Após três derrotas, o Náutico venceu o Avaí, em São Lourenço, e voltou a subir na classificação na Série B. Retornou ao 8º lugar. Mais importante que a posição nesta 17ª rodada, foi ver, neste momento, a diminuição da diferença para o G4. Beneficiado pelo empate do CRB e, sobretudo, pela derrota do Atlético-GO para o vice-lanterna Tupi, o Timbu ficou a cinco pontos do grupo de acesso – eram oito. Com a boa sequência em casa – 3 jogos na arena em 4 rodadas, contando a partir da última sexta-feira -, o alvirrubro tem condições de se reaproximar. Agora, vai encarar… o Tupi. Cuja lição já foi dada.
O momento era bem mais favorável ao Santa Cruz, jogando em casa e com duas vitórias seguidas. Enfrentaria um adversário direto na briga contra o descenso, até então no Z4 e sem vitórias como visitante. O Coritiba não vencia há três rodadas. No futebol, essa introdução só serve para comprovar que a lógica, de vez em quando, é revirada. O Coxa ganhou por 1 x 0 no Arruda, saiu da zona e deixou o campeão nordestino numa situação complicada neste final de turno no Brasileirão. Após perder como mandante pela 5ª vez em 9 jogos, vai encarar uma sequência com Galo (fora), Grêmio (fora) e São Paulo (casa).
Teoricamente, não deve avançar muito a sua situação, hoje com 17 pontos. Somente com a lógica revirada outra vez. Para isso, vai precisar jogar bola. Contra o alviverde não chegou nem perto da vitória. Suspenso pelo terceiro amarelo, Grafite foi a principal ausência. O substituto Marion deixou o jogo ainda no primeiro tempo, para a entrada de Bruno Moraes, após o gol paranaense. Ladeado por Keno e Arthur (até a entrada de Danilo Pires), o centroavante pouco fez. Aliás, o sistema ofensivo foi quase inofensivo.
Apesar do placar magro, o Coritiba poderia ter deixado o Recife com uma vitória mais elástica. Abriu o placar com Kléber Gladiador, batendo colocado após assistência de Kazim. Um lance dentro da área coral ocasionado após um corte errado de Tiago Costa – erraria mais. O time teve uma chance enorme para ampliar com o mesmo Kléber, que desperdiçou uma penalidade na etapa final. Foi lento para a cobrança, esperando a queda de Tiago Cardoso, que se manteve firme até o último instante. Foi o 7º pênalti defendido pelo goleiro no tricolor. Nos descontos – 5 minutos, sem ter mesmo um “abafa” dos corais -, Felipe Amorim ainda mandou na trave depois de encobrir Tiago Cardoso. As vaias dos 10.021 torcedores foram bem além do resultado. Faltou futebol.
De 22 de julho até 20 de agosto, num período intercalado pela Olimpíada, o Náutico só fará quatro partidas na Série B, mas essa agenda é essencial para o seu reposicionamento na briga (real) pelo G4, de onde chegou a ficar a oito pontos de distância. Afinal, a tabela marcou três jogos na arena, contra Avaí, Tupi e Criciúma. Confrontos ao alcance do alvirrubro, que precisa de um desempenho acima da média, como mandante, para apagar o prejuízo das oito rodadas anteriores. O primeiro, numa noite de sexta-feira com 2.147 torcedores, passou com sobras. A vitória por 3 x 1 tranquilizou o ambiente para enfrentar o vice-lanterna em uma semana, no mesmo (e indigesto) horário das 21h30.
Contra o alviazulino de Floripa, o Timbu só precisou de 40 segundos para ficar em vantagem. Jefferson Nem arriscou pela esquerda e Rony completou o lance, facilitando o jogo. O time armado por Gallo entrou com um meio-campo formado por João Ananias, Maylson (muito bem), Renan Oliveira e Hugo. Possivelmente, o melhor quadro possível para este elenco. Com força na marcação e qualidade técnica (teoricamente, suficiente nesta competição). O Avaí até estava invicto havia seis rodadas, mas se perdeu logo. Com apenas meia hora de bola rolando ficou com um a menos, na justa expulsão do zagueiro Renato Silveira, com dois amarelos imprudentes – entrada forte em um e segurando o adversário depois.
