Podcast – Análise dos conselhos técnicos das Séries A, B e C do Brasileiro de 2017

Troféus das Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. Fotos: CBF/site oficial

Durante três dias, de 20 a 22 de fevereiro, dirigentes de 60 clubes se reuniram na sede da CBF, no Rio de Janeiro, para debater sobre as formatações do Campeonato Brasileiro. A cada dia, uma divisão, A, B e C. O 45 minutos analisou as principais mudanças (ou não!) em cada competição, com o viés regional. Por sinal, são 16 clubes nordestinos presentes, ou 26% de todos os participantes nos torneios nacionais com calendário completo em 2017.

Neste podcast, de 45 minutos, estou com Fred Figueiroa e Celso Ishigami.

Série A (3 clubes) – Sport, Bahia e Vitória 

Através do voto, a maioria dos clubes (incluindo o trio nordestino) vetou a venda de mando de campo para outros estados. Já a ideia de elencos limitados a 33 profissionais, apoiada pelos times da região, não foi aprovada.

Série B (5 clubes) – Santa Cruz, Náutico, Ceará, CRB e ABC 

Os 18 não cotistas da tevê (à parte de Inter e Goiás) aprovaram uma nova forma de divisão de cota. Agora, os R$ 93 milhões são separados de acordo com a campanha anterior. O Santa foi o nordestino de maior receita, R$ 6,2 mi.

Série C (8 clubes) – Salgueiro, Fortaleza, CSA, ASA, Sampaio Corrêa e Moto Cub, Botafogo-PB e Confiança

Apesar da proposta do Fortaleza para mudar a fase final (dois quadrangulares, em vez de quartas de final), a CBF acabou vetando. O acesso segue no mata-mata, no qual o tricolor alencarino falhou três vezes seguidas no Castelão.

Série A sem venda de mando e sem limite de inscritos. Nordestinos votaram juntos

Conselho técnico da Série A de 2017, na sede da CBF, no Rio. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Além da divulgação da tabela da Série A de 2017, com rodadas entre 13 de maio e 3 de dezembro, os presidentes dos vinte clubes discutiram na sede da CBF, no Rio de Janeiro, sobre mudanças na formatação do campeonato – não relacionadas ao regulamento do campeonato. Foram propostas sugeridas pelos clubes e pela própria diretoria de competições da CBF, com a decisão da maioria prevalecendo a cada votação. No conselho técnico oficial, o Sport foi representado pelo seu presidente executivo, Arnaldo Barros.

Venda de mando de campo (vetada)
A CBF estimou o veto à venda de mando para outros estados nas últimas cinco rodadas, mas o Galo propôs a proibição nas 38 rodadas, só sendo possível mudar dentro do mesmo estado. A maioria escolheu a segunda opção, tendo Fla e Flu como maiores opositores (logo, o Sport pode jogar na Ilha e na Arena).

Sport, Bahia e Vitória votaram contra a venda de mando.

Limite de jogadores inscritos (vetado)
A CBF propôs um limite de 33 atletas por equipe. Neste modelo, poderiam ser feitas dez trocas, além do uso livre de jogadores Sub 20. Contudo, a maioria preferiu seguir com elencos ilimitados (e sem planejamento).

Sport, Bahia e Vitória votaram a favor do limite de 33 inscritos.

Grama sintética (vetada)
A pedido do Vasco, que nunca jogou na grama artificial da Arena da Baixada, do Atlético-PR, foi votado o veto ao piso (avaliado e aprovado anualmente pela Fifa, diga-se). O pleito foi aprovado, mas será válido só em 2018 – o Náutico planejava colocar grama artificial nos Aflitos, mas a ideia deve ser travada. O Furacão questiona a legitimidade (afinal, tem autorização internacional!).

Sport, Bahia e Vitória votaram a favor da grama sintética.

