A nova classificação do Brasileirão, rebaixando a Portuguesa à segundona e mantedo o Fluminense na elite, também modificou o ranking de clubes da CBF.
Como a Lusa e o Flamengo perderam pontos por causa de escalações irregulares, após julgamentos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Coritiba, Bahia, Internacional, Criciúma e Fluminense foram beneficiados na classificação final da Série A.
A tabela da competição é o que conta para a elaboração no ranking nacional, agora revisado na lista de 2013. Os times locais mantiveram as posições: 21º Náutico, 24º Sport, 45º Santa Cruz, 47º Salgueiro, 94º Central, 108º Ypiranga, 158º Petrolina e 182º Porto.
O calendário oficial da CBF para a temporada 2014 marca o início da Série A para o dia 19 de abril.
Nos últimos anos, o Brasileirão vinha começando em maio. A antecipação foi motivada pelo cronograma da Copa do Mundo no país, entre junho e julho.
A medida, então, modificou toda a preparação organizacional da confederação brasileira de futebol.
É um direito do torcedor que o regulamento e a tabela da competição sejam divulgados até 60 dias antes do seu início. É o que diz o artigo 9º do Estatuto do Torcedor.
Portanto, a fórmula do campeonato deve ser revelada até 19 de fevereiro.
Concluindo, restam apenas 43 dias para a definição do campeonato.
Seguindo a análise do prazo até a elite nacional, lembremos a confusão entre Fluminense e Portuguesa pela 20ª vaga na competição.
Teoricamente, a CBF teria então apenas 43 dias para obter uma definição sobre os paticipantes. Nesse período, a entidade poderia, no máximo, mudar a fórmula da competição – trocando os pontos corridos pelo turno com mata-matas, por exemplo -, mas sem ampliar o número de times.
A cada dia surgem novas especulações sobre um Brasileiro com 24 times, mantendo os quatro rebaixados em 2013, numa solução para o Caso Héverton.
Para ampliar o número de equipes, seja qual for a resolução, a CBF rasgaria o Estatuto do Torcedor.
Provavelmente, usaria como argumento nesse contexto a necessidade de cumprimento de alguma ação judicial.
E aí fica claro que o tempo é curtíssimo para uma reviravolta.
Em 2000, o Gama também entrou na justiça comum para permanecer no Brasileiro após uma polêmica decisão do STJD. O imbróglio durou 251 dias!
Como se sabe, o Brasileiro cedeu lugar à Copa João Havelange.
Agora, mantendo a data da rodada de abertura do campeonato e relegando qualquer prazo estipulado pelo Estatuto do Torcedor, faltam 103 dias.
Vai ser bem difícil a CBF cumprir todas as regras em 2014…
O Campeonato Brasileiro de 2013 ainda não acabou e nem há prazo para isso.
O julgamento da Portugusa no STJD, incluindo o recurso no Pleno, terminou, conforme esperado por todos, na Justiça Comum.
Um torcedor entrou na Justiça no primeiro dia útil de 2014 para exigir a permanência da Lusa na primeira divisão.
O clube do Canindé perdeu quatro pontos por causa da escalação irregular do meia Héverton na última rodada, na qual alega não ter sido informado como preza o Estatuto do Torcedor – com documentos públicos na CBF. Na esfera desportiva, foi considerado o CBJD, sem a necessidade de tal divulgação.
Não é uma situação simples. Tampouco, deve ficar apenas na classificação final do Brasileirão vencido pelo Cruzeiro.
É simplesmente impossível não lembrar da Copa João Havelange, realizada em 2000 para substituir o Brasileirão, uma vez que a CBF estava impedida pela Justiça (!!!) de organizar a Série A.
Imbatível na Justiça Comum, o Gama, que lutava para ficar na elite após outro julgamento controverso no STJD, conseguiu ingressar na Copa JH, que acabou tendo mais de 100 equipes.
Naquele mesmo ano a Confederação Brasileira de Futebol chancelou a disputa como o Campeonato Brasileiro daquele ano – cujo vencedor foi o Vasco.
Voltando ao presente, uma provável vitória da Lusa nos tribunais – até porque, depois do Gama, o Treze também mostrou que o caminho era, sim, possível – coloca a CBF mais uma vez numa sinuca de bico.
