A participação pernambucana na Copa São Paulo de Juniores de 2017 acabou na terceira fase (de um total de sete), com Náutico e Sport eliminados por Mirassol e Batatais. A campanha, entretanto, não ficou nisso, com parte dos elencos sendo aproveitada nos times principais. Ao todo, o Trio de Ferro integrou 14 nomes, que após anos na base (infantil, juvenil e júnior) passam a trabalhar com nomes mais tarimbados, com outra carga de cobrança, buscando uns minutinhos nos jogos. Ou seja, o rumo natural para promessas de até 19 anos.
Torcedor, dos nomes abaixo, qual seria a sua maior aposta para revelação?
Sport Sete jogadores que atuam no time campeão estadual na categoria Sub 20 passam a trabalhar com o grupo principal no CT de Paratibe, sob comando técnico de Daniel Paulista. Cinco deles (Lucas, Adryelson, Caio, Pardal e Juninho) foram convocados para a Seleção Brasileira Sub 18/20 em 2016. Já o centroavante Wallace chegou a entrar em campo no Mineirão, pelo Brasileirão 2015, chamado às pressas na ocasião. Lembrando que a direção leonina prometeu, durante a campanha eleitoral, a utilização de boa parte do time júnior durante o Campeonato Pernambucano de 2017, ao menos no hexagonal.
Rubro-negro na Copinha: 3 vitórias e 2 derrotas, 7 GP, 6 GC Integrados: Lucas (goleiro), Adryelson (zagueiro), Caio (lateral-esquerdo), Fabrício (volante), Pardal (meia), Juninho (atacante) e Wallace (atacante)
Torneios do time profissional: Estadual, Copas do NE e do Brasil, Série A e Sula
Náutico O técnico Dado Cavalcanti autorizou a transição de quatro nomes para o time principal. Nos Aflitos, o destaque vai para os atacantes Erick e Gerônimo, com 4 e 3 gols marcados na Copinha, respectivamente. Atuando no interior paulista, o time fez a melhor campanha do clube em 11 participações. Com o reforço nos trabalhos no CT Wilson Campos, a base alvirrubra representa agora quase 50% do elenco profissional no início de 2017, segundo levantamento do próprio timbu.
Alvirrubro na Copinha: 3 vitórias, 1 empate e 1 derrota, 11 GP, 6 GC Integrados: Sérgio (goleiro), Feliphe Gabriel (zagueiro), Gerônimo (atacante) e Erick (atacante)
Torneios do time profissional: Estadual, Nordestão, Copa do Brasil e Série B
Santa Cruz No Arruda, os tricolores voltaram a passar da fase de grupos da Copa SP após quatro anos, mesmo sem ter uma infraestrutura equiparada a dos rivais – segue sem CT. Os três nomes convocados por Vinícius Eutrópio já tiveram uma primeira experiência no grupo principal, sobretudo o goleiro Lucas, que chegou a compor o banco no último ano. Em 2017, com quatro competições na agenda e um plantel em profunda reformulação, oportunidades podem aparecer para o trio.
Tricolor na Copinha: 1 vitória, 1 empate e 2 derrotas, 4 GP, 4 GC Integrados: Lucas (goleiro, 19), Thawan (zagueiro, 19) e Otávio (volante, 18)
Torneios do time profissional: Estadual, Nordestão, Copa do Brasil e Série B
O futebol pernambucano terá quatro clubes com calendário cheio em 2017. Com a definição das divisões, com o Sport na Série A, Santa Cruz e Náutico na B e o Salgueiro na C, é possível projetar as cotas de cada time, entre verba de transmissão na televisão e o repasse por classificação – obviamente, existem outras fontes, como bilheteria, patrocínio, Timemania, sócios etc.
O blog elencou todas as competições oficiais com os valores já divulgados. No caso do Brasileirão e da Copa Sul-Americana, foram considerados os dados último ano. Ampliando a lista, também foram apresentados as cifras de Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza, os principais adversários regionais.
As receitas de cada clube estão divididas em quatro colunas nos quadros abaixo, com o cenário mais pessimista na primeira, considerando o valor-base da televisão e a pior colocação possível na competição. Em seguida, duas colunas com campanhas acessíveis, passando uma fase nos respectivos torneios, ou, no caso do Brasileiro, nas primeiras posições acima da zona de rebaixamento, o mínimo esperado por qualquer participante.
No fim, chega-se a uma equação entre mercado e meritocracia esportiva, embora também exista uma enorme disparidade local (e regional) nas cotas a partir do modelo de gestão da televisão sobre o campeonato nacional.