Capacidade mínima
Até 2016, os estádios precisavam ter pelo menos 15 mil lugares sentados para abrigar um jogo da elite nacional. Estranhamente, o número foi reduzido para 12 mil, priorizando o “conforto”, mas sem votação.. 

Avaliação estrutural
No fim, houve um comunicado da confederação brasileira de futebol sobre a realização de “avaliações qualitativas e minuciosas” no estado do gramado, no placar, nos vestiários e nas cabines de imprensa.

As redes sociais dos 40 principais clubes do Brasil até fevereiro de 2017, via Ibope

As redes sociais dos principais clubes do Brasil em 16/02/2017. Crédito: José Colagrossi/Ibope-Repucom

O Ibope vem atualizando mês a mês as bases digitais dos clubes do país, somando os perfis oficiais nas redes sociais mais utilizadas no futebol. O levantamento traz os 20 clubes da Série A e mais 20 clubes com os maiores quadros nas Séries B e C. Ao todo, são onze nordestinos presentes, sendo o Sport o melhor colocado no âmbito nacional, em 13º lugar. Em relação à janeiro, o balanço de fevereiro traz o rubro-negro pela primeira vez na liderança regional do youtube. Ou seja, das quatro redes sociais quantificadas, só não lidera no facebook (hoje, com 48 mil pessoas a menos que o Bahia, vice nas demais).

No ranking absoluto, a Chapecoense segue crescendo. Foram mais 146 mil pessoas (a maioria formada por torcedores de outros clubes) curtindo seus perfis, chegando a 5,5 milhões ao todo. Está a 4 mil do Grêmio, o 6º colocado. Na briga pelo topo, ainda que o líder Corinthians esteja quase na casa de 18 milhões, o Flamengo reduziu a diferença de 1 milhão para 879 mil.

Voltando ao Nordeste, há outra briga ferrenha, entre Santa e Fortaleza, com o tricolor cearense à frente por apenas 5 mil pessoas. Há um mês o hiato era de 10 mil, o que comprova a evolução da plataforma digital dos corais, já na dianteira no insta e no youtube. Por fim, o Vitória, cuja torcida no facebook é só a 6ª da região. Não por acaso, aumentou a divulgação da página. Somando os perfis, o clube registrou o maior aumento no mês, 90 mil. A seguir, listas com os times da região divulgados por José Colagrossi, diretor do Ibope-Repucom.

Os nordestinos com mais usuários nas redes sociais e a evolução no mês*
1º) Sport (2.546.041) +43.105
2º) Bahia (2.348.637) +28.756
3º) Vitória (1.484.263) +90.877
4º) Ceará (996.446) +15.368
5º) Fortaleza (823.568) +13.348
6º) Santa Cruz (818.321) +17.998
7º) América-RN (375.812) +4.435
8º) ABC (358.878) +6.510
9º) Náutico (344.004) +10.688
10º) Sampaio Corrêa (228.434) +2.128
11º) CRB (219.083) +5.162

Top 5 do NE no facebook*
1º) Bahia (1.093.667)
2º) Sport (1.045.090)
3º) Ceará (643.537)
4º) Fortaleza (580.845)
5º) Santa Cruz (566.943)

Top 5 do NE no twitter*
1º) Sport (1.253.998)
2º) Bahia (1.101.527)
3º) Vitória (960.217)
4º) Ceará (210.558)
5º) Fortaleza (131.893)

Top 5 do NE no instagram*
1º) Sport (224.574)
2º) Bahia (132.869)
3º) Ceará (131.074)

4º) Vitória (120.382)
5º) Santa Cruz (103.456)

Top 5 do NE no youtube*
1º) Sport (22.379)
2º) Bahia (20.574)

3º) Santa Cruz (18.493)
4º) Ceará (11.277)
5º) Fortaleza (8.783)

* Uma pessoa pode ter contas em diferentes plataformas, com a lista contando cada uma delas. Inclusive, pode seguir perfis rivais, também contabilizados. 

Confira o levantamento anterior clicando aqui.

