Emerson Sobral, de árbitro recordista de mata-matas e geladeiras a diretor da Ceaf

Emerson Sobral como árbitro e dirigente. Fotos: Ricardo Fernandes/DP e FPF/divulgação

A formação de Emerson Sobral na arbitragem ocorreu em 1995. Trabalhou no futebol pernambucano, onde chegou a obter a categoria “CBF”, deixando o quadro em 2017, já aos 43 anos. Na verdade, ocorreu uma transferência, assumindo imediatamente a Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol, a Ceaf-PE, no lugar de Salmo Valentim. Como se sabe, o quadro local não é dos melhores – na visão do blog -, com um número elevado de lambanças. E Emerson Sobral está intimamente ligado a isso. Embora seja o recordista de jogos na fase decisiva do Campeonato Pernambucano, com sete aparições entre semifinais e finais (apitou a decisão de 2015), o agora dirigente também acumulou o maior número de punições por erros cometidos. Nesta década, foi três vezes para a “geladeira” (abaixo), sendo duas no cenário local e uma no Brasileirão. Com essa experiência, terá bastante trabalho a partir de agora.

“Participamos de um dos estaduais reconhecidamente mais difíceis do país pela sua tradição e competitividade e tudo isso nos coloca como sendo um dos melhores quadros de árbitros do Brasil.”

18/01/2012 (punido no Estadual)
Afastado ao errar em dois jogos. No 1º, deixou de expulsar o zagueiro André Oliveira, do Santa. No 2º, não marcou um pênalti em cima de Rogério, do Náutico, e depois assinalou um pênalti inexistente sobre o mesmo jogador.

24/03/2013 (punido no Estadual)
No jogo Ypiranga 2 x 2 Sport, na oitava rodada do segundo turno, assinalou um pênalti polêmico para a Máquina de Costura e marcou uma falta inexistente aos 44 do 2º tempo, no lance que acabou saindo o último gol.

02/09/2015 (punido na Série A)
Na partida entre Ponte Preta e Cruzeiro, pelo Brasileirão, em Campinas, deixou de marcar dois pênaltis, um para cada time. No caso do time mineiro, marcou a falta fora da área. No lance da Macaca, sequer assinalou falta.

Número de jogos de Sobral no Pernambucano (e o % sobre o torneio)
2014 – 16 jogos (11,4% de 140)
2015 – 14 jogos (11,2% de 124)
2016 – 11 jogos (11,4% de 96)
2017 – 11 jogos (11,5% de 95)

Ranking de jogos no mata-mata do Pernambucano (desde 2010)
7 partidas – Emerson Sobral (PE)
6 partidas – Sebastião Rufino Filho (PE)
4 partidas – Nielson Nogueira (PE)
3 partidas – Gilberto Castro Júnior (PE) e Marcelo de Lima Henrique (Fifa-RJ / PE) e Wilton Sampaio (Fifa-GO)

Confira a lista completa de árbitros no mata-mata local clicando aqui.

Duque, o treinador com mais títulos em Pernambuco e campeão no Trio de Ferro

Duque. Crédito: Placar/reprodução

Como técnico, Duque alcançou duas marcas expressivas no futebol pernambucano. Em 1975, quando tirou o Sport de uma fila de doze anos, com o “Supertime da Ilha”, o treinador chegou a sete títulos estaduais, igualando a marca, ainda vigente, de Palmeira, hepta em 1962. Ali, tornou-se também um dos quatro nomes com conquistas no Trio de Ferro. Campeão nos Aflitos, no Arruda e na Ilha do Retiro. Para se ter uma ideia, o último a obter o feito foi o multicampeão brasileiro Ênio Andrade, no já distante ano de 1984.

