Os campos da Ilha do Retiro e do Arruda unificados com as dimensões Padrão Fifa

Novas medições do campo da Ilha do Retiro em 2016, no Padrão Fifa. Williams Aguiar/Sport

Todos os campos das Séries A e B deverão ter as mesmas dimensões a partir de 2016, utilizando o padrão adotado pela Fifa na Copa do Mundo, com 105 metros de comprimento por 68 metros de largura. A decisão havia sido anunciada por Manoel Flores, o diretor de competições da CBF, em 8 de dezembro, após o encerramento da última temporada do futebol nacional.

Com a decisão – que tem uma certa lógica -, mudança teria que ser executada no máximo até maio, no início do Brasileirão. No Recife, dos três campos inscritos na competição, somente a Arena Pernambuco tinha o tamanho oficial. Mando do Náutico e de alguns jogos de Sport e Santa Cruz. Entretanto, os rivais das multidões também precisavam mudar as pinturas das linhas da Ilha e do Arruda. A mudança ocorreu simultaneamente e ambos terão o padrão unificado já a partir do Campeonato Pernambucano, incluindo novas traves, removíveis. Ao todo, na elite, sete estádios tinham essa necessidade de adaptação.

Tamanhos anteriores:
8.268 m² (109,95m x 75,20m) – Ilha do Retiro
7.350 m² (105m x 70m) – Arruda

Imagens com as novas marcações: Ilha do Retiro e Arruda.

Levando em conta que a área total no Padrão Fifa é de 7.140 metros quadrados, a redução foi de 1.128 m² para os rubro-negros e 210 m² aos corais. Pelas marcas das bandeirinhas nas primeiras fotos, a diferença no campo de jogo é considerável. O objetivo agora é melhorar a qualidade do piso, com ambos em recuperação desde dezembro, com o uso de herbicidas e inseticidas.

Outros estádios do Brasileirão fora dos padrões:
7.869,7 m² (108,25m x 72,7m) – Morumbi (São Paulo)
7.848 m² (109m x 72m) – Couto Pereira (Coritiba)
7.437,7 m² (105,8m x 70,3m) – Vila Belmiro (Santos)
7.350 m² (105m x 70m) – Barradão (Vitória)
7.350 m² (105m x 70m) – Orlando Scarpelli (Figueirense)

Novas medições do campo do Arruda em 2016, no Padrão Fifa. Peu Ricardo/Esp. DP

Podcast (206º) – Especial Treinadores com Paulo Roberto Falcão, do Sport

Falcão, técnico do Sport em 2016. Foto: Rafael Brasileiro/DP/D.A Press

Mais uma edição do Especial Treinadores, do 45 minutos. Desta vez com Paulo Roberto Falcão, em sua primeira entrevista em 2016, exclusiva. O treinador do Sport recebeu o podcast no CT do Leão e detalhou o planejamento para a temporada, falando sobre a saída do quarteto ofensivo (DS87, André…), as características dos novos reforços (Mark, Lenis…), a escolha de Danilo Fernandes como goleiro titular e a possibilidade de escalar duas formações no início do Estadual e do Nordestão. Indo além, a relação com a imprensa e a mágoa com a arbitragem na Série A de 2015, custando a ida à Libertadores.

“Ser campeão no Sport será muito mais gratificante. Tenho certeza que estou no lugar certo.”

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Escute também a entrevista com Gilmar Dal Pozzo, do Náutico, clicando aqui.

Concorrência divide o Campeonato Brasileiro na televisão por assinatura. Cenário em 2019? Manchete em 1999

Campeonato Brasileiro sendo disputado por Esporte Interativo e Globo na TV por assinatura a partir de 2019. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A press

A Rede Globo e o Esporte Interativo travam uma batalha nos bastidores pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro na tevê por assinatura a partir de 2019. Ambos vêm tendo seguidos encontros com dirigentes dos clubes mais populares do país para firmar o novo acordo. Enquanto a emissora carioca busca estender a duradoura hegemonia, com propostas de mais dois anos, o canal controlado pela gigante Turner Broadcasting System, e que ainda tenta entrar na Sky, propõe cinco temporadas (até 2023) e ofertas mais generosas, num rateio de até R$ 600 milhões anuais, dividindo no modelo de cotas da Premier League (50% igualitário, 25% audiência e 25% rendimento). Mesmo com valores supostamente mais baixos, a Globo teria a seu favor o know-how e a maior visibilidade, o que corresponde a uma maior atração de patrocinadores.

