Sport e Náutico se desfiliam da Liga NE. Pressão ou articulação por novo torneio?

G7 do Nordeste

“O Sport formalizou a sua desfiliação da Liga do Nordeste, que é responsável pela organização da Copa do Nordeste, na tarde da última sexta-feira (30/6). O documento é assinado também pelo Náutico.”

A nota oficial do Sport sobre a decisão tomada pelo presidente Arnaldo Barros, já informada ao conselho deliberativo, escancarou uma batalha política acerca da organização do Nordestão. O ponto é claro: dinheiro. O clube rubro-negro entende que a divisão de cotas na primeira fase tem que ser revista. Em 2017, cada um dos 20 clubes recebeu recebeu R$ 600 mil. De Sport, Santa e Náutico a Uniclinic, Altos e Juazeirense. Somando todas as fases foram R$ 18,5 milhões em cotas, com previsão de R$ 23 milhões em 2018.

E aí entra uma discussão sobre a equidade disso. Ao reclamar da disparidade de cotas no Campeonato Brasileiro, como querer o mesmo no cenário regional? Por outro lado, o blog entende que, através da elaboração de um critério técnico (ranking?), seria possível, sim. Como já ocorre na Copa do Brasil, com três grupos de cotas distintas nas duas primeiras fases.

Entretanto, neste embate político, Sport e Náutico tomaram uma atitude capital, deixando a liga fundada por eles mesmos há 17 anos. A Associação dos Clubes de Futebol do Nordeste (ACFN), hoje “Liga do Nordeste”, foi criada em 30 de outubro de 2000 por 16 clubes, os principais da região, excetuando Maranhão e Piauí, na época integrados à extinta Copa Norte. O objetivo foi organizar a (bem sucedida) edição de 2001. Eis os fundadores: Bahia, Vitória, Fluminense de Feira, Náutico, Santa Cruz, Sport, Ceará, Fortaleza, ABC, América-RN, CRB, CSA, Botafogo-PB, Treze, Confiança e Sergipe.

Na época, indo de encontro às federações estaduais – e na nota atual, o Sport teve o apoio da FPF -, a liga foi idealizada pelos presidentes de Sport e Vitória, Luciano Bivar e Paulo Carneiro, respectivamente. Por sinal, os primeiros presidente e vice-presidente da associação, hoje comandada por Alexi Portela, também ligado ao rubro-negro baiano.

A princípio, ao menos até a coletiva agendada pelo leão, a desfiliação não é sinônimo de ausência do Nordestão 2018, cuja organização passa pela liga e pelo canal Esporte Interativo, detentor dos direitos na TV até 2022. Até porque mexeria em toda a composição – o Santa, por exemplo, seria alçado da fase pré para a fase de grupos. Contudo, considerando a visão mais radical, uma articulação por um torneio paralelo enxuto, com outros clubes, pontuado por novas cotas e parceiros comerciais, soaria mais como uma “Copa União”. E justamente por quem disputou o módulo amarelo na época… A conferir.

Cotas* do Sport no Nordestão: R$ 6,625 milhões
2013 – R$ 300 mil (quartas)
2014 – R$ 1,9 milhão (campeão)
2015 – R$ 890 mil (semi)
2016 – R$ 1,385 milhão (semi)
2017 – R$ 2,15 milhões (vice) 

Cotas* do Santa Cruz no Nordestão: R$ 5,135 milhões
2013 – R$ 300 mil (quartas)
2014 – R$ 850 mil (semi)
2016 – R$ 2,385 milhões (campeão)
2017 – R$ 1,6 milhão (semi)

Cotas* do Salgueiro no Nordeste: R$ 1,850 milhão
2013 – R$ 300 mil (grupo)
2015 – R$ 615 mil (quartas)
2016 – R$ 935 mil (quartas)

Cotas* do Náutico no Nordestão: R$ 1,315 milhão
2014 – R$ 350 mil (grupo)
2015 – R$ 365 mil (grupo)
2017 – R$ 600 mil (grupo 
* Após o retorno oficial do torneio

Atualização: na coletiva, Arnaldo Barros confirmou a intenção de sair do torneio com o “modelo atual”, propondo, caso tenha outras adesões, a formatação de outra competição, com nova venda de direitos. Acha o Nordestão deficitário… Já o Santa vai submeter a ideia ao conselho.

Acordo muda classificação do Nordestão, com vagas via títulos estaduais e ranking

Formatos da Copa do Nordeste de 2018 e 2019. Crédito: Thiago Minhoca/divulgação (@ThiagoMinhoca)

A distribuição das vagas no novo Nordestão, num gráfico de Thiago Minhoca.

Em 2018, a Copa do Nordeste deve incorporar uma etapa no estilo “Pré-Libertadores”, elaborada para que a fase principal volte a ter 16 clubes. Trata-se da solução entre três frentes, envolvendo federações, Liga do Nordeste e o G7, grupo formado pelos sete maiores clubes (Náutico, Santa, Sport, Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza). Desde a ampliação da Lampions de 16 para 20 times, há três temporadas, os organizadores detectaram um excesso de jogos sem apelo, buscando, a partir desta visão, um critério técnico (necessário, é bom frisar) para manter as principais forças na disputa e a atratividade da competição, cuja premiação passou de R$ 5,6 mi para 18,5 milhões em cinco anos.

