Árbitro de vídeo no Brasileirão a partir de 2016. Bravata ou não, a CBF pediu à Fifa

Tecnologia no futebol? Crédito: Fifa

A quantidade de erros dos árbitros no Campeonato Brasileiro de 2015 pode ter motivado uma mudança histórica. O “pode” se deve à vontade da International Football Association Board (Ifab), o órgão que regulamenta as regras do futebol, através da Fifa, acerca da solicitação da CBF, a pedido dos clubes, para o uso da tecnologia nas partidas da Série A a partir de 2016 (e posteriormente das demais séries). O tal “árbitro de vídeo”, consultado pelo juiz principal, analisaria os seguintes lances (polêmicos), de acordo com a confederação brasileira:

a) Dúvida se a bola entrou ou não no gol.
b) Saídas da bola pela linha de fundo, quando na mesma jogada ou contexto for marcado gol ou pênalti.
c) Definição do local das faltas nos limites da grande área, para definir se houve ou não pênalti.
d) Gols e pênaltis marcados, possibilitados e evitados em razão de erro em lances de faltas claras/indiscutíveis, não vistas ou marcadas equivocadamente.
e) Impedimentos por interferência no jogo, caso na jogada haja gol ou pênalti.
f) Jogo brusco grave ou agressão física (conduta violenta) indiscutíveis não vistos ou mal decididos pela arbitragem.

Ou seja, o uso das imagens da televisão a caminho do Brasileirão seria uma espécie de “laboratório” para todas as competições mundo afora – em 2011, por exemplo, o Campeonato Pernambucano foi um teste em relação aos árbitros de linha de fundo. A infraestrutura para essa novidade nem seria um problema, pois todas as 380 partidas da competição são televisionadas, com pelo menos 16 câmeras instaladas. O mesmo cenário ocorre na Série B, diga-se.

O debate entre a CBF e os clubes deve analisar, também, o número de ações durante a partida, para que a peleja não seja paralisada constantemente, como ocorre na NFL. Com o fraco rendimento dos árbitros do país, é capaz de o futuro “árbitro de vídeo” se tornar o verdadeiro árbitro do jogo…

Podcast 45 (170º) – Queda de rendimento do Sport e a dificuldade de G4 para PE

Com a 169ª edição focada nas apresentações de Náutico e Santa, o 170º podcast detalhou Goiás 1 x 0 Sport, com o revés no Serra Dourada, a queda de rendimento no campeonato e a pressão sobre o técnico Eduardo Batista. Além disso, o 45 minutos também entrou na resenha de filmes, música etc.

Confira um infográfico com as principais atrações da gravação aqui.

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Classificação da Série A 2015 – 24ª rodada

Classificação do Brasileirão 2015 após 24 rodadas. Crédito: Superesportes

Há dez jogos sem vitória. Por sinal, foi apenas um resultado positivo nas últimas 14 rodadas. A curva descendente do Sport o colocou em outro patamar no Brasileirão, o de sempre em suas participações nos pontos corridos: briga para não cair. E já preocupa, a seis pontos do Z4. O Leão é, hoje, o time há mais tempo sem vencer no Brasileirão (53 dias). Nem o lanterna Vasco. O time carioca, aliás, ganhou da Ponte Preta na 24ª rodada, e fora de casa, coisa que o Leão ainda não conseguiu em doze tentativas nesta edição. Na última delas, em Goiânia, o Sport perdeu do Goiás. Lá em cima, o Corinthians, com dois empates seguidos viu a aproximação do Galo, esquentando mais uma vez a disputa.

A 25ª rodada do representante pernambucano
13/09 (18h30) – Sport x Fluminense (Arena Pernambuco)

Histórico no Recife pela elite: 5 vitórias leoninas, 6 empates e 3 derrotas.

A incompetência do Sport em Goiás coloca o time na briga contra o descenso

Série a 2015, 24ª rodada: Goiás 1x0 Sport. Foto: Goiás/site oficial

A incompetência do Sport em um Serra Dourada deserto deixou o time em uma situação preocupante em relação à permanência na Série A. Isso mesmo, o mesmo time que chegou a liderar durante cinco rodadas, agora acumula uma sequência de dez jogos sem vitória, descendo a ladeira na classificação (hoje em 11º). O revés diante do Goiás, por 1 x 0, deixou o Leão a seis pontos do Z4.

