 2016. Aos 72 anos, Carlos Celso não resistiu ao tratamento de câncer, falecendo na noite anterior, após uma infecção respiratória. Perdemos uma pessoa que reviveu a nossa história.

Perdi um amigo também. 

Em 2008, no início do blog, Carlos Celso Cordeiro escreveu sobre uma série sobre o início da prática do futebol no Recife, de 1905 a 1915.
Capítulos: parte 1parte 2parte 3parte 4parte 5 e parte 6.Livros de Carlos Celso Cordeiro

O dia em que se proibiu a venda de garrafas de vidro nos estádios pernambucanos, há 40 anos

Diario de Pernambuco de 1975, com a proibição de vasilhames de vidro nos estádios

A cerveja está proibida no futebol pernambucano desde 24 de março de 2009, através de uma lei estadual visando combater a violência nos estádios. Quando o decreto de nº 932/2009 foi oficializado pelo governador Eduardo Campos, a cerva era vendida em copos plásticos. Os torcedores já não podiam ficar sequer com as latas. E quando começou esse costume? Há exatamente 40 anos, em 26 de julho de 1975, quando o delegado de costumes, Lamartine Corrêa, proibiu a venda de “vasilhames de vidro” nos estádios de Pernambuco.

Acredite, até ali os torcedores ficavam com as garrafas de cerveja (600ml) e refrigerante (290ml) nas arquibancadas. A decisão foi tomada para “assegurar a integridade física dos frequentadores dos campos”, a partir do Brasileirão, com Santa Cruz (4º lugar), Sport (11º) e Náutico (13º). No ofício encaminhado à FPF, então presidida por Rubem Moreira, a venda de latas seguia liberada, mas com os gasoseiros instruídos a servir as bebidas em copos plásticos. Foi o primeiro passo para o cenário atual, no qual o copo é a única opção.

A determinação, com expulsão do jogo ou prisão, foi feita após um Clássico dos Clássicos que terminou com o jogador rubro-negro Luís Camargo atingido nas costas por uma garrafa de vidro. “Não queremos trazer prejuízos para ninguém, mas temos a obrigação de zelar pela coletividade. As garrafas, quando os ânimos dos torcedores estão acirrados, podem se transformar numa arma”, afirmou o delegado ao Diario de Pernambuco, há quatro décadas. Tanto que a reportagem não foi publicada no caderno de Esportes, mas na edição de Polícia.

Em relação à volta do consumo de cerveja nos estádios locais, o projeto de lei ordinária nº 584/2011, de Antônio Moraes, segue engavetado. Atualmente, há autorização apenas em Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte.

Gols de Rivaldo e Rivaldo Júnior no mesmo jogo entram para a história

Série B 2015: Mogi Mirim 3x1 Macaé, com gols de Rivaldo e Rivaldo Júnior (2). Foto: LéO SANTOS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Rivaldo não cansa de fazer história no futebol. Camisa 10 legítimo, o pernambucano foi eleito o melhor jogador do mundo em 1999, campeão da Copa do Mundo em 2002, brilhando na Ásia, além do amplo destaque enquanto vestiu a camisa do Barcelona. O currículo é extenso. E aos 43 anos o craque escreveu mais um capítulo. Há alguns anos, no Mogi Mirim, onde também exerce a função de presidente, já havia realizado o sonho de atuar ao lado do filho, Rivaldo Júnior, hoje com 20 anos e oriundo da base do clube.

Agora, em 14 de julho de 2015, os dois foram além. Se já era raro pai e filho em campo, com o episódio mais famoso ocorrido em uma partida da seleção da Islândia, em 1996, imagine com ambos marcando gols. Pois aconteceu. No 3 x 1 do Mogi sobre o Macaé, pela Série B, a dupla teve um primeiro tempo primoroso, com dois gols de Rivaldinho, nascido em São Paulo, e um de Rivaldo, natural de Paulista, cobrando pênalti no seu velho estilo.

No intervalo, já com a história escrita, ambos demonstraram plena satisfação.

