Os dez principais campeonatos estaduais de 2018 somam R$ 306 milhões em cotas de transmissão na televisão e premiações oficiais, numa receita distribuída em 119 clubes. Repasses a partir de R$ 103 mil até R$ 17 milhões. Sem surpresa, a verba está concentrada no eixo Rio-SP, com 212 milhões, ou 69%. Os clubes do chamado ‘G12’ recebem pelo menos 12,3 mi, o que acaba sendo um indicativo importante para o contexto mais amplo, do Brasileirão, com receitas ainda maiores. Como exemplo, o hiato entre Botafogo e Sport, que salta de 25 mi (Série A) para 39 milhões de reais (Estaduais + Série A). Ou seja, o mercado real é bem mais apertado. E estenda isso às demais divisões. Na Série C, o Volta Redonda, possível adversário de alvirrubros e tricolores na briga pelo acesso, chega capitalizado pela receita do Carioca.
Naturalmente, a audiência de cada competição justifica, em tese, o investimento da tevê. O alerta serve apenas como base para reflexão, uma vez que a grana depositada nos estaduais vai bem além do dia 8 de abril, a data reservada pela CBF para as decisões. Para este levantamento, com a análise de cada torneio e os dados de todos os times envolvidos, o blog reuniu as informações mais atuais (jornais, rádios e canais de outros estados) sobre as principais competições, três delas no Nordeste (Pernambucano, Baiano e Cearense). Por sinal, essas três apresentam valores bem abaixo, expondo a importância do Nordestão, que distribui R$ 22,4 milhões.
Dos números conhecidos, a diferença máxima entre as torneios é de R$ 118,3 milhões (SP x CE). Em dez casos, os acordos envolvem a Rede Globo e suas afiliadas. De acordo com a atualização do atlas de cobertura da emissora, existem 200.970.636 telespectadores potenciais. Logo, somando o alcance do Paulista e do Carioca (com 16 estados, considerando a transmissão do ano anterior), chega-se a 101.647.809, ou 50,5% do país.
Obs. O blog só considerou as verbas dos clubes, sem os custos operacionais.
Paulista (Paulistão Itaipava)
O estado mais rico do país também conta, naturalmente, com o campeonato estadual mais valorizado. Em relação ao Rio, o centro mais próximo, a vantagem na distribuição de receitas é de 29,5 milhões de reais. Além de pagar mais em cotas fixas, com os menos abastados recebendo 3,3 milhões – perto do que se paga ao Pernambucano inteiro -, o Paulistão também tem a melhor distribuição de prêmios, tanto em números absolutos quanto no número de contemplados (14 dos 16 participantes). Em caso de título, um grande termina acumulando R$ 22 milhões. Exibida em três plataformas, a competição ainda tem mais um ano de contrato no atual modelo.
Contrato: Globo SP (2016-2019), inclui SporTV e pay-per-view
Alcance da TV aberta: SP (44,2 milhões de telespectadores)
16 clubes (de 12 a 18 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 109,3 milhões
Premiação: R$ 11,79 milhões
Total: R$ 121,09 milhões
Cota 1 (4 times) – R$ 17 milhões (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo)
Cota 2 (1 time) – R$ 5 milhões (Ponte Preta)
Cota 3 (11 times) – R$ 3,3 milhões (Botafogo, Bragantino, Ferroviária, Ituano, Linense, Mirassol, Novorizontino, Red Bull, Santo André, São Bento e São Caetano)
Premiações: campeão estadual (5 milhões), vice estadual (1,65 milhão), 3º (1,1 milhão), 4º (880 mil), 5º (485 mil), 6º (430 mil), 7º (375 mil), 8º (325 mil), 9º (270 mil), 10º (215 mil), 11º (190 mil), 12º (165 mil), 13º (135 mil), 14º (110 mil), campeão do interior (360 mil), vice do interior (100 mil)
Carioca
O contrato firmado em 2017 elevou bastante o patamar do campeonato do Rio de Janeiro. Os quatro grandes passaram a ganhar valores próximos dos quatro grandes de São Paulo (15 mi x 17 mi), com os demais participantes escalonados em outros quatro níveis, incluindo quatro times que largam numa seletiva. No topo da pirâmide dos times pequenos, surpreende os R$ 4 milhões para equipes sem apelo popular – exceção feita ao Voltaço. Em relação à premiação, o Rio privilegia o seu formato de várias taças (ao todo, três no mesmo campeonato), com bônus nos mata-matas. Um grande clube pode terminar com até 20,5 milhões de reais – caso vença os dois turnos e o título.