Antes do intervalo, Eduardo se antecipou numa cobrança de escanteio e, de cabeça, ampliou. Assim, já seria até possível diminuir o ritmo na segunda etapa. O que aconteceu de vez quando Jefferson Nem marcou o terceiro. Apesar do gol de honra, aos 42, foi uma partida segura, necessária para um time que vinha de um revés difícil de aceitar, como foi o do Serra Dourada. Juntando os cacos, o Náutico reinicia a sua caminhada. Ainda tem campeonato demais.
Por tudo o que representa, tecnicamente em campo e moralmente fora dele, o atacante Grafite já está na história do Santa Cruz. Como parte decisiva para a reconstrução do clube. Agora, também faz parte da imersão da torcida nas arquibancada do Arruda. Ao entrar pelo portão 7 do anel inferior, na Rua Petronila Botelho, o tricolor pode conferir uma arte com o atacante, o grafite do Grafite.
A obra foi produzida pelo artista (e torcedor) Bozó Bacamarte, com a assinatura do próprio ídolo. O acesso foi rebatizado de “Portão Graffa23”, com inauguração no jogo Santa x Coritiba, pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Confira o gráfico com todos os portões do estádio coral aqui.
Uma equipe de profissionais do Banco Itaú BBA realizou um relatório sobre 27 clubes do futebol brasileiro. Um raio x sobre receitas e despesas. Considerando faturamento absoluto em 2015, foram R$ 3,64 bilhões, montante dividido em cotas de tevê (42,2%), bilheteria e sócios (17,4%), publicidade e patrocínio (14,9%), transações de atletas (12,4%), estádio (5,6%) e outras fontes (7,3%).
Todos os números foram colhidos nos balanços oficiais dos clubes, divulgados em abril deste ano. Além de “traduzir” as cifras, até porque os documentos não seguem um padrão (de informação), os especialistas deram o aval sobre a situação de cada um, projetando cenários em médio e longo prazo. Entre as equipes presentes, cinco do Nordeste, Bahia, Náutico, Santa, Sport e Vitória. Abaixo, as conclusões sobre os times da região, além da íntegra do documento Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros de 2016.
Confira o ranking de receitas no triênio 2013-2015 numa resolução melhor aqui.
Bahia (da página 58 a 62) Colocando a casa em ordem
O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015. Operacionalmente conseguiu aumentar suas receitas, reduziu custos e despesas e assim gerou mais caixa e de forma consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut. O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo. Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.
O Náutico parece não se conhecer. Clube de alcance regional, tem acesso limitado a receitas, mas ainda assim apresenta custos e despesas acima das receitas há dois anos. Isso só dificulta o clube a manter as contas em dia. Se nada for feito para reverter o quadro, uma possível adesão ao Profut vai drenar caixa do clube e pode colocá-lo em risco num futuro próximo. Mas sem isso fica impossível se equilibrar.
Santa Cruz (da página a 143 a 147) Procurando se encontrar
O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: 1) esportivamente foi muito bem, especialmente considerando sua capacidade de investimento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; 2) financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas. Vai contar com o crescimento das receitas de quem chega à Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o dinheiro apenas para reforçar elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos em estratégias de longo prazo. Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.
Sport (da página a 158 a 162) Olhando para o futuro
O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas. 2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo que se utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva mas dentro de suas possibilidades. É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consistente.
Vitória (da página 168 a 172) Vitória de todos os Santos
Impressionante a postura correta adotada pela gestão do Vitória em 2015. Ao cair para a Série B e observar redução potencial de receitas o clube agiu e reduziu mais que proporcionalmente seus custos e despesas, adequando-os à realidade do ano. Resultado foi um desempenho econômico-financeiro equilibrado, com excepcional geração de caixa, contas aparentemente em dia, e dinheiro em caixa para iniciar 2016 na Série A com mais fôlego para buscar sustentabilidade de longo prazo na principal divisão do país. Comportamento exemplar, incluindo a manutenção de investimentos em base, que geram resultados de longo prazo. Claramente um clube pensando no futuro.