Segundo uma reportagem da ESPN, Sport, Corinthians, Vasco e Botafogo já estariam apalavrados com a Globo. Do outro lado, Santos, à frente das conversas, Grêmio, Inter, Flu, Coritiba, Atlético-PR e Bahia negociam abertamente com o EI.

Então, vamos às consequências do possível acordo paralelo. Sendo direto: um jogo só pode ser transmitido se os dois clubes concordarem, segundo o artigo 42 da Lei Pelé, na redação dada pela Lei 12.395, de 2011.

“Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem”.

Ou seja, o Sportv, braço esportivo da Globosat nas operadoras, só poderia transmitir os jogos com os seus clubes contratados. Idem com o EI. No choque contratual, não haveria transmissão. A não ser em caso de acordo. 

Neste ponto, o próprio passado do futebol nacional ensina. Em 1999, o extinto Clube dos 13, então formado por 16 clubes, acertou com o pool Globo, Sportv e Premiere (PPV). Além dos membros da associação presentes na elite daquela temporada (13 equipes), entraram no bolo Ponte Preta, Gama e Botafogo de Ribeirão Preto. Ao todo, US$ 70 milhões pelos direitos, com a diretoria do Corinthians sendo a última a assinar. Seis clubes não toparam, mas não ficaram de braços cruzados e fizeram um contrato à parte com a concorrente, a ESPN Brasil. Na ocasião, não houve unificação dos canais, com 96 dos 231 jogos da primeira fase sem exibição na TV fechada. Isso correspondeu a 41% do calendário. Lembrando que atualmente 100% das partidas (380) são exibidas.

O curioso é que a briga também envolvida as operadoras, pois o Sportv já estava alinhada à dupla Net/Sky, enquanto a ESPN só passava na antiga TVA/Directv. Lembra o novo quadro, com um dos canais subjugados.

Brasileirão de 1999
Sportv
Sport, Flamengo, Botafogo, Vasco, São Paulo, Corinthians, Santos, Palmeiras, Ponte, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio, Inter, Coritiba, Gama e Botafogo-SP

ESPN Brasil
Atlético-PR, Vitória, Guarani, Portuguesa, Juventude e Paraná

Transmissões na televisão por assinatura:
SporTV/PPV – 120 (51,9%)
ESPN Brasil – 15 (6,5%)
Sem exibição – 96 (41,6%)
Total – 231

Pode ser um leilão apenas, mas a quebra de paradigmas na transmissão da Série A nunca esteve tão perto de se repetir. Supondo que os sete clubes em negociação assinem com o Esporte Interativo, o canal teria 42 jogos exclusivos em sua grade. Em caso de choque nos contratos da tevê fechada, desta vez o pay-per-view não sofreria alteração, pois trata-se de um terceiro negócio, distinto. A ruptura seria exclusivamente na tevê por assinatura, como em 1999.

As exigências para o licenciamento dos clubes da Série A a partir de 2017

Taça de campeão brasileiro da Série A. Crédito: CBF

A partir de 1º de janeiro de 2017, os vinte clubes da Série A deverão cumprir um caderno de encargos técnicos para poder confirmar a presença na competição, à parte da classificação nos gramados. A CBF vem produzindo o documento, uma espécie de licenciamento, para atender às mudanças recentes na legislação, tanto no Estatuto do Torcedor quanto no Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut).

Entre as demandas mínimas de infraestrutura para os clubes, com o objetivo “fortalecer” o campeonato e cumprir metas sociais, estão estádios e centros de treinamento, além da ativação da categoria de base para a disputa de torneios nacionais. O licenciamento terá que ser renovado anualmente, mesmo que a agremiação já tenha regularidade na elite. O presidente da FPF, Evandro Carvalho, já recebeu o calhamaço com a primeira versão da norma – ainda em discussão – e adiantou ao blog os principais tópicos: 

1) Estádio próprio ou contrato de pelo menos três anos com algum estádio. Em ambos os casos, uma capacidade mínima de 15 mil lugares.