Esses números dão lastro à carreira do mineiro no Recife, comandando alguns dos maiores times de cada clube. Não por acaso estava na área técnica observando o gol de Ramos, que deu o hexacampeonato ao timbu. Um ano antes esteve no Maracanã, num duelo contra Mário Travaglini, na decisão da Taça Brasil entre Náutico e Palmeiras. Após as quatro taças conquistadas no alvirrubro, onde fincou o seu nome como o melhor técnico da história do clube, foi ser campeão no tricolor, levando o lateral-direito Gena. Lá, encontrou Givanildo Oliveira (como volante), Luciano Veloso e Fernando Santana. Ganhou duas finais seguidas, contra Náutico e Sport.

Até então então, o leão havia sido vice-campeão em cinco dos seis títulos de Duque. Ele acabou se “redimindo” ao azeitar um timaço com Luciano Veloso (na maior, e mais polêmica, transação da época), Assis Paraíba e Dadá Maravilha. Davi Ferreira, para os chegados, aposentou-se da função no início dos anos 80, após se arriscar no Oriente Médio. Ainda virou comentarista de rádio no Rio de Janeiro, onde viveu até os 91 anos. Duque faleceu em 2017, mantendo um legado difícil de ser superado em Pernambuco.

“Eu era o preparador físico, o preparador técnico, o preparador tático e o homem que impunha a psicologia a serviço da equipe.”

Ranking de títulos pernambucanos entre treinadores

7 títulos, Palmeira: 1946 e 1947 no Santa; 1950, 1951 e 1952 no Náutico; 1961 e 1962 no Sport 

7 títulos, Duque: 1964, 1966, 1967 e 1968 no Náutico; 1970 e 1971 no Santa; 1975 no Sport 

5 títulos, Givanildo Oliveira: 1991, 1992, 1994 e 2010 no Sport; 2005 no Santa

Técnicos campeões pelo Trio de Ferro (e o ano do ciclo completo)

1960, Gentil Cardoso (55 Sport, 59 Santa, 60 Náutico) 

1962, Palmeira (46/47 Santa, 50/51/52 Náutico, 61/62 Sport) 

1975, Duque (64/66/67/68 Náutico, 70/71 Santa, 75 Sport) 

1984, Ênio Andrade (76 Santa, 77 Sport, 84 Náutico)

Sport vence Arsenal com 2 gols de André e abre vantagem rumo às oitavas da Sula

Sul-Americana 2017, 2ª fase: Sport 2 x 0 Arsenal (ARG). Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

A vitória por 2 x 0 é, historicamente, uma boa vantagem em mata-matas com a regra do gol qualificado. Por isso, o Sport irá à Sarandí numa condição favorável para confirmar a vaga às oitavas de final da Copa Sul-Americana, onde chegou em 2013 e 2015. À parte do resultado consolidado, portanto, fica a ressalva sobre score modesto pelo jogo visto na Ilha do Retiro. Usando quase a força máxima no torneio – poupando apenas Ronaldo Alves e desconsiderando Osvaldo, que não pôde ser inscrito -, o leão chegou com extrema facilidade ao campo ofensivo, tamanha a fragilidade técnica e tática do Arsenal, esfacelado após o fim da temporada 2016/2017 na Argentina.

Marcando mal, com até quatro jogadores cercando um leonino – deixando buracos enormes no restante do campo -, os hermanos acabaram aliviados devido aos erros no “último passe” do Sport. Explorando a ponta direita, Everton Felipe levou pânico à zaga argentina, ganhando no drible, na velocidade. Se Diego Souza puxou a cadência desta vez, sobretudo quando ficou adiantado, Everton fez grande partida, sendo parado apenas no sarrafo. Não por acaso, três marcadores receberam amarelo após faltas violentas nele – com bastante complacência do árbitro boliviano. Após cruzamentos na linha de fundo, rasteiros e por cima, as finalizações não se equipararam ao volume no setor. O primeiro tempo em branco, sob aplausos, já era injusto.

