Projetada com LED, a iluminação da Arena deve se contentar com a luz natural

Projeto da Arena Pernambuco. Crédito: Odebrecht/divulgação

A iluminação especial inspirada na Allianz Arena, de Munique, era um dos destaques do projeto da Arena Pernambuco.

Todo o material de divulgação do estádio em São Lourenço foi lançado contendo projeções da fachada iluminada com as membranas de LED. Até mesmo na loja do consórcio, no Shopping Recife (veja aqui).

Veio a Copa das Confederações e a arena não teve a iluminação diferenciada, que teria quatro quilômetros de componentes. Em vez disso, foram improvisados canhões de luz na fachada, emulando um visual colorido.

Havia a expectativa, inclusive da direção do consórcio, para que a estrutura de LED ficasse pronta até o Mundial, com cinco jogos no local em junho de 2014. O secretário extraordinário da Copa no estado, Ricardo Leitão, deixou claro na última coletiva do ano que a estrutura não ficará pronta.

“Aquilo não era um item obrigatório. Era uma proposta que a concessionária fez. Mas tudo o que é básico está em condições de funcionamento para receber jogos no padrão Fifa”.

O custo do estádio subiu de R$ 532 mi para R$ 650 milhões, na ordem de grandeza estipulada pelo governo, e nem assim foi suficiente para a iluminação.

Considerando que o equipamento não é dos mais baratos e que o consórcio ainda vem trabalhando com um orçamento apertado na operação, nota-se que, por enquanto, a iluminação da Arena será natural.

O consórcio enviou ao blog uma nota sobre a questão. Eis a íntegra.

“A fachada da Itaipava Arena Pernambuco foi uma das soluções adotadas pelo plano de antecipação da obra para a Copa das Confederações, que conseguiu adiantar a entrega do estádio em oito meses. A mudança no projeto da fachada garantiu uma entrega mais rápida do material, além de permitir uma instalação mais ágil. O novo fechamento lateral trouxe ainda a possibilidade de iluminação por LED, o que não estava previsto no projeto inicial e não foi licitado. Dessa forma, estão sendo realizados estudos de viabilização técnica e financeira.” 

Ou seja, o orçamento da obra não contemplava o LED, o que só reforça a dificuldade para instalá-lo após o Mundial…

Projeto da Arena Pernambuco. Crédito: Odebrecht/divulgação

A Seleção Brasileira no Arruda, nas páginas do Diario de Pernambuco

Capas do Diario de Pernambuco nos dias seguintes aos jogos oficiais da Seleção Brasileira no Arruda

A Seleção Brasileira já disputou nove jogos oficiais em Pernambuco.

Segundo a norma da Fifa, esse contexto se aplica às partidas envolvendo as seleções reconhecidas entidade, com suas equipes principais.

Todas os duelos aconteceram no Arruda, no período após a conclusão do anel superior do estádio José do Rego Maciel.

Foram oito vitórias do Brasil e um empate, na estreia. A agenda completa incluiu seis amistosos, dois jogos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo e um na Copa América. Nas arquibancadas, nada menos que 541.717 torcedores.

O público presente teve uma excelente média de 60.190 pessoas.

Todas as partidas tiveram destaque na capa do Diario de Pernambuco, no dia seguinte. Reveja todas as capas do jornal, em uma viagem no tempo que mostra também a evolução da própria cobertura jornalística.

19/05/1982 – Brasil 1 x 1 Suíça
02/05/1985 – Brasil 2 x 0 Uruguai
30/04/1986 – Brasil 4 x 2 Iugoslávia
09/07/1989 – Brasil 2 x 0 Paraguai
29/08/1993 – Brasil 6 x 0 Bolívia
23/03/1994 – Brasil 2 x 0 Argentina
29/06/1995 – Brasil 2 x 1 Polônia
10/06/2009 – Brasil 2 x 1 Paraguai
10/09/2012 – Brasil 8 x 0 China

Entre 1934 e 1978, o Brasil também esteve no Recife, mas em jogos contra times locais e contra a seleção estadual (veja aqui).

A partida contra os chineses marcou a despedida verde e amarela do Mundão. A partir de agora, os jogos da Canarinha devem acontecer na Arena Pernambuco.

Até lá, novas manchetes…

No ar, o primeiro canal de televisão exclusivo para o futebol do Nordeste

Canal Esporte Interativo Nordeste. Crédito: Esporte Interativo/Facebook

Entrou no ar o primeiro canal de televisão exclusivo para o futebol da região.