Previsão mínima de cotas do Sport por mês: R$ 3.731.781
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 1.956.725 (+4,56%)
Calendário: de 57 jogos a 90 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 692.355
Com o contrato junto à Rede Globo até 2018 (e já tem um novo, de 2019 a 2024), o Sport tem a garantia de receita independentemente da série – ainda que esteja indo para o 4º ano seguido na elite. Além da cota fixa de R$ 35 milhões, há uma variação considerável (e ascendente) no pay-per-view. Com isso, nesta plataforma, o blog projetou o aumento de R$ 5 mi para R$ 7 mi em 2017. Sobre o aporte mínimo, o clube só não teria verba na Série A, pois a premiação esportiva começa a partir do 16º colocado (ou seja, em caso de permanência). Por outro lado, fazendo o básico, passando uma fase em cada torneio/copa e evitando o rebaixamento, o Leão já teria um aumento de R$ 2,6 milhões – lembrando que o Brasileiro e a Sula estão com valores de 2016, que tendem a ser reajustados.
Previsão mínima de cotas do Santa Cruz por mês: R$ 628.683
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: – R$ 17.330.800 (-69,67%)
Calendário: de 56 jogos a 72 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125
Sem dúvida alguma, o maior baque financeiro no futebol pernambucano em 2017. Por não ser cotista no Brasileiro (até 2018, a Globo só firmou 18 contratos do tipo), o tricolor perdeu a cota de R$ 23 milhões (somando tevês aberta e fechada, ppv, sinal internacional e internet). Além disso, a canetada da Conmebol, que o tirou da Copa Sul-Americana (onde tinha vaga como campeão nordestino) custou mais R$ 791 mil, considerando a cotação atual sobre a cota da primeira fase do torneio, de US$ 250 mil. Para completar, a CBF tentou consolar o clube com uma pré-classificação às oitavas de final da Copa do Brasil. Porém, ainda que já largue ganhando R$ 880 mil (e possa ganhar R$ 1 mi caso avance no primeiro mata-mata), o Santa não tem direito às premiações das quatro fases anteriores, que somariam R$ 1,995 milhão.
Previsão mínima de cotas do Náutico por mês: R$ 576.183
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 610.000 (+9,67%)
Calendário: de 55 jogos a 78 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 692.355
A derrota para o Oeste custou caro ao Náutico. Sem o acesso, perdeu a cota de R$ 23 milhões e ainda foi relegado ao grupo 3 da Copa do Brasil, com premiações inferiores nas primeiras fases. Na elite, receberia 420 mil reais na estreia. Como está na Série B, ganhará 250 mil (queda de 40,4%). Comparando com o valor mínimo estipulado no ano passado, a vantagem é a participação na Copa do Nordeste. Por sinal, passar da fase preliminar nas duas copas (regional e nacional) significaria mais R$ 765 mil, receita importante, dado já superior à média mensal que o alvirrubro deverá ter ao longo de 2017. Assim como o Santa, a premiação da Segundona será integral, independentemente da colocação (rebaixado ou campeão), pois os clube optaram por dividir o montante previsto para o G4. Assim, sobrou R$ 88,2 mil para cada um.
Previsão mínima de cotas do Salgueiro por mês: R$ 30 mil
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: – R$ 495.000 (-57,89%)
Calendário: de 35 jogos a 58 jogos oficiais
Fora do Nordestão, onde chegou às quartas de final na última edição, o Carcará aposta as suas fichas na Copa do Brasil, onde estreia com a vantagem do empate (assim como Sport e Náutico, nos jogos únicos da remodelada primeira fase). Passando de fase, o clube já ganharia mais uma cota, de R$ 315 mil. Caso não consiga, a pindaíba tende a ser grande no Cornélio de Barros. Isso porque a Série C segue sem cotas aos 20 participantes, tanto de transmissão quanto de premiação. Hoje, o dinheiro pago pelas emissoras detentoras dos direitos cobre apenas as despesas da competição (viagens e hospedagens dos clubes e arbitragens), segundo a CBF.
Previsão mínima de cotas do Bahia por mês: R$ 4.461.666 Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + 295.000 (+0,55%)
Calendário: de 55 jogos a 78 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125
Apesar do retorno à Série A, o Bahia manteve o patamar financeiro da Série B, pois, como cotista da tevê (um dos 18 clubes até 2018), teve o valor integral na última temporada. A receita bruta, via Globo, é a maior do Nordeste por causa do pay-per-view, numa projeção a partir da pesquisa Ibope/Datafolha, a base da distribuição até então. O tricolor da Boa Terra teria 3,7% dos assinantes, contra 2,3% do Vitória e 1,5% do Sport, em dados de 2015 – hoje, na prática, a verba pode até ser maior. Uma diferença efetiva em 2017 (ainda que de pouco impacto geral) está na Copa do Brasil, com o clube no “grupo 2” dos repasses nas duas primeiras fases. Mudança ocasionada pela presença na elite.