Contrato: Globo Rio (2017-2024), inclui SporTV e pay-per-view
Alcance da TV aberta: RJ, ES, TO, SE, PB, RN, PI, MA, PA, AM, RO, AC, RR, AP e DF (56,8 milhões de telespectadores)
16 clubes (de 11 a 18 jogos para os grandes)
Cota: R$ 83,6 milhões
Premiação: R$ 7,9 milhões
Total: R$ 91,5 milhões
Cota 1 (4 times) – R$ 15 milhões (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco)
Cota 2 (4 times) – R$ 4 milhões (Boavista, Madureira, Nova Iguaçu e Volta Redonda)
Cota 3 (2 times) – R$ 2 milhões (Bangu e Portuguesa)
Cota 4 (2 times) – R$ 800 mil (Macaé e Resende)
Cota 5 (4 times) – R$ 500 mil (América, Bonsucesso, Cabofriense e Goytacaz)
Premiações: Campeão estadual (3,5 milhões); vice estadual (1,5 milhão); Taça Guanabara, 1º (1 milhão), 2º, (150 mil), 3º (150 mil) e 4º (150 mil); Taça Rio, 1º (1 milhão), 2º, (150 mil), 3º (150 mil) e 4º (150 mil)
Gaúcho (Gauchão Ipiranga)
Em 2017, os clubes gaúchos acertaram um contrato pontual. Na ocasião, a dupla Gre-Nal recebeu R$ 22 milhões. Com o novo acordo para 2018, colorados e tricolores dividem 25 mi, segundo o colunista Luiz Zini, do Zero Hora. Aos demais, as mesmas cotas, com vantagem para Brasil e Juventude, que participam da Série B. Quanto à premiação, bancada por patrocinadores, o cenário é bem curioso. Há bonificação para o campeão do interior (o melhor time fora da final), mas não há para o campeão estadual. Pois é. No último ano, aliás, o campeão foi o Novo Hamburgo, que não ganhou bônus algum…
Contrato: RBS TV (2018), inclui pay-per-view
Alcance da TV aberta: RS (11,2 milhões de telespectadores)
12 clubes (de 11 a 17 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 36 milhões
Premiação: R$ 1 milhão
Total: R$ 37 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 12,5 milhões (Grêmio e Internacional)
Cota 2 (2 times) – R$ 1,5 milhão (Brasil de Pelotas e Juventude)
Cota 3 (8 times) – R$ 1 milhão (Avenida, Caxias, Cruzeiro, Novo Hamburgo, São Luiz, São José, São Paulo e Veranópolis)
Premiações: os oito classificados às quartas de final (R$ 100 mil); campeão do interior (R$ 200 mil)
Mineiro (Mineiro Sicoob) – atualizado em 12/01, via Vinícius Dias, do UAI
Apesar de ser o segundo estado mais populoso do país, Minas Gerais aparece em 4º lugar na lista, considerando a soma de todas as cotas de transmissão dos Estaduais. O contrato atual, de quatro temporadas, prevê um ajuste anual. No caso dos gigantes mineiros, R$ 300 mil a mais para cada. Dado semelhante aos gaúchos. Já o piso é menor, ficando abaixo de R$ 1 milhão por participante – os clubes ainda negociavam um aumento de 850 mil para 875 mil. Aqui, porém, o patamar intermediário é mais robusto, com o América recebendo mais que o Paraense, o Baiano e o Cearense. Em 2018 o torneio ganhou uma data a mais, com a implantação das quartas de final.