Sul-Americana 2017, 2ª fase: Sport 2 x 0 Arsenal (ARG). Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

No segundo tempo, com o gás do retraído Arsenal acabando, a troca de passes do Sport enfim deu resultado. Duas vezes com André. Na primeira, um gol feioso, embora o mantra de Dadá Maravilha seja verdadeiro. Na segunda, ótima linha de passes entre EF e Mena, vindo da Copa das Confederações. Cruzamento na medida e testada sem chances. Neste lance, vale a observação de que o chileno acabara de entrar no lugar do atacante Rogério, que não foi bem, sem encaixe coletivo e com erros nas finalizações. Com Sander/Mena, o lado esquerdo melhorou. E a vantagem foi ampliada.

Saindo para o jogo depois disso, o Arsenal até chegou perto de diminuir, com Magrão fazendo uma grande defesa. À parte disso, apenas bolas aéreas, com Durval soberano. Enquanto isso, o Sport ia desperdiçando contragolpes, dois deles excelentes – e que merecem cobrança. Sobre o Arsenal, foi muito pouco para um time que passou com duas vitórias na fase anterior, agregando 8 x 1 sobre o Juan Aurich, do Peru. Até a volta, terá 21 dias para tentar se qualificar. Até lá também espera-se que o Sport siga evoluindo. Hoje, soma quatro vitórias seguidas, sem sofrer gols. Na Argentina, esse desempenho será determinante para uma possível classificação. Pela ida, encaminhou.

Cotas do Sport na Copa Sul-Americana
1ª fase – US$ 250 mil (vs Danubio-URU)
2ª fase – US$ 300 mil (vs Arsenal-ARG)
Oitavas – US$ 375 mil?

Sul-Americana 2017, 2ª fase: Sport 2 x 0 Arsenal (ARG). Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

10 anos depois, nova ação para anular um jogo do Estadual. Não deve progredir…

Pernambucano 2017, final: Sport 1x1 Salgueiro. Imagem: Rede Globo/reprodução

O Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) de Pernambuco irá julgar o pedido de impugnação da final do Campeonato Pernambucano de 2017, numa petição impetrada pelo goleiro Luciano, reserva do Salgueiro. Saiba mais aqui.

A princípio, não significa uma mudança efetiva no título conquistado pelo Sport, mas basicamente o regimento normal do tribunal. De toda forma, entramos em mais uma discussão sobre “erro de fato” e “erro de direito” no futebol, um vez que o artigo 84 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, o CBJD, prevê a anulação (em qualquer fase) em caso de erros de direito.

Sobre a diferença dos erros, alguns exemplos:

Erro de fato
Interpretação equivocada dos lances, não das regras. Exemplos: não enxergar um impedimento ou se a bola entrou ou não no gol, em lances ajustados.

Erro de direito
Ir de encontro às regras do jogo, como não enxergar um time com 12 jogadores em campo, quatro substituições de um mesmo time, três cartões amarelos para um mesmo atleta etc.

A ação sertaneja sobre a anulação é baseada no livro de regras da CBF, que determina que o assistente esteja alinhado “atrás da bandeira do escanteio, no prolongamento ideal da linha de meta”. O auxiliar Marcelo Van Gasse não estava nesse posicionamento no Cornélio. Contudo, o “alinhamento” também pode ser subjetivo, a partir do melhor ângulo do assistente.

Sobre a decisão de um tribunal acerca de um resultado, esta é a segunda vez que isso ocorre no Estadual, dez anos depois. Em 18 março de 2007, o Central venceu o Vera Cruz por 2 x 1. Porém, o visitante chegou a empatar, através de Rivelino. No chute aos 39/2T, de fora da área, a bola furou a rede. E o árbitro Wilson Souza não viu! Deu tiro de meta. Então, o clube de Vitória de Santo Antão entrou com uma ação alegando erro de direito. E ganhou em primeira instância. Em 4 de abril, no TJD, teve 4 x 2 a favor, mudando o jogo para 2 x 2. Ocorre que a patativa recorreu e o caso chegou ao STJD, onde a decisão anterior caiu por unanimidade – com isso, o Central acabou sendo vice-campeão pernambucano, assegurando vaga na Copa do Brasil de 2008. Na decisão superior, o seguinte texto:

“Por unanimidade de votos, rejeitada preliminar de intempestividade (com a ressalva do Dr. Auditor Paulo Valed Perry , que existe nos autos, prova do requerimento tempestivo da lavratura do acórdão), para no mérito, dar-lhe integral provimento, declarando improcedente a impugnação de partida , mantendo o resultado obtido em campo entre as equipes: Central Sport Club x Vera Cruz Futebol Club.”

