A nova ordem do futebol

Final da Copa do Mundo de 2010: Espanha 1 x 0 Holanda

Acabou mais uma Copa do Mundo. A Copa de todos os povos na África.

Salve a nova seleção campeã mundial de futebol.

MundoA Espanha!

Campeã da Euro de 2008 e campeã do mundo em 2010.

O time de Xavi, Iniesta, David Villa, Casillas… Um grande time, com um futebol refinado, envolvente. Cadenciado em muitos momentos, de uma plasticidade impressionante, que abusa do (bom) toque de bola.

A nova dona da bola é aquela mesma Fúria que estreou na África do Sul com uma derrota surpreendente para a fraca Suíça. O time, um dos maiores favoritos ao título, se recuperou e engatou seis vitórias seguidas. No mata-mata, quatro triunfos por 1 x 0. Econômica e letal. O último deles no estádio Soccer City, neste domingo.

Foi a maior vitória da história do futebol espanhol. Muito acima das conquistas estelares de Real Madrid e Barcelona…

Para erguer a Taça Fifa, a Espanha precisou se superar nos últimos minutos da prorrogação em um duelo equilibradíssimo contra a Holanda. No primeiro tempo, muitas faltas. Foram cinco cartões amarelos. No segundo, gols perdidos. Cara a cara.

Na prorrogação, o novo herói: Iniesta. Vitória magra, por 1 x 0, mas muito além do suficiente. Até porque final não é mesmo para jogar bonito. É para ganhar! A Copa do Mundo é da Espanha. Com a melhor defesa da história, com apenas 2 gols sofridos, repetindo a campanha da Itália em 2006.

Mas é impossível não citar que a Fúria entra na história, também, com o pior ataque de um campeão… Foram apenas 8 gols em 7 jogos. Média de 1,14 por jogo. Pífia. Até este domingo, a pior média de gols pertencia ao Brasil, com 1,57 em 1994. Mesmo ali, fizemos 11 gols (veja AQUI).

Atualização da lista de campeões. Parabéns, Espanha!

1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 – Brasil
1934, 1938, 1982 e 2006 – Itália
1954, 1974 e 1990 – Alemanha
1930 e 1950 – Uruguai
1978 e 1986 – Argentina
1966 – Inglaterra
1998 – França
2010 – Espanha

Foto: Fifa

O bandeirão não será nosso

Média de público do Nordestão

Clássico das Emoções nos Aflitos, neste sábado. Alvirrubros e tricolores voltavam a se enfrentar após a semifinal do Pernambucano. Naquela ocasião, Carlinhos Bala deu a vitória ao Náutico, também nos Aflitos, e classificou o Timbu para a decisão.

O título pernambucano não veio e tempo passou. Bala nem está mais em Rosa e Silva. Aproveitando o time misto do rival, o Santa Cruz buscava sair da sina de empates no Campeonato do Nordeste. Não saiu. O clássico terminou empatado em 1 x 1.

Um jogo oficial em um torneio regional. O público? Apenas 2.238 torcedores. Eu não lembro de outro público tão pequeno em um clássico no Recife em um jogo de profissionais. É uma pena. No Arruda, o Santa não tem feito muito diferente. Os dois clubes seguem entre os últimos na média de público do regional (gráfico).

O Santa Cruz tem apenas a 11ª média, enquanto o Náutico está em 13º lugar. O vencedor do prêmio Torcida Mais Fanática, promovido pela TV Esporte Interativo, vai ganhar o maior bandeirão do Nordeste (veja AQUI). Mas não deverá ser nosso…

1990, a escassez de gols

Poster oficial da Copa do Mundo de 1990A Copa da África está salva.

O recorde mais ingrato das Copas é mesmo do Mundial da Itália.

Realizada há 20 anos.

Uma competição repleta de empates insossos.

Apesar da primeira fase econômica, a Copa na África do Sul engrenou no mata-mata.