Em Goiânia, a performance foi de domínio territorial, mas com muitos erros nos passes e nas finalizações. Os rubro-negros tiveram quatro chances claríssimas para abrir o placar, duas delas (Maikon Leite e Elber) cara a cara, parando no goleiro Renan. Após o desperdício em série e com as trocas de seis por meia dúzia, o empate zerado parecia encaminhado. Se o resultado já não agradava – seria o 13º empate, sem tirar a equipe do canto -, imagine um contragolpe aos 35, a partir de um lateral quase na linha de fundo do adversário? Pois é. A bola foi retomada e enfiada para Carlos Eduardo, que acabara de entrar. Ferrugem não matou a jogada e Danilo Fernandes saiu de forma precipitada.

Derrota consumada, fazendo o jejum se aproximar do pior da história leonina no Brasileirão (12 partidas em 1999). E a zona de rebaixamento próxima deve trazer outro problema a curto prazo. A Copa Sul-Americana, preterida há um mês pelo técnico Eduardo Batista e pela diretoria, por causa da “busca pelo G4″, talvez seja preterida mais uma vez, “para escapar do rebaixamento”.

Série A 2015, 24ª rodada: Goiás 1x0 Sport. Foto: ANDRÉ COSTA/ESTADÃO CONTEÚDO

A avaliação do Campeonato Brasileiro 2015, segundo o Ibope

A CBF encomenou ao Ibope uma pesquisa para avaliar o Campeonato Brasileiro de 2015, a partir da percepção do próprio torcedor. Foram 1.200 entrevistas realizadas em 248 cidades, entre os dias 17 e 22 de junho. Metade aprova a competição. Contudo, o estudo traz outros detalhes, como nível técnico dos jogos e da infraestrutura, segurança nos estádios etc.

Um dos questionamentos mais interessantes se refere ao horário preferido do público: 20h30 na quarta-feira e 16h no domingo. 22h? Só uma empresa gosta.

Qual é o principal para fator para afastar o público? Violência, claro, com 25%.

Confira a íntegra da pesquisa.

Íbis, Olinda e Timbaúba em ação no campeonato mais equilibrado do mundo

Série A2 do Estadual 2015: Íbis 1x8 Olinda, Timbaúba 2x8 Íbis e Olinda 0x1 Timbaúba. Fotos: Ibismania/twitter e FPF/site oficial

A sequência de jogos entre Íbis, Olinda e Timbaúba, na segunda divisão pernambucana de 2015, chamou a atenção pelos resultados, sem qualquer nexo técnico, a não ser o fato de ser algo possível basicamente no “futebol”.

30/08 – Íbis 1 x 8 Olinda
06/09 – Timbaúba 2 x 8 Íbis
09/09 – Olinda 0 x 1 Timbaúba

Quem levou de 8, marcou 8. E que perdeu deste, se reucuperou vencendo o primeiro a ganhar de 8. Sem contar o fato de que todas as vitórias ocorreram fora de casa na competição restrita a atletas de até 23 anos.

A partir desses três jogos, vale apresentar como curiosidade os campeonatos mais equilibrados da história, segundo banco de dados do site RSSSF, especializado em estatísticas do futebol. E é preciso ir bem longe, no tempo e nas divisões, para achar algo realmente surpreendente.

O torneio mais parelho que se tem notícia foi o campeonato romeno da terceira divisão da temporada 1983/1984. Exceção feita ao campeão, sete pontos à frente do vice, os outros 15 times foram separados por três pontos após trinta rodadas! Nove equipes terminaram com 29 pontos, entre o 7º e o 15º, este rebaixado. E sem contar o fato de que oito times são chamados de “Minerul”.

Vitória valendo 2 pontos e empate 1 ponto.

Campeonato Romeno da 3ª divisão de 1983/1984. Fonte: RSSSF

O segundo caso de maior equilíbrio foi na África, na edição 1965/1966 do campeonato marroquino. Com 14 clubes, também no formato pontos corridos, a diferença entre o campeão (Wyad Casablanca) e o lanterna (Maghreb) foi de apenas oito pontos. O Kawkab, de Marrakech, terminou em 5º lugar, com 53 pontos, a quatro pontos do título e quatro pontos do rebaixamento.

