Bahia x Sport, a final do Nordestão 2017

Bahia x Sport, a final do Nordestão de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Os clubes de maior torcida na Bahia e em Pernambuco, os únicos campeões nacionais da região e rivais, hoje, num confronto de Série A. Bahia e Sport vão encerrar a Copa do Nordeste de 2017 em um clássico com 85 anos de história, com vantagem do tricolor de de aço. Tem 35 vitórias, contra 21 do leão. Em mata-matas, tem 6 x 2, incluindo o triunfo numa decisão nordestina, em 2001, em jogo único em Salvador. Para completar, na vigente edição do regional, o time soteropolitano tem a melhor a campanha. Favorito? Vale destacar que neste Nordestão o Sport vem se superando nos mata-matas.

Datas das finais da Lampions
17/05 (21h45) – Sport x Bahia (Ilha do Retiro)*

24/05 (21h45) – Bahia x Sport (Fonte Nova)*
* Jogos transmitidos pela Globo Nordeste, Rede Bahia e Esporte Interativo

Campanhas
Bahia: 23 pontos; 7 vitórias, 2 empates e 1 derrota; 21 GP e 4 GC
Sport: 19 pontos; 6 vitórias, 1 empate e 3 derrotas; 19 GP e 11 GC

Foi assim nas quartas (Campinense) e na semi (Santa), com o leão revertendo na volta. Um clube que investiu bastante, sobretudo nas aquisições de André e Rogério, mas ainda não havia se encontrado, a ponto de trocar de técnico. Na decisão pela orelhuda dourada, chega com Ney Franco, encarando um rival ascendente, sob o comando de Guto Ferreira. Ambos com desfalques de peso na ida, como Régis (Bahia) e Rithely (Sport, 2 jogos), além de lesões, como Brocador (Bahia, fratura) e Diego Souza (Sport, muscular, sob análise).

Cada um já ganhou R$ 1,6 milhão em cotas nas três fases disputadas. Agora, mais R$ 550 mil para o vice e R$ 1,55 milhão para o grande campeão, já incluindo o bônus de R$ 300 mil oferecido pela Caixa Econômica Federal, patrocinadora do torneio e dos dois finalistas. Por fim, o campeão também irá ganhar a pré-classificação às oitavas da Copa do Brasil de 2018.

Quem será o campeão da Copa do Nordeste de 2017?

  • Sport (60%, 3.956 Votes)
  • Bahia (40%, 2.637 Votes)

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Em clássico quente, Sport elimina o Santa no Arruda e chega à 5ª final no Nordestão

Copa do Nordeste 2017, semifinal: Santa Cruz x Sport. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Everton Felipe no banco e André há doze jogos sem marcar. A pressão sobre os dois jogadores era grande. O meia, que tirou onda e teve que aguentar após as atuações apagadas, e o centroavante, com o pé descalibrado mesmo sendo participativo nos jogos, foram decisivos na noite. O Sport venceu o Santa Cruz, ampliando a vantagem no Arruda (52 x 50), e reverteu a semifinal das multidões – com a velha expressão fazendo sentido lá e lô. O rubro-negro está na decisão da Copa do Nordeste 2017 e vai em busca do tetra.

O Sport eliminou o atual campeão num clássico quente, batalhado e com grandes chances criadas, com Magrão (1T) e Júlio César (2T) acionados. Após a comemoração de Pitbull, socando o leão no escudo de concreto na Ilha, o clima ficou tenso. Embora técnicos e diretores tenham ensaiado o discurso pacificador, os jogadores entraram pilhados. Foram cinco expulsões, com Péricles Bassols vendo empurra-empurra em três momentos, com reservas invadindo o campo. Com a bola rolando, o Sport foi todo superação. Precisava marcar dois gols e com 15 minutos perdeu Diego Souza, que sentiu a coxa. Entrou Everton Felipe, que fez um golaço dois minutos depois, levando à loucura a torcida que lotou o setor na Rua das Moças, apesar da desvantagem. Com Thomás, duas vezes, o tricolor chegou perto do empate, numa postura séria, mostrando o quanto estava indefinido o confronto.