Qual era o impasse entre federações, liga e G7:
1) As federações estaduais queriam a mudança de calendário ou redução do torneio, tanto que conseguiram, para o calendário de 2017, a redução de 12 para 8 datas no regional – as 12 originais foram mantidas como “concessão”.

2) A Liga do Nordeste travava uma disputa de bastidores com as federações por acordos comerciais, tentando contemplar mais clubes. Se baseava no acordo judicial junto à CBF, que garante a Copa do Nordeste até 2022.

3) O G7 do Nordeste, à parte da própria liga, vinha propondo um torneio com 12 clubes e turno único, com critérios distintos para a classificação, evitando o “risco” de ausências – caso do Vozão neste ano. Em 2016 foram seguidas reuniões entre os dirigentes, projetando até a criação da Série B do Nordestão.

Num ano que começou com o presidente da FPF, Evandro Carvalho, ameaçando o torneio de extinção, ao que parece chegou-se a um entendimento. Primeiro, o presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela, adiantou a transformação em entrevista a Vitor Villar, do jornal baiano A Tarde.

 “(…) para 2019 vamos precisar mudar o formato. Talvez garantir alguns times direto na fase de grupos e pegar terceiros e quartos colocados de cada Estadual e fazer um mata-mata antes da fase de grupos. É uma ideia, mas não tem nada fechado ainda. A ideia do novo formato é ter jogos mais atraentes desde a 1ª fase, com times de maior apelo popular.”

Depois, o presidente da federação cearense, Mauro Carmélio, esmiuçou todas as mudanças na Rádio Verdes Mares, de Fortaleza, com o processo de mudanças em dois anos. Em 2018, no formato. Em 2019, nos participantes.

A divisão das 20 vagas na Copa do Nordeste em 2018 e 2019. Quadro: Thiago Minhoca/divulgação (@ThiagoMinhoca)

O acordo triplo para o novo Nordestão:
1) A Copa do Nordeste tende a ser realizada num período distinto do campeonato estadual (ou antes ou depois, mas não mais simultaneamente). Possivelmente abrindo o ano. Ponto para as federações.

2) A competição mantém a mesma distribuição de vagas para os nove estados (20, somando a pré) e as 12 datas (na fase principal) utilizadas desde a volta oficial do torneio, em 2013. Ponto para a Liga.

3) O torneio de fato volta a ter 16 clubes, com 4 grupos de 4 times, com todos os vice-líderes avançando às quartas, além de adotar critérios de proteção (na prática) sobre as vagas. Ponto para o G7, que abdicou da segundona.

Ainda que a CBF não tenha chancelado a transformação da copa, vamos às principais mudanças das duas próximas edições, já com o “Pré-Nordestão”…

Formato de 2018:
Respeitando os regulamentos dos campeonatos estaduais em andamento, as 20 vagas (3 de PE, 3 da BA e 2 para os demais) estão asseguradas através desses torneios locais. Porém, apenas 12 times estariam garantidos na fase de grupos (os 9 campeões estaduais e os vices de PE, BA e CE), com 8 times disputando a fase preliminar (demais vices e os 3º colocados de PE e BA). Ou seja, quatro mata-matas, com os vencedores entrando na fase principal.

Formato de 2019:
Repete o regulamento, mas muda a forma de classificação, mais excludente. Seriam apenas 9 vagas via estaduais, todas para os campeões. As outras 11 seriam via Ranking da CBF, com 2 vagas por ranking para PE e BA (por que não o vice nesses dois casos?) e 1 vaga para os demais estados. Com 11 classificados via ranking, a presença de zebras tende a diminuir bastante. 

Como curiosidade, eis a simulação da Nordestão 2017 com os dois novos formatos (abaixo). Em 2018, o Náutico, por exemplo, teria disputado a fase pré. Com a versão de 2019, o Ceará, 5º no estadual, entraria já na fase de grupos. Por sinal, seriam cinco participantes diferentes: Uniclinic/Ceará, CSA/ASA, Itabaiana/Confiança, Juazeirense/Vitória da Conquista e Altos/Parnahyba..

Em Pernambuco, com a implantação do modelo definitivo, um time do interior só conseguirá a vaga em caso de título (o que nunca ocorreu em 103 anos), uma vez que o Trio de Ferro detém as três melhores colocações no ranking… Justo?

Como ficaria o Nordestão de 2017 com os modelos de 2018 e 2019. Quadro: Thiago Minhoca/divulgação (@ThiagoMinhoca)

A repercussão no Trio de Ferro sobre a entrada do Ceará na Primeira Liga

Os presidentes de Náutico (Ivan Brondi), Santa (Alírio Moraes) e Sport (Martorelli) em 2016. Fotos: Náutico/site oficial e arquivo/DP

Após o anúncio da entrada do Ceará na Primeira Liga, a organização formada inicialmente por clubes da região Sul e do estado do Rio de Janeiro, o blog repercutiu a notícia junto aos dirigentes do Trio de Ferro, com a colaboração dos repórteres Daniel Leal, Yuri de Lira e João de Andrade Neto. A filiação do alvinegro cearense poderia ser repetida por alvirrubros, tricolores ou rubro-negros? Foram feitos os seguintes questionamentos a cada presidente local…

1) Como o seu clube enxerga essa decisão do Ceará em relação à Liga do Nordeste? O seu clube foi consultado?