Neste novo caso local não seria alteração do placar, mas a anulação completa do jogo. Além da questão sobre o posicionamento do assistente, pesa a definição se a bola saiu ou não após a cobrança de escanteio. É preciso ter certeza, pois trata-se de um lance objetivo – mesmo com a utilização, em tese no país, do árbitro de vídeo. Por sinal, após a final no Cornélio de Barros, o blog foi contatado pela FPF, que também ouviu outros três jornalistas. Em todos os casos foram feitas duas perguntas, anexadas ao relatório sobre o árbitro de vídeo, encaminhado à Fifa. Reproduzo o meu caso:

1) Com o recurso das imagens da transmissão (ângulos distintos e replay), você diria que a bola saiu?
Acho que a bola não saiu. 

2) Com as imagens exibidas sobre o lance, você cravaria que a bola não saiu?
Não, não cravo.

A incerteza se estendeu aos demais.

Portanto, embora considere que o Salgueiro (ou Luciano) tenha o direito de buscar os seus direitos na justiça desportiva, o êxito neste caso é improvável. No TJD e sobretudo no STJD, pouco afeito a jurisprudências do tipo.

Pernambucano 2007, 2º turno: Central 2 x 1 Vera Cruz. Crédito: Rede Globo/reprodução

Números da Ilha do Retiro em 80 anos

Ilha do Retiro 1955 e 2016

Em 4 de julho de 1937, Sport e Santa Cruz disputaram o amistoso inaugural da Ilha do Retiro. A manhã chuvosa no Recife reservou um clássico de onze gols (!), com o leão vencendo por 6 x 5. Autor de quatro tentos, o rubro-negro Artur Danzi teve a honra de marcar o primeiro. Entrou na história. Já o gol da vitória foi de Haroldo Praça, que hoje dá nome à sala de imprensa do estádio.

Durantes décadas, a Ilha também foi utilizada pelos rivais, Náutico e Santa, com algumas de suas principais partidas por lá na condição de mandantes! Daí, as centenas de clássicos e jogos decisivos no estádio, incluindo 28 finais estaduais, com quatro campeões. O local também abrigou um jogo da Copa do Mundo, uma exclusividade na região até 2014, além de finais das principais competições nacionais. Curiosamente, já recebeu até um Fla-Flu, em 1947.

Nesse tempo todo, o Estádio Adelmar da Costa Carvalho passou por inúmeras reformas e ampliações. Apesar da estrutura de concreto intacta, acabou sendo “reduzido” após novas e necessárias normas de segurança. Agora, a Ilha, incólume aos projetos de demolição para uma nova arena, chega aos 80 anos de história. Há tempos, é um dos principais palcos do futebol no país…

Desempenho do Sport no estádio (desde 1937*)
2.136 jogos
1.315 vitórias (61,56%)
468 empates (21,91%)
353 derrotas (16,52%)
* Torneios oficiais e amistosos até 04/072017, via Carlos Celso Cordeiro

28 decisões do Campeonato Pernambucano
Sport (15 títulos) – 1948, 1961, 1962, 1981, 1988, 1991, 1992, 1994, 1996, 1998, 1999, 2000, 2003, 2006 e 2010
Santa (10) – 1940, 1946, 1957, 1971, 1973, 1986, 1987, 2012, 2013 e 2016
Náutico (2) – 1954 e 1965
América (1) – 1944