2) Centro de treinamento, a partir de dois campos oficiais (105m x 68m) e com vestiários. Autorizado o aluguel de CTs.

3) Departamento médico com acompanhamento de janeiro a dezembro, incluindo médico, dentista e psicólogo. 

4) Categoria de base, com pelo menos um nível (Sub 17 ou Sub 20). 

5) Departamento de futebol feminino 

Devido ao tempo escasso do projeto, é possível a existência de uma “carência” para algumas medidas, com prazos mínimos de implantação. Além disso, o dirigente pernambucano acredita que as divisões inferiores terão especificações mínimas adequadas aos respectivos níveis. Como, por exemplo, um centro de treinamento mais modesto ou a retirada da exigência do futebol feminino. Faz sentido, uma vez que as exigências do Brasileirão tendem a ser bastante puxadas para equipes presentes nas Séries C e D.

Analisando o caderno de encargos, veja como estaria hoje a situação dos quatro clubes pernambucanos com calendário completo em relação ao Brasileirão.

Sport
Estádio – ok (32 mil lugares, particular)
CT – ok (5 campos)
DM – ok

Base – ok
Feminino – não 

Santa Cruz
Estádio – ok (60 mil lugares, particular)
CT – não
DM – ok
Base – ok
Feminino – ok

Náutico
Estádio – ok (46 mil lugares, parceria num contrato de 30 anos)
CT – ok (5 campos)
DM – ok

Base – ok
Feminino – ok

Salgueiro
Estádio – não (12 mil lugares, alugado junto à prefeitura)
CT – não
DM – ok

Base – ok
Feminino – não 

Reinaldo Lenis, do Argentinos para o Sport. A maior compra de Pernambuco

Reinaldo Lenis, ex-Argentinos Juniors, apresentado no Sport. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A press

O meia colombiano Reinaldo Lenis, de 23 anos, foi contratado pelo Sport junto ao Argentinos Juniors. À parte do chileno Mark González, também fechado, mas com uma participação na Copa do Mundo no currículo, Lenis seria mais uma aposta estrangeira na Ilha do Retiro, como outros gringos num passado recente do clube? Chumacero, Robert Flores, Meza etc. Pelas cifras, longe disso.

O clube pernambucano comprou 50% dos direitos econômicos do atleta por 790 mil dólares. Segundo a cotação atual, uma bagatela de R$ 3,16 milhões por um contrato de quatro temporadas. Simplesmente, o maior investimento já feito por um clube de Pernambuco. Superou a negociação do meia Régis, também firmado pelo Leão e oriundo da Chapecoense em 2014 por R$ 2,5 milhões.

Agora, a negociação surpreende até pela forma de pagamento. De acordo com o site oficial do Argentinos Juniors, que escancarou a engenharia financeira, foram 640 mil dólares à vista (R$ 2,56 milhões) e mais 150 mil dólares (R$ 600 mil) no dia 15 de abril – isso mesmo, a data é bem específica. Por fim, como parte do acordo, foi agendada a Taça Ariano Suassuna, em 24 de janeiro. Como profissional, sempre no Argentinos, Lenis tem 45 jogos, 6 gols e 3 assistências. No Recife, pela grana investida, chega com uma responsabilidade grande.

Obs. Segundo o vice do Sport, Arnaldo Barros, o clube adquiriu os outros 50% junto a um grupo investidor. Nos bastidores, o Sport não teria desembolsado nada, tendo a obrigação de repassar o mesmo percentual numa futura venda.

As maiores compras do futebol pernambucano:

1º) Reinaldo Lenis (2016, Sport) – R$ 3,16 milhões por 50%
2º) Régis (2014, Sport) – R$ 2,5 milhões por 50%
3º) Kieza (2012, Náutico ) – R$ 1 milhão por 30%*
* Valor pago a um grupo de investidores. 

Eis a justificativa da direção do Argentinos para divulgar as cifras:
A continuación, pasamos a describir los detalles de la operación con el fin de que el socio tenga claro los movimientos financieros de la institución”. 