2) Se o seu clube fosse convidado para a Primeira Liga, qual seria a posição da instituição? Sobretudo se tiver que escolher qual torneio jogar.

De cara, a revelação de que o Sport também foi convidado para a Primeira Liga, além da percepção de que uma possível não classificação no Nordestão poderia resultar numa consideração sobre o torneio concorrente.

Ivan Brondi, presidente em exercício do Náutico

1) “Não sabemos muitos detalhes sobre a entrada do Ceará. Pelo Náutico, eu não soube (antes do anúncio). Acho que não atrapalha (a entrada do Ceará na Primeira Liga), mas é algo que precisa ser discutido com a direção, sobre situação da competição (Nordestão).”

2) “Precisaríamos saber detalhes do que a Primeira Liga ofereceu ao Ceará, para ver o motivo do caminho tomado. É algo que precisa ser estudado, mas o acho que o trabalho (dos clubes) deveria ser em conjunto.”

Alírio Moraes, presidente do Santa Cruz

1) “Em relação à entrada do Ceará na Primeira Liga não temos nada a acrescentar, porque a tal decisão se insere dentro da competência de cada clube de avaliar tal adesão. Penso que o fator determinante no caso dele foi a não classificação para o campeonato da Liga do Nordeste em 2017.”

2) “Com relação ao Santa, estando o Mais Querido classificado para o torneio do próximo ano, não aceitaríamos o convite, se formulado fosse. Até porque o calendário do próximo ano já será bem exaustivo e é preciso pensar também na qualidade do espetáculo e na saúde dos atletas.”

João Humberto Martorelli, presidente do Sport

1) “O Ceará se filiou à Primeira Liga porque está fora (do Nordestão) em 2017, mas estamos conversando muito entre nós (clubes). Se alguns clubes saírem (da Liga NE), pode ser que atrapalhe, sim. Porém, isso só ocorrerá se não houver um entendimento entre os clubes pelo formato da Copa do Nordeste. Sport e Bahia entendem que o formato não deva privilegiar os estaduais, e que deveria haver duas divisões (no Nordestão). Isso robusteceria o torneio, ficando altamente rentável.”

2) “O Sport também foi convidado (para a Primeira Liga) e ainda não respondemos porque estamos discutindo o formato da Copa do Nordeste (de 2018). Se (o Nordestão) ficar do jeito que achamos necessário, não precisaríamos de outra liga. Queremos privilegiar a Copa do Nordeste, colocando em segundo plano os estaduais, mas está havendo uma pressão grande das federações (por datas). Esse calendário atual prejudica a disputa de outros campeonatos (como o Brasileiro). Prejudicando o Sport, aí iremos para a Primeira Liga, Segunda Liga, Terceira Liga, o que for. Estamos refletindo.”

Copa do Nordeste 2017, a primeira edição com 100% de alcance na tv por assinatura

Comunicado da Sky sobre a inclusão do Esporte Interativo na grade

A Copa do Nordeste voltou ao calendário oficial da CBF em 2013, após um acordo judicial entre a Liga do Nordeste e a entidade. Entretanto, a exibição da competição sempre foi restrita na televisão por assinatura, um dos principais meios de consumo de futebol. Isso porque o canal detentor dos direitos de transmissão, o Esporte Interativo, não estava inserido nas principais operadoras, Net, Claro e Sky. Em 2017, enfim a cobertura será completa, com a Lampions à disposição na grade com três ou até quatro jogos ao vivo por rodada.

Inicialmente, o alcance do torneio era de 3.633.059 domicílios, ou 18,7% do mercado, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Pouco. A situação só começou a mudar quando o EI foi adquirido pelo grupo americano Turner Broadcasting System, comprando em seguida os direitos de exibição da Champions League, exclusiva por três temporadas. Net e Claro cederam em dezembro de 2015, com o aumento imediato de 10 milhões de lares. Não por acaso, a audiência do regional de 2016 foi 30% maior em relação a 2015, chegando a 16,8 milhões de pessoas. As finais entre Santa Cruz e Campinense, no Arruda e no Amigão, foram vistas por 4,2 milhões de telespectadores.

Isolada, em termos de transmissão da Liga dos Campeões da Uefa, a Sky ainda via a ascensão da Netflix, concorrente no conteúdo a la carte, e a retração de assinaturas em um ano, de 19,3 mi para 18,9 milhões. Assim, a empresa acabou chegando a um acordo com o Esporte Interativo, num comunicado silencioso, via e-mail aos assinantes. Em quatro linhas, o prazo para o início dos dois canais, 29 de setembro, e o incremento, com Champions e Nordestão. Em tempo: os direitos de transmissão do regional estão negociados até 2022.