Finais nacionais de elite
20/12/1967  Náutico 1 x 3 Palmeiras (Taça Brasil, ida)
07/02/1988  Sport 1 x 0 Guarani (Série A, volta*)
26/08/1989  Sport 0 x 0 Grêmio (Copa do Brasil, ida)
11/06/2008 – Sport 2 x 0 Corinthians (Copa do Brasil, volta)

* Jogo válido pela edição de 1987

Jogos internacionais de clubes
10 na Taça Libertadores (1968, 1988 e 2009)
5 na Copa Sul-Americana (2013, 2014, 2015 e 2017)

Copa do Mundo
02/07/1950 – Chile 5 x 2 Estados Unidos

Jogos da Seleção Brasileira
01/04/1956 – Brasil 2 x 0 Seleção Pernambucana
13/07/1969 – Brasil 6 x 1 Seleção Pernambucana

Os 10 maiores públicos
56.875 – Sport 2 x 0 Porto (07/06/1998, Estadual)
53.033 – Sport 0 x 2 Corinthians (12/09/1998, Série A)
50.106 – Sport 4 x 1 Santa Cruz (29/03/1998, Estadual)
48.564 – Sport 1 x 1 Cruzeiro (27/09/1998, Série A)
48.328 – Sport 5 x 0 Grêmio (20/09/1998, Série A)
46.018 – Sport 1 x 1 Grêmio (03/12/2000, Série A)
45.697 – Sport 3 x 0 Náutico (15/12/1991, Estadual)
45.399 – Sport 2 x 1 Botafogo (24/10/1998, Série A)
45.151 – Sport 1 x 0 São Paulo (16/08/1998, Série A)
44.346 – Sport 2 x 0 Santa Cruz (31/07/1988, Estadual)

Evolução da capacidade de público*
1950 – 20.000 lugares
1960 – 36.000 (+16.000), ampliação da cadeira central e da arquibancada
1984 – 45.000 (+9.000), construção da geral e a ampliação da cadeira central
1998 – 50.000 (+5.000), construção da ‘curva especial’ 
2001 – 45.000 (-5.000**)
2005 – 32.500 (-12.500**)
2006 – 30.520 (-1.980**)
2007 – 34.500 (+3.980), construção da ‘curva da ampliação’
2012 – 34.200 (-300**)
2013 – 32.983 (-1.217**)
2015 – 27.435 (-5.548**)
2017 – 29.000 (+1.565), autorização dos bombeiros

* Após as obras para a Copa do Mundo de 1950
** Redução por medida de segurança, por orientação dos bombeiros

Com média de 8 gols, Sport reconquista o título estadual feminino após 8 anos

Pernambucano Feminino 2017, final: Sport 1 x 1 Vitória. Foto: Anderson Freire/Sport Club do Recife

Entre 2010 e 2016, o time feminino da Acadêmica Vitória estabeleceu a maior sequência de títulos do futebol pernambucano, hepta. Em qualquer gênero, em qualquer categoria. Além da hegemonia local, dois vices na Copa do Brasil. Logo, tirar esse status da Zona da Mata não seria simples. Ainda mais para uma equipe recém-formada, após dois anos de inatividade. Caso do Sport. Forçado pelas novas diretrizes da CBF e da Conmebol, que passam a exigir em 2018 e 2019, respectivamente, times femininos para firmar a “Licença de Clubes”, o leão montou um time, com salários e calendário.

O Sport disputou o Brasileiro, ficando em 9º entre 16 participantes, e focou no Estadual, onde havia sido o último campeão antes do tricolor das tabocas. Com o mínimo de investimento e organização, numa modalidade que precisa mesmo de atenção, o rubro-negro faturou o título. De forma invicta, com média de 8,12 gols por jogo. Só Juliana, a camisa 7, marcou 10. Na decisão na Ilha, naturalmente contra o Vitória, a torcida prestigiou. Mais que a taça, quase assegurada na ida, o público prestigiou as meninas. Campeãs tanto quanto os homens. Que o departamento se mantenha. Até porque tornou-se regra.