Acordo muda classificação do Nordestão, com vagas via títulos estaduais e ranking

Formatos da Copa do Nordeste de 2018 e 2019. Crédito: Thiago Minhoca/divulgação (@ThiagoMinhoca)

A distribuição das vagas no novo Nordestão, num gráfico de Thiago Minhoca.

Em 2018, a Copa do Nordeste deve incorporar uma etapa no estilo “Pré-Libertadores”, elaborada para que a fase principal volte a ter 16 clubes. Trata-se da solução entre três frentes, envolvendo federações, Liga do Nordeste e o G7, grupo formado pelos sete maiores clubes (Náutico, Santa, Sport, Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza). Desde a ampliação da Lampions de 16 para 20 times, há três temporadas, os organizadores detectaram um excesso de jogos sem apelo, buscando, a partir desta visão, um critério técnico (necessário, é bom frisar) para manter as principais forças na disputa e a atratividade da competição, cuja premiação passou de R$ 5,6 mi para 18,5 milhões em cinco anos.

Qual era o impasse entre federações, liga e G7:
1) As federações estaduais queriam a mudança de calendário ou redução do torneio, tanto que conseguiram, para o calendário de 2017, a redução de 12 para 8 datas no regional – as 12 originais foram mantidas como “concessão”.

2) A Liga do Nordeste travava uma disputa de bastidores com as federações por acordos comerciais, tentando contemplar mais clubes. Se baseava no acordo judicial junto à CBF, que garante a Copa do Nordeste até 2022.

3) O G7 do Nordeste, à parte da própria liga, vinha propondo um torneio com 12 clubes e turno único, com critérios distintos para a classificação, evitando o “risco” de ausências – caso do Vozão neste ano. Em 2016 foram seguidas reuniões entre os dirigentes, projetando até a criação da Série B do Nordestão.

Num ano que começou com o presidente da FPF, Evandro Carvalho, ameaçando o torneio de extinção, ao que parece chegou-se a um entendimento. Primeiro, o presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela, adiantou a transformação em entrevista a Vitor Villar, do jornal baiano A Tarde.

 “(…) para 2019 vamos precisar mudar o formato. Talvez garantir alguns times direto na fase de grupos e pegar terceiros e quartos colocados de cada Estadual e fazer um mata-mata antes da fase de grupos. É uma ideia, mas não tem nada fechado ainda. A ideia do novo formato é ter jogos mais atraentes desde a 1ª fase, com times de maior apelo popular.”

Depois, o presidente da federação cearense, Mauro Carmélio, esmiuçou todas as mudanças na Rádio Verdes Mares, de Fortaleza, com o processo de mudanças em dois anos. Em 2018, no formato. Em 2019, nos participantes.

A divisão das 20 vagas na Copa do Nordeste em 2018 e 2019. Quadro: Thiago Minhoca/divulgação (@ThiagoMinhoca)

O acordo triplo para o novo Nordestão:
1) A Copa do Nordeste tende a ser realizada num período distinto do campeonato estadual (ou antes ou depois, mas não mais simultaneamente). Possivelmente abrindo o ano. Ponto para as federações.

2) A competição mantém a mesma distribuição de vagas para os nove estados (20, somando a pré) e as 12 datas (na fase principal) utilizadas desde a volta oficial do torneio, em 2013. Ponto para a Liga.

3) O torneio de fato volta a ter 16 clubes, com 4 grupos de 4 times, com todos os vice-líderes avançando às quartas, além de adotar critérios de proteção (na prática) sobre as vagas. Ponto para o G7, que abdicou da segundona.

Ainda que a CBF não tenha chancelado a transformação da copa, vamos às principais mudanças das duas próximas edições, já com o “Pré-Nordestão”…

Formato de 2018:
Respeitando os regulamentos dos campeonatos estaduais em andamento, as 20 vagas (3 de PE, 3 da BA e 2 para os demais) estão asseguradas através desses torneios locais. Porém, apenas 12 times estariam garantidos na fase de grupos (os 9 campeões estaduais e os vices de PE, BA e CE), com 8 times disputando a fase preliminar (demais vices e os 3º colocados de PE e BA). Ou seja, quatro mata-matas, com os vencedores entrando na fase principal.