No segundo tempo, o jogo caiu, proporcionalmente às faltas e lesões. Na reta final, com o tricolor já retraído, administrando o placar, Magrão repôs a bola num chute de longa distância. Samuel Xavier aproveitou, cruzou pela direita e Vítor cortou mal. Da meia lua, André bateu de chapa, no cantinho. O gol para o necessário 2 x 0, levando o camisa 90 às lágrimas após o apito final. Apito que não encerra a campanha do Sport. Agora, terá o Bahia pela frente, no choque entre os dois campeões nacionais da região. Jogo enorme.

Sport, 5ª final em 12 participações
1994 – Campeão (vs CRB)
2000 – Campeão (vs Vitória)
2001 – Vice (vs Bahia)
2014 – Campeão (vs Ceará)
2017 – A definir (vs Bahia)

Copa do Nordeste 2017, semifinal: Santa Cruz x Sport. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Com Fla-Flu na TV aberta em vez do Trio de Ferro, Ibope no Recife cai do 1º ao 12º

Carioca 2017, final: Fluminense 0 x 1 Flamengo. Crédito: Rede Globo/reprodução

Em um revezamento entre Estadual, Nordestão e Copa do Brasil, o futebol pernambucano vinha sendo quase onipresente na Globo Nordeste. Saiu da grade apenas em casos excepcionais, como na tarde de 30 de abril. Com os direitos de exibição só do jogo de volta da semifinal entre Santa e Sport, pela Lampions, a emissora acabou transmitindo o Fla-Flu no domingo. E o primeiro jogo da final carioca registrou 17,8 pontos na tevê aberta no Grande Recife, segundo o Kantar Ibope Media.

Com esse dado, a capital pernambucana ficou apenas na 12ª colocação entre as 14 regiões metropolitanas mensuradas pelo instituto entre as que exibiram competições estaduais. E ainda vale a ressalva que Remo x Paysandu, em Belém, passou na TV Cultura, concorrência que não existiu no Recife, com apenas um jogo ao vivo em sinal aberto. Pois é. O modesto cenário se torna pior numa comparação com o desempenho recifense nos dois domingos anteriores, quando as semifinais do Campeonato Pernambucano lideraram no país em termos de audiência média por minuto, com dois clássicos entre Sport e Náutico (32,4 e 33,4 pontos).

Em números absolutos, a quantidade de telespectadores na capital caiu de 811 mil para 432 mil pessoas sintonizadas, ou 46,7% a menos em uma semana, considerando jogos no mesmo horário – aliás, entre os dados revelados, foi o pior índice na cidade em 2017. Ah, quatro dias antes do clássico carioca, Botafogo 2 x 1 Sport, direto do Engenhão, teve 32,2 pontos. Nota-se que o interesse local é uma “ilha de resistência” no país…

As audiências (TV aberta) do futebol nas regiões metropolitanas em 30/04
36,2 – Ponte Preta 0 x 3 Corinthians (Campinas)
33,6 – Fluminense 0 x 1 Flamengo (Rio de Janeiro)
30,7 – Cruzeiro 0 x 0 Atlético-MG (Belo Horizonte)
29,0 – Internacional 2 x 2 Novo Hamburgo (Porto Alegre)
29,0 – Fluminense 0 x 1 Flamengo (Manaus)
26,7 – Ponte Preta 0 x 3 Corinthians (São Paulo)
23,8 – Vila Nova 0 x 3 Goiás (Goiânia)
23,6 – Avaí 0 x 1 Chapecoense (Florianópolis)
23,6 – Ferroviário 0 x 1 Ceará (Fortaleza)
22,1 – Fluminense 0 x 1 Flamengo (Vitória)
18,9 – Ponte Preta 0 x 3 Corinthians (Curitiba)
17,8 – Fluminense 0 x 1 Flamengo (Recife)
15,6 – Fluminense 0 x 1 Flamengo (Brasília)
13,6 – Fluminense 0 x 1 Flamengo (Belém)