Os títulos estaduais femininos*
7 – Vitória (2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016)
6 – Sport (1999, 2000, 2007, 2008, 2009 e 2017)
2 – Náutico (2005 e 2006)
* Não houve disputa entre 2001 e 2004

A campanha do Sport em 2017
30/04 – Vitória 1 x 1 Sport
28/05 – Flamengo 1 x 11 Sport
04/06 – Sport 1 x 0 Vitória
11/06 – Sport 22 x 0 Flamengo
18/06 – Porto 0 x 10 Sport
25/06 – Sport 14 x 0 Porto
28/06 – Vitória 1 x 5 Sport
01/07 – Sport 1 x 1 Vitória 

8 jogos; 6 vitórias e 2 empates; 65 GP e 4 GC

Pernambucano Feminino 2017, final: Sport 1 x 1 Vitória. Foto: Anderson Freire/Sport Club do Recife

Sport lidera o público do Estadual 2017, o segundo mais esvaziado em 28 anos

Pernambucano 2017, final: Sport 1x1 Salgueiro. Imagem: Rede Globo/reprodução

Na década atual, o campeão pernambucano sempre teve como característica a liderança conjunta no ranking de público. Foi assim com o Santa Cruz em 5 oportunidades e com o Sport em 2, a última agora em 2017, já marcada como a segunda edição mais esvaziada desde que a FPF passou a contabilizar a presença média de torcedores na competição, em 1990. Caiu pelo terceiro ano seguido, chegando a 2.402 pessoas. Em termos absolutos não teve jeito. Com 209 mil espectadores, entre pagantes e não pagantes, foi a pior edição.

Para se ter uma ideia, o índice leonino não chegou nem a 10 mil pessoas, sendo a primeira vez entre os dados levantados pelo blog, a partir de 2005 (gráfico abaixo). Até porque jogou 6 vezes com formações reservas. Não por acaso, o seu maior público (e também do Pernambucano) foi bem modesto, com 22 mil torcedores no jogo de ida da final. E a grande decisão, no Sertão, acabou sendo a de público mais baixo que se tem notícia no futebol local: 5.544 torcedores. Além da capacidade reduzida do Cornélio, pesou, bastante, a desorganização do torneio, com seguidas mudanças de data.

Naturalmente, a arrecadação seguiu a mesma curva descendente. E o dado geral assusta. Em 87 jogos com borderô, pois 8 partidas sequer puderam ter público devido à falta de laudos técnicos, a bilheteria foi de R$ 2,4 milhões, com queda de 43% em relação a 2016, com R$ 4,7 mi ao todo. Com direito a 8% de todas rendas, a FPF ficou com R$ 213 mil.

Os números de público e renda do Campeonato Pernambucano de 2017…

Os 5 maiores públicos
22.757 – Sport 1 x 1 Salgueiro (Ilha do Retiro, 06/05)
22.056 – Santa Cruz 1 x 0 Salgueiro (Arruda, 15/04)
19.541 – Náutico 1 x 1 Sport (Arena, 23/04)
15.082 – Sport 3 x 2 Náutico (Ilha do Retiro,16/04)
12.408 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (Arruda, 18/02)

1º) Sport (7 jogos como mandante, na Ilha do Retiro)
Público: 62.428 torcedores
Média de 8.918 
Renda: R$ 1.102.285
Média de R$ 157.469 

2º) Santa Cruz (7 jogos como mandante, no Arruda)
Público: 53.299 torcedores
Média de 7.614
Renda: R$ 466.550
Média de R$ 66.650 

3º) Náutico (7 jogos como mandante, na Arena Pernambuco)
Público: 37.420 torcedores
Média de 5.345 
Renda: R$ 525.390
Média de R$ 75.055 

4º) Salgueiro (10 jogos como mandante, no Cornélio de Barros)
Público: 29.697 torcedores
Média de 2.969 
Renda: R$ 295.980 
Média de R$ 29.598 