Formato de 2019:
Repete o regulamento, mas muda a forma de classificação, mais excludente. Seriam apenas 9 vagas via estaduais, todas para os campeões. As outras 11 seriam via Ranking da CBF, com 2 vagas por ranking para PE e BA (por que não o vice nesses dois casos?) e 1 vaga para os demais estados. Com 11 classificados via ranking, a presença de zebras tende a diminuir bastante. 

Como curiosidade, eis a simulação da Nordestão 2017 com os dois novos formatos (abaixo). Em 2018, o Náutico, por exemplo, teria disputado a fase pré. Com a versão de 2019, o Ceará, 5º no estadual, entraria já na fase de grupos. Por sinal, seriam cinco participantes diferentes: Uniclinic/Ceará, CSA/ASA, Itabaiana/Confiança, Juazeirense/Vitória da Conquista e Altos/Parnahyba..

Em Pernambuco, com a implantação do modelo definitivo, um time do interior só conseguirá a vaga em caso de título (o que nunca ocorreu em 103 anos), uma vez que o Trio de Ferro detém as três melhores colocações no ranking… Justo?

Como ficaria o Nordestão de 2017 com os modelos de 2018 e 2019. Quadro: Thiago Minhoca/divulgação (@ThiagoMinhoca)

A classificação da fase de grupos da Copa do Nordeste 2017 após 3 rodadas

A classificação da fase de grupos do Nordestão 2017 após 3 rodadas. Crédito: Superesportes

fase de grupos da Copa do Nordeste de 2017 chegou à metade, com três rodadas disputadas. Devido ao regulamento, implantado há dois anos, a análise da classificação dos grupos sofre uma influência direta das outras chaves. Explica-se: além dos cinco primeiros colocados, apenas os três melhores segundos lugares avançam. Hoje, estariam classificados, na liderança, os seguintes times: Santa Cruz (A), Bahia (B), River (C), CRB (D) e Vitória (E). As outras três vagas ficariam com Campinense (A), Sport (C) e Sergipe (E). Vice-líderes de suas chaves, Fortaleza (B) e ABC (D) sobrariam.

Os potes para o sorteio das quartas de final estariam assim:
1 – Santa Cruz, River, Vitória e Bahia
2 – CRB, Campinense, Sport e Sergipe

A partir da campanha do alvirrubro de Aracaju, hoje com a 8ª vaga, a projeção mínima de classificação (como 2º) é de 12 pontos. Sem dúvida, um desempenho alto. Neste contexto, o Náutico, por exemplo, teria que ganhar os três jogos.

A sexta e última rodada será em 22 de março, com dez jogos ao mesmo tempo.

Em tempo: quem passar de fase ganhará R$ 450 mil de cota.

Campeonato Pernambucano com 1/3 de gramados sintéticos. Futuro breve?

Modelo de grama sintética em estudo na FPF. Foto: Fred Figueiroa/DP

A situação dos gramados, sobretudo no interior, é um problema histórico no Campeonato Pernambucano. Além da falta de investimentos (dos clubes e das prefeituras, proprietárias da maioria dos estádios), a falta d’água em 2017 foi agravada pela seca. E a tendência é que a crise hídrica se mantenha a médio prazo, fazendo com que a FPF cogite, à vera, uma solução drástica: campos sintéticos. A medida vem sendo estudada há algum tempo na federação, tanto que o presidente Evandro Carvalho já havia manifestado o desejo no interior. Agora, o projeto ganhou corpo, com formatação, prazo e alcance. Para 2018 (?), a ideia é implantar ao menos dois campos artificiais no interior.