A dois jogos do fim, a competição “precisava” de mais três gols para superar a infeliz marca de 1990, como o blog já havia informado (veja AQUI).

Graças ao ótimo jogo entre alemães e uruguaios, neste sábado, acabou o temor. Com os cinco gols na disputa pelo 3º lugar, com a medalha de bronze para os germânicos, o Mundial chegou a 144 gols em 63 jogos, com uma média de 2,28.

Mesmo que a decisão no Soccer City acabe em um empate sem gols, a média já está garantida em pelo menos 2,25.

Em 1990 o índice foi 2,21. Ufa!

Paul, o invicto

Copa do Mundo de 2010: Uruguai x Alemanha

O polvo Paul, que vive em um aquário na cidade alemã de Oberhausen, havia acertado todos os seis resultados da mannsfhaft na Copa do Mundo de 2010. Até mesmo a surpreendente derrota para a Sérvia ainda na primeira fase…

Para este fim de semana, o polvo escolheu a Alemanha como a vencedora da disputa pelo 3º lugar. Era a senha para a derrota do Uruguai. Mas Paul teve que ter muita confiança no palpite, pois o jogo deste sábado em Port Elizabet foi muito acirrado.

Antes da partida que reuniu cinco títulos mundiais, os torcedores charrúas até provocaram: “Prato especial da noite: polvo grelhado à uruguaia”.

A revelação alemã, Thomas Müller, que foi um sério desfalque na semifinal contra a Espanha, abriu o placar. Cavani empatou logo depois. No início do segundo tempo, Forlán marcou mais um belo gol no Mundial e encostou na artilharia, com 5 gols. Era a virada celeste. Mas Jansen empatou logo depois, em uma falha do goleiro Muslera.

A dez minutos do fim, Sami Khedira virou novamente, 3 x2. Agora era a Alemanha em vantagem. Aos 47, Forlán acertou a trave. Não teve jeito. Paul, que tem dois anos e meio, segue invicto! Para o domingo, então, cresce a chance da Espanha conquistar o inédito título mundial. É o palpite de Paul.

Miroslav Klose? Pode ficar tranquilo, Ronaldo. O recorde de 15 gols em Mundiais é do Fenômeno. É brasileiro. Essa, nem o polvo… 

Alemanha na disputa pela medalha de bronze:

1934 – Alemanha 3 x 2 Áustria
1958 – Alemanha 3 x 6 França
1970 – Alemanha 1 x 0 Uruguai
2010 – Alemanha 3 x 2 Uruguai

Foto: Fifa

Reprise bronzeada

Medalha de bronzeUruguai e Alemanha decidem o 3º lugar da Copa do Mundo da África do Sul. Para os alemães, o jogo não vale muita coisa. Para a Celeste, seria a melhor colocação além dos títulos mundiais de 1930 e 1950.

O jogo será uma reprise em plena sessão de sábado.

Em 20 de junho de 1970, charrúas e germânicos entraram em campo no estádio Azteca, na Cidade do México, também na disputa pela medalha de bronze.

A vitória foi alemã, com um gol de Overath. Confira o compacto abaixo, de sete minutos.

Prévia das boas… Assim como em 1970, a decisão aconteceu no dia seguinte.

Fúria econômica e histórica

Copa do Mundo de 2010: Espanha 1 x 0 Alemanha

Em 1954, a Alemanha foi campeã do mundo com um ataque arrasador.

Foram 25 gols em apenas seis jogos, com uma média impessionante de 4,16. Foi a única vez na história que um campeão superou a marca de quatro gols por partida.

Média de gols dos campeões mundiaisCom o formato atual, com uma campanha de sete jogos, o campeão teria que fazer 29 gols para obter a mesma média. Sem dúvida, é uma missão bem complicada…

Ainda mais numa entressafra de gols como nesta Copa de 2010 (veja AQUI). O resultado poderá ficar mais evidente caso a Espanha conquistar o título inédito.