5º) Central (8 jogos como mandante; 3 no Antônio Inácio, 2 no Lacerdão, 1 na Arena, 1 no Carneirão e 1 no Arruda)
Público: 8.573 torcedores
Média de 1.071  
Renda: R$ 116.750  
Média de R$ 14.593  

6º) Belo Jardim (8 jogos como mandante; 5 no Antônio Inácio, 2 no Arruda e 1 na Arena)
Público: 3.572 torcedores
Média de 446 
Renda: R$ 26.522 
Média de R$ 3.315 

Geral – 87* jogos (1ª fase, hexagonais e mata-mata)
Público total: 209.059 
Média: 2.402 pessoas
Arrecadação: R$ 2.673.367 
Média: R$ 30.728 
* Mais 8 jogos ocorreram de portões fechados 

Fase principal – 38 jogos (hexagonal do título e mata-mata)
Público total: 182.724 
Média: 4.808 pessoas
Arrecadação total: R$ 2.444.211 
Média: R$ 64.321 

O ranking de pontos do Campeonato Pernambucano, de 1915 a 2017

O Campeonato Pernambucano de 2017 teve 95 partidas, com doze clubes envolvidos na disputa. Esses dados alimentaram o ranking histórico de pontos, num levantamento a partir da pesquisa de Carlos Celso Cordeiro. O seu legado se mantém e aqui o blog atualiza a tabela (abaixo), com o Sport na liderança absoluta, com 196 pontos a mais que o rival Santa. Em relação à edição de 2017, o destaque fica com o Salgueiro, apesar do vice. O carcará foi, disparado, o clube que mais pontuou no torneio, pois liderou tanto o hexagonal do título quanto a primeira fase, que não contou com os grandes clubes da capital. Ao todo, jogou 20 vezes, com 13 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas. Pulou do 14º para o 12º lugar. Está a 28 pontos do top ten.

Sobre o ranking de títulos do futebol local, clique aqui.

O blog tomou a liberdade de padronizar a pontuação e estabelecer algumas ressalvas entre os 64 clubes que já disputaram ao menos um certame local – o Afogados foi estreante nesta temporada, já aparecendo em 53º na lista.

1) Três pontos por vitória. Oficialmente, o critério só foi introduzido no Estadual de 1995. Porém, para um levantamento geral, isso acabava resultando numa distorção (para baixo) nos clubes com triunfos obtidos antes desse período.

2) Um ponto por empate. O critério pode até parecer lógico – já era assim na pioneira competição de 1915 -, porém, em alguns anos, como 1998, o empate com gols valeu dois pontos e o empate sem gols, um.

3) Clubes que mudaram de nome/escudo/uniforme, mas, oficialmente, mantiveram o registro de fundação, são considerados pela FPF como a mesma agremiação. Idem na lista. No ranking, valeu o último nome utilizado (no fim, como curiosidade, as campanhas de cada denominação).

Ferroviário do Recife: Great Western e Ferroviário (R)
Atlético Caruaru: Esporte Caruaru e Atlético Caruaru
Manchete: Santo Amaro, Casa Caiada, Recife e Manchete 

4) No caso de clubes de um mesmo município com características bem semelhantes (padrão, nome e/ou escudo), mas que foram inscritos (legalmente) como agremiações distintas, valeram as campanhas separadas.

Do Cabo de Santo Agostinho:
Destilaria (1992-1995)
Cabense (1996-2011) 

De Vitória de Santo Antão:
Desportiva Pitu (1974)
Desportiva Vitória (1991-2006)
Acadêmica Vitória (2009-2016).

5) Em 1915, a Colligação SR jogaria 5 vezes, mas só foi a campo 2, levando o W.O. em três oportunidades. Em ação, perdeu de Santa (1 x 0) e Flamengo do Recife (3 x 0). Por isso, tem menos gols sofridos (4) que derrotas (5)!

6) As fase preliminares e hexagonais da permanência foram contabilizados com o mesmo peso das fases principais. 