“Acho que entrei para a história. Já tinha ouvido em pai e filho jogando juntos, mas nunca ouvi de pai e filho fazendo gols em uma partida oficial”, Rivaldo.

“Poucos têm a sorte de ter um campeão do mundo em casa”, Rivaldinho.

É mesmo um cenário inédito no futebol mundial? Certamente, o episódio deu trabalho às redações esportivas, no Brasil e no exterior, com os jornalistas mergulhando nos arquivos para encontrar um caso semelhante. O último encontrado, através do perfil estatístico MisterChip, ocorreu em uma liga amadora da Inglaterra, reconhecida pela Football Association. Em 14 de novembro de 2010, nos arredores de Manchester, Osman e Naeem Sidik marcaram para o Whalley Range, ajudando a equipe a ganhar a liga de Lancashire & Cheshire, uma das bases do campeonato inglês.

Posteriormente, o site Trivela achou mais um registro, na Finlândia, com o soviético Alexei Eremenko (40) e seu filho, Roman Eremenko (17), balançando as redes na vitória do Jaro sobre o Lahti por 2 x 1, pela liga nacional de 2004. Ineditismo à parte, francamente, em caso de comparação a marca de Rivaldo, revelado no Santa Cruz, merece uma consideração bem maior, proporcional ao centro estabelecido, realmente profissional…

Série B 2015: Mogi Mirim 3x1 Macaé, com gols de Rivaldo e Rivaldo Júnior (2). Foto: Mogi Mirim/Facebook

Exposição dos troféus fora dos museus dos clubes, uma ação simples e eficiente

Santa Cruz apresenta o troféu de campeão pernambucano de 2015 ao governador do estado, Paulo Câmara. Foto: Santa Cruz/assessoria/facebook

Os troféus conquistados em um século estão bem guardados nos museus no Arruda, Aflitos e Ilha. Nem sempre, porém, abertos à visitação. Daí, a importância das ações pontuais realizadas pelos três clubes em uma mesma semana, coincidência pura. O primeiro foi o Santa, campeão pernambucano de 2015, que levou o troféu às redações dos jornais e ao Palácio do Campo das Princesas, em 7 de maio. Lá, a direção, contando com o zagueiro Alemão e o presidente da FPF, foi recebida pelo governador do estado, Paulo Câmara.

Tradicionalmente, o governador recebe o campeão da temporada. No embalo disso, a mídia espontânea (jornais, tevê, redes sociais etc) deve ter agradado aos parceiros tricolores. Dois dias depois, o Náutico fez uma promoção com o seu mascote e o volante William Magrão em um supermercado em Casa Forte. No estande, chamou a atenção uma relíquia prateada, a taça do hexa em 1968. O objetivo timbu era chamar a torcida para tirar foto e, consequentemente, conferir o painel de descontos da Ambev, patrocinadora do Alvirrubro.

Timbu e William Magrão com torcedor alvirrubro. Foto: Náutico/Instagram

Por fim, o Sport, que em sua estreia na Série A, contra o Figueirense, expôs quatro taças no saguão da sede. Como é restrito o acesso à sala de troféus cuidada pelo ex-jogador Baixa, a torcida teve a oportunidade de conferir de perto algumas peças raras, como a do Estadual de 1975, que deu fim ao jejum de doze anos sem títulos locais, o Nordestão de 1994, o primeiro do Leão, a Copa do Brasil de 2008, e o mais recente, a disputa amistosa da Taça Ariano Suassuna. Quem foi ao clube, inevitavelmente passou pela exposição.

Indiretamente, o trio apresentou possibilidades ao alcance de uma ação simples de marketing com apelo junto aos seguidores. O Rubro-negro já adiantou que deverá expor mais taças nos jogos do Brasileirão, assim como o Alvirrubro poderá montar estandes em outros mercados. Ou vice-versa. E o Tricolor, este mais do ninguém, precisa surfar na onda da conquista mais recente.

Museu inacessível? Basta um pouco de criatividade para resolver…

Sport expõe troféus na sede para os sócios. Foto: Sport/facebook