Seguir a decisão da justiça desportiva (Flu) ou da justiça comum (Lusa)?
O passado mostra que a entidade costuma ficar bem em cima do muro. Em 2000, o Gama jogou ao lado de Botafogo e Juventude, ambos rebaixados no ano anterior. Mais recentemente, a Série C viu um “empate” na disputa entre Treze e Rio Branco, deixando a competição com 21 participantes.
Ou seja, deveremos ter 21 clubes no Nacional no ano do Mundial no país?
As teorias já começam a surgir, com “informações de bastidores na CBF”.
Em uma das mais difundidas, existiria até a motivação da eleição presidencial da entidade no primeiro semestre, com os quatro times que descenderam à segundona permanecendo. Isso resultaria em mais quatro votos no pleito, que considera apenas os times da elite e as federações estaduais.
Com 24 clubes, o campeonato mudaria de formato, deixando os pontos corridos, com 38 rodadas, para dois grupos de 12, ida e volta, seguidos de mata-mata, com quartas de final, semifinal e final, totalizando 28 datas.
Tal modificação afetaria inclusive a milionária distribuição de cotas – incluindo mais equipes, obviamente, e a quantidade de jogos televisionados.
Por qual motivo, imaginando o possível cenário através das liminares a caminho, Icasa, Joinville, Ceará e Paraná, colocados entre 5º e 8º da Série B, não poderiam disputar a elite em 2014?
No papel, não há nada que os coloque um degrau acima na casta do futebol brasileiro, assim como também não existe algo que mantenha Vasco (18º), Ponte Preta (19º) e Náutico (20º).
Ao mesmo tempo, esses oito clubes precisariam reformular toda a preparação (montagem do elenco) na temporada em caso de reviravolta. Desde já, é preciso ficar de sobreaviso. Só “comemorar” a vaga não adiantaria.
Sobre o Brasileirão, levando em conta um aumento na quantidade de agremiações (21, 24, 28, 100 etc), a manuntenção do rebaixamento na edição estaria seriamente ameaçado. Além da composição da segunda divisão, consequentemente esvaziada.
Ao menos em 2014, qualquer clube na zona de rebaixamento na elite – sabe-se lá o tamanho dessa zona, com o perdão da palavra – poderia protestar.
Não por acaso, o módulo principal em 2000, com 25 clubes, não teve descenso, voltando o sistema apenas em 2001.
Além da questão esportiva, há a consequência periférica, como a articulação para a criação uma liga nacional – que pode ser uma organização para conduzir melhor os times ou um nicho fechado, mudando de vez a estrutura.
Na opinião do blog, o campeonato de 2014 será realizado, independentemente do formato, podendo figurar como uma edição especial e oficial.
Quantidade de participantes, sistema de rebaixamento, regulamento distinto…
Tudo bem diferente do que acompanhamos desde 2003, quando o futebol nacional foi reformulado, instituindo os pontos corridos.
A visão do texto até aqui, reconheço, é um tanto apocalíptica…
Claro, há a possibilidade de que a Série A seja mantida com 20 times, bancando Lusa ou Flu. Porém, a história do esporte mais popular no país mostra que a resolução nunca é simples. A celeridade passa longe.
A decisão nunca termina em apenas um ano de mudanças… 2015 vem aí.
Na sua opinião, qual deve ser o desfecho do caso para o Brasileirão de 2014?
A temporada 2013 de Náutico, Santa Cruz e Sport teve 95 partidas, considerando apenas os jogos oficiais com o mando de campo do trio recifense, em duelos nos Aflitos, Ilha do Retiro, Arena Pernambuco e Arruda. O blog analisou todos os borderôs disponíveis nos sites da federações responsáveis e apresenta com exclusividade o levantamento com a participação do público local e a arrecadação só com a bilheteria.
Em termos absolutos, nada mal, apesar deste ano não ter sido o de maior média dos clubes locais, nem no Estadual nem no Brasileiro. A renda bruta foi de R$ 23,8 milhões, para um público presente nas arquibancadas de 1.522.559 pessoas. Para se ter ideia do que essa torcida significa, basta lembrar que a população da capital, segundo os dados mais recentes do IBGE, é de 1.537.704. Ou seja, a diferença entre habitantes e torcedores foi de apenas 15 mil pessoas.