O sinal do Esporte Interativo Nordeste foi aberto às 15h deste 5 de janeiro de 2014. A grade terá a exibição de 200 jogos já na primeira temporada.

Na estreia, o amistoso Campinense 1 x 1 Asa, reeditando a final do Nordestão.

Detentor dos direitos de transmissão da Copa do Nordeste até 2022, a emissora também adquiriu os direitos de seis campeonatos estaduais: Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba, Maranhão, Sergipe e Piauí.

O campeonato cearense deve ser integrado em 2015. Já Pernambuco e Bahia, ambos com contrato com a Rede Globo, ainda seguem fora do pacote. Os acordos vão até 2014 e 2015, respectivamente.

Além das partidas, foram formadas equipes com jornalistas locais, inclusive uma no Recife, para acompanhar o dia a dia dos times nordestinos.

A direção prevê um investimento de R$ 100 milhões em dez anos. O canal foi inspirado no Regional Sports Network, o RSN, um modelo de negócio popular nos EUA, com programação específica para uma audiência regionalizada.

Apesar da novidade, tanto para a torcida quanto para o mercado, a empreitada foi iniciada sob olhar restristo. O novo canal está inserido em apenas três operadoras de tevê por assinatura, Oi TV, Cabo Telecom e Multiplay.

Segue distante das principais redes, Sky e Net, num imbróglio longe do fim.

O futebol do Nordeste ganhou espaço de forma nunca antes vista. Veremos quanto tempo irá demorar para que todos tenham acesso…

Amistoso 2014, Campinense 1x1 ASA. Crédito: Esporte Interativo Nordeste

Tem gol! Tem gol onde, Mané?

Mané Queiroz, integrante da Rádo Jornal. Foto:  Tiago Calazans/Acervo JC Imagem/Jornal do Commercio (cortesia)

Gol na liga espanhola, Neymar para o Barcelona.

Gol no campeonato tocantinense, Zezinho do Gurupi.

Empate no Fla-Flu e mudança na classificação da Taça Guanabara.

Gol do Baraúnas na semifinal do campeonato potiguar.

São centenas de jogos de futebol a cada fim de semana, muito além da fronteira pernambucana.

Aos torcedores mais aficionados, há aquela velha mania de fazer uma leitura geral nos resultados. Faz parte do ritual futebolístico.

A internet tornou-se um caminho importante para acompanhar o lance a lance, tabelas em tempo real e redes sociais.

E assim, o desejo de saber o placar, seja lá qual for o jogo, é alcançado.

A isso, falta uma dose de emoção. Agregar à informação o peso de uma bola na rede, dando a verdadeira dimensão do gol…

Durante algumas décadas, a única forma de ficar atualizado quanto às tradicionais rodadas nas quartas-feiras e domingos foi através do plantão no rádio, nas ondas AM.

Um desses plantões está na memória de qualquer torcedor pernambucano “pé de rádio”.

“Tem gol!”

Frase firme, alta, no meio da transmissão, direto do estúdio.

“Tem gol onde, Mané?”

Respondia o locutor no estádio.

Era a senha para a entrada da voz rouca, inconfundível, de Mané Queiroz. Isso quando já não rasgava o protocolo, dependendo da notícia.

Para quem aguardava um golzinho para mudar a situação do seu time, chegava a dar um friozinho na barriga.

A informação vinha completa, com gol, autor, tempo, classificação.

E havia o tom certo para o gol certo. Afinal, um gol de honra numa goleada de 6 x 1 não pode ser dito da mesma forma que um golaço aos 44 minutos do segundo tempo em um clássico diante de 50 mil pessoas.

Mané não só sabia dessa óbvia diferença como completava as narrações.

Sobretudo na Rádio Jornal, no escrete de ouro, onde a sua voz chegou a todos os cantos do estado. Mané redefiniu o plantão esportivo.

Quem nunca ouviu Mané, provavelmente nunca ouviu rádio em Pernambuco.

Claro, veio a internet, já lembrada.

Coube a Mané, então, se reinventar. No trato com o torcedor e na ênfase da notícia.

Aos 66 anos, quase íntimo de alvirrubros, rubro-negros e tricolores ao final de cada jornada esportiva, Mané Queiroz faleceu.

Sem dúvida alguma, deixou um legado na imprensa esportiva.

Até mesmo porque nunca um ícone gráfico em site algum, por mais informação que possa conter, irá substituir o bordão da emoção…

“Tem gol!”

“Tem gol onde, Mané”?

