Inicialmente, a Copa América de 2015 deveria ter sido organizada pelo Brasil, que trocou de vez com o Chile por causa da quantidade de eventos esportivos já agendados para o país. Aos chilenos, entretanto, a oportunidade era excelente. Uma chance de levantar a autoestima do país, que sofreu catástrofes recentes, além de colocar em campo a sua melhor geração, com chances reais de título. Algo que jamais havia sido alcançado por La Roja.
Jogando seis vezes no Estádio Nacional, em Santiago, sempre com uma pressão incrível de sua torcida, o Chile chegou lá. Superou a Argentina de Messi nos pênaltis, após 120 minutos em branco numa tensa final. A penalidade decisiva foi assinalada pelo craque da seleção, Alexis Sánchez. Um cavadinha para a história do país, o 8º membro da Conmebol a ganhar a Copa América.
Ano do 1º título sul-americano 1916 – Uruguai (15 no total) 1919 – Brasil (8) 1921 – Argentina (14) 1939 – Peru (2) 1953 – Paraguai (2) 1963 – Bolívia (1) 2001 – Colômbia (1) 2015 – Chile (1)
Eis o gol mais importante da história do futebol chileno…
A primeira fase da Copa América no Chile foi bastante movimentada, com 40 gols em 18 partidas, proporcionando uma média 2,22. Todos os favoritos avançaram, até mesmo pelo formato do torneio, quase impossível de ser eliminado (classificação abaixo). Assim, o mata-mata está formado até a decisão do 47ª título continental. Curiosamente, entre os oito países restantes estão os sete ex-campeões. O único sem título é justamente o dono da casa.
Eis os duelos pelas quartas de final…
Chile x Uruguai (24/06, 20h30, Santiago)
Organizando o torneio pela 7ª vez, o Chile enxerga neste ano a sua maior chance de enfim erguer a taça. Com dez gols na primeira fase, La Roja vai justificando a expectativa. Resta saber se irá suportar a pressão. Enfrentará o Uruguai, campeão sul-americano em solo chileno em 1920 e 1926, com a geração da “Celeste Olímpica”, os charrúas seguem com o script de sempre. Sem agradar em campo, mas com copeirismo demais, mesmo sem Suárez.
Bolívia x Peru (25/06, 20h30, Temuco)
É o único confronto sem uma seleção gabaritada, mas ainda assim com dois ex-campeões – de um tempo quase remoto no futebol continental. Dificilmente o campeão de 2015 sairá desta chave, mas bolivianos e peruanos, vizinhos na América, fizeram campanhas dignas, com Marcelo Moreno e Paolo Guerrero como principais nomes. À Bolívia pesou o massacre sofrido para o Chile (5 x0). No Peru, a coletividade do time ainda deixa a desejar.
Argentina x Colômbia (26/06, 20h30, Vinã del Mar)
Os hermanos seguem como favoritos, mas ainda esperam por Messil, que, até aqui, teve apenas lampejos. Eles enfrentarão um inconstante Colômbia, com apenas um gol marcado. A sua vaga esteve por um triz, torcendo para que o Brasil não cedesse o empate para a Venezuela. Na verdade, só jogou mesmo contra a Seleção. Nas outras apresentações, em branco, nada de James Rodriguez e cia. Tal cenário contra a Argentina é eliminação certa.
Brasil x Paraguai (27/06, 18h30, Concepción)
Repeteco do duelo pelas quartas de final de 2011, em La Plata, na Argentina, com a classificação paraguaia. Curiosamente, agora, em 2015, a diferença é ainda menor entre as equipes. Pelo mau momento dos brasileiros, sem Neymar e sem personalidade, e também pela força apresentada pelo time guarani, com Lucas Barrios à frente e um sistema de marcação eficiente. O tempo de preparação, seis dias, pode ajudar Dunga a remendar as feridas da Seleção.
Pitacos do blog sobre os semifinalistas: Chile, Peru, Argentina e Brasil.