Ao dividir os números, o Santa Cruz mostrou força. O Tricolor avançou nos campeonatos e ganhou os títulos do Estadual e da Terceirona. Nem por isso deixou de ser o que teve menos jogos oficiais em casa, com 27 partidas, contra 33 do Timbu e 35 do Leão. Mesmo assim, os corais levaram 645 mil pessoas ao Mundão, com uma média geral, considerando as quatro competições disputadas pelo clube, de 23.912. O Rubro-negro atuou em cinco competições – incluiu a Sul-Americana -, com 552 mil torcedores na Ilha e na Arena, onde atuou duas vezes. Na média, 15.783. O Náutico, cujo rendimento em campo foi péssimo, registrou um índice de 9.833.
Em relação à renda, os números seguiram a ordem da torcida presente, com o Santa alcançando R$ 9,4 milhões – certamente, tomará a maior parte do balanço do clube em todo o ano. Já o rival leonino teve um faturamento com ingressos de R$ 7,9 milhões – curiosamente, só 1/3 do que recebe da cota de transmissão da Segundona.
Já o Náutico, apesar da presença mais baixa, arrecadou R$ 6,5 milhões, dos quais 5,2 milhões de reais no Brasileirão. A conta é explicada pelo valor pago pelo governo do estado aos bilhetes promocionais do Todos com a Nota na Arena, com R$ 25 por ingresso, bem acima dos valores pagos aos rivais nos outros estádios.
Foram consideradas somente as competições sob as chancelas da FPF, CBF e Conmebol. Nesta conta, então, não entraram os amistosos. Em um deles, na inauguração da arena, Náutico 1 x 1 Sporting proporcionou uma enorme renda de R$ 1.040.104, com 26.803 pessoas.
Santa Cruz
27 jogos (27 no Arruda)
645.637 torcedores
Público médio de 23.912
39,82% de ocupação
R$ 9.425.366
Renda média de R$ 349.087
Estadual – 8 jogos – 165.761 pessoas (20.720) – R$ 2.412.656 (R$ 301.582)
Nordestão – 4 jogos – 91.758 pessoas (22.939) – R$ 1.134.515 (R$ 283.628)
Copa do Brasil – 2 jogos – 22.159 pessoas (11.079) – R$ 264.575 (R$ 132.287)
Série C – 13 jogos – 365.959 pessoas (28.150) – R$ 5.613.620 (R$ 431.816)
Sport
35 jogos (33 na Ilha e 2 na Arena)
552.427 torcedores
Público médio de 15.783
46,78% de ocupação
R$ 7.931.743
Renda média de R$ 226.621
Estadual – 8 jogos – 103.913 pessoas (12.989) – R$ 1.357.077 (R$ 169.634)
Nordestão – 4 jogos – 71.800 pessoas (17.950) – R$ 791.025 (R$ 197.756)
Copa do Brasil – 2 jogos – 11.038 pessoas (5.519) – R$ 96.460 (R$ 48.230)
Série B – 19 jogos – 331.976 pessoas (17.472) – R$ 4.963.331 (R$ 261.227)
Sul-Americana – 2 jogos – 33.700 pessoas (16.850) – R$ 723.850 (R$ 361.925)
Náutico
33 jogos (18 na Arena 15 nos Aflitos)
324.495 torcedores
Público médio de 9.833
27,62% de ocupação
R$ 6.506.982
Renda média de R$ 197.181
Estadual – 12 jogos – 98.425 pessoas (8.202) – R$ 1.042.945 (R$ 86.912)
Copa do Brasil – 1 jogo – 3.026 pessoas – R$ 27.830
Série A – 19 jogos – 214.724 pessoas (11.301) – R$ 5.219.012 (R$ 274.684)
Sul-Americana – 1 jogo – 8.320 pessoas – R$ 217.195
Total
95 jogos (33 na Ilha, 27 no Arruda, 20 na Arena e 15 nos Aflitos)
1.522.559 torcedores
Público médio de 16.026
38,28% de ocupação
R$ 23.864.091
Renda média de R$ 251.200
Competições: Estadual, Nordestão, Copa do Brasil, Sul-Americana e Séries A, B e C
O Cruzeiro anunciou uma medida drástica na relação com as torcidas organizadas do clube. A direção mineira proibiu o uso da marca do clube nos materiais produzidos pelas uniformizadas.
