Mês: junho 2011

Futebol e política, política e futebol…

Entre as muitas pérolas ditas nos bastidores da eleição na Fifa, nesta quarta-feira, destaque para um ranço político de quase três décadas (veja AQUI).

Júlio Grondona, presidente da Asociación de Fútbol Argentino desde 1979, justificou o voto no Catar em detrimento dos Estados Unidos para atingir a Inglaterra.

“Sim, votei pelo Catar (para 2022), pois um voto para os Estados Unidos seria como um voto para a Inglaterra, e isto não é possível. Quando a Inglaterra se candidatou (para 2018), eu disse: ‘Vamos ser curtos. Se vocês devolverem as Falkland Islands (Ilhas Malvinas), que nos pertencem, vocês terão meu voto’. Aí eles ficaram tristes.”

A eleição futebolística acabou envolvendo a Guerra das Malvinas de 1982.

O conflito armado ocorreu entre os dias 2 de abril e 14 de junho, nos territórios tomados a força pelo Reino Unido em 1833. A Argentina reclamou a posse dos arquipélagos austrais, mas acabou vencida pela Inglaterra. Saldo da guerra: morte de 649 soldados argentinos, 255 britânicos e 3 civis das ilhas (veja AQUI).

Em Buenos Aires, o revés bélico acabou fortalecendo o pleito popular para a queda da ditadura militar, cujo regimo ostensivo vinha desde 1976.

A rivalidade acabou se estendendo aos gramados, com duelos emocionantes nos Mundiais de 1986, 1998 e 2002. Na primeira partida, dois gols antológicos de Maradona, arrancando do meio-campo e depois com la mano de dios.

Por isso, os barrabravas cantam até hoje nos estádios de Buenos Aires:

“¡Y ya lo ve, Y ya lo ve…el que no salta… es un inglés!”