Foi um desfecho além do imaginável para o centenário do Clássico das Multidões. O oitavo e último confronto em 2016, ao vivo na tevê para todo o estado, foi, sem dúvida alguma, o jogo mais eletrizante. Sete gols somente no segundo tempo, sendo cinco dos rubro-negros, reviravoltas até o fim, empenho absoluto em campo, tristeza e comemoração de um lado, comemoração e tristeza do outro. O Sport fez 5 x 3 no Santa Cruz, somando seis pontos em cima do rival no Campeonato Brasileiro, num lá e lô que dá fôlego na briga contra o descenso. Naturalmente, empurrou o tricolor ainda mais para o buraco.
Para falar sobre o jogo, o primeiro tempo pode ser resumido na velocidade de Keno para definir as jogadas, abrindo o placar com seis minutos, e na atuação de Tiago Cardoso, praxe contra os leoninos, com três defesas incríveis. Nos descontos, num rebote do goleiro na pequena área, Durval conseguiu chutar por cima, passando aquela sensação de que seria mais uma tarde com festa na geral do placar. O cenário já era propício ao Santa e João Paulo, na volta do intervalo, acertou um chutaço, deixando uma possível reação estática. Por isso, talvez o gol mais importante do Leão tenha sido o primeiro, logo na sequência, trazendo estímulo à torcida e ao próprio time, visivelmente abatido pelo placar.
A partir dali, o Sport passou a jogar pelos lados, finalmente encontrando espaço. Os gringos, Rodney (esquerda) e Ruiz (direita) levaram vantagem, com a mobilidade do colombiano bem superior à peça anterior, Edmílson. Nem Léo Moura nem Allan Vieira deram conta das tabelas, com a bola passeando na área coral. Com Diego Souza sendo mais recuado (começou como atacante, numa função onde não rende), a bola aérea tornou-se um perigo. Após muita luta, o primeiro empate veio aos 24 minutos, com a pressão silenciada 120 segundos depois, com Bruno Moraes ensaiando mais uma atuação decisiva. O terceiro gol coral foi gerado numa sucessão de falhas, com a saída de Matheus Ferraz e com Magrão pregado na pequena área, deixando o general concluir.
Novamente em desvantagem, o Sport seguiria investindo nos cruzamentos, e Tiago Cardoso, quem diria, passaria longe da performance inicial. De cabeça, Ruiz marcou o seu primeiro gol na Ilha. Nova igualdade e confusão, com Diego Souza e Derley expulsos. Neste clima quente, quem perderia mais? Com o volume de jogo do Sport, ambos. Porém, o buraco deixado pelo volante foi maior que a participação de DS87, com outros nomes sobressaindo, Vinícius Araújo e Everton Felipe, acionados. Aos 44 e aos 46 minutos, ambos marcaram, em uma das maiores vitórias do Sport nos últimos tempos. Ao torcedor, cuja rivalidade pesa demais, não há como negar. Nem ao vencedor nem ao derrotado. E poderia ficar melhor para o Sport? Poderia e ficou. Com a conquista do Troféu Givanildo Oliveira, a simbólica disputa das multidões, numa legítima final.