O presidente do campeão brasileiro de 2013, Gilvan Tavares, alegou prejuízo financeiro, ao deixar de arrecadar através dos royalties, via licença da marca – ou seja, perdendo para a pirataria -, e também na própria imagem do clube, com as constantes brigas envolvendo supostos integrantes das organizadas, resultando inclusive na perda de mandos de campo.
O clube deve ir à justiça para garantir o direito. A atitude do Cruzeiro, claro, levantou o debate no país sobre a relação clube/organizada, nos termos segurança e receitas.
No Recife, nota-se que as três maiores facções presentes (Inferno Coral/Santa Cruz, Torcida Jovem/Sport e Fanáutico/Náutico) usam os escudos dos times nas camisas à venda nas lojas na cidade e também na internet.
A quebra de patrocínios por causa de confusões nas arquibancadas brasileiras, como no distrato entre Vasco e Nissan, e o possível aumento nas punições nos campeonatos, como a perda de pontos, mostra que a fissura entre o Cruzeiro e a Máfia Azul pode ser mesmo o início de outras rachaduras nessas relações…
Ao atrelar a sua imagem a um clube de futebol, via contrato de patrocínio, a empresa visa uma exposição da marca.
A popularização, o foco em novos mercados ou mesmo a manutenção de uma imagem já consolidada. Os resultados do time nos gramados, com títulos e grandes campanhas, ajudam nos acordos, claro.
Acaba resultando em contratos mais vantajosos para os clubes. Um time de massa e em grande fase naturalemnte demanda mais investimentos. E, acredite, a concorrência para um patrocinador master pode ser enorme.
Já uma campanha ruim, com rebaixamento de divisão e redução no público presente, por exemplo, pode desencadear no fim da parceria ou na revisão dos valores. Mas e o distrato sumário por parte do investior? É raríssimo.
Entre os motivos, pode ser uma crise financeira da empresa ou simplesmente a vontade de mudar de clube – se bem que o comum é o aumento do número de clubes no rol de uma mesma marca.
Mas e se o tal motivo para o encerramento seja a violência no futebol?
Pois é. Entramos em um novo patamar nas relações comerciais entre os clubes brasileiros e empresas, multinacionais ou não.
O Vasco acaba de perder um patrocínio milionário de quatro anos com a montadora Nissan. O fim da parceria partiu da própria fabricante de automóveis, através de uma nota oficial compartilhada em todo o pais (veja aqui).
A selvageria em Joinville, com a briga generalizada entre integrantes de organizadas de Atlético-PR e Vasco, incomodou a cúpula da empresa japonesa.
Com o distrato, o clube carioca deixará de receber R$ 21 milhões.
Nota-se, então, que a imagem limpa também é um objetivo da agremiações.
Se a decisão se tornar uma regra, poderemos chegar até em resoluçõs do tipo após viradas de mesa, comportamento de dirigentes, jogadores…
A Portuguesa foi mesmo punida com a perda de quatro pontos por causa da escalação irregular de Héverton na última rodada do Brasileirão.
Até ali, o clube do Canindé não corria risco de rebaixamento.
Com a punição – o atleta entrou aos 32 minutos do segundo tempo, numa partida na qual teria que cumprir o segundo jogo de suspensão -, a Lusa despencou do 12º lugar para a 17ª colocação, no Z4.
Constrangimento do episódio à parte, o julgamento no STJD terminou com 5 x 0 a favor da punição, com o Fluminense tornando-se o grande beneficiado.
Não houve análise sobre a falta de dolo na escalação, entendendo apenas as normas do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, o CBJD.
O Flu subiu uma posição na tabela, o suficiente para escapar do descenso, mudando completamente a classificação final da Série A. E os rumos de 2014.
Vamos à opinião dos torcedores sobre o julgamento…
Ficará na história como ato plenamente legal ou virada de mesa?