Uma aula institucional aos clubes pernambucanos…

Reinaldo Lenis, ex-Argentinos Juniors. Crédito: Argentinos Juniors

Podcast 45 (202º) – Início da preparação de Sport, Náutico e Santa Cruz em 2016

Podcast 45 minutos, edição 202. Foto: Rafael Brasileiro/DP/D.A Press

Começou a temporada 2016 do podcast 45 minutos. O episódio 202 analisou o início da preparação dos grandes clubes pernambucanos (focando o Estadual e o Nordestão), com os primeiros reforços e projeções de escalações. Pela ordem do programa, com 1h27, Sport (a importância de Walter), Náutico (desafios do presidente Marcos Freitas) e Santa (base já garantida), encerrando com um debate sobre o amistoso tricolor contra o Flamengo. Além disso, ainda teve a resenha tradicional, do carnaval de Olinda a Rocky Balboa.

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

No acervo do Diario, a cronologia sobre a oficialização do quadrangular final do Campeonato Brasileiro de 1987

Edições do Diario de Pernambuco de 10 de setembro a 15 de setembro de 1987. Crédito: Arquivo/DP

Há quase três décadas é comum escutar de torcedores e, sobretudo, jornalistas, de todos os cantos do país, que o decisivo cruzamento envolvendo os dois primeiros colocados dos módulos amarelo e verde, em 1987, surgiu apenas com o campeonato em andamento, o que negaria segundo os mesmos o direito de Sport e Guarani na disputa. Essa é a base da polêmica sobre o Campeonato Brasileiro, ainda sob análise do Supremo Tribunal Federal para decidir sobre um campeão (Sport) ou dois (Sport e Flamengo).

Trata-se de uma visão rasa da história. Em 2013, o blog publicou um registro do tradicional Jornal do Brasil, do Rio, com a cronologia da confusão, datada na abertura da “Copa União”. No texto do Jornal do Brasil, no dia 11 de setembro de 1987, é possível conferir a primeira vez em que o quadrangular final foi citado, em 24 de julho, 48 dias antes da primeira rodada. Vasculhando arquivos de jornais do país, torcedores leoninos encontraram também uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre a reunião no dia 8, na sede da federação carioca, quando dirigentes dos clubes do módulo amarelo e Eurico Miranda, o representante o Clube dos 13, concordaram com a realização do quadrangular.

Aproveitando o resgate , o blog foi ao acervo do Diario de Pernambuco no mesmo período, com o jornal cobrindo intensamente a polêmica nos bastidores, uma vez que dois times locais estavam envolvidos diretamente, Sport e Náutico. O outro representante do estado, o Santa, fazia parte do verde.

A seguir, as reportagens na decisiva semana para a criação do regulamento:

09/09 – João Guerra, o presidente timbu, vibra com a vitória na CBF, a reunião ocorrida um dia antes: “clubes do Amarelo conseguiram mudar o regulamento do Campeonato Nacional, que vai ter cruzamento entre os dois grupos – Verde e Amarelo – para ser conhecido o campeão brasileiro deste ano”.

10/09 – Não havia “site oficial”, obviamente. Assim, os comunicados oficiais eram divulgados através de fax. Dois dias após a reunião conciliatória, a direção da CBF ainda não havia enviado o regulamento oficial, o que preocupou Homero Lacerda, mandatário leonino na época. “Se ferir os direitos do Sport, vamos dar entrada na Justiça Federal” (dito e feito, tempos depois).

10/09 – Presidente da CBF, Otávio Pinto Guimarães garante o início do Brasileirão no dia 11, uma sexta-feira (a data da publicação da notícia), com Palmeiras x Cruzeiro: “Podem ficar tranquilos, a bola vai rolar”. Ele reconhece o recebimento dos documentos com o entendimento. Mesmo em processo de análise, disse que o acordo estava “avalizado”, restando a homologação. 

11/09 – Sem o regulamento chancelado nas mãos, seis clubes do Módulo Amarelo se negam a jogar (Sport, Náutico, Vitória, Portuguesa, América-RJ e Atlético-GO), ameaçando paralisar toda a competição. Pressionada, a CBF suspende as partidas. “Só jogamos diante de uma garantia da CBF”, afirma Fred Oliveira, irmão de Carlos Alberto e presidente da FPF na época.

13/09 – Em vez de jogos em Limeira e na Ilha do Retiro, suspensos, as atenções de torcedores alvirrubros e rubro-negros foram para o protesto em conjunto no Recife, questionando a organização e a transmissão da competição, com ameaça da venda dos direitos do Módulo Amarelo ao SBT e à Record.

