Começou o Campeonato Brasileiro de 2016. Para o Trio de Ferro, a estreia valeu apenas para quem atuou em casa. De volta à elite, o Santa goleou o Vitória. O quanto Grafite poderá ajudar na competição? O sistema tático da estreia vale para os jogos fora de casa? Pauta presente no 45 minutos. Na sequência, a análise do revés do Sport no Rio. Um time sem ataque na Série A, na conta do ex-treinador e do atual presidente. Como melhorar antes dos reforços? Aliás, é possível?! Por fim, o Náutico, derrotado em Criciúma, com um gol impedido e chances perdidas. Na segunda-feira, para completar, o presidente Marcos Freitas pediu licença da função por questão de saúde.
Neste podcast, de 1h39, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Direitos de transmissão, bilheteria, premiações, patrocinadores, quadro de sócios, venda de jogadores, parcelamentos, empréstimos etc. Somando todas as receitas possíveis em 2015, os três grandes clubes do Recife registraram um faturamento de R$ 121 milhões, de acordo com os balanços financeiros apresentados por Náutico, Santa Cruz e Sport em 29 de abril de 2016. Numa primeira análise, um volume considerável de grana. No entanto, a dívida segue aumentando numa velocidade incrível, subindo pelo terceiro ano seguido.
Por uma questão de padronização, o blog usa a expressão “passivo”, somando o circulante e o não circulante – dados presentes em todos os balanços. O passivo não é um “sinônimo” de dívida, pois na questão contábil alguns números entram como receitas futuras, que não podem ser contabilizadas no último balanço. Aconteceu com o Sport em 2015, com R$ 18 milhões da cota de tevê, numa bonificação pela temporada de 2019, já paga pela Globo.
Receita operacional agregada 2011 – R$ 83.296.759 2012 – R$ 134.030.496 (+50.733.737, ou +60%) 2013 – R$ 116.488.865 (-17.541.631, ou -13%) 2014 – R$ 93.257.832 (-23.231.033, ou -19%) 2015 – R$ 121.173.612 (+27.915.780, ou +29%)
Passivo (soma dos passivos circulante e não circulante) 2011 – R$ 177.496.391 2012 – R$ 170.898.306 (-6.598.085, ou -3%) 2013 – R$ 182.045.072 (+11.146.766, ou +6%) 2014 – R$ 283.488.245 (+101.443.173, ou +55%) 2015 – R$ 348.163.829 (+64.675.584, ou +22%)
Curiosidade: caso a receita tivesse sido dividida de forma igualitária, cada um teria recebido no ano passado exatamente R$ 40.391.204.
Um fim de semana de contrastes no Recife sobre o Brasileirão. No domingo, o Santa Cruz goleou o Vitória, numa volta excepcional à elite. Com ataque funcionando – Grafite largou como artilheiro, ao lado do palmeirense Gabriel Jesus, com 2 gols -, fica o alento para a campanha que se inicia. É cedo, mas é agradável ver o nome coral lá em cima, na vice-liderança. No sábado, o Sport perdeu do Flamengo justamente por não contar com um ataque produtivo. No Rio, finalizou apenas uma vez – sim, uma vez. Acabou figurando na zona de rebaixamento, o que ainda não aconteceu desde a volta à elite, em 2014.
O Leão tem a mesma campanha do 14º lugar, mas teve um jogador expulso (Rithely), o quinto critério de desempate da competição. Sobre os cenários dos rivais, vale o simbolismo sobre a preparação de cada um para este momento da temporada. No próximo fim de semana, pernambucanos versus cariocas.
A 2ª rodadas dos representantes pernambucanos:
21/05 (18h30) – Fluminense x Santa Cruz (Volta Redonda) Histórico no Rio pela elite: nenhuma vitória coral, 2 empates e 4 vitórias do Flu
22/05 (18h30) – Sport x Botafogo (Ilha do Retiro) Histórico no Recife pela elite: 8 vitórias do Leão, 3 empates e 4 vitórias do Bota
Foram dois domingos consecutivos levantando taça. No domingo seguinte, celebrando a vitoriosa arrancada, a (re)estreia no Brasileirão. Uma partida aguardada há dez anos. O horário seria incomum, sobretudo no Nordeste, 11h. O povão foi lá com o sol na cabeça, apesar da trégua de algumas nuvens. Em campo, o Santa largou muito bem. Teve como personagem um dos símbolos deste momento, Grafite. Aos 37 anos, abriu o caminho para a goleada por 4 x 1 sobre o Vitória. Marcou duas vezes no primeiro tempo, com muito recurso.
O atacante começou se movimentando pouco, mas bastaria uma chance (e seriam duas). Aos 28, foi lançado, driblou um adversário, colocou a bola entre as pernas de Victor Ramos e concluiu com categoria. Aos 45, cabeceou firme. Ter um atacante com intimidade com o gol é algo básico no futebol. Antes de a bola rolar, o camisa 23 havia estipulado uma meta nesta Série A: 15 gols. Um número respeitável, pois de 2006 a 2015, com 38 rodadas, os artilheiros variaram de 17 a 23 gols. Portanto, o Grafa já começa com ótimo rendimento. Faltam treze.