Previsão mínima de cotas do Vitória por mês: R$ 3.936.666
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: – R$ 834.650 (-1,73%)
Calendário: de 55 jogos a 78 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125
O Vitória se manteve na primeira divisão nacional, mas a projeção mínima prevê uma leve queda, devido à ausência na Copa Sul-Americana. O leão de Salvador ficou a dois pontos da zona de classificação à copa internacional, que em 2016, mesmo caindo logo no primeiro mata-mata, rendeu R$ 949 mil. O clube tem, rigorosamente, o mesmo calendário do arquirrival, com a variação de jogos a partir do rendimento de cada um, claro. Com quase 4 milhões de reais por mês, o clube terá a segunda receita da região, a partir dos critérios deste publicação.
Previsão mínima de cotas do Ceará por mês: R$ 571.183
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 195.000 (+2,92%)
Calendário: de 51 jogos a 73 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125
A projeção do Ceará é baseada nas poucas informações acerca da premiação da Primeira Liga, que terá o alvinegro como primeiro representante nordestino. Segundo a Rádio Verdes Mares, da capital cearense, o clube receberia R$ 230 mil por jogo. Porém, o torneio é mais curto que o Nordestão (sem o Ceará), com apenas três jogos na fase de grupos e quartas de final e semifinal em jogos únicos. Em relação ao título, a premiação de 2016 foi de R$ 500 mil. Com o aumento da receita do torneio, que pagará 4,6 vezes mais, o blog tomou a liberdade de estimar o valor da taça (R$ 2,3 mi).
O terceiro Castelazo consecutivo tirou R$ 5 milhões do cofre do tricolor alencarino (que seria a cota da Série B). Indo para o 8º ano na terceira divisão, o clube segue bem à margem dos grandes clubes da região em termos de cotas de televisionamento. Receberá apenas passagens aéreas e hospedagens no Brasileiro. Tem na Copa do Brasil o melhor caminho para obter dinheiro a curto prazo – além, claro, de uma nova tentativa de acesso em outubro.
Previsão mínima de cotas do Fortaleza por mês: R$ 137.500
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 105.000 (+6,79%)
Calendário: de 34 jogos a 65 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125
Vinícius Eutrópio encerrou a carreira como volante em 1999, quando sequer usava o sobrenome no futebol. Estava no Náutico, onde fez uma rápida transição na função, virando auxiliar técnico no segundo semestre. Após 18 anos, volta a trabalhar no Recife, agora no Santa Cruz. Como técnico efetivo. Em entrevista ao 45 minutos, em Paulista, onde os corais estão hospedados na pré-temporada, o treinador comentou sobre o início da carreira, a experiência de seis anos no Atlético-PR (vivenciando a estruturação do clube), suas preferências táticas e, sobretudo, a montagem do Tricolor. Já começou atuando diretamente sobre 11 contratações. Durante uma hora, falou de planejamento, estrutura (espera um campo no CT até maio) e a volta à Série A, a meta. Ouça!
Neste podcast, estou com Cabral Neto, Celso Ishigami e Fred Figueiroa.
Confira o outro especial, com Dado Cavalcanti, do Náutico, clicando aqui.
A torcida coral em Rio Doce se fez presente no recém-inaugurado (mas ainda inacabado) estádio Grito da República. No primeiro jogo-treino do Santa Cruz em 2017, vitória sobre a Agap por 3 x 0, gols de Thomás, Vallés e Nininho. Foi a primeira movimentação efetiva do técnico Vinícius Eutrópio, que até então vinha sendo um “executivo”, colaborando nas 11 contratações anunciadas pelo clube.
Santa no 1º tempo (4-3-3)
Júlio César; Vítor, Bruno Silva, Jaime e Eduardo; Wellington Cézar, David e Thiago Primão; Thomás, William Barbio e André
Santa no 2º tempo (4-4-2)
Júlio César; Nininho, Lucas, Walter e Vallés; Lucas Gomes, Marcílio, Léo Costa e Williams Luz; Everton Santos e Adriano
O adversário alviazulino no jogo-treino já tornou-se tradicional na pré-temporada dos grandes clubes da capital, embora nunca tenha nem empatado uma peleja. Lembrando que a Agap não é um clube profissional, mas uma entidade sem fins lucrativos que movimenta atletas desempregados. Foi o quarto confronto nos últimos três anos, com 16 gols corais e apenas um da Agap. No geral, contra os grandes, já foram 17 derrotas, sendo onze goleadas. Hoje, mais uma.