Uma das principais polêmicas acerca do Campeonato Brasileiro de 1987 é fundamentada no momento em que o cruzamento dos módulos amarelo e verde foi imposto pela CBF.
Há mais de duas décadas é comum escutar de torcedores e, sobretudo, jornalistas, de todos os cantos do país, que o decisivo cruzamento envolvendo os dois primeiros colocados de cada módulo surgiu apenas com o campeonato em andamento, o que negaria segundo os mesmos o direito de Sport e Guarani na disputa.
Trata-se de uma visão rasa de uma competição tão polêmica, recheada de nuances na esfera esportiva e jurídica, e ainda aberta.
Mas, ao pé da letra cronológica, o cruzamento surgiu antes. O direito é legal. O formato do Nacional foi concebido em 24 de julho daquele ano, 48 dias antes da primeira rodada do módulo verde, ou “Copa União”, como seria chamada por causa de um patrocinador.
Protagonista do imbróglio, o Clube dos 13 naturalmente lutou contra a ideia e as reviravoltas continuaram, tentando manter o campeonato mais enxuto, com 13 clubes – isso mesmo, sem os três convidados.
Na noite do dia 3 de setembro, na sede da CBF, o presidente da confederação, Otávio Pinto Guimarães, anunciou o acordo com os clubes, incluindo o Clube dos 13, a contragosto. Foi assegurada a proposta original da entidade.
Seria uma primeira divisão com 32 clubes, divididos em dois módulos, mantendo os 16 indicados pelo Clube dos 13 em uma das chaves – e seus respectivos acordos comerciais -, e com o cruzamento final. Aliás, o termo “cruzamento” não é o ideal, pois na prática seria um quadrangular, com jogos de ida e volta entre os melhores dos dois módulos.
A reprodução no alto é do tradicional Jornal o Brasil, sediado no Rio de Janeiro, com a publicação do dia 11 de setembro de 1987, a data do primeiro jogo oficial do Campeonato Brasileiro, entre Palmeiras e Cruzeiro. Nota-se que durante mais de uma semana a estrutura do torneio já era de domínio público.
No dia seguinte à reunião, 4 de setembro, a Gazeta Esportiva informou a ausência do cruzamento, numa imagem bem disseminada na web (veja aqui).
Seria interessante conferir os exemplares nos sete dias seguintes àquela informação.
Pois bem. O campeonato foi iniciado, e com o regulamento escrito às pressas, pois a bagunça, claro, seguia. Com a assinatura do Clube dos 13? Conforme diz na própria sentença de 11 páginas favorável ao Sport, através da Justiça Federal, em 1994, existiu um “acordo tácito”.
Ou seja, os clubes do módulo verde se submeteram às regras normativas da CBF, ao seu tribunal, aos seus árbitros, à sua organização, à sua chancela.
Acredite, essa pesquisa foi simples, com todo o conteúdo liberado na internet.
Como é que depois de tanto tempo ainda seja tão comum o erro cronológico?
A fórmula está ainda mais complexa, mas enfim habemus definição sobre o novo caminho brasileiro para as oito vagas da Copa Sul-Americana de 2014.
Desta vez, uma vaga será reservada ao campeão da Copa do Nordeste de 2014, cuja competição ocorrerá de janeiro a março, com 16 participantes.
As demais serão distribuídas na já conhecida “fila de espera” da Sul-Americana, com 18 clubes. O critério deve ser mantido pela CBF, que não fez qualquer menção oficial sobre modificações.
Ou seja, as vagas serão preenchidas pelos melhores colocados no último Campeonato Brasileiro entre aqueles que sejam eliminados até a terceira fase da próxima Copa do Brasil – a quarta fase corresponde às oitavas de final.
Vale lembrar que, na composição da fila, os quatro clubes que ascenderam da Série B ficam na frente dos quatro rebaixados na Série A.
Com a derrota da Ponte Preta para o Lanús, na final da Sul-Americana de 2013, e a consequente confirmação do Botafogo na Libertadores, a fila ficou assim:
Portanto, os clubes pernambucanos, que participaram da Sula neste ano pelo mesmo regulamento, têm chances. Ao Leão, será preciso torcer na Copa do Brasil para que ao menos seis times na sua frente cheguem nas oitavas. Já o Timbu, numa conta bem mais complicada, terá que torcer a favor de onze.