Vitória valendo 3 pontos, empate 2 pontos e derrota 1 ponto (sim, derrota).

O campeonato marroquino de 1965/1966. Fonte: RSSSF

Memorial do Sport até 2016, na tentativa de transformar história em dinheiro

Troféus do Brasileirão de 1987, leão do Norte 1919 e da Copa do Brasil de 2008. Fotos: rankingdeclubes.com.br, Diario de Pernambuco e memorialdosport.blogspot.com.br

O Sport já catalogou 1.700 objetos históricos em sua sala de troféus, num trabalho comandado por Fernando Bivar. Inicialmente, o trabalho visava a composição do memorial do clube. O ano era 2008, com o futuro museu ao lado da loja rubro-negra. Além das taças, o visitante poderia conferir padrões utilizados aos longos dos anos, flâmulas, bolas de grandes partidas, documentos, fotos e vídeos. O projeto, agendado para  fim de 2009, não saiu do canto, com a apertada sala de troféus ainda sob os cuidados de Baixa.

Seis anos depois, o clube apresenta um novo projeto para o Memorial, “com a intenção de criar um espaço para a visitação das mais variadas pessoas, que por qualquer motivo, se interessem pela história do Sport, o memorial está sendo idealizado para se tornar também, mais um ponto turístico da cidade do Recife”. Neste nicho do mercado, os museus de Barcelona e Real Madrid são os cases mundiais (e mais rentáveis), com espaços abusando da tecnologia.

No Brasil, um bom exemplo sobre visitação paga – uma fonte alternativa de receita – está no Santos, com espaços exclusivos sobre Pelé e Neymar e exposições especiais. O local já chegou a receber 26 mil pessoas em um mês. Tentando se inserir neste contexto, desta vez o Leão prevê a inauguração até dezembro de 2016. Ou seja, o mesmo período de execução da tentativa anterior.

Até lá, as taças do Brasileirão de 1987, do Leão do Norte em 1919, que deu origem ao mascote, e da Copa do Brasil de 2008, as mais procuradas, seguem isoladas, com a visitação restrita a um ambiente já defasado.

Confira a situação atual das salas de troféus dos clubes pernambucanos aqui.

Eis os maiores memoriais do futebol brasileiro…

1.505 m² – Grêmio (a ser concluído)
Memorial do Grêmio na Arena. Foto: Rodrigo Fatturi/Grêmio

1.500 m² – Corinthians
Memorial do Corinthians. Foto: cidadedesaopaulol.com

1.200 m² – Internacional
Memorial do Internacional, no Beira-Rio. Foto: Inter/site oficial

500 m² – Flamengo
Memorial do Flamengo. Foto: Flamengo/site oficial

500 m² – São Paulo
Memorial do São Paulo. Foto: SPFC

380 m² – Santos
Memorial do Santos. Foto: Santos/site oficial

Nas notas oficiais de Náutico e Santa, a miopia sobre o problema das organizadas

Miopia

A partir das notas oficiais de Náuticoe Santa Cruz após a confusão entre as torcidas organizadas nos Aflitos é possível entender um pouco a postura de cada clube com um problema histórico no futebol pernambucano.

Na nota alvirrubra, o “desconhecimento” por parte da direção de que a Terror Bicolor havia passado a tarde na sede, a convite dos integrantes da Fanáutico.

“A diretoria do clube fará uma rígida apuração interna dos fatos e tomará todas as providências para identificar os envolvidos e denunciar às autoridades competentes qualquer um que tenha tido participação no lamentável incidente.” 

nota tricolor soou ainda pior. O texto aponta o “extenso histórico de violência” da Terror Bicolor (facção do Paysandu), mas não diz uma linha sequer sobre o mesmo comportamento da Inferno Coral.

“Foi com surpresa que a diretoria do Santa Cruz tomou conhecimento de que a referida torcida (Terror), com um extenso histórico de violência, tinha sido acolhida na sede do Náutico durante a tarde de ontem.” 

Segue com o seguinte trecho: “se faz necessário identificar os envolvidos, caracterizando individualmente a ação de cada um”. Claro que isso é importante, mas ao mesmo tempo passa a imagem que a “generalização” caracterizaria a culpabilidade da torcida organizada (visão que só se ‘aplica” à Terror Bicolor).