Jogos-treinos do Santa Cruz na pré-temporada:
19/01/2015 – Santa Cruz 4 x 0 Agap (Chã Grande) 14/02/2015 – Santa Cruz 3 x 1 Agap (Arruda) 17/01/2016 – Santa Cruz 6 x 0 Agap (Chã Grande) 10/01/2017 – Santa Cruz 3 x 0 Agap (Grito da República)
Sobre o estádio municipal de Olinda, com capacidade para 10.700 pessoas, o jogo precisou ser marcado para 15h30 devido à falta de refletores (o projeto original, claro, previa torres de iluminação). Com a obra finalizada, o local poderia ser uma boa alternativa para jogos oficiais de menor apelo do Trio de Ferro.
A primeira rodada da primeira fase do Campeonato Pernambucano de 2017 atraiu apenas 3.487 torcedores. Em três jogos, na verdade, pois o empate sem gols entre Atlético e Afogados ocorreu de portões fechados, por falta de laudos técnicos em Carpina. Do público presente, 76% pagou ingresso, totalizando 2.652 pagantes. Lembra daquela regra criada pela FPF, impondo um valor mínimo de R$ 40 (e meia de R$ 20) para os ingressos? Pois é, passou longe.
Pelos borderôs oficiais (registros abaixo), todos os bilhetes foram vendidos com preços abaixo do estipulado. No estádio Cornélio de Barros (foto), com 1.852 pagantes, destaque para a campanha de sócios, com 895 adimplentes pagando R$ 1 (sim, um real). Na visão do blog, a regra sobre o valor mínimo foi descabida, ainda que a entidade entenda o artigo como uma “orientação”.
Além de R$ 40 ser um valor bem acima da realidade econômica local (até mesmo para ingressos de arquibancada nos jogos de Náutico, Santa Cruz e Sport), a exigência poderia retrair (o que não ocorreu) a criatividade dos clubes do interior para convocar os seus torcedores, distantes desde a suspensão da campanha promocional (e estatal) Todos com a Nota. No caso do Carcará, o plano de sócios com alguma eficiência é algo raríssimo no interior. Quanto ao descumprimento do artigo 19, o regulamento não prevê punição…
Para a liberação dos doze estádios inscritos no Campeonato Pernambucano de 2017, a FPF exigiu laudos técnicos de engenharia, segurança, bombeiros e vigilância sanitária. Ainda que alguns gramados, como o do Carneirão – exibido na primeira transmissão via internet -, sigam em péssimas condições, onze palcos foram confirmados antes da abertura da competição – exceção feita ao Paulo Petribú, em Carpina, na primeira rodada. Sobre a capacidade máxima (quadro abaixo), os dois palcos da capital seguem reduzidos em relação à versão mais recente do Cadastro Nacional de Estádios, da CBF.
A pedido do Ministério Público em novembro de 2015, Arruda e Ilha do Retiro perderam 9,4 mil e 5,5 mil lugares, respectivamente. Ou seja, no máximo 50 mil torcedores no Mundão (que já recebeu 96 mil) e 27 mil na casa leonina (que já acomodou 56 mil) – para retomar a capacidade original, Sport e Santa se comprometeram a cumprir as exigências até 2018. Já a Arena tem a maior diferença a favor, com 1,5 mil lugares a mais que o cadastro. Ao todo, existem 37.852 cadeiras à disposição do público geral, descontando camarotes, cadeiras vips e área de imprensa, o que corresponde a 83% da carga. Outras quatro praças esportivas também receberam pequenas ampliações (segundo os laudos), com destaque para o Luiz Lacerda. O estádio do Central, cujo gramado é um dos mais preocupantes em 2017, tem 518 lugares a mais.
Ao contrário da edição anterior, que exigia pelo menos três mil lugares até o hexagonal e dez mil nos mata-matas, desta vez a FPF estipula uma capacidade mínima somente a partir da semifinal, com “dez mil espectadores sentados”. Assim, o Vianão, em Afogados, com dois mil lugares, poderia receber o Trio de Ferro num hipotético confronto no hexagonal. Já numa possível fase decisiva, apenas três cidades estão aptas no interior: Vitória, Caruaru e Salgueiro.
Em 1h30 de gravação, no CT Wilson Campos, Dado Cavalcanti analisou o seu início de trabalho e as metas do Náutico para a temporada 2017. Abrindo a série especial do 45 minutos com os treinadores do grandes clubes da capital, ele avaliou os reforços, admitiu a prioridade (apesar do longo jejum alvirrubro, apontou o acesso) e até revelou bastidores de sua conturbada passagem no Coritiba. Uma conversa franca, estendida à estrutura do futebol brasileiro e as disputas de calendário, mas também com espaço para descontração, como o fato de já ter jogado, sim, o game Elifoot, ancestral dos managers.