Com o Clássico das Multidões homologado na Copa Sul-Americana, aumentou a lista de jogos para o Troféu Givanildo Oliveira, a disputa comemorativa instituída pela FPF para celebrar o centenário do duelo entre rubro-negros e tricolores, comemorado em 6 de maio de 2016. O regulamento é simples, somando todas as partidas oficiais entre os dois rivais nesta temporada. Inicialmente, havia a possibilidade de 4 a 10 jogos, dependendo do desempenho de cada um. No fim das contas, 8 partidas – só não chegou ao máximo porque não houve a decisão no Nordestão, com o time leonino caindo na semifinal.
O vencedor do troféu, que homenageia o ídolo de ambos (detentor de 16 títulos estaduais), será o clube com mais pontos somados nos confrontos. Em caso em empate na pontuação, a taça ficará em posse da FPF, exposta no salão nobre da sede da entidade, na Boa Vista, uma vez que não há outro critério de desempate, como saldo de gols e gol fora de casa.
Jogos disputados em 2016 21/02 – Sport 2 x 1 Santa Cruz (Estadual) 10/04 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (Estadual) 04/05 – Santa Cruz 1 x 0 Sport (Estadual) 08/05 – Sport 0 x 0 Santa Cruz (Estadual) 01/06 – Santa Cruz 0 x 1 Sport (Série A)
Jogos marcados a disputar 24/08 – Santa Cruz x Sport (Sul-Americana)* 31/08 – Sport x Santa Cruz (Sul-Americana)* 11/09 – Sport x Santa Cruz (Série A) * As datas ainda serão confirmadas pela Conmebol
Classificação após 5 jogos 8 pontos – Sport 5 pontos – Santa Cruz
Para dar Sport
Com três pontos de vantagem, o Leão precisa, nos jogos restantes, de três empates ou, pelo menos, uma vitória e um empate. Curiosidade: como no Estadual, “decidirá” na Ilha.
Para dar Santa Cruz
A missão tricolor é complicada. Para levar a troféu, necessita somar ao menos sete pontos nos três jogos restantes. Logo, duas vitórias e um empate ou três vitórias seguidas.
Para ficar com a FPF
Como a regra prevê a posse “neutra”, existem duas situações de empate, com 10 x 10 ou 11 x 11. Ou seja, dois empates e uma vitória coral ou uma vitória leonina e duas vitórias corais.
Um confronto para história, digno de um duelo centenário. Sport e Santa Cruz vão se enfrentar na Sul-Americana de 2016, na primeira versão internacional do Clássico das Multidões. A composição deste jogo é um capricho (onipresente) do futebol, que condiz com uma das maiores rivalidades do país.
Com a pré-vaga ao torneio desde o 6º lugar obtido na última Série A, o Sport confirmou a prioridade na Sula, em detrimento da Copa do Brasil, em abril, em um comunicado oficial. Seria a quarta participação seguida dos leoninos. Neste período, o Santa Cruz ganhou força e conquistou o Nordestão, assegurando a mesma pré-vaga. Os rivais precisariam deixar a Copa do Brasil para confirmar a presença na copa internacional, devido ao esdrúxulo regulamento da CBF. Dito e feito, com Aparecidense e Vasco. No sorteio, o magnetismo do clássico deixou as bolinhas Brasil 1 (Sport) e Brasil 7 (Santa) frente a frente.
Retrospecto, segundo dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro 549 jogos 229 vitórias do Sport 166 vitórias do Santa 154 empates
Logo, os jogos no Recife serão os capítulos 550 e 551, com muita coisa em disputa. Ambos já largam na segunda fase da Sula, ganhando cotas de R$ 988 mil. Ao vencedor do mata-mata, um lugar nas oitavas de final e uma premiação de R$ 1,23 milhão. E a partir daí começa a verdadeira rota internacional, já definida pela Conmebol. Eis os principais adversários a cada fase:
Oitavas – Independiente Medellín-COL, Universidad Católica-EQU, Sportivo Luqueño-PAR ou Peñarol-URU Quartas – Santa Fé-COL, Cerro Porteño-PAR e Universidad Católica-CHI Semi – Estudiantes-ARG, Atlético Nacional-COL, Brasil 6 e 4, Bolívar-BOL Final – San Lorenzo-ARG, Independiente-ARG, Lanús-ARG, Brasil 3, Universitario-PER, Emelec-EQU e Libertad-PAR
Confira o chaveamento completo da Copa Sul-Americana clicando aqui.
Qual é a sua expectativa para a Sula? Quem larga como favorito no clássico?