Alcance do Nordestão na tevê paga
2013 – 18,7% (3,6 milhões de assinaturas)
2014 – 18,7% (3,6 milhões)
2015 – 18,7% (3,6 milhões)
2016 – 70,9% (13,7 milhões)
2017 – 100% (18,9 milhões*)

Assinantes de tevê paga (18.909.693*)
11.693.001 – Sudeste
2.857.939 – Sul
2.211.921 – Nordeste
1.348.080 – Centro-Oeste
798.752 – Norte
* Dado da Anatel sobre todas operadoras, de junho de 2016

Participações pernambucanas no Nordestão**
2013 – Santa (6º), Sport (7º) e Salgueiro (13º)
2014 – Sport (campeão), Santa (4º) e Náutico (11º)
2015 – Sport (4º), Salgueiro (7º) e Náutico (9º)
2016 – Santa (campeão), Sport (4º) e Salgueiro (6º)
2017 – Náutico, Santa e Sport
** Após a volta oficial do regional

G7 do Nordeste, uma realidade política, econômica e esportiva. Já a caminho

Bahia, Vitória, Náutico, Santa, Sport, Ceará e Fortaleza, o G7 do Nordeste. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Quais são os maiores clubes do Nordeste? Para responder a pergunta é preciso definir um recorte, naturalmente. Vamos lá, enumere sete. Para o tal G7 algum time tomaria o lugar na lista acima? Bahia e Vitória, Náutico, Santa Cruz e Sport, Ceará e Fortaleza. Os clubes mais populares da região, representantes dos três maiores centros de futebol, Salvador, Recife e Fortaleza. Donos de 11 dos 13 títulos regionais e com os melhores resultados nacionais, com histórico de disputa de títulos e eventuais conquistas. A tudo isso, considere também as maiores receitas, com o maior potencial de investimento técnico. Em 2015, os sete balanços somaram uma receita operacional de R$ 311 milhões.

R$ 89.330.000 – Bahia
R$ 87.649.465 – Sport
R$ 52.280.000 – Vitória
R$ 29.590.400 – Ceará
R$ 19.281.315 – Fortaleza
R$ 18.414.086 – Náutico
R$ 15.110.061 – Santa Cruz

Demorou, mas os dirigentes dos sete times se reuniram para uma demanda em bloco, fazendo valer a força de um nicho superior a 13 milhões de torcedores, segundo pesquisa do Ibope de 2014. Em um hotel no Recife, sem alarde, ocorreu um encontro com Arnaldo Barros (vice do Sport), Constantino Júnior (vice do Santa), Kleber Medeiros (vice de marketing do Náutico), Marcelo Sant’Ana (presidente do Bahia), Manoel Matos (vice do Vitória), Evandro Leitão (ex-presidente do Ceará) e Ênio Mourão (vice do Fortaleza).

A reunião não definiu um grupo à parte, como o Clube dos 13, com os times ainda representados pela Liga do Nordeste. O objetivo era propor. Conforme já comentado na imprensa, ocorreu uma articulação para reformular a Copa do Nordeste a partir de 2018. Vários modelos foram especulados, um deles considerando até uma segunda divisão. Ao podcast 45 minutos, Tininho comentou sobre o formato analisado, reforçando a ideia de expansão divisional:

Como é o Nordestão
20 clubes, com cinco grupos de quatro, quartas, semi e final (12 datas)

Como quer o G7
12 clubes, com turno único, semifinal e final (15 datas)

Nota-se um grupo formado por sete clubes querendo enxugar a competição para doze participantes. Logo, apenas cinco vagas ficariam “abertas” aos demais times da região. Ao menos numa primeira edição, composta através de um ranking histórico. Depois, normalizando, teria acesso e descenso anualmente.

O próprio grupo entende que a proposta, repassada à liga, pode ser rechaçada pela CBF, mas já aguarda a contraproposta para firmar uma composição. Questionado se essa postura, a la G12, não daria uma cara de “Copa União”, o dirigente reconheceu a semelhança, mas tratou de indicar a convergência para um critério técnico. O qual poderá englobar os sete maiores times nordestinos…

Reformulação do Nordestão em pauta para 2018. Difícil é ver o lado positivo

Copa do Nordeste

A Copa do Nordeste passaria por um estágio de obervação de 2015 a 2017, com a presença de clubes do Piauí e do Maranhão, finalmente inseridos no torneio. A condição de “ouvintes” se refletia nas finanças, sem cotas na primeira fase. Somente a partir das quartas os clubes dos dois estados receberiam as verbas acordadas. Conforme dito pela Liga do Nordeste na época, após o triênio haveria uma avaliação dos resultados técnico e econômico com os novos participantes. Logo, 2018 poderia marcar um novo Nordestão, inclusive com a projeção de outra ampliação. Ao que parece, a mudança é muito mais drástica, enxugando a competição de 20 para 16 times. Trata-se de uma disputa entre as federações mais fortes (Bahia, Ceará e Pernambuco) e os sete clubes mais populares (Bahia, Vitória, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa e Sport). Clubes dos 7?!

Enquanto as entidades brigam por mais datas nos campeonatos estaduais, hoje numa clara condição de coadjuvantes, os times almejam um regional ainda mais rentável, sem espaço para surpresas. Neste caso, entende-se a recorrente ausência dos grandes, perdendo as vagas em campanhas ruins no Estadual – Náutico, Santa, Vitória, Fortaleza e, agora, Ceará, passaram por isso.