Indo além, seriam três cidades, englobando três mesorregiões, a Zona da Mata (Vitória), o Agreste (Caruaru) e o Sertão (Serra Talhada). Com isso, haveria um raio de alcance a cidades próximas, em caso campos de grama natural sem condições. Além dos três tipos de grama em estudo (já na sede da entidade, foto), a FPF busca um aporte – aí, o ponto-chave para sair do discurso futurista.

Considerando que o Náutico, à parte da proposta da FPF, também vem analisando a implantação, então seriam até quatro pisos artificiais no Estadual, 1/3. Neste hipotético cenário, seria a competição estadual de maior presença sintética. Cada campo deste tipo custa entre R$ 1 mi e R$ 1,5 mi. Portanto, a projeção mínima é de R$ 4 milhões. Investimento pesado, mas com expectativa de maior durabilidade, ainda que também seja preciso irrigar (devido à alta temperatura e à resistência do material). Numa escala muito menor, claro.

Possíveis cidades com campos sintéticos*
Recife (Aflitos, Náutico)
Vitória (Carneirão, Acadêmica Vitória)
Caruaru (Lacerdão, Central)
Serra Talhada (Nildo Pereira, Serra Talhada)

Confira o post sobre a possibilidade de grama sintética nos Aflitos aqui.

Criador do Tema da Vitória, da Fórmula 1, faz arranjo na trilha da Copa do Nordeste

Maestro Eduardo Souto, criador do Tema da Vitória, produz arranjo para a trilha da Copa do Nordeste. Foto: divulgação

O maestro carioca Eduardo Souto Neto foi o responsável por um dos jingles mais conhecidos do país, o “Tema da Vitória”. Hoje tocada nas (raras) vitórias brasileiras na Fórmula 1, a canção instrumental foi criada em 1983, a pedido da Rede Globo, para celebrar o vencedor do GP do Brasil, independentemente da nacionalidade. Acabou imortalizada nas 40 (das 41) vitórias de Ayrton Senna.

Pois bem, o mesmo maestro, hoje aos 65 anos, refez os arranjos da trilha oficial da Copa do Nordeste, visando a edição 2017. A gravação, desta vez solicitada pelo Esporte Interativo, foi feita em seu próprio estúdio, em sua casa no Rio de Janeiro. A música, liberada às emissoras de televisão e rádios que exibem o regional, costuma ser tocada na entrada dos times e nos gols.

“Eu gosto muito de futebol e eu procurei fazer uma coisa que fosse exatamente pra cima, porque o tema musical que já existe e que eu acho muito bonito, já tem essa característica toda nordestina naturalmente, já é melodioso e bonito. Faltava aquela coisa para levantar a torcida”.

Ouça à integra (1min15s) da nova versão instrumental da Lampions e opine…

Primeira fase do Estadual registra média de 842 pessoas e R$ 170 mil, a pior renda

A média de público na 1ª fase do Campeonato Pernambucano. Arte: Cassio Zirpoli/DP

A primeira fase do Campeonato Pernambucano de 2017 atraiu apenas 19.338 torcedores aos estádios. Dos 27 jogos realizados, quatro ocorreram de portões fechados, três em Carpina, onde o Atlético não conseguiu todos os laudos técnicos, e um em Paulista, na estreia do América, pelos mesmos motivos. Considerando, então, os jogos com borderô, a média foi de apenas 842 espectadores, quatro a mais que a temporada passada. Números quase idênticos e dentro de um mesmo contexto: a ausência do Todos com a Nota. Em 2015, na última edição com ingressos subsidiados, o TCN correspondeu a 92% do público. Antes, em 2013 e 2014, com números bem questionáveis (troca de ingresso sem presença efetiva), o índice chegou a 4 mil pessoas.