Quanto ao restante do time, a formação de Milton Mendes segue compacta, ritmada. A ponto de a goleada sair após a saída do craque. Kieza descontou a dez minutos do fim, mas a reação foi imediata, via contragolpes, com o estreante Fernando Gabriel aproveitando o escorregão do zagueiro e Keno convertendo o pênalti sofrido por ele mesmo. Manhã excepcional. Reconhecimento também a Tiago Cardoso, presente (e decisivo) desde a Série D. Agora, fica a expectativa para algum reforço tarimbado para azeitar a campanha. Hoje, a permanência é o primeiro objetivo. Largar com uma vitória tranquila ajuda bastante.
Campeão carioca invicto, o Vasco entrou na Série B, a terceira de sua história, com a obrigação de subir como campeão. Afinal, só de cota da televisão receberá R$ 100 milhões, com 17 adversários ganhando R$ 5 milhões cada. Disparidade enorme, vista já na estreia. Em São Luís, o cruz-maltino atropelou o Sampaio Corrêa, 4 x 0, com três gols de Nenê, o principal nome da competição.
Enquanto isso, o Náutico foi derrotado na estreia, em Santa Catarina, aparecendo em 15º lugar na primeira atualização da classificação. Outra curiosidade na rodada ocorreu logo na abertura, na noite de sexta-feira, com três vitórias goianas (Vila Nova, Goiás e Atlético).
No G4, um carioca, um goiano, um gaúcho e um baiano.
A 2ª rodada do representante pernambucano 17/05 (21h30) – Náutico x Vila Nova (Arena Pernambuco)
A arrancada do Náutico na Série B de 2015 foi espetacular, com cinco vitórias e um empate. Pela tabela, não seria fácil repetir o desempenho em 2016. Mas da forma como aconteceu a derrota na estreia, o alvirrubro tem bastante a se lamentar. Começando pela falta de pontaria, com Rafael Coelho sendo um caso à parte. A chance perdida aos 19 minutos, embaixo da barra, fez muita falta.
A outra queixa é além da equipe, com um impedimento clamoroso não assinalado no lance decisivo da tarde no Heriberto Hülse. Gustavo concluiu um cruzamento da direita, aos 6 da etapa completamente, bem adiantado. Nem precisou de replay. Além da vantagem de 1 x 0, que seria definitiva, o lance acabou desestabilizando visitante, completamente acuado. Com mudanças pontuais, o Criciúma fez o básico para largar com três pontos no Brasileiro.
Quanto ao Náutico, o tempo de lamentação é curtíssimo, com o próximo jogo já na terça-feira, retomando a tradicional agenda da segundona. Na Arena, o técnico Alexandre Gallo já poderá contar com os primeiros reforços, como Maylson. Se tem algo que o time aprendeu no último ano, quando ficou a dois pontinhos do acesso, é que a recuperação precisa ser imediata. Numa Série B com Vasco, Bahia e Goiás não haverá espaço para má fase.
As carências técnicas do Sport são conhecidas. Até pelos adversários, claro. Ofensivamente, isso vai muito além de um goleador gabaritado. Falta o básico, chutar a gol. Na estreia do Brasileirão, contra o Flamengo, o time pernambucano finalizou apenas uma vez. Uma falta cobrada por Diego Souza, de longe. Defesa firme de Paulo Victor. Levando em conta que os leoninos já perdiam desde os quatro minutos, após Everton escorar um cruzamento rasteiro, gerado por um corte mal feito de Durval, seria mesmo difícil empatar o jogo em Volta Redonda.
Além da carência técnica, também pesou o contexto do sábado. A arbitragem de Marcelo Aparecido foi desastrosa. Nos seus pequenos detalhes, a atuação ruim do Sport tornou-se irreversível. Após a clássica sonolência inicial, o time melhorou e até passou a ter posse de bola, usando a ponta esquerda – na direita, Lenis teve uma atuação lamentável, marcado facilmente, até sozinho. Em uma troca de passes na área, o camisa 87 tocou para Vinícius Araújo, que driblou o goleiro e marcou. Gol anulado por impedimento, bem duvidoso.
Na sequência, Diego sofreu uma falta rente à área, cometida por Juan. Segue o jogo, com amarelo para o meia. Na retomada, o Sport perdeu Rithely com 30 segundos após uma entrada imprudente. Não para um vermelho direto. A partir dali, a limitação já estava multiplicada, sem força, padrão tático e ânimo para evitar o revés, 1 x 0 – enxuto porque Guerrero, Sheik e Cirino seguem longe do ideal. No próximo domingo, o ataque estará no olho do furacão. Sem Rithely, a marcação também. Algo se salvou? A volta de Magrão, com três boas defesas.
O Santa Cruz está de volta à Série A após uma década. A expectativa (nacional) é grande quanto à presença do povão no Arruda, no embalo da saga de reconstrução e dos dois títulos já alcançados em 2016. Entendendo o “fator casa” como preponderante para uma campanha segura no Campeonato Brasileiro, a direção estipulou ingressos a partir de R$ 10 (anel superior) e R$ 30 (inferior) para a estreia contra o Vitória. Com a demanda na arquibancada inferior, novos portões estão sendo abertos, tudo para evitar o gargalo.