Inicialmente, a ideia seria implantar uma classificação via ranking – no caso dos clubes, essa ideia seria apenas a ponte para uma reforma maior, com participantes fixos (detalhes abaixo). A federações também alegam um melhor nível técnico com menos jogos, com uma consequente melhor distribuição das receitas. Difícil é não relacionar isso ao aumento dos respectivos campeonatos, a fonte absoluta de receita das federações. O Pernambucano, por exemplo, só tem 14 datas, e a taxa sobre as rendas dos jogos é de 8%.

Outro entrave para o enxugamento passa no vigente acordo judicial (Liga/CBF), com a garantia de dez edições da Lampions (até 2022) e contrato de tevê assinado pelo mesmo período. Com a receita crescente – de R$ 5,6 milhões em 2013 para R$ 14,8 milhões em 2016 -, qualquer mudança redutiva torna-se arriscada sobre o acordo nos tribunais. Ainda mais se passar pela grade de transmissão, até 25% menor. Como aumentar o faturamento com uma exposição menor? Em tese, a aposta dos articuladores é baseada na presença dos maiores clubes, com mais clássicos regionais, em vez de partidas sem tanto apelo. O que não pode ficar de fora é a execução de um justo critério técnico, para que o tal Clube dos 7 não lembre os ideais do Clube dos 13…

Vamos aos possíveis modelos trabalhados nos bastidores:

Copa do Nordeste, como é hoje…
20 clubes, oriundos dos estaduais (3 vagas para PE e BA e 2 para os demais)
5 grupos de 4 times
Os cinco líderes e os três melhores vice-líderes avançam às quartas
Quartas de final, semifinal e final em jogos de ida e volta
12 datas
74 jogos (14 no mata-mata, 18%)

Obs 1. Se falou até em uma reformulação já em 2017, mas não há base legal, pois as vinte vagas do torneio já foram asseguradas via estaduais de 2016.

Copa do Nordeste, como as federações querem em 2018
16 times, com nove campeões estaduais e sete via Ranking da CBF
4 grupos de 4 times
Os dois melhores de cada chave avançam às quartas
Quartas de final, semifinal e final em jogos únicos
9 datas
55 jogos (7 no mata-mata, 12%)

Obs 2. O formato seria permanente, mantendo os campeonatos estaduais como torneios de acesso ao regional, sem nenhuma participação fixa. 

Copa do Nordeste, como os sete maiores clubes querem em 2018
16 times, com nove campeões estaduais e sete via Ranking da CBF
4 grupos de 4 times
Os dois melhores de cada chave avançam às quartas
Quartas de final, semifinal e final em jogos de ida e volta
12 datas
62 jogos (14 no mata-mata, 22%)

Obs 3. A edição de 2018 seria uma transição para compor o torneio da nova fase, a partir de 2019, com a mesma fórmula, mas com a participação via acesso/rebaixamento com uma segunda divisão, esta formada pelos estaduais.

Na visão do blog, os dois modelos especulados reduzem a importância do Nordestão, em calendário e mérito esportivo. A proposta dos clubes para 2018, sem a participação fixa, parece a melhor, desde que se mantenha assim. Ao jornal O Povo, o presidente da federação cearense de futebol, Mauro Carmélio, confirmou a articulação, inclusive junto à CBF e à Liga do Nordeste. Ao Diario de Pernambuco, o mandatário da federação pernambucana, Evandro Carvalho, se esquivou do assunto e disse que somente depois do regional de 2016 o futuro regulamento será discutido. Para entender melhor esse posicionamento, é preciso dizer que o dirigente vem participando do Grupo de Reformas da CBF.

Você concorda com a possível mudança? Qual é a melhor proposta?

Os campeões do Nordeste e a antiga discussão sobre a chancela dos títulos

Os campeões da Copa do Nordeste: 1994 (Sport), 1997 (Vitória), 1998 (América-RN) e 1999 (Vitória); 2000 (Sport), 2001 (Bahia), 2002 (Bahia) e 2003 (Vitória); 2010 (Vitória), 2013 (Campinense), 2014 (Sport) e 2015 (Ceará)

Post atualizado 25/05/2017

Desde 1946, quando foi realizado um quadrangular em Natal, vencido pelo Fortaleza, foram disputados 38 torneios de futebol de amplitude regional no Nordeste – com pesos diferentes, naturalmente. A antiga discussão acerca da chancela oficial dos títulos segue com a CBF, que evita tocar no assunto sobre as competições anteriores a 1994, data da primeira Copa do Nordeste, também denominada de “Taça Governador Geraldo Bulhões”. Curiosamente, foi a única reconhecida posteriormente, quando a confederação passou a cuidar da Lampions League. Em setembro de 2014 o presidente da liga, Alexi Portela, encaminhou à direção de competições da entidade uma lista de “campeões oficiais”, incluindo o Torneio José Américo de 1975 e 1976. Até hoje, sem resposta.

Em 2012, devido à publicação do Guia Oficial da CBF, com os títulos informados pelos próprios clubes presentes, o Vitória passou a se proclamar pentacampeão nordestino, somando a taça de 1976. No entanto, o próprio site do clube se contradiz ao considerar o título de 1997 como o primeiro (veja aqui).

