Barcelona chega ao 10.000º gol. Raro no Brasil e com os pernambucanos na mira

Barcelona chega a 10 mil gols em sua história. Arte: Barcelona/site oficial

Melhor do mundo, Lionel Messi deu sequência à forma excepcional e marcou os dois gols da vitória do Barcelona sobre o Arsenal, por 2 x 0, nas oitavas da Champions League. Acabou estabelecendo uma marca impressionante para o clube. O segundo gol em Londres foi simplesmente o tento de número 10.000 da história blaugrana, desde 20 janeiro de 1901, quando George Girvan tornou-se o pioneiro goleador catalão. Sem surpresa, Messi é o maior responsável, com 441 gols. Para tanto, o Barça precisou de 4.375 partidas, todas em torneios oficiais, resultando numa média de 2,28, segundo as contas do próprio clube.

Raro, o gol 10 mil já foi alcançado por nove clubes brasileiros, de acordo com o levantamento do site Futebol 80, com os dados de 2016 atualizados pelo blog até esta data, considerando jogos oficiais e amistosos. O maior destaque é o Santos, o primeiro a chegar lá, em 20 de janeiro de 1998, quando Jorginho (hoje treinador) marcou no 4 x 3 sobre o Villa Nova, em Minas Gerais, pela Copa do Brasil. O time da baixada também lidera a artilharia nacional, com mais de 12 mil gols, com uma baita colaboração do Rei Pelé, autor de 1.091 (recorde mundial).

Clubes brasileiros com mais de 10 mil gols marcados
12.298 gols – Santos (5.961 jogos) – média de 2,06

11.902 gols – Flamengo (5.959 jogos) – média de 1,99
11.229 gols – Vasco (5.801 jogos) – média de 1,94
11.218 gols – Palmeiras (5.802 jogos) – média de 1,93
10.657 gols – Corinthians (5.632 jogos) – média de 1,89
10.638 gols – Internacional (5.283 jogos) – média de 2,01
10.547 gols – Fluminense (5.442 jogos) – média de 1,93
10.539 gols – Botafogo (5.476 jogos) – média de 1,92
10.358 gols – Atlético-MG (5.384 jogos) – média de 1,92

No futebol pernambucano, a estatística só é possível devido à pesquisa de Carlos Celso Cordeiro. Alguns jogos não têm resultados conhecidos na era amadora – o que ocorre em outros clubes -, mas no geral é possível enxergar o dado como oficial. Assim, o clube com mais gols é o Tricolor, que pode ser o primeiro a chegar ao 10.000º, caso alcance um índice de 64 gols nas próximas sete temporadas. Factível. O blog tentou estabelecer um ranking nordestino, mas os dados de Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza estão incompletos.

Número de gols dos clubes pernambucanos
9.550 gols – Santa Cruz (4.902 jogos) – média de 1,94

9.232 gols – Sport (4.916 jogos) – média de 1,87
8.461 gols – Náutico (4.610 jogos) – média de 1,83

A construção da Arena do Sport só deve começar em 2026. Até lá, reformas na Ilha

Projeto da Arena do Sport. Crédito: Sport/divulgação

A Arena do Sport foi lançada em março de 2011, com prazo de conclusão previsto para o fim de 2015. Obviamente, já passamos da data e não há nem a assinatura do contrato, que esfriou após a dificuldade para encontrar um investidor no lugar da Engevix, investigada na Lava-Jato. E a tendência, por mais que as licenças de demolição e construção estejam ok, é que demore bastante.

O presidente do clube, João Humberto Martorelli, admitiu que o novo estádio poderá começar a ser construído entre 2021 e 2026. Isso mesmo, até dez anos de espera. Após a falta de parceiros no país, o clube passou buscar investidores no exterior. Quem chegou mais próximo foi o grupo Vinci, da França, que já ergueu cinco estádios na França e outros três na China, África do Sul e Arábia Saudita. O aporte necessário para a construção do complexo da Ilha do Retiro seria de R$ 750 milhões. Contando o gasto para colocar todos os empreendimentos comerciais em ação – já com a contrapartida para o investidor -, a movimentação financeira poderia chegar a R$ 2 bilhões.