O primeiro foi o 7, na Rua Petronila Botelho. Outros quatro devem ser abertos em breve. Segundo o clube, “novos portões estão sendo construídos para garantir mais conforto e segurança”. Com os novos acessos, o clube busca atender, também, às exigências de segurança do Corpo de Bombeiros, que reduziu a capacidade máxima de 60.044 espectadores para 50.582, segundo atestado de 25 de setembro de 2015. Ter um estádio aberto para até 60 mil pessoas, na elite, é um objetivo claro no Santa Cruz…
Em 20 participações no Brasileirão, a média tricolor é de 14.757 torcedores.
Confira a setorização do Arruda, segundo o laudo dos bombeiros, clicando aqui.
O Campeonato Brasileiro de 2016 será a 11ª edição com o mesmo formato, com pontos corridos e vinte participantes. Desta vez com os dois clubes mais populares de Pernambuco. Sobre o início da competição, fica a expectativa sobre o desempenho de cada um ao longo de 380 jogos. Quem começa como favorito ao título? E às vagas para a Taça Libertadores? Ao rebaixamento também, naturalmente. Trata-se de uma pauta tradicional nos guias anuais, com veículos nacionais avaliando as chances de todos os clubes, com critérios bem distintos. O blog compilou três listas, do portal globoesporte, do canal ESPN e do jornal Lance!, todos abertos. Santa Cruz (11º, 13º e 12º) e Sport (16º, 11º e 15º) ficariam em posições intermediárias, se mantendo na elite em 2017.
Campeão – Atlético-MG (2 projeções) e Palmeiras (1) G4 – Atlético-MG (3), Palmeiras (3), Corinthians (3), Santos (2) e São Paulo (1) Z4 – Ponte Preta (3), Figueirense (3), Coritiba (3), América-MG (2) e Vitória (1)
Globoesporte.com
A avaliação produzida pela equipe do globoesporte conta com seis categorias: elenco (peso 3), retrospecto (2), finanças (2), momento (2), fator casa (1) e foco na competição (1). Cada tópico recebe de 1 a 5 estrelas, com pontuação máxima de 55. Campeão regional e estadual, o Santa aparece em 11º, cotado para uma campanha segura. Em 16º, o Sport corre risco de queda.
ESPN Brasil
A projeção contou com onze jornalistas, incluindo profissionais da emissora e do site. A avaliação dos clubes aconteceu com cada um dando 20 pontos para o campeão, 19 para o vice, 18 para o 3º lugar e assim sucessivamente, até o lanterna, com apenas 1. A soma das opiniões resultou na avaliação de cada time, com pontuação máxima de 220 e mínima de 11. Sport (11º) e Santa (13º) ficariam na zona intermediária.
Lance!
O jornal estipulou sete categorias (goleiro, defesa, laterais, meio-campo, ataque, técnico e fator casa), conferindo de 1 a 5 estrelas em cada item. Ou seja, uma pontuação máxima de 35 estrelas. Ao todo, 14 jornalistas participaram. Nesta visão, o Santa faria uma campanha sem sustos, em 11º, enquanto o Sport larga com algum risco, com a 15ª avaliação da competição.
Em menos de um ano, o Sport firmou dois contratos com a Rede Globo. O primeiro acordo sobre a venda dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro iria até 2020. Agora, uma ampliação até 2024. Com bônus. O presidente leonino, João Humberto Martorelli, anunciara em fevereiro o primeiro prolongamento da parceria, sucedendo o contrato vigente, até 2018. Segundo o dirigente, contrariando notícias da imprensa paulista, a cota teria subido para o futuro período. O balanço financeiro de 2015, divulgado em abril, trouxe o valor das luvas, R$ 18 milhões – dinheiro ainda intacto. Em entrevista ao 45 minutos, ele revelou a nova extensão, a mesma dos demais clubes procurados.
Esse era o “plano” de Martorelli, que ao fechar por dois anos quis assegurar um futuro parcial e analisar o “mercado”, que esquentou após o Esporte Interativo angariar, até 2024, Santos, Inter e Bahia. Novamente procurado pela emissora carioca, os rubro-negros ampliaram o acordo – de tevês aberta e fechada, pay-per-view, internet e sinal internacional -, garantindo mais uma bonificação pela assinatura. Como da vez anterior, o mandatário não revelou a quantia.
A título de curiosidade, caso o valor seja proporcional à primeira luva, então o clube receberia agora R$ 36 milhões, à parte da cota regular, anual. O valor deverá ser pago este ano. Logo, será possível verificar no próximo balanço fiscal. Em tempo: segundo Martorelli, esse dinheiro não é adiantamento.
Cotas anuais de televisão do Sport 2015 – R$ 46.634.115 2014 – R$ 32.080.055
Obs. Santa e Náutico também acertaram com a Rede Globo de 2019 a 2024.