Em 2011 eu tive a oportunidade de cobrir a Copa América na Argentina, um evento que contou com Messi, Neymar, Forlán, Suárez, entre outros. Durante um mês, viajei de ônibus pelo país vizinho, passando por Buenos Aires, La Plata, Santa Fé e Córdoba. Vi grandes jogos, com as torcidas em peso nos estádios, sobretudo os 35 mil uruguaios na decisão no Monumental de Nuñez. Também partilhei histórias curiosas de jogadores e torcedores e ainda fiz um pouco turismo, claro. Trabalho não faltou. Quatro anos depois, acompanharei o torneio continental na televisão, mas a expectativa sobre a edição chilena é semelhante.
Entretanto, a Copa do Mundo e a Olimpíada no país deixaram o torneio escanteado. Com o objetivo de valorizá-lo, o Brasil optou por sediá-lo em 2019. Assim, foi feita uma oferta de troca com o Chile, aceita de imediato. O país encravado entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, sede do Mundial de 1962, não organizava uma Copa América desde 1991. A boa fase da seleção roja, até hoje sem a taça, é mais um bom indício para a disputa, que volta a ter craques, com James Rodríguez e Cavani figurando ao lado da dupla do Barça, Messi e Neymar. A experiência vivida pelos brasileiros na Copa 2014 ainda é um bem recente e na verdade joga a favor da Copa América, que promete manter acesa a rivalidade sul-americana. Há quatro anos, valeu demais.
A expectativa da Fifa apontava plena ocupação dos estádios brasileiros nos 64 jogos da Copa do Mundo de 2014, com 3.334.524 pessoas presentes, o que proporcionaria numa média de 52.101 espectadores.
Nesta conta estão treze categorias de público, incluindo torcida geral, cortesias, os caríssimos pacotes de hospitalidade, jornalistas credenciados etc. Numa balanço nos dois primeiros dias do Mundial, os espaços vagos estão visíveis nas transmissões na televisão…
É curioso constatar isso levando em conta os ingressos esgotados para os respectivos jogos. Há de se considerar a capacidade reduzida pela Fifa nas doze arenas por questão de segurança (veja aqui).
Ainda assim, números curiosos. Dos quatro jogos analisados, dois passaram da ocupação máxima projetada, mesmo com os clarões na arquibancada.
Públicos oficiais dissociados do visual… Esse modus operandi não é novo.
Brasil 3 x 1 Croácia – Itaquerão (62.103 pessoas)
Capacidade máxima: 67.349
Capacidade na Copa: 59.955
Ocupação na estreia: 103,58%
México 1 x 0 Camarões – Arena das Dunas (39.216 pessoas)
Capacidade máxima: 44.070
Capacidade na Copa: 39.305
Ocupação na estreia: 99,77%
Espanha 1 x 5 Holanda – Fonte Nova (48.173 pessoas)
Capacidade máxima: 54.907
Capacidade na Copa: 49.280
Ocupação na estreia: 97,75%
Chile 3 x 1 Austrália – Arena Pantanal (40.275 pessoas)
Capacidade máxima: 44.335
Capacidade na Copa: 39.553
Ocupação na estreia: 101,82%
Os chilenos tomaram Cuiabá. A massa vermelha na arquibancada da Arena Pantanal impressionou. Cantou bonito, empurrando a bem armada seleção. O comportamento foi ordeiro, mas com lampejo das canchas a la Libertadores…
Após a goleada holandesa sobre os atuais campeõs mundiais, à tarde, a vitória sobre a Austrália tornava-se essencial para vislumbrar uma vaga nas oitavas.
O categórico 3 x 1, com gols de Alexis, Valdívia (sim, aquele!) e Beausejour, deixou o time com a possível “vantagem do empate” contra a Espanha na próxima rodada do grupo B. A torcida chilena deve ir em peso ao Rio de Janeiro.