As maiores audiências do Recife nos fins de semana em 2017* (até 30/04)
33,4 – Náutico 1 x 1 Sport (Estadual, 23/04)
33,0 – Sport 1 x 1 Santa Cruz (Estadual, 26/03)
32,4 – Sport 3 x 2 Náutico (Estadual, 16/04)
31,0 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (Estadual, 18/02)**
26,2 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (Nordestão, 12/03)
23,6 – Salgueiro 0 x 1 Santa Cruz (Estadual, 05/03)
23,5 – Central 1 x 3 Sport (Estadual, 09/04)
17,8 – Fluminense 0 x 1 Flamengo (Carioca, 30/04)

* Entre os jogos divulgados pelo Ibope e pela Globo
** Único jogo disputado no sábado, por causa do carnaval

Videocast – O maior time do Nordeste

A discussão sobre o “maior clube do Nordeste” é ampla, mensurando títulos, torcida, estrutura, história etc. Ajustando o tema, o 45 minutos debateu sobre qual seria o maior time de futebol da história da região. Sim, o time propriamente dito, num recorte específico da história, considerando o futebol apresentado, os resultados obtidos nos âmbitos estadual, regional, nacional e até internacional, além da representatividade na Seleção. Neste videocast, analisamos cinco equipes marcantes no futebol nordestino: Náutico (1966-1968), Santa Cruz (1975-1978), Bahia (1988-1989), Vitória (1993) e Sport (2000). No fim, o veredito, que, obviamente, não encerra a polêmica…

Estou nesta gravação com Celso Ishigami e João de Andrade Neto. Assista!

A evolução financeira do G7 do Nordeste no triênio 2014-2016, via balanços oficiais

O G7 do Nordeste. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Os sete maiores clubes do Nordeste, concentrados nas cidades de Salvador, Recife e Fortaleza, arrecadaram quase meio bilhão de reais em 2016. Somando as receitas operacionais de Bahia, Vitória, Náutico, Santa, Sport, Ceará e Fortaleza, o montante exato foi de R$ 476.840.772, com um aumento de 53% sobre o ano anterior. Num dado bruto, R$ 165 milhões a mais no caixa. Animador? O Flamengo sozinho arrecadou R$ 510 milhões. Embora no cenário nacional a cifra local ainda precise de lastro, concentremos a análise na região. Até porque há, também, uma grande desigualdade interna.

Como se sabe, Bahia, Sport e Vitória, os primeiros da região acima de R$ 100 mi/ano, são cotistas da televisão há muito tempo – o leão baiano foi o último a entrar no bolo, em 1999. Se em 2015 o faturamento do trio representou 73% do G7, agora subiu para 77%. Esse distanciamento foi baseado na renovação dos contratos de televisão para o Campeonato Brasileiro, no meio da briga entre Rede Globo e Esporte Interativo. O Baêa acertou com o EI a exibição na tevê por assinatura, de 2019 a 2024, com luvas de R$ 40 milhões.

Enquanto isso, Vitória e Sport já haviam recebido 18 milhões de reais da Globo referentes às edições de 2019 e 2020 – neste caso, somando todas as plataformas; aberta, fechada, ppv, internet e sinal internacional. Porém, em 2016, ambos estenderam seus contratos até 2024. Somente o Vitória detalhou o novo recurso da Globo, de R$ 40 milhões! A tendência é que o Sport tenha recebido o mesmo. Portanto, os demonstrativos estão turbinados, cenário semelhante a 2012, no ciclo anterior dos acordos de transmissão.

Os outros quatros clubes também negociaram, Náutico e Santa com a Globo e Ceará e Fortaleza com o EI, mas com dados quase irrelevantes neste balanço – apenas o tricolor pernambucano mudou de patamar, não por este acordo, mas pela cota da Série A de 2016, quando recebeu R$ 23 milhões. Entre as consequências, a baixa competitividade – embora o Santa venha tendo ótimo desempenho no cenário local -, precarizando a estruturação. O caso timbu, hoje, é de colapso. O passivo já é 9x maior que a receita líquida.