Historicamente, o Nordestão – alcunha popular há décadas – sempre foi  intermitente no calendário. Retomado em 2013, após um acordo na justiça entre a Liga do Nordeste e a CBF (que escapou de uma indenização milionária), o torneio está garantido pelo menos até 2022. Cada vez maior, saltando para 20 clubes e premiação de R$ 18,5 milhões em 2017, a Copa do Nordeste já surge como um título mais qualificado e desejado que o Estadual. Até hoje, apenas sete clubes ergueram a taça. A “orelhuda dourada”, aliás, já teve outros nove modelos oficiais. Entretanto, vale relembrar as demais disputas com tradição reconhecida, algumas até no período da precursora CBD. No levantamento do blog, seriam onze torneios, considerando até a recém-criada Taça Asa Branca. 

Nordeste:

Copa Cidade de Natal – 1946 
O torneio foi realizado para celebrar a instalação do sistema de iluminação do estádio Juvenal Lamartine, em Natal, que abrigou todas as partidas.

1946 Fortaleza (4 participantes)

Torneio dos Campeões do Nordeste – 1948
Foi o primeiro torneio com representantes de cinco estados. Todos os jogos ocorreram no Recife. O Santa Cruz , campeão pernambucano no ano anterior, estreou na semifinal.

1948 Bahia (6)

Torneio José Américo de Almeida Filho – 1975/1976
A competição foi organizada em homenagem ao estádio homônimo, o Almeidão, em João Pessoa, inaugurado no mesmo ano. Na temporada seguinte, o torneio foi ampliado, com direito à curiosa participação do Volta Redonda, do Rio de Janeiro.

1975 CRB (6)
1976 Vitória (12)

Copa do Nordeste – 1994/2015 (oficial)
Em 1994, a FPF firmou uma parceria com o governo de Alagoas para organizar a “1ª Copa do Nordeste”, como a competição foi lançada. Com o sucesso, acabou ganhando a chancela da CBF, que passou tomar conta do regional em seu período mais duradouro, a partir de 1997, conferindo ao campeão, inclusive, uma vaga na Copa Conmebol. Desde 2014, o campeão vai à Sul-Americana.

1994 Sport (16)
1997 Vitória (17)
1998 América-RN (16)
1999 Vitória (16)
2000 Sport (16)
2001 Bahia (16)
2002 Bahia (16)
2003 Vitória (12)
2010 Vitória (15)
2013 Campinense (16)
2014 Sport (16)
2015 Ceará (20)
2016 Santa Cruz (20)
2017 Bahia (20)

Taça Asa Branca – 2016
É a única disputa com apenas dois clubes envolvidos, com um jogo. Além do caráter amistoso. Ainda assim, mesmo questionável (no entendimento do blog), a Asa Branca se faz presente por um critério claro: é organizada pela Liga do Nordeste. A taça reúne o atual campeão nordestino (o mandante) e um convidado – o Flamengo foi o primeiro convidado. Em 2017 foi chamado o campeão da Copa Verde (por sinal, essa evolução para “Recopa N-NE” funcionaria melhor).

2016 Ceará (2)
2017 Santa Cruz (2)

Norte e Nordeste:

Torneio dos Campeões do Norte-Nordeste – 1951/1952
A premissa do torneio era uma ampliação da competição realizada na capital pernambucana em 1948. Três anos depois, o Norte foi incorporado, com o Remo chegando na final contra o Ypiranga, campeão baiano pela última vez. No ano seguinte, o Náutico, campeão estadual em 1951, entrou na semifinal do torneio, realizado no Recife.

1951 Ypiranga (8)
1952 Náutico (8)

Copa dos Campeões do Norte – 1966
Apesar do nome, a copa reuniu os vencedores da fase Norte-Nordeste da Taça Brasil. Até 1966, apenas clubes nordestinos haviam vencido. Todos os participantes se enfrentaram em jogos ida e volta na Fonte Nova, PV, Aflitos e Ilha do Retiro.

1966 Náutico (5)

Torneio Hexagonal Norte-Nordeste – 1967
Apesar das duas regiões envolvidas, foram incluídos apenas três estados, com dois pernambucanos, dois cearenses e dois paraenses em jogos de ida e volta.

1967 Santa Cruz (6)

Taça Almir de Albuquerque – 1973
A competição foi, na verdade, a primeira fase do Brasileirão. Na ocasião, foi criado um troféu ao melhor time em homenagem ao atacante Almir Pernambuquinho, revelado pelo Sport em 1956 e que faleceu justamente em 1973. A taça foi instituída a pedido da FPF.

1973 América-RN (16)

Copa Norte – A fase Norte-Nordeste da Taça Brasil – 1959/1968
Agora unificada ao Brasileirão, a pioneira Taça Brasil surgiu em 1959 como a competição que indicaria o representante do país à Taça Libertadores do ano seguinte. Com a precária estrutura de deslocamento de um país continental, o torneio de mata-mata foi regionalizado. Na fase Norte, que compreendia o Norte-Nordeste, o campeão tinha direito a vaga na semi ou na final nacional – sem definição prévia. Os vencedores do zonal celebravam as conquistas regionais, ainda que não fossem um torneio à parte.