Enquanto o tricolor estreia em torneios internacionais, o rubro-negro disputa a fase nacional da competição pela 4ª vez, sempre contra rivais nordestinos.
2013 Sport 2 x 0 Náutico Náutico (1) 2 x 0 (3) Sport
2014 Sport 0 x 1 Vitória Vitória 2 x 1 Sport
2015 Bahia 1 x 0 Sport Sport 4 x 1 Bahia
2016* 24/08 – Santa Cruz x Sport 31/08 – Sport x Santa Cruz
* Datas a confirmar
O Santa chegou a descer para o vestiário, no intervalo, classificado às oitavas da Copa do Brasil. O empate sem gols com o Vasco era o suficiente, construído por uma formação mista, como já havia ocorrido no Rio. Ainda que o meia João Paulo tenha sido acionado no segundo tempo, dando a impressão de um fortalecimento técnico, o time carioca foi mais obstinado, ficando sempre em vantagem, com Andrezinho, Pikachu e Jorge Henrique. Fez 3 x 2 no Mundão. O resultado encerrou a participação coral no mata-mata nacional, mas, por outro lado, confirmou a presença do clube na Copa Sul-Americana de 2016.
Trata-se de uma inédita participação internacional, desejada há tempos e prevista no plano de metas do presidente Alírio Moraes para 2017. Antecipou em um ano. Com a pré-vaga desde o também inédito título nordestino, o clube precisava escolher, devido à injustificável regra da CBF, entre Copa do Brasil e Sula. Ainda que a decisão não tenha sido tomada claramente, ao poupar seis titulares contra os cruz-maltinos – visando o importante jogo contra o Coritiba, pela Série A -, o tricolor pavimentou a ida ao torneio organizado pela Conmebol.
Claro, os 14 mil torcedores que foram ao estádio têm o direito de lamentar o revés. Porém, baixando a poeira e analisando de forma racional, a nova vaga merece ser comemorada, pois representa mais um passo na paulatina reconstrução do Santa. Se deixou de ganhar R$ 840 mil pela classificação nacional, assegurou R$ 988 mil pela participação internacional, onde o Santa terá de cara o Clássico das Multidões, sem direito à escalações alternativas.
O título da Copa do Nordeste passou a valer vaga na Copa Sul-Americana a partir de 2014. Inicialmente como “Brasil 8”, entre os representantes do país no sorteio do torneio. Em 2015 chegou à condição atual, como “Brasil 7”, ficando à frente do campeão da Copa Verde entre os oito times brasileiros na Sula. Naturalmente, as vagas Brasil 1, 2, 3 e 4 oferecem uma condição melhor que a 5, 6, 7 e 8, decidindo a fase nacional em casa, além de, em tese, serem preenchidas pelos times mais bem colocados no Brasileiro. O “em tese” se justifica justamente por causa da regra aplicada ao campeão nordestino.
Havia a dúvida se o campeão regional poderia ter uma condição melhor que o Brasil 7, caso também conseguisse a classificação através da “fila”, na relação Brasileiro/Copa do Brasil – com os melhores colocados no campeonato excluindo os classificados às oitavas da copa nacional.
Poderia ser o caso, por exemplo, do Santa Cruz em 2016. Após o inédito título na Lampions, garantindo a pré-vaga como Brasil 7, o time pernambucano poderia, também, ser o 6º melhor colocado na tal fila. Logo, evoluiria a sua condição internacional. Tecnicamente, faria sentido (na visão do blog, seria justo até). Ou, caso contrário, seria sempre Brasil 7 independentemente do lugar no fila? Basta citar o Sport, classificado à Sul-Americana como Brasil 1. Caso o rubro-negro tivesse sido o campeão nordestino deste ano, viraria Brasil 7?
Segundo a CBF, “sim” para as duas perguntas.
O blog entrou em contato com o departamento de comunicação da confederação, que tirou a dúvida via e-mail, citando um trecho do regulamento (conhecido, mas com brechas) e expondo, de forma clara, o fim do impasse:
“Regulamento Específico da Competição – Brasileirão 2015
Art. 6º – Para a Copa Sul-Americana/2016 classificar-se-ão os seis primeiros colocados do Campeonato Brasileiro da Série A de 2015, excluídos os clubes classificados para a Quarta Fase da Copa do Brasil/16; os clubes participantes da Série A/15 que obtiverem vaga à Copa Sul-Americana/16 através de competições regionais (Copa do Nordeste e Copa Verde), também são excluídos quando da identificação dos classificados oriundos da Série A.