Abaixo, os dados do G7, considerando receita operacional e o passivo, que é a soma dos passivos circulante e não circulante, com dívidas de curto e longo prazo, entre outros débitos e financiamentos. No geral, R$ 659 milhões (!), com parte já refinanciada no Profut. A divulgação pública desses balanços, com pareceres de auditores independentes, está prevista no artigo 46-A da Lei 9.615, de 24 de março de 1998. Mais conhecida como Lei Pelé. O prazo final é abril. O primeiro a divulgar a demonstração contábil nesta temporada foi o Bahia, em 29 de março. Todos apresentaram no prazo, em jornais e/ou site de federações, com o Sport sendo o último a publicar em seu site oficial.

Análise dos balanços financeiros de 2016: Náutico, Santa Cruz e Sport.

O podcast 45 minutos sobre o tema.

Pela primeira vez um clube da região ultrapassou a barreira centenária. Na verdade foi em dose tripla. Baseados em aumentos fora da curva, com Bahia (40,5 mi), Sport (41,9 mi) e Vitória (59,7 mi). Mesmo na Série C, o Fortaleza teve uma receita 39% maior que a do Náutico. Já no caso coral, o rebaixamento deve fazer com que o patamar volte ao de 2014/2015.

Balanço financeiro dos maiores clubes do Nordeste no triênio 2014-2016. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

O blog fez três quadros distintos, com o G7, com os cotistas (Bahia, Sport e Vitória) e os não cotistas (Santa, Ceará, Fortaleza e Náutico), considerando os contratos tradicionais da tevê. Enquanto a receita do “G3” subiu 62% no último ano, o faturamento dos outros quatro evoluiu 28%. Por sinal, a receita do quarteto, R$ 105 milhões, é inferior ao menor faturamento do G3 (111 mi).

Balanço financeiro dos maiores clubes do Nordeste no triênio 2014-2016. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Para terminar, um gráfico com a evolução da receita operacional no último triênio. Enquanto as três primeiras colocações parecem fixas, a briga pelo 4º lugar é baseado numa participação na Série A, recebendo a cota principal – uma vez que Bahia, Sport e Vitória recebem a cota da elite mesmo na Série B, com 100% no primeiro ano e 85% a partir do segundo ano por lá.

Bahia elimina o Vitória e chega à 6ª final no Nordestão. Espera um pernambucano

Copa do Nordeste 2017, semifinal: Bahia 2 x 0 Vitória. Foto: Felipe Oliveira/Bahia

O Bahia dominou o Vitória na Fonte Nova. Teve posse de bola, criou as melhores chances, se defendeu bem e, num clássico nervoso, fez a festa. Diante de sua torcida, a totalidade dos 34.999 espectadores, o tricolor soteropolitano fez 2 x 0, gols de Allione e Régis, revertendo a derrota no Barradão. É difícil questionar o resultado. Somente no primeiro tempo o placar de finalizações foi 8 x 1! Só um time jogou bola. Após dois anos, o clube volta à decisão da Copa do Nordeste, desta vez mais encorpado.

Com 76% de aproveitamento, perdeu apenas uma vez, justamente no primeiro Ba-Vi da semifinal. Na fase de grupos, passou com a melhor campanha, sem sofrer gols. Nas quartas, goleou lá e lô. Na semifinal, foi bem melhor que o leão da barra, cujo elenco é, em tese, mais técnico. Em busca do tricampeonato regional, tentando erguer a taça depois de 15 anos, o Baêa irá encarar um rival pernambucano nos dias 17 e 24 de maio.

Diante de Santa (mais perto) ou Sport, o time comandado por Guto Ferreira terá que contornar dois sérios desfalques. Hernane Brocador fraturou a tíbia e está fora. Já o meia Régis, emprestado pelo rubro-negro recifense, recebeu o segundo amarelo ao comemorar o gol que definiu a classificação em Salvador. É, simplesmente, o artilheiro do torneio, agora com 6 gols. Também estão suspensos o lateral-esquerdo Armero e o volante Edson. Ou seja, um Bahia esfacelado nos primeiros 90 minutos. Mas é bom não duvidar da capacidade.