Obviamente, os próprios times locais teriam que ser eliminados precocemente para disputar a Sul-Americana, no mais bizarro critério já criado pela CBF.
Vale destacar ainda que o Santa Cruz também está no páreo. Os corais brigam pela oitava vaga, destinada ao campeão nordestino, num outro caminho possível para rubro-negros e alvirrubros, diga-se.
O Brasileirão teve inúmeros formatos e nomenclaturas entre 1959 e 1985.
Do sistema eliminatório às fases de grupos, dos convites aos esboços de critérios técnicos para embasar as participações. Na década de 1980 a vaga no Nacional era conquistada através dos campeonatos estaduais – Pernambuco, por exemplo, tinha duas vagas diretas. No entanto, uma competição com 44 clubes, sem organização alguma no calendário, não se mostrava mais atrativa. Patrocinadores e torcedores foram se afastando aos poucos.
Em 1985 a média de público foi de 11.625 pessoas, a menor desde 1979 – quando o torneio teve 94 clubes, num exemplo clássico de falta de organização somada a mais rasteira política. Pois bem. Na temporada seguinte foi decidido que o futebol brasileiro tentaria se adaptar à estrutura europeia, já tradicional, com o campeonato separado por divisões e a implantação do sistema de acesso e descenso ao fim de cada edição. Um lampejo de profissionalismo e o outro maior do jeitinho, como ficaria nítido a cada semana naquele campeonato.
A ideia original era reestruturar o Brasileiro aos poucos, até alcançar o número de 20 participantes. Para isso, obviamente era preciso dar o primeiro passo, de forma criteriosa. No campo. Assim, estipulou-se uma Série A (por sinal, tal expressão nem existia naqueles tempos) com 24 clubes em 1987. Nenhuma vaga seria oriunda dos estaduais. Ou seja, o Brasileiro de 1986 necessariamente classificaria todos esses times. Desta forma, a CBF oficializou o “acesso” no regulamento com seis vagas para cada um dos quatro grupos na segunda fase do torneio. Mas ainda havia a primeira etapa…
Aí talvez esteja enraizada toda a cultura de “virada de mesa” do futebol nessas bandas. Eram quatro chaves (A, B, C e D), com onze times. Os seis melhores de cada uma passariam à fase seguinte, além dos quatro melhores independentemente dos grupos. A esses ainda se juntariam outros quatro classificados através do Torneio Paralelo – uma disputa à parte, com 36 clubes em quatro grupos, tendo o Central de Caruaru como ganhador de um. Numa conta simples, seriam 32 equipes na 2ª fase, das quais as 24 melhores jogariam a sonhada e inédita primeira divisão no ano seguinte. Apenas os dois últimos dos grupos I, J, K e L seriam “rebaixados” – além de todos os eliminados na etapa anterior e no próprio Torneio Paralelo.
Ainda na primeira fase daquela competição, o primeiro grande baque. O Vasco, campeão brasileiro em 1974 e vice em 1979 e 1984, fora eliminado no grupo C. Logo, fora rebaixado. O motivo foi um tanto insólito. Um atleta do Sergipe, Carlos Alberto, havia sido flagrado no exame antidoping. Naqueles tempos, o julgamento terminava com a transferência dos pontos para a outra equipe. No caso, o Joinville, no grupo B e que ganhou os dois pontos – o sistema de três pontos por triunfo só surgiu em 1995. Foi o suficiente para ultrapassar o Vasco na disputa pela quarta e última vaga da repescagem. Veio a batalha de liminares…
O clube carioca, já sob influência de Eurico Miranda, entrou na justiça alegando “quebra de privacidade no resultado do exame antidoping”, numa clara brecha na lei, e o Joinville retrucou (veja aqui).
De mãos atadas, a CBF encontrou uma solução daquelas. A entidade eliminou a Portuguesa, a vice-líder da chave D, porque a direção havia entrado na Justiça Comum numa polêmica sobre a arrecadação dos jogos, sobre a legalidade dos 5% da bilheteria para a federação – sem relação com a classificação.