O ranking de pontos do Campeonato Pernambucano, de 1915 a 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

A avaliação da CBF sobre o árbitro de vídeo no Cornélio de Barros: protocolar

O trabalho do Árbitro de Vídeo no Cornélio de Barros. Foto: CBF/youtube

O título pernambucano de 2017 foi decidido em um golaço de Everton Felipe, mas o lance marcante da final foi o gol anulado do Salgueiro, aos 24 minutos do segundo tempo, pouco antes do tento do Sport. Após a cobrança de escanteio, o auxiliar marcou a saída de bola, com a curva ultrapassando a linha de fundo. A bronca é que a jogada prosseguiu e o carcará balançou as redes, com Álvaro. Então, o árbitro Wilton Sampaio acionou o árbitro de vídeo, que teve acesso às mesmas imagens das 15 câmeras da Globo Nordeste, transmitidas para 976 mil telespectadores, ao vivo. E a decisão original foi mantida, com o tiro de meta (oficialmente, sequer foi “gol anulado”). A polêmica foi além da conta – e o blog entende que a bola não saiu.

Aqui, a avaliação oficial da CBF, uma vez que o jogo foi o segundo teste no país com o recurso tecnológico. O primeiro foi justamente no jogo de ida.

“Na cabine do Árbitro de Vídeo, Péricles Bassols (CBF) começou a conferir os replays. Uma imagem ampliada com o zoom eletrônico da microcâmera dentro do gol dava a impressão de bola fora, mas ele concluiu que o lance era duvidoso. Seguindo o protocolo aprovado pelo International Football Association Board (Ifab), Bassols recomendou que Wilton revisse as imagens no monitor colocado ao lado do campo. Sampaio checou e avaliou que a marcação inicial deveria ser mantida”

A seguir, as aspas dos principais responsáveis pelo recurso no sertão.

“Manoel Serapião (autor do projeto do árbitro de vídeo)
“Avalio de forma muito positiva, sobretudo porque houve uma atuação eficaz. Houve uma revisão que inferiu e proporcionou uma decisão correta da arbitragem num lance absolutamente ajustado, que só o árbitro de vídeo poderia concluir”

Alício Pena Júnior (vice-presidente da comissão nacional de arbitragem)
“Tudo cumprido dentro do protocolo estabelecido pela Fifa para a utilização do árbitro de vídeo, a também pela Ifab. Mesmo com essas dificuldades de posicionamento de câmera e da cabine de tamanho um pouco reduzido cumpriu-se o protocolo e as exigências que nos foram determinadas. Entendo que é mais um grande passo na estabilização e utilização desse processo”

Péricles Bassols (árbitro consultor na cabine)
“Tem um lance que suscita dúvida, um lance fino, de bola dentro ou fora, e em seguida nós temos um gol que se a bola é fora, teria sido irregular. Como foi muito justo, a gente tem que sugerir a revisão. Revisão sugerida, o árbitro vai até a tela, revê o lance e lá ele constata o que viu no campo e mantém a sua decisão de que a bola saiu, porque ele constata a mesma coisa que ele viu in loco, sem câmera. E aí as visões se complementam e chega à decisão final”

Confira a avaliação sobre o árbitro de vídeo no jogo ida clicando aqui.

Os bastidores do título do Sport no Sertão

Vinte anos depois, o Sport voltou a comemorar um título no interior do estado. Entretanto, em vez de uma conquista antecipada, como aconteceu no Antônio Inácio, em Caruaru, o leão teve que encerar uma decisão no estádio Cornélio de Barros, em Salgueiro. A TV Sport registrou toda a viagem, num traslado feito de ônibus, com imagens do jogo e a festa com a taça no campo e no vestiário. O vídeo de bastidores, produzido pelo clube, tem nove minutos e também traz depoimentos dos campeões pernambucanos de 2017. Assista.

Na final, o Sport venceu o Salgueiro por 1 x 0. Leia a análise aqui.