“Se eu concordar que os estaduais atrapalham a evolução dos grandes clubes, eu vou concordar que o Brasileiro de Série A não pode ter vinte clubes.”
Nesta edição, estive ao lado de Cabral Neto, Celso Ishigami, Fred Figueiroa João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Se já é complicado apurar as cifras absolutas pagas aos clubes pela transmissão do Campeonato Brasileiro, no cenário estadual o tema é uma verdadeira caixa-preta. Informações desencontradas (dos clubes, das federações e também da própria imprensa), prazos distintos nos contratos, renovações arrastadas e divisões de cotas não menos questionáveis. Mas, ainda assim, é possível traçar um cenário aproximado da realidade.
Sobre 2017, o blog reuniu as informações mais atuais (jornais, rádios e canais de outros estados) sobre os onze maiores campeonatos estaduais, incluindo o Pernambucano, o Baiano e o Cearense. Esses três apresentam valores bem abaixo, expondo a importância do Nordestão, que distribui R$ 18,5 milhões.
Dos números conhecidos (ainda que arredondados), a diferença máxima entre as competições é de R$ 157,4 milhões (SP x CE). Em dez casos, os acordos envolvem a Rede Globo e suas afiliadas. De acordo com o atlas de cobertura da emissora, existem 200.618.195 telespectadores potenciais. Logo, somando o alcance do Paulista e do Carioca (com 16 estados, considerando a transmissão do ano anterior), chega-se a 100.703.663, ou 50,2% do país.
Paulistão Sem surpresa, o torneio de São Paulo é o mais valorizado. Não por acaso, os clubes do estado ainda não aderiram à Primeira Liga (que paga 7 vezes menos). Para um calendário de pelo menos doze partidas (lembrando que o torneio de 2017 terá quatro times a menos em relação a 2016), os quatro grandes recebem, cada um, cerca de R$ 17 milhões. Valores informados em duas fontes, Máquina do Esporte e Veja. Num bloco intermediário, a Ponte receberá 5 milhões, montante superior a todo o Pernambucano (!). Mercados antagônicos, fato, mas não deixa de ser um comparativo poderoso para o restante da temporada.
R$ 160 milhões/ano (16 clubes; de 12 a 18 jogos para os grandes) Contrato: Globo SP (2016-2019), inclui Sportv e ppv R$ 17 milhões – Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos R$ 5 milhões – Ponte Preta R$ 3,3 milhões – demais clubes (11) R$ 5 milhões – campeão R$ 1,65 milhão – vice R$ 1,1 milhão – 3º lugar
Alcance da TV aberta: SP (43,8 milhões de telespectadores)
Carioca (atualizado em 05/02) O Carioca foi reformulado, voltando a ter as Taças Guanabara e Rio, com semifinais e finais, num modelo com histórico de audiência. O Estadual do Rio também passa de uma centena de milhões de reais, pois é exibido para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Contudo, o contrato ficou a mercê da assinatura do Fla, que inicialmente não aceitou o percentual da Ferj, segundo a repórter Gabriela Moreira, da ESPN. De fato, repassar 10% do contrato geral (R$ 12 milhões) para a federação é inexplicável (apesar da justificativa de custos operacionais). Os dados dos clubes pequenos foram divulgados por Rodrigo Mattos, do Uol. Somando São Paulo e Rio, R$ 280 milhões anuais, incluindo as premiações aos melhores colocados (campeão, vice, semifinalistas etc).
R$ 120 milhões/ano (16 clubes; de 11 a 18 jogos para os grandes) Contrato: Globo Rio (2017-2024), inclui ppv R$ 15 milhões – Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo
R$ 4 milhões* – Bangu, Madureira, Volta Redonda e Boavista R$ 2,2 milhões – Macaé e Resende R$ 1,826 milhão – Nova Iguaçu e Portuguesa
R$ 4 milhões – campeão R$ 1,8 milhão – vice R$ 250 mil – semifinalistas Alcance da TV aberta: RJ, ES, TO, SE, PB, RN, PI, MA, PA, AM, RO, AC, RR, AP e DF (56,8 milhões de telespectadores).