A quantia é impraticável, ainda mais para a desconfiança internacional sobre o cenário econômico brasileiro. Não por acaso a direção de engenharia do Leão já elabora um plano de reforma da Ilha, tentando adaptar o palco o máximo possível às novas exigências, como a colocação de cadeiras em todos os setores, acessos mais amplos, banheiros, bares, iluminação mais potente etc. Com mais conforto já seria possível aumentar a atual limitação de 27 mil lugares para a capacidade oficial, de 32 mil. Eis a possível realidade na próxima década.

Ilha do Retiro via Google Maps

Sport renova com a Globo até 2020, mas a cota da Série A sofre redução de mercado

Rede Globo e Sport

O Sport confirmou a extensão do seu contrato de transmissão do Campeonato Brasileiro, junto à Rede Globo, para o biênio 2019/2020. Após as notícias de que os clubes estavam aceitando cotas menores da emissora (redução de 25%), o presidente leonino, João Humberto Martorelli, explicou a situação pernambucana. Numericamente, a parcela do Leão até será maior em 2019 em relação à cota fixa de 2018, de R$ 35 milhões, mas considerando a projeção (e valor) de mercado – com o crescimento paulatino da verba de tevê -, o repasse será menor. O mandatário não divulgou valores, mas é possível dar um exemplo, a partir de um cenário explicado pelo próprio CEO do clube, Leonardo Estevam, também presente na apresentação da direção.

Ato 1
Pelo contrato vigente, o clube receberia “R$ 100” em 2018

Ato 2
Pela projeção de mercado (crescimento da competição, com marca e visibilidade + índices financeiros, como IPCA e IGP-M), a nova cota em 2019 deveria ser de pelo menos R$ 130.

Ato 3
Contudo, a Globo, alegando uma retração de investidores (patrocínios na grade), teria oferecido um valor bruto até acima de 2018, mas proporcionalmente abaixo do crescimento esperado, calculado anualmente desde 2012. Logo, um número entre R$ 105 e R$ 110…

Pela assinatura do novo acordo, o Sport recebeu um “bônus” milionário. Esta verba já foi paga, mas o clube ainda não gastou. A ideia é utilizar esse montante – já previsto no orçamento atual – a médio prazo, “com calma”, nas palavras do próprio dirigente. Reforços na Série A? Considerando os dois anos anteriores, na mesma gestão, seria um quadro bem possível. Sobre a escolha da Globo, em detrimento do Esporte Interativo, que se reuniu com o clube em 21 de dezembro e cobriu com sobras (10x) a cota da tevê fechada, de R$ 3 milhões, o presidente do Sport justificou que “seria mais seguro” fechar os três contratos de uma vez, com a mesma empresa (aberta, fechada e pay-per-view). No caso, o dirigente expôs a desconfiança de ter apenas um contrato em mãos.

Falando especificamente sobre 2020, Martorelli projeta um faturamento de R$ 100 milhões no período, o que corresponderia ao maior faturamento da história do clube. E a ideia é justamente reduzir o impacto da televisão no orçamento, de 55% para 35%. Para isso, será preciso aumentar as demais receitas conhecidas, como comércio, marketing, bilheteria etc. Caso essa mudança (difícil) aconteça, o time começaria a seguir o modelo dos principais clubes do mundo, cada vez menos dependentes das cotas da televisão.

O raio x dos salários dos 28 mil jogadores profissionais em atividade no Brasil

Registro e transferência de jogadores, segundo a CBF

A CBF abriu a caixa preta com os registros dos jogadores profissionais, através da diretoria de registro e transferências, que incorporou um no sistema em 2015. O balanço foi dividido em três partes (registro, transferências e salários), traçando um raio x em relação aos rendimentos jogadores. O quadro – uma fagulha de transparência – deixa claro que os grandes salários do futebol representam uma parcela mínima da categoria.