Bahia no Nordestão 2017
10 jogos
7 vitórias
2 empates
1 derrota
21 GP
4 GC

Bahia, 6ª final em 13 participações
1997 – Vice (vs Vitória)
1999 – Vice (vs Vitória)
2001 – Campeão (vs Sport)
2002 – Campeão (vs Vitória)
2015 – Vice (vs Ceará)
2017 – A definir 

Confira a lista de campeões oficiais e não oficiais do Nordeste clicando aqui.

Copa do Nordeste 2017, semifinal: Bahia 2 x 0 Vitória. Foto: Bahia/twitter (@ECBahia)

Com gol de Pitbull, Santa vence o Sport na Ilha e leva grande vantagem ao Arruda

Copa do Nordeste 2017, semifinal: Sport 1x2 Santa Cruz. Foto: Peu Ricardo/DP

Foi um Santa Cruz muito diferente em campo, o Santa que a torcida tanto pediu a Vinícius Eutrópio. Pediu não, exigiu. A enorme cobrança sobre o técnico visava uma equipe mais disposta a jogar futebol, justificando a sua tradição. O desempenho em Salgueiro, há uma semana, foi muito além do tolerável. Durante a semana, muita conversa e a certeza de que era, sim, preciso mudar. Não bastava tentar conter o Sport na Ilha, recebendo seu maior público no ano, 23.574. Para seguir na briga pelo bi da Copa do Nordeste, os corais precisariam confrontar de fato o adversário, como vem fazendo muito bem desde 2011.

Jogando com três meias e sem abdicar do jogo, mantendo a prudência necessária, o tricolor arrancou um resultado que o deixa pertinho da final. Venceu por 2 x 1. No Arruda, na próxima quarta, tem o empate e pode avançar até mesmo caso perca por 1 x 0. Aos leoninos, portanto, a obrigação de marcar dois gols. Não será fácil, tanto que ainda não conseguiu em três clássicos nesta temporada (1 x 1, 1 x 1 e 1 x 2). Na Ilha, o Sport sentiu a ausência de Rogério, suspenso. Sem o atacante, foram pouquíssimas jogadas de profundidade – coisa que Ney Franco só tentou aos 16 do segundo tempo, com a entrada de Lenis no lugar de Juninho, sem sucesso. Além disso, encontrou um adversário mais solto, com mais qualidade no passe. Após levar perigo duas vezes, em chutes de fora da área, a cobra coral acelerou. Assim, abriu o placar, aos 32 minutos. Thomás fez boa jogada pela esquerda e cruzou para um dos meias, Léo Costa, que escorou de peixinho.

Copa do Nordeste 2017, semifinal: Sport 1x2 Santa Cruz. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Jogando em seu ritmo, procurando espaço sem tanto pressa, o Sport só havia tido uma grande chance até ali, com Juninho. Mais pela linha de impedimento mal feita pelo adversário. Cara a cara com Jacsson, o jovem atacante perdeu. O goleiro foi escalado após o veto em Júlio César, com irritação no olho. Como no hexagonal estadual, quando o Santa atuou com os reservas, teve boa atuação. Só foi vencido em uma penalidade, marcada cinco minutos após o gol coral. Diego Souza carregou a bola no lado direito da área e foi derrubado por Tiago Costa. O camisa 87, que havia desperdiçado contra o Botafogo, converteu desta vez converteu. Chegou a dez gols no ano.