1,5 milhão de torcedores e renda de R$ 23,8 milhões nos jogos oficiais na RMR

Torcidas de Sport, Santa Cruz e Náutico

A temporada 2013 de Náutico, Santa Cruz e Sport teve 95 partidas, considerando apenas os jogos oficiais com o mando de campo do trio recifense, em duelos nos Aflitos, Ilha do Retiro, Arena Pernambuco e Arruda. O blog analisou todos os borderôs disponíveis nos sites da federações responsáveis e apresenta com exclusividade o levantamento com a participação do público local e a arrecadação só com a bilheteria.

Em termos absolutos, nada mal, apesar deste ano não ter sido o de maior média dos clubes locais, nem no Estadual nem no Brasileiro. A renda bruta foi de R$ 23,8 milhões, para um público presente nas arquibancadas de 1.522.559 pessoas. Para se ter ideia do que essa torcida significa, basta lembrar que a população da capital, segundo os dados mais recentes do IBGE, é de 1.537.704. Ou seja, a diferença entre habitantes e torcedores foi de apenas 15 mil pessoas.

Ao dividir os números, o Santa Cruz mostrou força. O Tricolor avançou nos campeonatos e ganhou os títulos do Estadual e da Terceirona. Nem por isso deixou de ser o que teve menos jogos oficiais em casa, com 27 partidas, contra 33 do Timbu e 35 do Leão. Mesmo assim, os corais levaram 645 mil pessoas ao Mundão, com uma média geral, considerando as quatro competições disputadas pelo clube, de 23.912. O Rubro-negro atuou em cinco competições – incluiu a Sul-Americana -, com 552 mil torcedores na Ilha e na Arena, onde atuou duas vezes. Na média, 15.783. O Náutico, cujo rendimento em campo foi péssimo, registrou um índice de 9.833.

Em relação à renda, os números seguiram a ordem da torcida presente, com o Santa alcançando R$ 9,4 milhões – certamente, tomará a maior parte do balanço do clube em todo o ano. Já o rival leonino teve um faturamento com ingressos de R$ 7,9 milhões – curiosamente, só 1/3 do que recebe da cota de transmissão da Segundona.

Já o Náutico, apesar da presença mais baixa, arrecadou R$ 6,5 milhões, dos quais 5,2 milhões de reais no Brasileirão. A conta é explicada pelo valor pago pelo governo do estado aos bilhetes promocionais do Todos com a Nota na Arena, com R$ 25 por ingresso, bem acima dos valores pagos aos rivais nos outros estádios.

Foram consideradas somente as competições sob as chancelas da FPF, CBF e Conmebol. Nesta conta, então, não entraram os amistosos. Em um deles, na inauguração da arena, Náutico 1 x 1 Sporting proporcionou uma enorme renda de R$ 1.040.104, com 26.803 pessoas.

Santa Cruz
27 jogos (27 no Arruda)
645.637 torcedores
Público médio de 23.912
39,82% de ocupação
R$ 9.425.366
Renda média de R$ 349.087

Estadual – 8 jogos – 165.761 pessoas (20.720) – R$ 2.412.656 (R$ 301.582)
Nordestão – 4 jogos – 91.758 pessoas (22.939) – R$ 1.134.515 (R$ 283.628)
Copa do Brasil – 2 jogos – 22.159 pessoas (11.079) – R$ 264.575 (R$ 132.287)
Série C – 13 jogos – 365.959 pessoas (28.150) – R$ 5.613.620 (R$ 431.816)

Sport
35 jogos (33 na Ilha e 2 na Arena)
552.427 torcedores
Público médio de  15.783
46,78% de ocupação
R$ 7.931.743
Renda média de R$ 226.621

Estadual – 8 jogos – 103.913 pessoas (12.989) – R$ 1.357.077 (R$ 169.634)
Nordestão – 4 jogos – 71.800 pessoas (17.950) – R$ 791.025 (R$ 197.756)
Copa do Brasil – 2 jogos – 11.038 pessoas (5.519) – R$ 96.460 (R$ 48.230)
Série B – 19 jogos – 331.976 pessoas (17.472) – R$ 4.963.331 (R$ 261.227)
Sul-Americana – 2 jogos – 33.700 pessoas (16.850) – R$ 723.850 (R$ 361.925)

Náutico
33 jogos (18 na Arena  15 nos Aflitos)
324.495 torcedores
Público médio de 9.833
27,62% de ocupação
R$ 6.506.982
Renda média de R$ 197.181