14/09 – Enfim, o telex circular de nº 062 foi enviado pela CBF ao Recife, com o artigo sexto do regulamento do Brasileiro: “O campeão e o vice-campeão das Taças João Havelange (Verde) e Roberto Gomes Pedrosa (Amarelo) disputarão, em quadrangular, o título de campeão e vice-campeão brasileiro de 1987, ficando de posse da Copa Brasil 87 (troféu) e classificados para representar a CBF na Taça Libertadores da América de 1988”.

16/09 – Estreia do Sport, com empate em 1 x 1 com o Atlético-PR na Ilha.

17/09 – Estreia do Náutico, com derrota diante do Criciúma, 2 x 0, fora de casa. 

Veja as páginas das edições citadas: 10/09, 11/09, 11/09, 12/09, 13/09 e 15/09.

O restante do regulamento foi escrito às pressas, pois a bagunça seguia, não há como negar. Com a assinatura do Clube dos 13 no documento? Conforme escrito na própria sentença de 11 páginas a favor do Leão, através da Justiça Federal, em 1994, existiu um “acordo tácito”. Ou seja, os clubes do módulo verde se submeteram às regras normativas da CBF, ao seu tribunal, aos seus árbitros, à sua organização e à sua chancela. Em 2016, o ministro Marco Aurélio Mello deve dar o seu parecer sobre o recurso extraordinário do clube carioca no STF. A papelada está nas suas mãos desde 12 de maio de 2015. Um calhamaço. Cronologicamente, a compreensão parece ser mais simples.

A capacidade mínima dos estádios, da 2ª divisão do Pernambucano à Libertadores

Arruda, Ilha do Retiro, Aflitos e Arena Pernambuco. Fotos: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press (Arruda, Ilha e Aflitos) e Odebrecht/divulgação (arena)

A Ilha do Retiro pode receber qualquer partida oficial de uma competição ao alcance do Sport? Não. E o Arruda, no caso do Santa? Pode. A leitura é bem simples. Não se trata de infraestrutura, modernidade ou nível do gramado, mas basicamente a capacidade de público. Da segunda divisão pernambucana à Libertadores, há uma exigência de capacidade mínima nos locais dos jogos.

O cenário mais simples é o da primeira fase da Série A2, sem quantidade mínima ou necessidade de um sistema de iluminação. Depois, o torneio “cresce”, demandando praças com três mil lugares e refletores a partir da semi, valendo o acesso. Já o contexto mais exclusivo está na finalíssima da Libertadores, acima de 40 mil assentos. No estado, Arruda e Arena poderiam receber a decisão tranquilamente. Ou seja, a Ilha seria palco, no máximo, até a semifinal, tanto da Liberta quanto da Sula – até 2001, a capacidade era de 45 mil espectadores, mas foi reduzida após as novas normas de segurança da Fifa.

No interior, só Cornélio de Barros e Lacerdão podem abrigar a decisão da primeirona local. Por sinal, a casa do Salgueiro precisou ser “reavaliada”, pois na aferição da federação em fevereiro de 2013 a estimativa foi de 9.916. Com a inédia classificação à decisão, houve a ampliação para 12 mil. Em relação aos torneios nacionais, os estádios da capital estão plenamente aptos, segundo os regulamentos de 2015, disponíveis nos sites da FPF, CBF e Conmebol.

Como curiosidade, a exigência na Copa do Mundo. Os estádios devem ter ao menos 40 mil cadeiras, subindo para 65 mil no jogo de abertura, a exceção na fase de grupos, nas semifinais e na final. A partir de 2018, na Rússia, a arena da decisão deverá receber ao menos 80 mil torcedores. No Mundial do Brasil, por exemplo, o Maracanã não seria suficiente, pois a versão remodelada tem 78.838 lugares. Em Moscou, a final será no Luzhniki, com 81 mil assentos.