Mineiro Em 3º lugar, mas num patamar bem abaixo, vem Minas Gerais, o segundo estado mais populoso. Com o fim do contrato 2012-2016, a competição foi oxigenada financeiramente. No novo acordo, novamente por cinco edições, o Mineiro registrou um aumento de 56%, passando de R$ 23 mi para R$ 36 milhões, segundo Vinícius Dias, do blog Toque Di Letra, do portal Uai. O pacote mantém as tevês aberta e fechada, além do pay-per-view. As cotas anuais de Galo e Raposa passaram de R$ 7 mi para R$ 12 milhões (acréscimo de 71%). Já o América, a terceira força, ganha 3x mais que os grandes do Recife…
R$ 36 milhões/ano (12 clubes; de 11 a 15 jogos para os grandes) Contrato: Globo Minas (2017-2021), inclui ppv R$ 12 milhões – Atlético-MG e Cruzeiro R$ 2,8 milhões – América R$ 850 mil – demais clubes (9)
Alcance da TV aberta: MG (20,6 milhões de telespectadores)
Gaúcho No extremo sul, um cenário curioso. Ao menos até aqui, informa-se um acordo de apenas um ano, segundo Gustavo Manhago, da Rádio Gaúcha. O Gauchão – cujo acerto ocorreu só no fim de dezembro – pagará um pouco menos que o Mineiro (diferença de R$ 2,2 mi). Se por um lado a dupla Grenal receberá 1 milhão a menos, os times do interior vão receber R$ 250 mil a mais. No interior, dois subgrupos, com Brasil e Juventude destacados dos demais por integrarem a Série B nacional.
R$ 33,8 milhões/ano (12 clubes; de 11 a 17 jogos para os grandes) Contrato: RBS TV (2017), inclui ppv R$ 11 milhões – Grêmio e Inter R$ 1,5 milhão – Brasil de Pelotas e Juventude R$ 1,1 milhão – demais clubes (8)
Alcance da TV aberta: RS (11,1 milhões de telespectadores)
Paranaense No Paraná, os clubes (sobretudo o Atletiba) exigem um piso para a cota geral. Ou seja, que o contrato não seja inferior a estaduais à parte do eixo SP-RJ-MG-RS, via blog De Prima, do Lance!. A negociação segue com a afiliada da Globo, que em 2016 bancou 8,8 milhões de reais, quase a soma do valor previsto no Pernambucano, Baiano e Cearense somados.
R$ 8,8 milhões/ ano* (12 clubes; de 11 a 17 jogos para os grandes) Contrato: RPC (em negociação)
R$ 2 milhões* – Atlético-PR e Coritiba
R$ 1 milhão* – Paraná Clube
R$ 600 mil* – Londrina
R$ 400 mil* – demais clubes (8)
Alcance da TV aberta: PR (10,7 milhões de telespectadores)
*Valores pagos na edição de 2016, expostos a título de comparação.
Catarinense Em 2015, Santa Catarina emplacou quatro clubes no Brasileirão, à frente do Rio. Naquele mesmo ano foi firmado um contrato de três anos, incluindo sinal aberto e pay-per-view. Ao contrário do Pernambucano e do Baiano, com um jogo por rodada e oferecidos como “degustação” a assinantes do Paulista e do Carioca, o Catarinense tem um pacote de jogos maior. Daí, mais receita. Somando Globo e Premiere, R$ 7,3 milhões, segundo Tony Marcos, da Rádio Difusora. Com os descontos da federação, arbitragem e outros custos operacionais, sobra 65% para os clubes. Na divisão, três subgrupos, com o último reservado aos times oriundos da segundona.
R$ 4,777 milhões/ano (10 clubes; de 18 a 20 jogos para os grandes) Contrato: RBS TV (2015-2017), inclui ppv R$ 673 mil – Avaí, Chapecoense, Criciúma, Figueirense e Joinville R$ 332 mil – Brusque, Inter de Lages e Metropolitano R$ 208 mil – Atlético Tubarão e Almirante Barroso Alcance da TV aberta: SC (6,7 milhões de telespectadores)
Pernambucano No cenário local, o contrato de quatro anos (com a Globo, detentora dos direitos desde 2000!) prevê um reajuste anual através do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). Assim, por mais que o valor-base (de janeiro de 2015) seja de R$ 950 mil para o Trio de Ferro, na prática cada um ganhará R$ 1.125.685 em 2017. Logo, a 103ª edição do Estadual terá um aporte de 4,5 milhões. Vale lembrar que o campeonato estadual oferecia uma premiação ao campeão até 2014 (R$ 400 mil na ocasião), mas, em comum acordo, os grandes preferiram abrir mão do valor, com a verba extra sendo repartida.