Menos mal que não há “STJD” na Copa do Mundo. No finzinho da partida, no embalo do bom resultado, rojões foram arremessados no campo…
Padrão Fifa, pero no mucho.
O Chile não marcava três gols num jogo pelo Mundial desde 1962. Não por acaso, jogou em casa. Como nesta noite… quase em Santiago.
O filme uruguaio Maracaná, documentário sobre a conquista celeste no Mundial de 1950, traz imagens restauradas e cenas inéditas da competição.
Alguns filmes foram encontrados em uma cinemateca em Montevidéu.
A partir disso, o vídeo de uma hora mostra todo o Maracanazo, mas no viés dos uruguaios. A lamentação brasileira, com o “estrondoso silêncio” do Maraca, está lá. Porém, há a grande recepção da delegação hermana na capital, após o bi.
No filme, exibido pela primeira vez na tevê brasileira na ESPN, há um registro bem interessante de Pernambuco, com dois segundos de duração.
O Uruguai não atuou aqui em 1950 – jogou em Belo Horizonte, São Paulo e Rio -, mas o Alto da Sé de Olinda acabou passando como lembrança da única partida no Nordeste, disputada na Ilha do Retiro, Chile 5 x 2 Estados Unidos.
Seis décadas depois, o sítio histórico parece idêntico. Bastava colorizar a foto…
Mais imagens do Recife no primeiro Mundial do Brasil?
Eis uma colagem com imagens do vídeo oficial da Fifa.
A América do Sul terá seis seleções na Copa do Mundo de 2014, sendo cinco países oriundos das eliminatórias e um, claro, como país-sede.
A Conmebol divulgou as imagens dos locais de treinamento de suas equipes no Brasil no período de preparação para o Mundial. Hotel de luxo, campo com grama específica, sala de musculação, imprensa, perímetro de segurança etc.
Na rota, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Além do Brasil, vale a torcida pelos outros representantes do continente?
Brasil – Granja Comary, em Teresópolis/RJ. A reforma do local tradicional da Seleção custou R$ 15 milhões, aumentando a capacidade para 36 suítes.
Argentina – Cidade do Galo (CT do Atlético-MG), em Belo Horizonte/MG. Com 244 mil metros², o local foi apontado em 2010 como o melhor CT de clubes do país.
Uruguai – Estádio do Jacaré, em Sete Lagoas/MG. O estádio foi utilizado pelos clubes mineiros durante a reforma do Mineirão. Fica a 75 km da capital do estado.
Colômbia – CFA Laudo Natel (CT do São Paulo), em Cotia/SP. É uma das estruturas do Tricolor Paulista. Esta é voltada para as categorias de base.
Chile – Toca da Raposa II (Centro de Treinamento do Cruzeiro), em Belo Horizonte/MG. Não satisfeito em ter um bom CT na década de 1980, o clube construiu outro ainda melhor, com hotel, piscina térmica e cinema…
Equador – Resort Vila Ventura, em Viamão/RS. O local com dois campos fica próximo ao hotel de 106 unidades, que será fechado apenas para a seleção equatoriana.
O plano da Copa América foi modificado, com a realização das edições a cada quatro anos. Contudo, em 2015 e 2016 o torneio viverá um momento especial…
Em 2016, a tradicional competição completará um século de história. Ampliando a disputa futebolística, a Conmebol se uniu à Concacaf para realizar, pela primeira vez, um torneio com os três continentes americanos.
Assim nasceu a “Copa América Centenário”, que ocorrerá nos Estados Unidos. O logotipo foi divulgado (acima), já dando pistas da futura bola oficial. Em abril já havia sido lançada outra marca, a da Copa América de 2015 (abaixo). Esta no Chile, seguindo o curso normal dos torneios.
Enquanto em 2015 serão 12 países, sendo dez representantes da Conmebol e dois convidados, México e Japão, em 2016 serão 16 seleções, com os mesmos dez sul-americanos e seis das Américas Central e do Norte, com Estados Unidos e México garantidos e outros quatro oriundos da Copa Ouro.