Estadual – 12 jogos – 98.425 pessoas (8.202) – R$ 1.042.945 (R$ 86.912)
Copa do Brasil – 1 jogo – 3.026 pessoas – R$ 27.830
Série A – 19 jogos – 214.724 pessoas (11.301) – R$ 5.219.012 (R$ 274.684)
Sul-Americana – 1 jogo – 8.320 pessoas – R$ 217.195

Total
95 jogos (33 na Ilha, 27 no Arruda, 20 na Arena e 15 nos Aflitos)
1.522.559 torcedores
Público médio de 16.026
38,28% de ocupação
R$ 23.864.091
Renda média de R$ 251.200
Competições: Estadual, Nordestão, Copa do Brasil, Sul-Americana e Séries A, B e C

Contraponto nas arquibancadas do Estadual, com dois públicos por jogo

Pernambucano 2014, em 22/12/2013: América 0 x 1 Vitória. Foto: twitter.com/ovitoria (@ovitoria) / divulgação

Os públicos registrados no primeiro turno do Campeonato Pernambucano de 2014 seguem com arrecadações numerosas, através do Todos com a Nota. Independentemente da quantidade presente nos estádios.

Durante os jogos, com o anúncio do público presente – que, posteriormente, não aparece no borderô oficial -, é possível ver a diferença dos públicos neste primeiro turno, valendo a Taça Miguel Arraes.

Nos Aflitos, América 0 x 1 Vitória teve apenas 604 testemunhas, apesar de a renda de R$ 26 mil apontar uma troca no TCN acima de 4.800 pessoas.

Em Pesqueira, a cidade viu pela primeira vez na história um jogo da primeira divisão estadual. No novo gramado, Pesqueira 1 x 2 Central, diante de 2.112 pagantes, que esperaram por quase dois anos um jogo no Joaquim de Brito.

No estádio, cujo campo replantado, ao menos o público foi ao jogo. Ainda assim, menor que o público no borderô, aquele que ficará mesmo na história.

Atualização após o segundo anúncio do público nos jogos do Estadual…

Apesar da renda de R$ 26.636, anunciada pelo delegado do jogo nos Aflitos, no borderô a arrecadação foi de R$ 18.397. Já o público aumentou: 3.330. Conforme previsto, o público no borderô em Pesqueira também foi maior, subindo para 3.617. Apenas nas duas partidas analisadas, o “público total” aumentou em 4.231 pessoas.

Pernambucano 2014, em 22/12/2013: Pesqueira 1 x 2 Central. Foto: Flávio Costa (twitter.com/costa_flavio) / divulgaçãi

Ricci, entre a final do Mundial de Clubes e a pressão em campos pernambucanos

Mundial de Clubes 2013: Bayern de Munique 2 x 0 Raja Casablanca. Foto: Fifa/divulgação

A contratação de Sandro Meira Ricci pela Federação Pernambucana de Futebol, em março de 2012, acabou com a incômoda lacuna de “árbitro Fifa” no quadro da terrinha, vigorando desde 2007.

Apesar do nome e do emblema costurado no uniforme, Ricci não é uma unanimidade no futebol local.

Dos quatro jogos nas duas últimas decisões estaduais, apitou apenas uma vez.

No Náutico, já chegou a ser persona non grata. Também ouviu críticas no Sport e no Santa Cruz. Basta acontecer um clássico…

Fora do estado, no entanto, o árbitro vai justificando o nível técnico mais elevado.

Em 26 de março deste ano, o mineiro de 39 anos, com trabalhos nas Eliminatórias e no Mundial Sub 20, foi selecionado como representante nacional no quadro da Copa do Mundo no país.

E 2013 parece mesmo ter sido um bom ano para Ricci.

Neste 21 de dezembro ele apitou nada menos que a final do Mundial de Clubes, entre Bayern de Munique e Raja Casablanca.

No Estádio Marrakech, diante de 37.774 torcedores, teve uma atuação tranquila.

Antes do próximo Mundial, o mais importante de todos, o árbitro passará novamente nos campos pernambucanos.

Na capital e no interior, inclusive aqueles vazios, por mais que o borderô diga o contrário. É bem provável que Ricci siga contestado nessas bandas.

Talvez falte mesmo é um pouco de crédito ao árbitro…

O certificado para as garantias na formação de atletas em Pernambuco

Certificado de Clube Formador, da FPF. Crédito: FPF/divulgação

A garantia financeira na formação de atletas é uma das maiores preocupações dos clubes de futebol no país. Agentes, clubes atravessadores, empresários e o velho conto do vigário. Não faltam meios para mudar as direções nas carreiras das revelações. Aos poucos, a lei federal vai sendo moldada para reservar vantagens aos clubes formadores.