R$ 3,84 milhões/ano (12 clubes; de 10 a 14 jogos para os grandes) Contrato: Globo Nordeste (2015-2018), inclui ppv R$ 950 mil – Náutico, Santa Cruz e Sport R$ 110 mil – demais clubes (9) Alcance da TV aberta: PE (9,6 milhões de telespectadores)
Baiano No Campeonato Baiano, que terá como particularidade o número ímpar de competidores (lembrando a desorganizada década de 1990), os valores foram revelados pelo balancete do Bahia. No dado do clube foram R$ 893.401 em 2016, numa correção monetária sobre o valor-base de R$ 850 mil (nos mesmos moldes do Pernambucano). A cota é a mesma paga ao rival Vitória. No contrato anterior (2011-2015), a dupla Ba-Vi recebeu R$ 750 mil. Portanto, um mísero aumento de 13%.
R$ 2,71 milhões/ano (11 clubes; de 10 a 14 jogos para os grandes) Contrato: Rede Bahia (2016-2020), inclui ppv R$ 850 mil – Bahia e Vitória
R$ 113 mil* – demais clubes (9)
Alcance da TV aberta: BA (14,4 milhões de telespectadores) * Projeção, considerando o mesmo percentual de aumento sobre a cota anterior para os clubes intermediários, de R$ 100 mil
Paraense Com Remo e Paysandu, os clubes mais populares da região, o principal campeonato estadual do Norte é o único, desta lista, que não é exibido pela Globo. Desde 2009 é transmitido pela TV Cultura, emissora estatal. O sinal é transmitido para 110 dos 144 municípios do estado, alcançando 71% da população (hoje estimada em 8,2 milhões). Ao todo, o aporte é (desde 2014) de R$ 2,956 milhões, com quase 300 mil repassados a custos operacionais, segundo dados da própria Secretaria de Esporte e Lazer do Pará. Ah, também conta com premiação ao campeão.
R$ 2,70 milhões/ano* (10 clubes; de 10 a 14 jogos para os grandes) Contrato: TV Cultura (2017) R$ 827.904* – Remo e Paysandu R$ 118.272* – demais clubes (8) R$ 100 mil – campeão Alcance da TV aberta: PA (5,9 milhões de telespectadores) *Valores pagos nos triênio 2014-2016
Cearense O certame alencarino é único, entre os onze, com uma divisão de transmissão – e não compartilhamento, como a Globo costuma fazer com a Band. Isso porque o Esporte Interativo também adquiriu os direitos de uma plataforma (fechada). Após 2015-2016, renovou por outro biênio. Além disso, a Verdes Mares (a Globo cearense) também cede o sinal à TV Diário. As cotas foram aproximadas a partir de informações do jornalista Mário Kempes e do jornal O Povo.
R$ 2,56 milhões/ano (10 clubes; de 9 a 15 jogos para os grandes) Contrato: Verdes Mares (2016-2019) e Esporte Interativo (2017-2018) R$ 800 mil – Ceará e Fortaleza
R$ 120 mil – demais clubes (8)
Alcance da TV aberta: CE (8,7 milhões de telespectadores)
Goiano Entre os estados listados, o campeonato de Goiás foi o mais complicado na apuração de informações, com valores escassos entre 2013 e 2015. Após o acerto exclusivo em 2016, os clubes seguem negociando a receita de 2017. Exibido pela mesma emissora desde 2009 (tendo o compartilhamento da Band em 2016), o torneio no Centro-Oeste conta com três cotas principais, reunindo os clubes da capital.
R$ 2,2 milhões/ano* (10 clubes; de 14 a 18 jogos para os grandes) Contrato: TV Anhanguera, inclui ppv (em negociação) R$ 500 mil – Atlético-GO, Goiás e Vila Nova Alcance da TV aberta: GO (6,2 milhões de telespectadores) * Estimativa de 2015, com os times intermediários ganhando R$ 100 mil
Em 115 anos de bola rolando nos campeonatos estaduais, na base das rivalidades, já foram realizadas 2.427 competições locais, considerando as 27 unidades da federação. Entre os grandes campeões, 71 clubes ganharam ao menos dez títulos, com três pernambucanos presentes: Sport 40 (saiu do top ten no último ano), Santa 29 (a uma taça de mudar de patamar) e Náutico 21 (estacionado há doze temporadas). O maior vencedor é, de longe, o ABC de Natal, o único com mais de 50 taças em sua galeria. Voltou a ser campeão potiguar após cinco anos e ampliou o recorde nacional. Entre os campeões estaduais de 2016, só o River mudou de base, alcançando o 30º título piauiense.