Se o primeiro tempo foi mais franco, no segundo o Santa conseguiu travar bem o meio-campo leonino, com Elicarlos e David ligados. Ronaldo e Fabrício encontraram dificuldades na saída de bola, enquanto Rithely errou muitos passes – inclusive a intensidade dos passes. Se Ney Franco mexeu no time para buscar a vitória, tentando aproveitar do maior volume, Eutrópio também ousou. Tirou Pereira e colocou André Luís, para tentar reter a bola à frente, forçando a jogada de linha de fundo. E o atacante, que entrara há dois minutos, fez fila, encontrando Halef Pitbull. Que hora para acabar o jejum! Eram oito partidas. O centroavante se desvencilhou logo da marcação de Matheus Ferraz e fuzilou as redes de Magrão, dando a vantagem definitiva no jogo de ida. A partir dali, um Sport sem imaginação, insistindo na bola aérea, já com os zagueiros no ataque. Por baixo, também errou, até na pequena área. Ao Santa, a já tradicional festa na geral do placar.

Copa do Nordeste 2017, semifinal: Sport x Santa Cruz. Foto: Santa Cruz/instagram (@santacruzfc)

O balanço financeiro do Náutico em 2016, com a dívida chegando a R$ 155 milhões

O balanço financeiro do Náutico de 2011 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O Náutico vive uma séria instabilidade política. Embora seja salutar a alternância no comando, há três gestões os palanques não são desmontados. Atualmente, o executivo é comando por um grupo e o conselho deliberativo por outro outro, com seguidas divergências na aprovação e execução de projetos ($). Inclusive no balanço financeiro, divulgado sem alarde no site oficial. O documento (íntegra abaixo) traz nas cinco páginas o seguinte alerta na cor vermelha: “sujeito a ajustes após conclusão de auditoria/aprovação do conselho fiscal”. Logo, a publicação sobre a operação em 2016 pode ter sido protocolar, para cumprir a lei federal, mas com os dados sob análise interna.

Em campo, o alvirrubro viveu a 12ª temporada sem títulos. No fim do ano, com o técnico Givanildo Oliveira, reagiu e quase voltou à Série A. Perdeu o acesso num duro revés em plena arena, para o quase rebaixado Oeste. Com isso, a (triste) certeza de que o desidratado patamar financeiro seguirá em 2017. No último exercício, o clube teve cerca de R$ 1,3 milhão/mês. Dinheiro para bancar o futebol (profissional e base), para quitar débitos (despesas de gestão e dívidas antigas), para a manutenção do CT etc. Quase inviável numa disputa com os rivais tendo R$ 3 mi (Santa) e R$ 10 mi (Sport) mensais.

Ao todo, o clube faturou R$ 16,7 milhões, com 38% através das cotas de televisão da Série B, do Estadual e da Copa do Brasil (R$ 6,5 mi). Em 2017 a receita do Brasileiro será de R$ 5,8 milhões, num aumento de R$ 600 mil – por sinal, o executivo tentou adiantar uma parte para sanar salários atrasados, mas o conselho vetou. No ano passado, a situação só não foi pior por causa do patrocínio firmado com a Caixa Econômica Federal, de R$ 1,2 milhão, valor superior ao patrocinador-master do tricolor, uma divisão acima.

Mesmo com as certidões negativas atualizadas, após anos tentando, o clube de Rosa e Silva segue se endividando. O blog publica os balanços do Trio de Ferro desde 2011, e em todos o Náutico registrou déficit. Não por acaso, viu o seu passivo subir pela 4ª vez seguida, chegando a R$ 155 milhões, o maior do futebol pernambucano. É quase dez vezes a receita! Bronca. Ao menos o patrimônio, mesmo com o estádio dos Aflitos inviabilizado, segue inalterado, com R$ 134 milhões, valor não atualizado pelo mal detalhado balanço.

Receita operacional
2011 – R$ 19.236.142
2012 – R$ 41.089.423 (+113%)
2013 – R$ 48.105.068 (+17%)
2014 – R$ 15.956.176 (-66%)
2015 – R$ 18.363.286 (+15%)
2016 – R$ 16.723.513 (-8%)

Passivo
2011 – R$ 62.442.207 
2012 – R$ 71.979.517 (+15%)
2013 – R$ 87.916.127 (+22%)
2014 – R$ 137.364.572 (+56%)
2015 – R$ 149.267.447 (+8%)
2016 – R$ 155.639.544 (+4%)

Superávit/déficit
2011 (-1.643.179)
2012 (-392.993)
2013 (-721.320)
2014 (-13.346.684)
2015 (-10.839.793)
2016 (-4.608.166)

Confira a postagem sobre o balanço anterior do alvirrubro aqui.