“Punições genéricas, por mais espetaculares que possam parecer aos olhos da opinião pública, apenas reforçam a sensação de impunidade individual.” 

Pois é, o Náutico não sabia que a organizada do Papão estava em sua sede e o Santa não reconhece o histórico de violência da Inferno. Essa miopia beira a conivência. E o Sport neste contexto? Errou bastante, durante anos. Até o presidente do clube, João Humberto Martorelli, iniciar uma cruzada, só em 2015, para romper a relação, com a exclusão de sócios ligados à Torcida Jovem, a proibição do uso da marca, de espaços no clube e até ação na justiça.

Não há margem para clubismo na discussão, sobre um duradouro problema, que tem no estado a maior omissão, com o inoperante serviço de inteligência da secretaria de defesa social e a impunidade quase onipresente na justiça. Um cenário inseguro que vai minando a maioria (de bem) nos jogos de futebol…

Podcast 45 (169º) – Balanço da Série B, mudança tática no Sport e organizadas

Após um merecido feriadão para a equipe do 45 minutos, chega a nova edição, fazendo um balanço das duas últimas rodadas da Série B, entre sexta e terça-feira. Jogos que derrubaram Náutico e Santa na tabela. Detalhamos as atuações e a mira em Vitória e Bahia, com 41 pontos. Sobre o Sport, há nove jogos sem vencer na Série A, o foco foi na possível mudança na postura tática do time, com Diego Souza de segundo volante e Régis na articulação. Aprova a ideia de Eduardo Batista? Infelizmente, mais uma vez tivemos que tocar no assunto “violência”, após a confusão entre as organizadas no bairro dos Aflitos.

Confira um infográfico com as principais atrações da gravação aqui.

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Violência entre torcidas organizadas no Recife mesmo em um jogo sem rivalidade

Briga de torcida organizada em 08/09/2015

Qual é a rivalidade entre Santa Cruz e Paysandu? À parte da disputa N/NE, só no campo. Como pode, após este jogo, no Arruda, ocorrer uma briga generalizada de torcidas dos dois clubes em frente à sede do Náutico (sim, nos Aflitos)? Por mais que as pontas sejam difíceis de atar, há uma explicação.

Sendo bem direto: as ramificações das torcidas organizadas.

É o cerne do problema que terminou a com a morte de Paulo Ricardo, atingido por um vaso sanitário no Arruda após Santa x Paraná, em 2014. Ali, também não havia qualquer traço de rivalidade entre os times e suas torcidas. Entre as facções, havia. Inferno x Fúria Independente/Torcida Jovem.

Torcida organizada do Paysandu na sede do Náutico, no momento da confusão em 08/09/2015

Essa união interestadual é baseada no apoio logístico, como hospedagem, material e transporte nos jogos fora de casa. No início, talvez, uma boa ideia. Hoje, mais um canal para difundir a violência. Não por acaso, se passou um ano e surgiu outro episódio com uma coalização, a Terror Bicolor/Fanáutico.

A ajuda aos torcedores organizados do Papão foi tanta que à tarde a facção alviazulina foi recebida pela aliada dentro da sede do Náutico (sem controle). À noite, a baderna, após a invasão de centenas de integrantes da Inferno Coral, com bombas, tiros, pedras, correria, viaturas da PM tomando a Avenida Rosa e Silva e ruas próximas, carros danificados e o pânico usual no Recife pós-jogo.

Confusão na frente da sede do Náutico

A cena, registrada por inúmeros moradores do bairro, está longe de ser uma novidade para quem acompanha o futebol pernambucano mais de perto e só deixa a sensação de que qualquer partida é um evento de risco em potencial. Basta haver alguma torcida aliada em jogo. Acredite, sempre há.

Tire a prova das ramificações: Fanáutico, Inferno Coral, Torcida Jovem.

E assim, a uniformizada alvirrubra recebe a do Ceará, a rubro-negra (amarela) ajuda a do Remo, a tricolor apoia a do Baêa, mesmo sem jogar, mas com o rival citadino envolvido. E por aí vai. Basta juntar as pontas…

Briga de torcida organizada em 08/09/2015