Na fase preliminar em 2017, o maior público foi na estreia do Salgueiro, com 2.264 torcedores no Cornélio de Barros, graças ao plano de sócios do clube sertanejo, com o associado adimplente pagando apenas R$ 1 pelo ingresso. Por sinal, a torcida salgueirense correspondeu a 33% do público absoluto. Já o pior borderô ocorreu no Nildo Pereira, num gramado inaceitável, com apenas 102 pessoas assistindo ao duelo de eliminados Serra Talhada x Afogados. Em relação à arrecadação, o valor bruto foi de R$ 170 mil, o menor na primeira fase, com a FPF tendo direito, segundo regras próprias, a uma taxa de 8% sobre a bilheteria de todas as partidas. Logo, a arrecadou R$ 13.608.

Público e renda na 1ª fase do Campeonato Pernambucano, com 1 jogo de portões fechados em 2016 e 4 em 2017. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Salgueiro, Belo Jardim e Central foram os classificados ao hexagonal do título. O blog, então, continuará levantando as médias de público e renda na fase principal da competição, além do balanço geral, somando todas as fases.

1º) Salgueiro (3 jogos como mandante, no Cornélio de Barros
Público: 6.449 torcedores
Média de 2.149
Taxa de ocupação: 17,8%
Renda: R$ 26.729
Média de R$ 8.909

Pernambucano 2017, 1ª fase: Salgueiro 2x1 Flamengo de Arcoverde. Foto: @CarcaraNet (twitter)

2º) Central (3 jogos como mandante; 2 no Lacerdão e 1 no Antônio Inácio)
Público: 3.856 torcedores
Média de 1.285
Taxa de ocupação: 8,1%
Renda: R$ 51.730
Média de R$ 17.243

Pernambucano 2017, 1ª fase: Central 2x0 Belo Jardim. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

3º) Belo Jardim (3 jogos como mandante, no Antônio Inácio)
Público: 590 torcedores
Média de 196

Taxa de ocupação: 2,6%
Renda: R$ 4.872
Média de R$ 1.624

Pernambucano 2017, 1ª fase: Belo Jardim 3x0 Vitória. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

As compras milionárias dos clubes de futebol do Nordeste no Plano Real

As compras milionárias do futebol nordestino no Plano Real. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O perfil exportador do futebol nordestino é bem antigo, com craques negociados desde o início do profissionalismo no país, como Ademir Menezes, do Sport para o Vasco em 1942. E do clube carioca para a Copa do Mundo. Caminhos para o Sul-Sudeste e também para o exterior. Ainda bem, há o caminho inverso. Mais recente e numa rotação menor, o clubes da região também vêm contratando jogadores com cifras milionárias. O blog reuniu as negociações (divulgadas) no Plano Real, em circulação desde 1º de julho de 1994 – considerando ao menos R$ 1 milhão independentemente do percentual adquirido sobre os direitos.

À parte da década atual, surpreende o Vitória em 1997, com quatro compras seguidas, no embalo da parceria com o Banco Excel, que bancou R$ 10,8 milhões nos reforços, além de mediar o empréstimo de Túlio Maravilha, então no Corinthians, também patrocinado pelo banco. Na temporada seguinte, também respaldado por um banco (o Opportunity), o Bahia entrou na estatística. A partir de 2012, no início da era das supercotas da televisão, no Brasileirão, quatro clubes da região conseguiram realizar transações neste porte, até o Náutico, o único ‘não cotista’, mas presente na elite no ano da vinda de Kieza.

Número de jogadores comprados (20 nomes até 11/01/2018*)
8 – Sport
7 – Vitória
4 – Bahia*
1 – Náutico
* O Bahia também comprou 55% de Hernane Brocador e 50% de Edgar Junio, mas com valores desconhecidos

Número de jogadores comprados por estado:
11 – Bahia
9 – Pernambuco

O ranking é apresentado tanto em reais quanto em dólares. Isso porque, em mais de duas décadas, o valor da moeda nacional já flutuou bastante. Se no início chegou a valer mais que o dólar, em determinado momento caiu para 1/4 da moeda americana. Por sinal, apesar de o euro ser a versão mais utilizada, hoje, no futebol internacional, o blog opta pelo dólar uma vez que a moeda europeia só foi criada em 1999, sendo impossível calcular valores anteriores.