Com apenas sete gols marcados (sendo cinco de David Villa), a Fúria precisa balançar as redes holandesas pelo menos quatro vezes para não ter o pior ataque da história.

Chegando a 11, a Espanha pelo menos “dividiria” o posto com o Brasil, que fez apenas 11 tentos na campanha do tetra, em 1994, com uma média de 1,57.

A atual média espanhola é de 1,16! O futebol de toque de bola pode impressionar pela beleza… O time pode até finalizar bastante, tanto que lidera a lista na África do Sul, com 103 chutes… Mas falta “algo”, pois gol mesmo a Espanha não fez até aqui.

Com 12 gols, a Holanda pode ficar despreocupada. Se for campeã, mesmo nos pênaltis após 120 minutos de 0 x 0, a Laranja Mecânica não será a recordista negativa.

Curiosidade: a Alemanha pode ter o recorde de gols de um campeão do mundo, mas o recorde absoluto numa Copa do Mundo pertence à Hungria, que fez 27 gols em cinco jogos (5,4), também no Mundial de 1954. Mas o time de Puskas acabou com o vice…

Fotos: Fifa

Agradeça a ele

Aldyr Garcia Schlee, criador do uniforme verde e amarelho do BrasilSe você é apaixonado pela Seleção Brasileira, apesar dos baques nos dois últimos Mundiais, a “culpa” é exclusivamente deste senhor ao lado.

Ex-craque? Treinador? Não. Desenhista.

Aldyr Schlee, hoje aos 75 anos e morador de Pelotas, no interior gaúcho.

Em 1953, com apenas 19 anos, ele desenhava lances esportivos e fazia caricaturas para jornais pelotenses. Até que viu um concurso do jornal carioca Correio da Manhã e se inscreveu.

Era algo bem “simples”: a escolha do novo uniforme da Seleção Brasileira. A ideia era esquecer o padrão branco, após o vice-campeonato mundial em 1950, em um Maracanã repleto. Foi demais.

Pois não é que Aldyr Schlee, hoje um escritor, enviou um croquis com o modelo de uma certa camisa amarela com gola verde, além do calção azul e meias brancas?

O gaúcho foi o criador do uniforme Canarinho, o vencedor entre os 201 trabalhos inscritos. Hoje, a camisa é sinônimo absoluto de futebol.

Um história assim merecia mesmo virar filme. Virou um documentário, produzido neste ano em 16mm pela RBS, afiliada da TV Globo de Porto Alegre. Confira o trailer abaixo.

Obrigado, Schlee!

 Post com a colaboração da gremista Iasmine Eidewein

Mais três gols e o fim do fantasma

Copa do Mundo

Dos 64 jogos programados para a Copa do Mundo de 2010, 62 já foram realizados. Ao todo, foram 139 gols marcados, por 93 atletas.

Assim, a baixa média de gols na África do Sul é de 2,241.

O índice de gols nos estádios africanos está no limite para ficar com a infeliz marca de pior da história dos Mundiais. E olhe que foram 19!

Esse “recorde” pertence há 20 anos à Copa da Itália de 1990, com 115 gols em 52 partidas. A média daquela competição, repleta de empates insossos, foi de 2,211.

Numa conta rápida, basta que os jogadores marquem mais três gols neste fim de semana para superar a  pior média. Com a missão, uruguaios e alemães na disputa pelo 3º lugar e holandeses e espanhóis na briga pelo título inédito.

Se o total de gols de 2010 chegar a 142, em 64 partidas, a média ficará em 2,218.

Se forem marcados apenas dois gols, o índice ficará com 2,203.

Foto: Fifa

A escolha de Sofia

Bola de Ouro de melhor jogador da Copa do Mundo

Os dez melhores jogadores da Copa do Mundo de 2010.