Contrato: Globo Minas (2017-2021), inclui pay-per-view
Alcance da TV aberta: MG (20,7 milhões de telespectadores)
12 clubes (de 11 a 16 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 35,15 milhões
Premiação: nada
Total: R$ 35,15 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 12,3 milhões (Atlético-MG e Cruzeiro)
Cota 2 (1 time) – R$ 2,9 milhões (América)
Cota 3 (9 times) – R$ 850 mil (Boa Esporte, Caldense, Democrata, Patrocinense, Tombense, Tupi, Uberlândia, URT e Villa Nova)
Catarinense – atualizado em 15/01, via Blog Rodrigo Goulart
Em 2015, Santa Catarina emplacou quatro clubes no Brasileirão, à frente do Rio. Em 2018 terá apenas um representante, a Chape. Coincidência ou não, essa queda é paralela à redução do investimentos da Globo no torneio local. Neste ano sai de cena o pay-per-view, restando apenas a tevê aberta, com 19 partidas – uma por rodada e mais a final, em jogo único. O montante foi dividido em duas frentes, com 65% para os clubes mais tradicionais, aqueles que já disputaram Série A nesta década, e 35% para os demais.
Contrato: NSC TV (2018-2021)
Alcance da TV aberta: SC (6,8 milhões de telespectadores)
10 clubes (de 18 a 19 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 5 milhões
Premiação: nada
Total: R$ 5 milhões
Cota 1 (5 times) – R$ 650 mil (Avaí, Chape, Criciúma, Figueirense e Joinville)
Cota 2 (5 times) – R$ 350 mil (Brusque, Concórdia, Hercílio Luz, Inter de Lages e Tubarão)
Paranaense – atualizado em 12/01, via jornal Gazeta do Povo
Em 2017 a dupla Atletiba comprou a briga com a Globo ao não concordar com a proposta de transmissão do Estadual – acabaram exibindo o clássico no youtube. Na ocasião, a receita de televisão já havia caído de 8 mi para 6 milhões, ficando sem o pay-per-view. Em 2018 apenas o Furacão bateu o pé, com o valor total seguindo abaixo – o Atlético, aliás, é o único time da elite nacional que disputa o Estadual sem ganhar cota alguma. Com a assinatura pontual do Coxa, o Estadual ultrapassou o PE, uma vez que as demais cotas paranaenses também foram recalculadas.
Contrato: RPC (2018-2019)
Alcance da TV aberta: PR (10,8 milhões de telespectadores)
12 clubes (de 11 a 17 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 4,7 milhões
Premiação: nada
Total: R$ 4,7 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 600 mil (Coritiba e Paraná)
Cota 2 (1 time1) – R$ 500 mil (Londrina)
Cota 3 (8 times) – R$ 375 mil (Cascavel, Cianorte, Foz do Iguaçu, Maringá, Prudentópolis, Rio Branco, Toledo e União)
Sem cota (1 time) – em aberto (Atlético-PR )
Pernambucano
No cenário local, o contrato de quatro anos com a Globo (a detentora dos direitos desde 2000!) prevê um reajuste anual através do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). Assim, por mais que o valor-base, de janeiro de 2015, seja de R$ 950 mil para o Trio de Ferro, na prática cada um ganhará R$ 1.119.690 em 2018. Logo, a 104ª edição do Estadual, com 11 em vez de 12 clubes, conta com um aporte líquido de 4,4 milhões – contudo, por uma questão de padronização do blog, todos os estaduais apresentam os valores originais. Entre os principais campeonatos da região, o PE é o único que terá um novo contrato de tevê em 2019 – espera-se que fique menos defasado.