Taça Libertadores da América
1ª fase e 2ª fase – 10 mil
Oitavas e quartas – 20 mil
Semifinal – 30 mil
Final – 40 mil

Copa Sul-Americana
1ª fase, 2ª fase, oitavas e quartas – 10 mil
Semifinal – 20 mil
Final – 40 mil

Série A
Todos os jogos: 15 mil

Série B
Todos os jogos 10 mil

Série C
1ª fase, quartas e semifinal – sem capacidade mínima
Final – 10 mil

Série D
1ª fase e oitavas – sem capaciade mínima
quartas, semifinal e final – 5 mil

Copa do Brasil
1ª fase, 2ª fase, 3ª fase, oitavas e quartas – sem capacidade mínima
Semifinal e final – 15 mil

Copa do Nordeste
1ª fase e quartas – 5 mil
Semifinal e final – 10 mil

Pernambucano (1ª divisão)
1ª fase e hexagonais – 3 mil
Semifinal e final – 10 mil

Pernambucano (2ª divisão)
1ª fase – sem capacidade mínima
Semifinal e final – 3 mil

A capacidade dos estádios pernambucanos (acima de 10 mil lugares)
Arruda – 60.044*
Arena Pernambuco – 46.214
Ilha do Retiro – 32.983*
Aflitos – 22.856**
Lacerdão (Caruaru) – 19.478
Cornélio de Barros (Salgueiro) – 12.480
Carneirão (Vitória) – 10.911

* Por exigência do Ministério Público, foram reduzidos para 50.582 e 27.435. Em caso de melhora nos acessos ao público, volta a limitação antiga. 

** Por falta de uso, o Eládio de Barros está sem os laudos técnicos necessários para a realização de jogos profissionais.

Os 40 anos da primeira grande campanha do Nordeste na Série A, do Santa Cruz

Série A 1975, semifinal: Santa Cruz 2x3 Cruzeiro. Foto: Diario de Pernambuco/arquivo

A volta do Santa Cruz à Série A, em uma histórica epopeia, ocorreu justamente no 40º aniversário da maior campanha do clube na competição, na primeira vez em que um nordestino alcançou a semifinal. Em 1975, após a criação do Campeonato Brasileiro, no embalo da Taça Brasil e do Robertão, o futebol da região seguia longe de qualquer disputa real. Até o esquadrão tricolor, vivendo o seu auge, desconstruir favoritos (Palmeiras 2 x 3 Santa e Flamengo 1 x 3 Santa), esbanjar categoria e ficar a um triz da glória máxima. Em 7 de dezembro, numa tarde de domingo, diante de 38.118 torcedores no Arruda, o time de Givanildo Oliveira, Ramón e Fumanchu deixou a alma em campo.

Série A 1975, semifinal: Santa Cruz 2x3 Cruzeiro. Foto: Diario de Pernambuco/arquivo

Em um jogo disputadíssimo contra um Cruzeiro de craques como Nelinho, Palhinha e Piazza, os corais só foram derrotados com um tento aos 45 do segundo tempo. A grande queixa naquele dia, num misto de orgulho e frustração, foi no primeiro gol celeste, pouco antes do intervalo. Zé Carlos estaria impedido, com o bandeira Bráulio Zanoto fazendo vista grossa e o árbitro Romualdo Arppi Filho validando o lance – saíram do estádio escoltados pela polícia. Àquela altura, o dono da casa vencia a semifinal, em jogo único, após a penalidade convertida por Fumanchu. Com outro gol de pênalti do atacante coral, o Santa quase forçou a prorrogação, mas num vacilo da defesa, Palhinha, que já havia feito o segundo, levou vantagem e tocou na saída de Jair, 2 x 3.

Série A 1975, semifinal: Santa Cruz 2x3 Cruzeiro. Foto: Diario de Pernambuco/arquivo

Enquanto os mineiros partiram para final do Brasileirão já com a vaga à Taça Libertadores, onde acabariam campeões continentais no ano seguinte, o Tricolor encerrou a sua brilhante campanha em 4º lugar, com 13 vitórias, 10 empates e 6 derrotas. Naquela década, Givanildo, Carlos Alberto Barbosa e Nunes, destaque posterior, chegaram a ser convocados para a Seleção Brasileira diretamente em Pernambuco. Vestindo a camisa de três cores. Sem dúvida alguma, a campanha em 1975 quebrou uma grande barreira interpretativa na época. Pois técnica havia nessas bandas, no Terror do Nordeste.

Veja a capa do Diario de Pernambuco no dia seguinte à semifinal aqui.