Na sua opinião, qual foi o logotipo mais bonito? Após esse período especial, o torneio voltará a ser revezado pelos sul-americanos. Em 2019, será no Brasil.
Curiosidade: a vaga da Conmebol na Copa das Confederações de 2017, na Rússia, será gerada na Copa América de 2015. Já a vaga da Concacaf será decidida entre os campeões da Copa Ouro de 2013 (EUA) e 2015.
A Copa do Mundo no Brasil será seguida de uma overdose de Copa América.
Numa decisão pouco ortodoxa, o principal torneio de seleções da Conmebol terá duas edições consecutivas, em 2015 e 2016. Na primeira, no Chile, será o curso normal do rodízio de sedes no continente sul-americano, em vigor desde 1987.
Na segunda, a competição chegará ao centenário. Apesar do tradicional passado como “Campeonato Sul-Americano”, a edição extraordinária será disputada nos Estados Unidos, confirmado via comunicado oficial da Conmebol.
No Chile – que trocou a vez com o Brasil, cabendo à CBF a organização do torneio em 2019 -, serão doze países, como ocorre há duas décadas. Os convidados da vez serão Japão e México.
Já na centenária Copa América, a 44ª edição, serão 16 países…
Entre participantes estarão os dez filiados da Conmebol (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela), os eternos convidados da Concacaf, México e Estados Unidos, e os quatro melhores colocados, exceto os dois convidados, na Copa Ouro de 2015.
A última vez em que a Copa América foi disputada em um espaço tão curto foi em 1959, com dois torneios no mesmo ano! No segundo, no Equador, o Brasil foi representado pela seleção pernambucana, a Cacareco, que ficou em 3º lugar.
Vale destacar que a ideia já existia há um ano. Essa oficialização pode ser o passo para uma futura união entre as duas confederações americanas.
O primeiro sorteio de uma Copa do Mundo no Brasil aconteceu em 22 de maio de 1950, na Sala de Conferências do Palácio Itamaraty, no centro do Rio de Janeiro. Eram doze bolinhas numeradas, além dos quatro cabeças de chave, Brasil, Inglaterra, Itália e Uruguai, escolhidas pela CBD, precursora da CBF.
(1) Bolívia, (2) Chile, (3) Espanha, (4) EUA, (5) França, (6) Índia, (7) Iugoslávia, (8) México, (9) Paraguai, (10) Suécia, (11) Suíça e (12) seleção a definir.
Após o sorteio com cara de bingo, a Índia desistiu por um motivo insólito. Os seus atletas se recusaram a jogar de chuteiras – queriam atuar descalços. Já a tal “seleção a definir” foi a Turquia, que também declinou. O país substituto, Portugal, também não veio. E a debandada não parou por aí. Em protesto aos jogos com enormes distâncias no país, a França também ficou de fora.
Portanto, da projeção com 16 seleções, apenas 13 disputaram aquele Mundial. Nesta sexta teremos um novo sorteio no Brasil, mais complexo. Na Costa do Sauípe será definida toda a agenda da Copa de 2014, com 32 países.
Em 1950, as bolinhas retiradas do único globo na mesa apontaram os números 2 e 4 para a partida marcada para a Ilha do Retiro, no Recife, com o jogo Chile x Estados Unidos (goleada dos hermanos por 5 x 2). Agora, o foco local é nas seguintes coordenadas: A2, A3, C3, C4, D2, D4, G1 e G2. Essas nações atuarão nos quatro jogos da primeira fase na Arena Pernambuco.
O avanço no sorteio ao longo das décadas mostra o quanto a Copa do Mundo cresceu em estrutura e organozação. Itinerário? Chuteira? Falta de vontade? Dificilmente teremos tão toscos para qualquer improvável reviravolta. Ainda mais sabendo que a premiação por uma mera participação será de 8 milhões de dólares. O campeão receberá US$ 35 milhões. Ao todo, 358 mi em premiações.