O rubroverde do Canindé foi outro a acionar a justiça. Mais. No pleito, contou com o apoio de todos os outros representantes de São Paulo, que ameaçaram se retirar do campeonato caso a decisão fosse mantida. Acuada novamente, a CBF – envolvida na época numa ardilosa disputa política – acabou dando razão a todos e classificou 33 equipes, no mais puro tapetão. Com o número ímpar, inviabilizando a formação da fase seguinte, além da pressão dos demais competidores, a confederação fez o mais fácil – quase um modus operandi -, ao promover a entrada de mais três equipes, apenas por uma questão de simetria. No bolo, entraram Náutico, Santa Cruz e Sobradinho – então eliminados e rebaixados -, totalizando 36 times, distribuídos em quatro chaves de nove. A bagunça foi documentada durante semanas pela revista Placar.
Enfim finalizada a primeira fase – vale ler duas vezes até aqui, pois foi mesmo um ano confuso -, veio a etapa classificatória às oitavas de final. Os jogos país afora começaram em 12 de outubro.
No dia 20, como publicou o jornal O Estado de S. Paulo, a CBF promoveu uma mudança no regulamento, aumentando a primeira divisão de 1987 para 28 clubes. Sustentou a modificação em uma resolução do Conselho Nacional de Desportos (CND), órgão normativo ligado ao governo federal, com a ampliação até a quantidade máxima indicada.
Para se ter uma ideia das paralisações e da falta de uma agenda, a segunda fase do Nacional de 1986 só terminou em 29 de janeiro do ano seguinte. O Vasco, aquele mesmo rebaixado lá no comecinho, se recuperou e chegou até as oitavas. Já Botafogo, Sport – 3º lugar na primeira fase – e Vitória, que avançaram nas vagas originais, foram “rebaixados”. A gritaria, como não poderia deixar de ser, foi enorme, iniciando a bola de neve.
O título de 1986 seria finalmente definido em 25 de fevereiro de 1987, num jogaço entre Guarani e São Paulo, no Brinco de Ouro. Festa tricolor nos pênaltis, após o eletrizante 3 x 3, com direito a prorrogação.
A partida só não teve mais reviravoltas que as reuniões na CBF, no STJD, no CND e na Justiça Comum visando a formação do Campeonato Brasileiro de 1987. O rebaixamento criado na edição do ano anterior perdera a validade jurídica após a mudança dos classificados à segunda fase.
Àquela altura, o número imaginado de 24 clubes para o primeiro ano com divisões – ou até a ampliação de 28 – já havia se tornado irreal. Teríamos novamente um Brasileirão com 44? Não era desejo de ninguém, ao menos isso.
Haveria, sim, o campeonato brasileiro com um critério técnico – mesmo que ali já existissem vários, com mudanças a cada novo debate entre os dirigentes. Entre as opções, esquecer 1986, e seus possíveis entraves jurídicos, e considerar o ranking histórico? Mas qual ranking, pontos ou arrecadação…? Esquecer a frieza dos regulamentos era uma vontade mais forte, desde que para benefício próprio. Durante todo o primeiro semestre, a cartolagem seguiu discutindo, com a CBF chegando a anunciar a falta de recursos e, por isso, a incapacidade de organizar um campeonato naquele momento.
Como se sabe, surgiria justamente ali, em 11 de julho, o Clube dos 13 – que de fato, ao contrário de sua última e implodida versão, só tinha treze componentes, tradicionais.
Veio com uma visão inovadora do mercado esportivo, importante, mas à parte de todo o passado e do direito adquirido. De cara, o Clube dos 13 limpou geral a lista do torneio, definindo apenas 16 participantes, número abaixo até do mínimo estipulado por escrito por Manoel Tubino, presidente do CND, de 20 equipes.
Naturalmente, muita gente em condições de disputa ficou de fora, como, vejam só, o último vice-campeão brasileiro.
O tapetão foi empurrado para o torneio seguinte, iniciado em 11 de setembro de 1987 e ainda em discussão, como registrou o Jornal do Brasil. E aí não é mais preciso dizer mais nada. A confusão segue até hoje…