Balanço do Santa em 2016, com a maior receita da história e redução do passivo

O balanço financeiro do Santa Cruz de 2011 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/D

Havia a certeza de que o Santa Cruz teria a maior receita de sua história em 2016. Apenas a cota de televisão pela participação na Série A, de R$ 23 milhões, já seria suficiente para superar todos os faturamentos anuais na década. Então, some a isso as premiações obtidas pelo clube no Nordestão (campeão), na Copa do Brasil (3ª fase) e na inédita participação na Sul-Americana (oitavas), além de patrocínios, sócios e bilheteria. Ao todo, R$ 36,8 milhões de receita operacional, num aumento de 143% em relação à temporada anterior, quando conquistou o acesso à elite nacional – o relatório foi publicado no Diario de Pernambuco. No histórico tricolor, foi muito dinheiro, mas num comparativo local, a cifra acabou abaixo do esperado.

E não se trata de uma comparação com o Sport, cuja receita em 2016 foi superior à soma dos últimos seis anos do Santa (129 mi x 115 mi), mas sim em relação ao Náutico, também na condição de “não cotista” da tevê. Em 2012 e 2013, em seus últimos anos na elite, o alvirrubro faturou 41 e 48 milhões, respectivamente. Desconsiderando o segundo dado, turbinado pelo contrato com a Arena Pernambuco, o primeiro já mostra uma captação maior.

Sobre o último exercício, o gasto com o futebol subiu consideravelmente, chegando a 31,1 milhões de reais, ou 84% de toda a receita – o rival leonino, por exemplo, gastou 45% com futebol. E justamente por isso surpreende o fato de o passivo ter caído tanto. A redução foi de 15 milhões de reais, a maior no Arruda desde que o blog passou a detalhar os balanços do Trio de Ferro. Via Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro), cujo parcelamento dobrou, chegando a R$ 29 milhões. Quadro importantíssimo, devido ao longo tempo de pagamento, desde que o clube honre o compromisso estabelecido.

Administrativamente, o clube ajustou o quadro de exercícios (anos) anteriores e quitou um empréstimo bancário de R$ 8,7 mi. Por outro lado, as obrigações tributárias seguem pesadas, tanto que não conseguiu todas as certidões negativas, a exigência da Caixa Econômica Federal para firmar patrocínios esportivos. Por isso, acabou sem o acordo previsto de R$ 3,6 milhões, estampando posteriormente a marca da MRV, por R$ 1,08 mi. Ou seja, é uma das explicações para o faturamento abaixo do esperado. Nesta equação com o futebol (custo alto e rebaixamento no fim), o Santa terminou com um déficit de R$ 3,8 milhões, empurrando o débito para a segunda divisão, onde tende a voltar ao patamar financeiro dos cinco anos anteriores.

Receita operacional
2011 – R$ 17.185.073
2012 – R$ 13.133.535 (-23%)
2013 – R$ 16.955.711 (+29%)
2014 – R$ 16.504.362 (-2%)
2015 – R$ 15.110.061 (-8%)
2016 – R$ 36.854.071 (+143%)

Passivo
2011 – R$ 69.775.333 
2012 – R$ 71.536.863 (+2%)
2013 – R$ 71.377.478 (-0,2%)
2014 – R$ 72.727.047 (+1%)
2015 – R$ 77.728.805 (+6%)
2016 – R$ 62.604.879 (-19%)

Superávit/déficit
2011 (+1.443.869)
2012 (-692.408)
2013 (+453.996)
2014 (-1.766.461)
2015 (-3.388.522)
2016 (-3.861.281)

Confira a postagem sobre o balanço anterior do tricolor aqui.