1959 Bahia (8)
1960 Fortaleza (9)
1961 Bahia (9)
1962 Sport (11)
1963 Bahia (10)
1964 Ceará (11)
1965 Náutico (11)
1966 Náutico (11)
1967 Náutico (10)
1968 Fortaleza (11)

Torneio Norte-Nordeste – 1968/1970 (oficial)
Paralelamente ao Torneio Roberto Gomes Pedrosa, agora unificado ao Brasileirão, a CBD organizou o interregional oficial para movimentar os clubes, uma vez que não havia sistema de divisão, ou mesmo de classificação, pois a participação no Robertão era via convite.

1968 Sport (23)
1969 Ceará (26)
1970 Fortaleza (36)

Campeões oficiais do Nordeste e do Norte-Nordeste (17):
4 – Vitória e Sport
3 – Bahia
2 – Ceará

1 – Fortaleza, América-RN, Campinense e Santa Cruz

Estados: Bahia (7), Pernambuco (5), Ceará (3), Rio Grande do Norte (1) e Paraíba (1)

Campeões do Nordeste e do Norte-Nordeste, oficiais e não-oficiais (38):
7 – Bahia
5 – Náutico, Vitória e Sport
4 – Fortaleza e Ceará
3 – Santa Cruz
2 – América-RN

1 – Ypiranga, CRB e Campinense 

Estados: Pernambuco (13), Bahia (13), Ceará (8), Rio Grande do Norte (2), Alagoas (1) e Paraíba (1)

Ceará mantém a Asa Branca no Nordeste, a um critério da plena aprovação em 2017

Taça Asa Branca 2016, Ceará (4) 3 x 3 (3) Flamengo. Foto: Esporte Interativo/twitter

A primeira edição da Taça Asa Branca ficou no Nordeste. Em uma noite emocionante no Castelão, com 35 mil torcedores, Ceará e Flamengo ficaram num empate de seis gols, com o Vozão levando a melhor no pênaltis, após a cobrança no travessão de Paolo Guerrero. Com R$ 718 mil de bilheteria e uma transmissão disponibilizada a 71% dos assinantes do país, no primeiro lampejo nordestino com o novo alcance do canal Esporte Interativo, após a entrada na Net, o evento tende a ser replicado. E esses números positivos não surpreendem. Nem ao blog, que criticou o critério adotado para o adversário.

Na semana do lançamento da Asa Branca, na sede do Fla, um erro estratégico, recebi um telefonema (aí sim, surpreendente) do presidente do EI, Edgar Diniz, para conversar sobre as críticas. Aprofundei a minha opinião, já escrita no post Taça Asa Branca, a disputa entre o campeão nordestino e o Flamengo…?.

Taça Asa Branca 2016, Ceará (4) 3 x 3 (3) Flamengo. Foto: Esporte Interativo/twitter

O executivo alegou um ruído de informação na elaboração do convite. Em vez de um “grande clube brasileiro”, como noticiado, apenas um “grande clube”, sem distinção de nacionalidade. Edgar até concordou com a ideia de chamar um campeão para enfrentar o campeão nordestino, mas alegou problemas de agenda, pois nem sempre seria possível acertar a taça amistosa com o campeão da Série A ou da Copa do Brasil. Corinthians e Palmeiras, vencedores em 2015, por exemplo, excursionaram nos Estados Unidos e no Uruguai.

De toda forma, ele acredita que a ideia pode ser melhorada. Conforme dito no post anterior, não haveria problema em ter o próprio Fla em Fortaleza, desde que a escolha fosse fundamentada, não só pela receita de uma noite, pelo ibope. Há algo maior em jogo. Lembrando sempre: a Asa Branca é um produto da Liga do Nordeste, que por muito pouco não transformou o Ceará em coadjuvante.

Espero a Asa Branca em 2017. Com casa cheia, audiência e critério.

Taça Asa Branca 2016, Ceará (4) 3 x 3 (3) Flamengo. Foto: Esporte Interativo/twitter

A evolução das cotas de TV do Nordestão

Copa do Nordeste. Foto: Esporte Interativo/divulgação

Criada em 1994, num curto torneio realizado em Maceió, a Copa do Nordeste foi inserida de vez no calendário da CBF três anos depois. Com a evolução do regional, surgiu o óbvio interesse da televisão, que comprou os direitos de transmissão de toda a competição pela primeira vez em 2000. Na ocasião, a Rede Globo pagou R$ 2 milhões, num rateio entre 16 clubes. A virada na história do Nordestão aconteceu em 2001, com a Associação de Clubes de Futebol do Nordeste (ACFN), atualmente conhecida como Liga do Nordeste.

A organização negociou diretamente os contratos e conseguiu, com a devida chancela, uma tabela maior, passando de 62 para 123 jogos. Com a consultoria de marketing da TopSports, o acordo de tevê passou a englobar os canais por assinatura, via DirecTV, subindo para R$ 8 milhões, com mais R$ 3 milhões de patrocinadores. O “produto” tornara-se alvo de concorrência. Tanto que foram quatro patrocínios fechados em 2002, com um faturamento de R$ 15 milhões. Como se sabe, a CBF, contrariando os clubes, retirou o regional do calendário em 2003, na implantação dos pontos corridos na Série A.