Dos 28 mil jogadores em atividade no país na última temporada, 82% recebem até R$ 1 mil, pouco mais de um salário mínimo. Pior. A maioria desses atletas ficou sem atividade no segundo semestre, após o fim dos já deficitários estaduais. Considerando um salário mensal acima de R$ 10 mil, apenas 725 jogadores chegam a tal valor, o que corresponde a 2,5% dos atletas em atividade, espalhados nas Séries A e B.

Divisão dos salários dos jogadores brasileiros em 2015
Até R$ 1 mil – 23.238 jogadores (82,40%)
R$ 1 mi a R$ 5 mil – 3.859 jogadores (13,68%)
R$ 5 mil a R$ 10 mil – 381 jogadores (1,35%)
R$ 10 mil a R$ 50 mil – 499 jogadores (1,77%)
R$ 50 mil a R$ 100 mil – 112 jogadores (0,40%)
R$ 100 mil a R$ 200 mil – 78 jogadores (0,28%)
R$ 200 mil a 500 mil – 35 jogadores (0,12%)
Acima de R$ 500 mil – 1 jogador (Alexandre Pato, do São Paulo)

Segundo o balanço, de janeiro a dezembro vigoraram 28.203 contratos dos mais variados formatos, envolvendo 776 clubes profissionais, um número ainda maior que o listado pelo movimento Bom Senso FC, de 684 – dos quais apenas 101 teriam atividade durante todo o ano. Além disso, o relatório da confederação também incluiu os clubes amadores e formadores, chegando a 435.

Contrato/definitivo – 28.203
Vínculos não profissionais – 22.782
Contrato/empréstimo – 1.674
Rescisão de contrato – 7.973
Rescisão judicial – 131
Transferências nacionais – 14.331

Em relação às transferências internacionais, em 2015 a entidade registrou a saída de 1.212 jogadores brasileiros para o exterior, sendo 232 amadores (jovens) e 771 profissionais, movimentando nada menos que R$ 679,7 milhões. No sentido inverso foram 648 atletas, sendo 68 amadores e 580 profissionais, com um investimento de R$ 114,3 milhões.

Resumo da 4ª rodada do Pernambucano

Pernambucano 2016, 4ª rodada: Sport 2 x 1 Santa Cruz, América x Náutico e Salgueiro 1 x 0 Central. Fotos: Peu Ricardo/DP (clássico), Paulo Paiva/DP (Náutico x América), Fernando Ferreira/otricolordosertao/facebook (Salgueiro)

Ao vencer o Clássico das Multidões, o Sport tomou o lugar do Santa Cruz na zona de classificação do Estadual de 2016. A Ilha do Retiro recebeu 14.609 torcedores, abaixo da expectativa, mas ainda assim foi o maior público da esvaziada competição. No Sertão, com 4.214 espectadores, o Salgueiro abateu a Patativa, ainda com 0% de aproveitamento. Encerrando a 4ª rodada do hexagonal, na segunda-feira, outra partida na Ilha. Diante de 2.626 pessoas, o Náutico manteve a sua campanha perfeita, superando o Mequinha.  

Hoje, as semifinais seriam Náutico x América e Salgueiro x Sport.

Em 12 jogos nesta fase do #PE2016 saíram 26 gols, com média de 2,16. Em relação à artilharia, que a FPF considera apenas os dados do hexagonal e o mata-mata, Cássio (Salgueiro), Ronaldo Alves e Bergson (Náutico), Alex Gaibu (América), Grafite (Santa) e Túlio de Melo (Sport) lideram com 2 gols, cada.

Salgueiro 1 x 0 Central – Mesmo com um time misto, com as atenções divididas com o Nordestão, o Carcará venceu mais uma em casa, firme no G4.