Sobre os cenários mais polarizados, Ceará (Ceará 43 x 41 Fortaleza) e Pará (Paysandu 46 x 44 Remo) seguem imbatíveis. Esse levantamento parte de 1902, quando a Liga Paulista de Foot-Ball organizou a primeira edição do campeonato paulista, com apenas 21 partidas. O São Paulo Athletic, de Charles Miller, foi o campeão. O introdutor do esporte no país sagrou-se, também, o primeiro artilheiro, com 10 gols. Desde então, o mapa futebolístico mudou bastante, com a última mudança em 1988, na criação do estado do Tocantins.
Por sinal, nas vária mudanças estaduais (como o desmembramento do Mato Grosso, por exemplo), o blog contou até o extinto campeonato fluminense, disputado até 1978, antes da fusão com o Estado da Guanabara, formado pela cidade do Rio de Janeiro. Em todos os estados foram somados os períodos amador e profissional. Afinal, na década de 1930 foram realizados torneios paralelos oficiais, nos dois modelos, no Rio e em São Paulo. Se em Pernambuco a transição ocorreu de forma pacífica, em 1937, em Roraima o torneio só foi profissionalizado em 1995, com três participantes, sendo o último segundo a CBF. Entretanto, a competição já era organizado pela federação roraimense desde 1960, com os mesmos filiados. Eis a lista completa… O seu time está aí?
Os 71 maiores campeões estaduais* (último título): * A partir de 10 conquistas
O pesquisador Carlos Celso Cordeiro foi o responsável pela recuperação de todos os dados estatísticos do futebol pernambucano. Jogos, resultados, escalações, públicos etc. Com um acervo completo desde 1915, foi possível construir um ranking de pontos do Campeonato Pernambucano. O legado de Carlos Celso se mantém e aqui o blog atualiza a tabela histórica (quadro completo abaixo) do Estadual. Para elencar as 102 edições já realizadas (com o Sport na liderança absoluta, com 194 pontos a mais que o rival Santa), o blog tomou a liberdade de padronizar a pontuação e estabelecer algumas ressalvas entre os 63 clubes que já disputaram ao menos um certame local. Vamos lá.
1) Três pontos por vitória. Oficialmente, o critério só foi introduzido no Estadual de 1995. Porém, para um levantamento geral, isso acabava resultando numa distorção (para baixo) nos clubes com triunfos obtidos antes desse período. E vice-versa. Antes da conversão, o Salgueiro, com onze participações desde 2006, era o 10º. Agora, aparece em 14º lugar, a 71 pontos do top ten.
2) Um ponto por empate. O critério pode até parecer lógico – já era assim na pioneira competição de 1915 -, porém, em alguns anos, como 1998, o empate com gols valeu dois pontos e o empate sem gols, um.
3) Clubes que mudaram de nome/escudo/uniforme, mas, oficialmente, mantiveram o registro de fundação, são considerados pela FPF como a mesma agremiação. Idem na lista. No ranking, valeu o último nome utilizado (no fim, como curiosidade, as campanhas de cada denominação).
Ferroviário do Recife: Great Western (1932-1954) e Ferroviário (R) (1955-1994) Atlético Caruaru: Esporte Caruaru (1977-1978) e Atlético Caruaru (1979-1990) Manchete: Santo Amaro (1966-1993), Casa Caiada (1994), Recife (1996-2004) e Manchete (2005)
4) No caso de clubes de um mesmo município com características bem semelhantes (padrão, nome e/ou escudo), mas que foram inscritos (legalmente) como agremiações distintas, valeram as campanhas separadas.
Do Cabo de Santo Agostinho:
Destilaria (1992-1995)
Cabense (1996-2011)
De Vitória de Santo Antão:
Desportiva Pitu (1974)
Desportiva Vitória (1991-2006)
Acadêmica Vitória (2009-2016).
5) Em 1915, a Colligação SR jogaria 5 vezes, mas só foi a campo 2, levando o W.O. em três oportunidades. Em ação, perdeu de Santa (1 x 0) e Flamengo do Recife (3 x 0). Por isso, tem menos gols sofridos (4) que derrotas (5)!
6) As fase preliminares e hexagonais da permanência foram contabilizados com o mesmo peso das fases principais. Por isso, o Atlético Pernambucano soma 59 pontos, em 2015 e 2016, sem jamais ter enfrentado o Trio de Ferro.
Ao longo dos 102 anos, com milhares de partidas disputadas, o Santa foi o único onipresente. Náutico e Sport disputaram 101 e 100, respectivamente. Em 1915, ambos não concordaram com o regulamento da Liga (a precursora da FPF). Já em 1978 o Leão ficou de fora em protesto à direção da FPF. No lado oposto, o Afogados da Ingazeira, que em 2017 torna-se o 64º participante na elite.