Iniciou-se, então, uma longa briga na justiça, com a liga exigindo R$ 25 milhões de indenização. No período, ocorreram duas edições esvaziadas, lideradas (e vencidas) pelo Vitória, com cotas bem modestas. A “volta” em 2013, após o acordo entre a liga e a confederação, com a garantia de dez torneios, com os direitos do Esporte Interativo, marcou um novo crescimento econômico. Em 2015, a maior cota e o recorde de movimentação financeira, chegando a R$ 29 milhões. Em 2016 foi firmada uma parceria com a Caixa, que dividirá um aporte de R$ 16,5 milhões entre Nordestão, Copa Verde e Brasileiro Feminino. O presidente da liga, Alexi Portela, projeta a maturidade em 2018, com um faturamento de R$ 50 milhões e média próxima a 20 mil espectadores…

Cotas de TV (de todo o torneio)
2000 – R$ 2 milhões
2001 – R$ 8 milhões*
2002 – R$ 8,75 milhões
2003 – R$ 1,5 milhão**
2010 – R$ 3,75 milhões***
2013 – R$ 5,6 milhões
2014 – R$ 10 milhões
2015 – R$ 11,14 milhões
2016 – R$ 14,82 milhões
* Primeira edição da liga, com os sete maiores clubes
** Bahia, Sport, Santa Cruz, Náutico e Fortaleza não quiseram participar

*** Sport não quis participar

Cotas de TV por clube*
2000 – R$ 125 mil (16 clubes)
2001 – R$ 500 mil (16 clubes)
2002 – R$ 546 mil (16 clubes)
2003 – R$ 125 mil (12 clubes)
2010 – R$ 250 mil (15 clubes)
2013 – R$ 350 mil (16 clubes)
2014 – R$ 625 mil (16 clubes)
2015 – R$ 557 mil (20 clubes)
2016 – R$ 741 mil (20 clubes)
* Valor médio, somando todos os valores pagos a cada fase

Faturamento do torneio*
2001 – R$ 11 milhões
2002 – R$ 15 milhões
2013 – R$ 20 milhões
2014 – R$ 23 milhões
2015 – R$ 29 milhões
* Cotas de TV, patrocinadores e despesas pagas pela CBF (arbitragem, viagens e hospedagens)

Confira as premiações da Lampions League de 2016 clicando aqui.

Além das cotas, o campeão ainda teve direito a vagas na Copa Conmebol (1997-1999), Copa dos Campeões (2000-2002) e Sul-Americana (2014-2016).

Taça Asa Branca, a disputa entre o campeão nordestino e o Flamengo…?

Flamengo e Copa do Nordeste? Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Através do Flamengo foi divulgada uma controversa ideia elaborada pela Liga do Nordeste. Isso mesmo. Segundo a mensagem compartilhada pela assessoria de imprensa do rubro-negro carioca, a “Taça Asa Branca abrirá oficialmente a temporada de futebol do Nordeste. O duelo será sempre entre o último campeão da Copa do Nordeste e um grande clube brasileiro”.

A lógica dessa notícia é o fato de o Fla ser o adversário na primeira edição, em 21 de janeiro de 2016, no Castelão, diante do Ceará. Na confirmação, direto do Auditório Rogério Steinberg, na sede da Gávea, a presença de dirigentes dos dois clubes, da liga e do canal Esporte Interativo, parceiro no novo evento anual.

Que o Flamengo é o time de maior torcida do país, não há o que contestar. Mas é, também, um dos maiores calos para o “produto” Nordestão. Por ser o mais popular em seis dos nove estados da região, dividindo as atenções de torcedores locais (53 milhões de telespectadores), por articular a sua entrada no torneio regional, como ocorreu em 2014, e por canalizar, ao lado do Corinthians, boa parte da receita oriunda da tevê – o que parece ser ratificado neste convite.

Ainda assim, o Flamengo poderia ser o adversário desse jogo…
…mas por critérios técnicos.

Simplesmente por ser um “grande clube brasileiro”? Soa mais como uma atitude provinciana da liga – como seria com o Palmeiras ou o Fluminense no mesmo contexto. Tratando o Mengo como convidado, e nada mais, a escolha fere conceitualmente a Lampions League, uma competição de independência técnica e financeira dos clubes da região em relação ao eixo futebolístico (e midiático) do país, o Rio-São Paulo. Um torneio que, mesmo baseado numa audiência televisiva segmentada, viu a premiação subir de R$ 5,6 mi para R$ 14,8 milhões em quatro anos. Não por acaso gerou o interesse de fora.

A Taça Asa Branca nasceu com um nome de apelo e com a interessante ideia de abertura na pré-temporada, como a Ariano Suassuna e a Chico Science, as criações “particulares” de Sport e Santa Cruz. Atrelada à Liga do Nordeste, no entanto, a disputa deveria primar por um foco maior, pelo fortalecimento da identidade da Copa do Nordeste. E nem é difícil imaginar outras opções.

Sugestões de confrontos contra o campeão nordestino:
1) Campeão Brasileiro
2) Campeão da Copa do Brasil
3) Campeão da Primeira Liga (Copa Sul-Minas-Rio)
4) Campeão da Copa Verde
5) Adversário estrangeiro

Ou seja, teoricamente, o próprio Flamengo poderia ser um rival, promovendo um choque de campeões. E não simplesmente por ser o Flamengo…