Sport 2 x 1 Santa Cruz – Dominando, o Leão venceu o seu primeiro clássico no ano, na estreia de Gabriel Xavier, o primeiro meia de ofício contratado.

América 0 x 1 Náutico – O Alvirrubro poderia ter vencido por um placar bem mais elástico, mas pecou nas finalizações e com a boa atuação de Delone

Destaque: Falcão. O técnico teve um papel decisivo na vitória no clássico, ao trocar as posições de Lenis e Gabriel Xavier. A partir dali, só deu Sport

Carcaça: Vitor. Foi uma verdadeira avenida na lateral-direita do Santa, perdendo seguidas disputas para Lenis durante mais de 40 minutos.

Próxima rodada
28/02 (16h00) – Sport x Náutico, Ilha do Retiro
28/02 (16h00) – América x Salgueiro, Arruda
28/02 (17h00) – Central x Santa Cruz, Lacerdão 

A classificação atualizada do hexagonal do título após a 4ª rodada.

A classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2016 após 4 rodadas. Crédito: Superesportes

Náutico vence o América na Ilha e já tem a sua segunda melhor arrancada no século

Pernambucano 2016, 4ª rodada: Náutico 1x0 América. Foto: Paulo Paiva/DP

O Náutico segue 100% no Estadual. Chegou à quarta vitória, com a defesa ainda zerada. A arrancada atual já é a sua segunda melhor no século, só atrás dos sete triunfos em 2002. Em relação à zaga, curiosamente coube a Ronaldo Alves marcar o único gol da noite na Ilha, diante do mandante América, após o veto ao Ademir Cunha. O time de Dal Pozzo não esteve numa noite inspirada, mas foi suficiente para se impor diante do adversário, que surpreende na classificação.

O primeiro tempo foi mais amarrado, com o Timbu tentando tabelar na entrada da área, sem sucesso. A maior chance foi num pênalti aos 28 minutos, quando Daniel Morais começou a ser puxado fora da área. Esperava-se a cobrança de Ronaldo Alves, o cobrador desde a pré-temporada, mas o atacante se disse confiante e pediu bater. Parou em Delone, que já havia defendido a cobrança de Tiago Costa no Arruda. O Mequinha ainda teve dois golaços anulados (corretamente). Um de bicicleta (impedido) e de falta (sem autorização)

No intervalo, a torcida  – com 2.262 pessoas, aparentando mais na arquibancada frontal – ensaiou uma vaia, mas foi abafada pelos aplausos. O incentivo recebeu a contrapartida logo na retomada, com o “preterido” Ronaldo empurrando para as redes uma bola cruzada da direita, após cobrança de falta. Em vantagem, o Náutico forçou bastante, sobretudo com Renan Oliveira municiando. A pontaria de Daniel é que não colaborou. Mesmo com a uma mais na reta final o cenário não mudou, 1 x 0. Domingo, vai de novo à Ilha. Desta vez contra o Sport.

Pernambucano 2016, 4ª rodada: Náutico 1x0 América. Foto: Paulo Paiva/DP

Pelo regulamento, o Troféu Givanildo Oliveira ficará com Sport, Santa ou FPF

O regulamento oficial do Troféu Givanildo Oliveira. Crédito: FPF

A Federação Pernambucana de Futebol publicou o regulamento oficial do Troféu Givanildo Oliveira, o campeonato à parte entre Santa Cruz e Sport em 2016, celebrando o centenário do Clássico das Multidões, conforme adiantado pelo Diario de Pernambuco. A curiosidade está no critério de desempate. A direção da FPF adotou só a pontuação como fator preponderante para a conquista. Em caso de empate – o calendário vai de 4 a 10 jogos -, o troféu irá… para a própria federação, como frisa o item 4 do ato especial comemorativo 1/2016.