O campeão da Copa do Nordeste não faz parte da distribuição de vagas a partir da classificação no Campeonato Brasileiro.”
Em 2016, esse posicionamento deixa o Clássico das Multidões no caminho.
Sobre o o resultado de Santa x Vasco, pela terceira fase da Copa do Brasil:
Se o Santa avançar no torneio nacional, Sport x Campinense na Sula Se o Santa sair do torneio nacional, Sport x Santa Cruz na Sula
O público-alvo para o Trio de Ferro, em busca de novos sócios, estava concentrado há mais de um ano no cadastro do Todos com a Nota, a campanha com subsídio estatal desativada desde então. Eram 420 mil pessoas no Grande Recife, sendo 207 mil rubro-negros, 124 mil tricolores e 89 mil alvirrubros. Boa parte dessa gente, presente nas camadas populares, acabou afastada dos estádios por causa da volta da cobrança de ingressos (em vez da troca por notas fiscais). Com isso, gerais vazias na Ilha do Retiro (atrás da barra), Arruda (anel superior) e Arena Pernambuco (atrás da barra, anel inferior).
Em maio de 2015 o blog alertou sobre a fonte de receita com a reativação dessa torcida, projetando a adesão de 20% com a mensalidade mínima na elite do futebol nacional, R$ 9,90. A cada mês, proporcionaria R$ 410 mil ao Sport, R$ 246 mil ao Santa e R$ 176 mil ao Náutico. Agora, em julho de 2016, após a análise e estruturação do projeto, o Leão enfim lançou uma campanha de sócios (“São gerações e corações fazendo a história”) voltada para este público.
A iniciativa é diferente daquela sugerida pelo blog. Em vez de R$ 9,90 (plano do Corinthians, que dá preferência na compra de ingressos), um plano de R$ 28,50, mas com livre acesso aos jogos do time, exclusivamente na arquibancada da sede, o nome atual da geral. Abaixo, alguns cenários de associados e receitas imaginados pelo blog. Com o valor estipulado pelo clube, considere 10% de impacto sobre o TCN. Ou seja, 20 mil novos sócios, totalizando 48 mil titulares adimplentes, se aproximando da meta (e obsessão) do Sport, de 50 mil.
Projeção de cenários com os grandes clubes a partir da ideia leonina:
% sobre os 207.174 rubro-negros no TCN x mensalidade (R$ 28,50) 20% (41.434) = R$ 1.180.869 10% (20.717) = R$ 590.434 5% (10.358) = R$ 295.903
% sobre os 124.372 tricolores no TCN x mensalidade (R$ 28,50) 20% (24.874) = R$ 708.852 10% (12.437) = R$ 354.426 5% (6.218) = R$ 177.213
% sobre os 89.152 alvirrubros no TCN x mensalidade (R$ 28,50) 20% (17.830) = R$ 508.098 10% (8.915) = R$ 254.049 5% (4.457) = R$ 127.024
“Era um desejo antigo do presidente ter uma categoria de preço acessível e que pudesse dar o benefício do acesso livre também, suprindo, inclusive, a carência deixada com o fim do Todos Com a Nota. Encontramos uma maneira viável.”
Declaração da diretora executiva de marketing do Sport, Melina Amorim.
Como o plano de sócio-torcedor já existia (com o mesmo valor), a vantagem torna-se retroativa aos antigos membros da categoria. Assim, quem pagava meia entrada na geral passa a ter entrada garantida. O acesso aos jogos será feito através do site sportdeverdade.com.br, com um “check-in” a cada partida, até esgotar a lotação do setor. Seriam 6.653 lugares, mas, por questão de segurança, o Corpo de Bombeiros limitou em 4.952 pessoas. Um eventual sucesso do programa poderia gerar uma ampliação do espaço.
A ressalva sobre a campanha está no fato de o sócio-contribuinte (R$ 45,00 por mês) não ter o mesmo direito. À parte de benefícios como voto e dependentes, segue com a meia entrada. Inclusive à geral, liberada para quem paga menos.