Contrato: Globo Nordeste (2015-2018), inclui pay-per-view
Alcance da TV aberta: PE (9,2 milhões de telespectadores)
11 clubes (de 10 a 14 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 3,730 milhões
Premiação: nada
Total: R$ 3,73 milhões
Cota 1 (3 times) – R$ 950 mil (Náutico, Santa Cruz e Sport)
Cota 2 (8 times) – R$ 110 mil (Afogados, América, Belo Jardim, Central, Flamengo de Arcoverde, Pesqueira, Salgueiro e Vitória)
Paraense (Banparazão)
Com Remo e Paysandu, os clubes mais populares do Norte, o campeonato é o único desta lista que não é exibido pela Globo. Pelo 10º ano seguido a transmissão ocorre na TV Cultura, uma emissora estatal. O sinal chega a 110 dos 144 municípios do Pará, o que corresponde a 71% da população, hoje estimada em 8,2 milhões. Há cinco anos a receita é a mesma: R$ 2,9 milhões, segundo dados da Secretaria de Esporte e Lazer do Pará. Com a premiação, a cota dos grandes pode chegar a R$ 1,01 milhão.
Contrato: TV Cultura (2018)
Alcance da TV aberta: PA (5,9 milhões de telespectadores)
10 clubes (de 10 a 14 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 2,396 milhões
Premiação: R$ 560 mil
Total: R$ 2,956 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 786 mil (Paysandu e Remo)
Cota 2 (8 times) – R$ 103 mil (Águia, Bragantino, Cametá, Castanhal, Independente, Paragominas, Parauapebas e São Raimundo)
Premiações: campeão estadual (224 mil), vice estadual (168 mil), 3º (112 mil) e 4º (56 mil)
Baiano (Baianão)
A temporada 2018 também marca a redução do Campeonato Baiano, mas de 11 para 10 clubes. Em relação à transmissão, as cifras do contrato de cinco temporadas foram reveladas pelo balancete do Bahia. O tricolor recebeu R$ 893.401 em 2016, numa correção monetária sobre o valor-base de R$ 850 mil (nos mesmos moldes do Pernambucano). A cota é a mesma paga ao rival Vitória. No contrato anterior (2011-2015), a dupla Ba-Vi recebeu R$ 750 mil. Portanto, um mísero aumento de 13% para o torneio atual.
Contrato: Rede Bahia (2016-2020), inclui pay-per-view
Alcance da TV aberta: BA (14,5 milhões de telespectadores)
10 clubes (de 9 a 13 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 2,604 milhões
Premiação: nada
Total: R$ 2,604 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 850 mil (Bahia e Vitória)
Cota 2 (8 times) – R$ 113 mil (Atlântico, Bahia de Feira, Fluminense de Feira, Jacobina, Jacuipense, Jequié, Juazeirense e Vitória da Conquista)
Cearense
O certame alencarino é único, entre os dez, com uma divisão de transmissão – e não compartilhamento, como a Globo costuma fazer com a Band. Isso porque o Esporte Interativo também adquiriu os direitos de uma plataforma (tevê fechada). Após 2015-2016, renovou por outro biênio, encerrando neste ano. Além disso, a Verdes Mares (a Globo cearense) também cede o sinal à TV Diário. As cotas foram aproximadas a partir de informações do jornalista Mário Kempes e do jornal O Povo.
Contrato: Verdes Mares (2016-2019) e Esporte Interativo (2017-2018)
Alcance da TV aberta: CE (8,8 milhões de telespectadores)
10 clubes (de 9 a 15 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 2,56 milhões/ano
Premiação: nada
Total: R$ 2,56 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 800 mil (Ceará e Fortaleza)
Cota 2 (8 times) – R$ 120 mil (Ferroviário, Floresta, Guarani de Juazeiro, Horizonte, Iguatu, Maranguape, Tiradentes e Uniclinic)