Em 2009, nos 100 anos do Clássico dos Clássicos, a entidade também instituiu uma taça. Na ocasião, valeu apenas uma partida, em 26 de julho, no dia seguinte ao aniversário do confronto – a ideia era ter realizado o jogo no dia 25, mas a CBF não autorizou a mudança. Em partida válida pela Série A, na Ilha, Sport e Náutico empataram em 3 x 3, com a federação confeccionando uma segunda taça e dividindo a conquista centenária entre rubro-negros e alvirrubros. Este ano, ao tirar o saldo de gols, a federação tenta evitar a influência no andamento dos jogos. Como, por exemplo, um time estar vencendo por 1 x 0, fora de casa, mas, para ficar com a taça, ser obrigado a fazer 2 x 0.

A FPF está certa em tirar o saldo de gols? Em caso de empate, cada clube deveria receber uma taça ou o troféu deve mesmo ficar na federação?

Podcast 45 (217º) – Análise e efeitos da vitória do Sport sobre o Santa na Ilha

Um podcast inteiramente dedicado ao primeiro Clássico das Multidões da temporada, realizado na Ilha. No 45 minutos, analisamos a vitória do Sport sobre o Santa por 2 x 1, esmiuçando os setores dos times e os acertos e erros de Falcão e Martelotte. Além disso, projetamos as consequências do resultado para os dois clubes, finalizando com dados sobre histórico do confronto.

Confira um infográfico com a pauta completa aqui.

Neste podcast, com 1h35, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Com mais posse de bola, o Sport joga melhor e vence o Santa Cruz de virada

Pernambucano 2016, 4ª rodada: Sport 2x1 Santa Cruz. Foto: Peu Ricardo/DP

No primeiro Clássico das Multidões no ano do centenário do confronto, o Sport teve a posse de bola durante toda a partida e venceu de virada, 2 x 1. O jogo, cercado de expectativa pela presença dos rivais na elite nacional, foi bem disputado, numa Ilha do Retiro aparentando bem mais que 14 mil torcedores. Assim que Grafite rolou a bola, o cenário foi um só até os 20 minutos, com o Tricolor apertando a saída e ligando rapidamente os contragolpes, sobretudo com Wallyson na esquerda. Marcou logo aos dez. O camisa 23, que havia definido a vitória coral em seu último clássico na Ilha, em 2001, mostrou presença de área após uma sucessão de erros dos rubro-negros – a torcida da casa não perdoou Matheus Ferraz, que somou mais um vacilo no ano.

Em vantagem, o atual campeão estadual continuou com a marcação adiantada, enxergando o opaco meio-campo adversário. Até teve a chance de ampliar, com Danilo Fernandes salvando. Após essa pressão, Falcão inverteu as posições de Lenis e do estreante Gabriel Xaiver, para a esquerda e direita, respectivamente. O colombiano melhorou e o Leão passou a jogar ali, tabelando com Renê. O Sport cresceu e passou a dominar o jogo, com 67% de posse. Chegou e finalizou bastante, e não só na bola aérea. Mas aí havia uma conhecida barreira para evitar o empate, Tiago Cardoso, um monstro na Ilha. O ídolo coral fez cinco defesas excepcionais no primeiro tempo, garantindo a vantagem no intervalo. 

Pernambucano 2016, 4ª rodada: Sport 2x1 Santa Cruz. Foto: Peu Ricardo/DP

O jogo recomeçou na mesma intensidade. O Santa parecia oferecer o campo ao Sport, esperando o erro do adversário. Se essa era a tática, foi desfeita aos 6 minutos, numa boa jogada de Gabriel Xavier, enfiando para Lenis, que cruzou rasteiro para Luis Antônio encher o pé. O lance acordou um pouco o time de Martelotte, que passou a ter vida. Na sequência, o Grafa teve tudo para desempatar, mas, cara a cara, tocou pra fora. O Santa equilibrou as ações com João Paulo aparecendo mais, mas faltou um bom desempenho nas pontas. Raniel entrou com vontade, mas só ciscou.