A Fifa divulgou nesta sexta os nomes dos dez candidatos ao prêmio de Bola de Ouro do Mundial (veja AQUI). O prêmio foi criado em 1982. Entre os postulantes, três espanhóis (Iniesta, Xavi e David Villa) e dois holandeses (Sneijder e Robben). Nenhum brasileiro…

O vencedor será anunciado em 11 de julho, logo após a final da Copa, no Soccer City. Ao vencedor, a Escolha de Sofia! Nas três últimas edições do Mundial da Fifa, o jogador que foi eleito como o melhor da competição acabou como vice-campeão…

Ronaldo em 1998, Oliver Kahn em 2002 e Zinedine Zidane em 2006. 😯

Então, a “dúvida”: campeão do mundo ou o prêmio melhor da Copa? Dos sete vencedores do prêmio, só três também ganharam o título, em 1982, 1986 e 1994. Assim, o último que realmente terminou feliz foi Romário. E olhe que o Baixinho ficou a um golzinho de levar também a chuteira de ouro de artilheiro do Mundial.

Vale lembrar que os segundo e terceiro lugares recebem, respectivamente, as Bolas de Prata e de Bronze. Falcão (1982) e Ronaldo (2002) receberam também a Bola de Prata. Veja a lista completa de vencedores da Bola de Ouro do Mundial AQUI.

Para evitar uma nova gafe, a Fifa vai esperar a decisão de 2010 para encerrar a eleição. Parece algo óbvio, mas não era assim.

Os meus eternos super-heróis

Rooney, Kaká, Messi, Cristiano Ronaldo e Robben

Por Lucas Fitipaldi, direito de Joanesburgo*

Era uma vez o craque, na acepção da palavra. Era uma vez extremo talento combinado com rara personalidade. Era uma vez Romário, Zidane, Ronaldo, Rivaldo… espécies em extinção. Os craques da moda são apenas midiáticos. A galeria dos monstros sagrados fechou pra balanço.

O que dizer de Cristiano Ronaldo, Messi, Rooney, Lampard… Kaká? Fenômenos do marketing? Suas belas performances nas peças publicitárias realmente são de cair o queixo. Até mesmo a realidade clubística tem sido benevolente com alguns. O problema é um certo livro, onde somente os grandes têm a honra de rabiscar eternidade.

As últimas páginas dos pergaminhos da Copa foram escritas por um singelo francês; craque, doce e explosivo. Antagônico. Quando veremos outra atuação como a de Zinedine Zidane diante do Brasil, em 2006? Que privilégio presenciar a magia do esplendor individual; um homem e a capacidade de definir a trajetória de uma equipe. Capaz de sobrepor esquemas táticos e outras asneiras do pragmatismo teórico. Raridade ontem, hoje e sempre.

A epidemia devastou a todos. Não sobrou nenhum para nos brindar na África. É a vez do triunfo coletivo, frio. Particularmente, prefiro ler sobre heróis e suas epopeias. Como a de um certo Baixinho desbocado, cheio de marra e auto-confiança. Cheio de ilusão a nos oferecer. Como se tivesse molas nos pés, saltava como anjo no meio dos gigantes. Messias, copiava o milagre de multiplicar, em vez de pães e peixes, pequenos espaços.

O francês referido tinha outros atributos especiais. Mutante, parava o tempo. Hipnotizava companheiros e adversários, todos no ritmo de sua cadência mágica. Jogava em câmera lenta para que pudéssemos desfrutar cada segundo do seu balé.

O magro desengonçado também aprontava. Tinha o dom da farsa. Enganava os que mordiam a isca e se atreviam a questioná-lo. Puro encanto. Capricho santo. Lá estava estava ele, sempre presente a honrar a tradição da camisa 10 amarela.

Seu fiel escudeiro era o highlander de chuteiras. Imortal. Usava o truque da invisibilidade para estar sempre no lugar certo, na hora certa. Nasceu virado pra lua, de menino selou pacto com as redes. Fenômeno, na acepção da palavra. Antimarketing.

*Lucas Fitipaldi é o repórter do Diario enviado para a Copa-2010 e colaborador do blog