A pesquisa engloba valores oficiais e extraoficiais, esses divulgados na imprensa (jornais e sites), uma vez que os clubes raramente revelam os números oficiais – nem em seus balanços financeiros. Na maioria dos casos, cada compra foi informada em um valor (real, dólar ou euro), com o blog convertendo nas duas colunas abaixo de acordo com o câmbio de cada época, precisamente no dia da notícia.

Ah, existe a possibilidade de alguns nomes terem sido esquecidos. Por isso, caso lembre, pode deixar o seu comentário no post, que a lista será atualizada.

Quase sem água, os precários campos da primeira fase do Pernambucano de 2017 estão ameaçados de veto no hexagonal

Estádio Pereirão em 13/12/2016. Foto: Serra Talhada/twitter (@Serra_TalhadaFC)

A crise hídrica, com o Nordeste vivendo a maior seca em um século, age diretamente na qualidade dos gramados dos times intermediários, da região metropolitana ao sertão. Com receitas modestas e pouca ajuda das prefeituras para bancar seguidos caminhões-pipa (de uma forma geral), o quadro é dos piores já vistos no futebol pernambucano. Tanto que a fase principal, o hexagonal do título, pode não contar com os palcos hoje autorizados. É o que diz primeira circular do ano, publicada pela FPF, chamando a atenção dos nove intermediários sobre o estado dos gramados. Todos foram alertados sobre a possibilidade de veto. Ainda que não haja tal regra no regulamento do Estadual 2017 (que exige, apenas, uma capacidade mínima de 10 mil espectadores a partir do mata-mata), no regulamento geral de competições da FPF há um artigo que dá à entidade o poder de veto, independentemente dos laudos técnicos.

Em caráter preventivo, a federação lembrou um artigo presente no RGC (abaixo, em itálico) e também a diretriz operacional quando os locais são utilizados por equipes das Séries A e B, caso do Trio de Ferro. Uma nova vistoria (já surpreende a primeira) será feita entre os dias 21 e 24 de janeiro.

Artigo 5º – Incumbe à diretoria de competições da FPF, na qualidade de órgão gestor técnico das competições:
VI – “Validar os estádios ao termino de cada fase/turno das competições, independentemente da vigência dos Laudos Técnicos estabelecidos em Lei, objetivando a qualificação do evento, exigida em face dos contratos de televisionamento e da premissa do programa de Projetos de Gramado, implantado pela CBF, em 2016.”

Dos nove times, oito estão no interior. Um deles já não joga em seu município, o Belo Jardim. Com o Sec-Mendonção castigado (imagine a situação!), o Calango acabou acertando com a liga caruaruense o aluguel do Antônio Inácio. Abaixo, imagens recentes dos campos de cada clube, todas registradas em janeiro.

América – Estádio Ademir Cunha (Paulista, a 17 km do Recife)
Foto em 17/01, no treino do América

O Mequinha toma conta do estádio municipal desde 2010. No último ano, o local acabou sendo bastante usado por categorias de base de outros clubes, além de peladas de fim de ano e ações sociais. Devolvido em péssimo estado, o campo vem recebendo placas de grama, compradas pelo próprio alviverde.

Estádio Ademir Cunha em 17/01/2017. Foto: América/twitter (@america_pe)

Atlético Pernambucano – Estádio Paulo Petribú (Carpina, 45 km)
Foto em 15/01, Atlético 0 x 2 América

O acanhado estádio, que começou sendo utilizado sem torcida, por falta de laudos técnicos de segurança e bombeiros, tem inúmeros buracos, com um piso duro. Ao menos, tem uma grama verdinha acima da média.