Na reta final, o jogo ficou aberto, mas com poucas chances efetivas. O Leão já começava a centralizar as jogadas, com Gabriel Xaiver enfim na armação, na sua terceira posição na partida. Num desses lances, Everton Felipe abriu pela direita e cruzou para Túlio de Melo concluir. Até então apagado, o centroavante repetiu a dobradinha do gol anotado contra o Fortaleza, no Nordestão. Foi o seu quarto gol com a camisa rubro-negra, definindo as últimas quatro vitórias do time. E fim de papo do primeiro capítulo do Clássico das Multidões, com o Sport saindo na frente do Troféu Givanildo Oliveira. Tem muito jogo ainda.

Pernambucano 2016, 4ª rodada: Sport 2x1 Santa Cruz. Foto: Peu Ricardo/DP

A reportagem original sobre o primeiro Clássico das Multidões, em 1916

Sport x Santa Cruz, com os primeiros escudos de cada clube. Arte: Cassio Zirpoli (com imagens de divulgação)

O Clássico das Multidões foi disputado pela primeira vez em 6 de maio de 1916, em um amistoso no antigo campo do British Club. Ainda sem a tradicional alcunha, que surgiria só na década de 1940, mas já como destaque entre os interessados pelo novo esporte, dando início a uma das maiores rivalidades do país, com mais de 540 partidas em cem anos. Abaixo, a íntegra da reportagem sobre o pioneiro confronto entre Sport e Santa Cruz, publicada no Diario de Pernambuco dois dias depois. A primeira impressão é de um texto repleto de erros (trenos, annunciado, defezas, logar), mas era a grafia da época, também pontuada por inúmeras expressões em inglês para descrever o “football”.

O jogo, com vitória leonina por 2 x 0, aconteceu logo após a inscrição do uniforme coral do Santa na liga, em 26 de março de 1916. Até então, o clube jogava de alvinegro, enquanto os rubro-negros ainda usavam o vertical, reeditado em 2015. Já o Náutico já tinha o alvirrubro com listras verticais.

Foot-ball
Os trenos entre os clubs da Liga Pernambucana
Sport versus Santa Cruz

Como fôra annunciado, realizou-se na tarde de ante-hontem o treno entre os primeiros teams do Sport Club do Recife, da divisão B, e o Santa Cruz F. C., da divisão A. O team rurbro-negro entrou em campo desfalcado apenas de Genaro, out-side left, sendo substituído por J. Reynolds, half left. Nesse logar jogou Leite, do 2º team. O conjunto tricolor apresentou-se sem o back A. Reis e sem o center forward José Tasso, que foram respectivamente substituídos por Nelson e Martiniano, do 2º team.

O jogo foi rápido e bastante animado, notando-se no entanto ao terminar, uma certa falta de coragem por parte do team do Santa Cruz, por outro lado notou-se a actividade extraordinária do center do Sport, Briant, que na nossa opinião continua a se collocar no primeiro plano entre os nossos players atacantes. Dois fortíssimos shoots seus corresponderam a dois goals marcados para a sua equipe. O back santacruzense Mangabeira defendeu seu posto na altura. Ilo fez, como sempre, boas defezas. Nunca julgamos, no entanto, que deixasse passar aquelle primeiro shoot de Briant.

O jogo poderia ter tido o resultado de 2 a 1 si o referee Arruda tivesse visto a bola tocada pelo keeper do Sport, Cavalcanti, no goal marcado pelo Santa Cruz. Si Arruda visse, podemos afirmar, daria goal. O Sport envida todos os esforços para infligir a derrota no Club Náutico. Inflingirá? Só poderemos responder no dia deste, data marcada para o melhor match deste anno: Náutico versus Sport.

Relembre o primeiro texto sobre Náutico x Sport, de 1909, clicando aqui.