Com 41 jogos, Arena Pernambuco termina 2015 com apenas 23% de ocupação

Arena Pernambuco. Crédito: Google Maps

A terceira temporada de operação da Arena Pernambuco, administrada através de uma parceria público-privada, registrou a pior média de público do empreendimento. O quadro considera os jogos oficias de Náutico, Santa Cruz e Sport, que mandaram 41 partidas em São Lourenço da Mata em 2015. O índice de 10,6 mil torcedores deixou a ocupação em apenas 23%, menos de 1/4 das 46.214 cadeiras vermelhas à disposição.

A situação só deve agravar o balanço financeiro do estádio, que já ficou no vermelho nos dois primeiros anos (R$ 29,7 milhões em 2013 e R$ 24,4 milhões em 2014). Apesar de ter sido, pelo segundo ano seguido, o estádio com mais partidas na região metropolitana, a arena sentiu bastante o mau desempenho do Náutico no borderô, uma vez que a agenda alvirrubra corresponde a 70% de todos os jogos marcados no local – e segue como o único clube com contrato fixo. Este ano, a média timbu caiu de 7.812 para 6.076 espectadores, enquanto a arrecadação despencou de R$ 6,6 milhões para R$ 3,4 mi.

Também pesou o baixo número de apresentações dos tricolores, uma no Estadual e outra na Série B, em vez dos seis jogos em 2014. Já o Sport, que subiu o número de partidas no local de 7 para 10, continuou sendo o diferencial a favor, com média de público de 23 mil pessoas e bilheteria de quase R$ 700 mil por jogo. O ponto alto foi o recorde de público e renda, no jogo Sport 2 x 0 São Paulo, com 41.994 pessoas e R$ 1,25 milhão. Vale destacar os amistosos não entram neste levantamento do blog. Em janeiro, por exemplo, 22 mil pessoas assistiram à Taça Ariano Suassuna, com Sport 2 x 1 Nacional do Uruguai.

Em relação ao futuro, a presença do Santa Cruz na Série A pode ser um bom indicativo de receita. Apesar de a direção coral já ter dito que não abre mão do Arruda, a tabela com mais jogos aos domingos pode ajudar na negociação para mandar algumas partidas no estádio da Copa, que ainda sente a falta de público.

Público e arrecadação na Arena PE
2015
Jogos: 41
Público: 437.893 pessoas (média: 10.680)
Ocupação: 23,1%
Renda: R$ 11.017.089 (média: R$ 268.709)
Tíquete: R$ 25,16

2014
Jogos: 43
Público: 529.146 pessoas (média: 12.305)
Ocupação: 26,6%
Renda: R$ 14.467.554 (média: R$ 336.454)
Tíquete: R$ 27,34

2013
Jogos: 21
Público: 247.604 pessoas (média: 11.790)
Ocupação: 25,5%
Renda: R$ 6.360.142 (média: R$ 302.863)
Tíquete: R$ 25,68

Jogos oficiais no Grande Recife
2015 – 90 jogos*
41 na Arena
25 na Ilha do Retiro
24 no Arruda
Ainda houve uma partida de portões fechados, na Ilha. 

2014 – 93 jogos*
43 na Arena
27 na Ilha do Retiro
22 no Arruda
1 nos Aflitos
*O Santa ainda disputou três partidas no Lacerdão, em Caruaru, numa punição do STJD por causa de briga de torcida.

2013 – 96 jogos
33 na Ilha do Retiro
27 no Arruda
21 na Arena*
15 nos Aflitos
*Uma das partidas foi o clássico entre Botafogo e Fluminense, pela Série A.

Desempenho do trio recifense na Arena em 2015
Náutico – 29 jogos
Público: 176.204 pessoas (média: 6.076)
Ocupação: 13,1%
Renda: R$ 3.409.274 (média: R$ 117.561)
Tíquete: R$ 19,34

Sport – 10 jogos
Público: 232.417 pessoas (média: 23.241)
Ocupação: 50,2%
Renda: R$ 6.941.140 (média: R$ 694.114)
Tíquete: R$ 29,86

Santa Cruz – 2 jogos
Público: 29.272 pessoas (média: 14.636)
Ocupação: 31,6%
Renda: R$ 666.675 (média: R$ 333.337)
Tíquete: R$ 22,77

Relembre os balanços anteriores: 2013 e 2014.