A Lei Nº 9.615, em seu artigo 29-A, garante até 5% do valor por pago pelo novo clube em uma transferência nacional para as agremiações que contribuíram para a formação – regra semelhante às transações internacionais. Para reforçar essa garantia, a CBF criou o Certificado de Clube Formador (CCF), atestando a administração dos times e o trabalho básico na base.

Assim, o certificado oficial encaminha os direitos sobre atletas entre 14 e 16 anos e a validade do primeiro contrato profissional. A saída de um jogador antes do primeiro contrato pode resultar numa indenização de até R$ 200 mil.

No Brasil, 35 clubes já receberam a documentação. Seis deles no estado: Náutico, Santa Cruz, Sport, Porto, Salgueiro e Serra Talhada. A FPF viabilizou a aquisição dos certificados aos times, além de promover uma entrega especial.

Certamente, a burocracia é um passo importante. Outro ainda maior é fomentar a infraestrutura para a revelação de novos jogadores, com evolução técnica, física e educacional. Saiba mais sobre os direitos via Lei Pelé aqui.

O adeus do torcedor infiel de Náutico, Santa e Sport

Reginaldo Rossi em show na Virada Cultural, em São Paulo, no Largo do Arouche, em 2009. Foto: flickr.com/photos/leopinheirofotografo/Reprodução

O rei Reginaldo Rossi se foi e levou embora boa parte do brega.

O artista pernambucano cantou o amor em todas as suas formas, sem qualquer amarra com o puritanismo.

Até mesmo no futebol esse perfil encontrava espaço, gostando de todos, admitindo, como um bêbado em uma mais uma rodada no bar, a infidelidade clubística…

Soube cativar as torcidas nos Aflitos, no Arruda e na Ilha do Retiro, sem arestas, por mais que a casaca fosse virada e remexida.

O boêmio nunca escondeu isso de ninguém.

“Quando o Sport viveu aquela fase boa, aí eu era Sport lá em São Paulo. Aí o Santa Cruz teve uma fase que o Nunes atacava, gol. Aí eu era Santa Cruz. Agora sou Náutico desde criancinha.”

A cada gol, a cada novo sorriso, a camisa mudava de cor.

“Já fui são-paulino por causa do Raí, que ganhava todas, e Fluminense, por causa do Rivelino. Agora sou Sport, Náutico e Santa.” 

Nota-se que não havia amor não correspondido. Havia era amor por demais, Rossi.

Sem meias palavras, o próprio rei resumiu a sua relação com a bola…

“Sou uma prostituta do futebol.”

Aos 69 anos e ainda um infiel incorrigível, o cantor deixou as três grandes torcidas do estado viúvas.

De votação em votação, a arena do Sport vai sendo articulada para deixar o papel

Projeto da Arena do Sport. Crédito: Sport/divulgação

Orçado em R$ 750 milhões, o projeto rubro-negro para construir uma arena e um complexo imobiliário na Ilha do Retiro vem sendo uma das grandes batalhas do clube. Há quase três anos o Sport se articula para viabilizar o projeto.

Idealizado em meados de 2007, a arena só foi lançada oficialmente em 17 de março de 2011. Inicialmente seria apenas um estádio, criado pela DDB/Aedas. Evoluiu nos meses seguintes para uma mudança completa nos 110 mil metros quadrados do clube, incluindo empresariais e um shopping, já sob outro escritório de arquitetura e tendo a Engevix como investidora.

Além disso, precisou passar pelo crivo da direção leonina, por uma assembleia de sócios e agora, enfim, pelos colegiados formados pela prefeitura da capital e pela sociedade civil, meio a meio, uma vez que o projeto estava acima do 20 mil metros² de área construída. Bem acima, na verdade. Serão 338 mil m².

Nesta última, em uma análise extremamente lenta, o clube precisou ter paciência. Mas entre ajustes e conversas, o sonho vai se tornando realidade.

Eram duas pautas com instituições metropolitanas. Não houve unanimidade alguma nas votações. Porém, a maioria prevaleceu.

Em 19 de novembro, a Comissão de Controle Urbano (CCU) aprovou por 7 x 4. Agora em 20 de dezembro, na segunda e última comissão, o Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) também deu o seu aval, 13 x 5.

No início de 2014 o projeto será novamente votado pelos sócios, paralelamente à busca pelas burocráticas licenças de demolição e construção junto à prefeitura. E o ano da Copa, das novas arenas, deve mesmo marcar o fim da velha Ilha…