O balanço financeiro do Santa Cruz em 2016

Balanço do Sport em 2016 traz recordes de faturamento (129 mi) e passivo (125 mi)

O balanço financeiro do Sport de 2011 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Em 2016, o Sport colecionou vários insucessos no campo. No Estadual, no Nordestão e na Copa Sul-Americana. Na Série A, só escapou na última rodada, embora ainda tenha sido premiado com outra vaga na Sula. Esse desempenho não bate com a receita operacional do clube, a maior da história, superando o recorde anterior, vejam só, de 2015. Mais do que isso, o faturamento rubro-negro aumentou em 47,8%. Segundo o balanço financeiro de 2016, publicado na Folha de Pernambuco, o montante chegou a R$ 129,5 milhões, ultrapassando pela primeira vez a barreira centenária. E por pouco não foi a maior da história da região, com R$ 253 mil a menos que o Bahia.

Apesar de ter disputado a Série B, o tricolor soteropolitano teve o caixa turbinado pelas luvas de R$ 40 milhões pelo contrato junto ao Esporte Interativo, visando o Brasileiro na tevê por assinatura, a partir de 2019. O mesmo ocorreu com o Sport, através da Rede Globo, apesar de o relatório não ser bem detalhado (praxe, infelizmente). Esse solavanco financeiro lembra a temporada 2012, no ciclo anterior de renovações com a televisão, o que indica que 2017 não tende, necessariamente, a seguir com receita tão alta. Se no cenário regional Sport e Bahia estão bem à frente, no nacional o hiato é proporcional, com o Flamengo já passando de meio bilhão.

Voltando leão, o carro-chefe do clube, o futebol, gerou uma despesa de R$ 58,6 milhões. Quase a mesmo do ano passado, R$ 58,2 mi. Contudo, em 2016 esse gasto só representou 45,2% da receita. Mais fôlego? Não, pois o clube teve outras despesas pesadas, como administrativo (10 mi), obrigações sociais e trabalhistas (6,2 mi) e inúmeros parcelamos de acordos tributários. Por sinal, considerando todos os parcelamentos (não só tributários), a dívida é de R$ 62 milhões. Ou seja, mesmo com a receita ascendente – bem acima dos rivais -, o clube ainda tem muitas contas a pagar.

Este arrocho pode ser visto na soma dos passivos circulante e não circulante, que seguiu em alta mesmo após o considerável aumento em 2015, devido às “dívidas antigas que faltavam ser reconhecidas”, segundo a própria direção do Sport. Neste contexto, o passivo aumentou em 3,9 milhões. Porém, pela primeira vez em três anos ficou abaixo da receita. Vale destacar ainda que esse passivo não é sinônimo de dívida bruta, pois existem outros fatores contáveis. O principal deles é que o clube considera como “dívida” os R$ 18 milhões adiantados pela Globo, como luvas, para a cessão dos direitos de transmissão do Brasileiro de 2019 e 2020 – e olhe que o contrato foi, posteriormente, estendido a 2024. Tal verba só será utilizada em 2019.

Receita operacional
2011 – R$ 46.875.544
2012 – R$ 79.807.538 (+70%)
2013 – R$ 51.428.086 (-35%)
2014 – R$ 60.797.294 (+18%)
2015 – R$ 87.649.465 (+44%)
2016 – R$ 129.596.886 (+47%)

Passivo
2011 – R$ 45.278.851
2012 – R$ 27.381.926 (-39%)
2013 – R$ 22.751.467 (-16%)
2014 – R$ 73.396.626 (+222%)
2015 – R$ 121.167.577 (+65%)
2016 – R$ 125.080.279 (+3%)

Superávit/déficit
2011 (+321.305)
2012 (+22.541.556)
2013 (-4.963.656)
2014 (-8.627.606)
2015 (-26.528.983)
2016 (-566.411)

Abaixo, o relatório de 2017. Você também pode ver aqui.

Confira a postagem sobre o balanço anterior do rubro-negro aqui.

O balanço financeiro do Sport em 2016

O balanço financeiro do Sport em 2016

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