Estádio Paulo Petribú em 15/01/2017. Foto: América/facebook (@americafcpe)

Acadêmica Vitória – Estádio Carneirão (Vitória de Santo Antão, 50 km) 
Foto em 04/01, Vitória 3 x 0 América

O campo do Severino Cândido Carneiro foi o primeiro a chamar atenção negativamente, por causa da inédita transmissão via internet, com o globo.com exibindo Vitória x América. A quantidade de buracos nas laterias gerou críticas da FPF. Apesar da capacidade de público apta ao hexagonal, está ameaçado.

Estádio Carneirão em 04/01/2017. Foto: Márcio Souza/A Voz da Vitória (avozdavitoria.com)

Central – Estádio Luiz Lacerda (Caruaru, 130 km) 
Foto em 15/01, Central 2 x 0 Belo Jardim

Vale lembrar que em 2016 a Patativa firmou um acordo para a reutilização da água da Compesa. Em um mês, na ocasião, a reutilização gerou 120 caminhões com 12 mil litros cada. Ou seja, 1,44 milhão de litros sem uso aparente deixaram o campo verde. Neste ano, nem esse tipo de água foi suficiente. Além de caminhões-pipa, o clube vem usando água do poluído Rio Ipojuca.

Estádio Lacerdão em 15/01/2017. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

Belo Jardim – Estádio Antônio Inácio (Caruaru, 130 km)
Foto em 08/01, Belo Jardim 3 x 0 Vitória

O estádio, também conhecido como Vera Cruz, apresenta remendos, mas conta com um campo melhor que o do outro estádio da cidade. Tende a receber o Central caso o Lacerdão seja vetado ou não seja melhorado a tempo. Quanto ao Belo Jardim, o time é mandante a 49 km de distância. Às moscas. Em Belo Jardim, já treinou no estádio do rival local, o campo sintético da “Gameleira”.

Estádio Antônio Inácio em 08/01/2017. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

Flamengo – Estádio Áureo Bradley (Arcoverde, 256 km) 
Foto em 04/01, Flamengo 2 x 1 Belo Jardim

Apontado pela FPF como o melhor campo no interior, neste ano, o gramado de Arcoverde é o único que vinha sendo cuidado pela prefeitura de maneira prévia, com acordo para fornecimento de água em níveis satisfatórios. O Fla só deixaria o local em caso de mata-mata (por falta de arquibancadas maiores).

Estádio Áureo Bradley em 04/01/2017. Crédito: Dárcio Rabêlo (darciorabelo.com.br) / Youtube (reprodução)

Afogados – Estádio Vianão (Afogados da Ingazeira, 386 km) 
Foto em 11/01, Afogados 1 x 3 Salgueiro

Utilizado pela primeira vez na primeira divisão estadual, o local tem um tom mais uniforme de grama, ainda que a irrigação também sofra com a estiagem.

Estádio Vianão, em Afogados, no dia 11/01/2017. Foto: Salgueiro/twitter (@CarcaraNet)

Serra Talhada – Estádio Nildo Pereira (Serra Talhada, 415 km) 
Foto em 08/01, Serra Talhada 3 x 3 Atlético

Uma calamidade o cenário no Pereirão. Sem grama em diversos pontos, com o Cangaceiro precisando implantar, desde dezembro, placas de grama – ainda insuficientes para todo o campo, como a grande área, de areia.

Estádio Pereirão em 08/01/2017. Foto: Geovani / Serra Talhada (ascom)

Salgueiro – Estádio Cornélio de Barros (Salgueiro, 518 km) 
Foto em 02/01, treino do Salgueiro

A casa do Salgueiro seria a única, hoje, a atender tanto a capacidade mínima na semifinal quanto o gramado. Ainda assim, vem tentando melhorar desde dezembro, uma vez que o piso estava completamento seco. Alega-se à falta d’água e de manutenção a disputa eleitoral. O prefeito eleito acabou sendo Clebel Cordeiro, ex-mandatário do Carcará.

Estádio Cornélio de Barros em 02/01/2017. Foto: Salgueiro/twitter (@CarcaraNet)