Balanço dos jogadores profissionais no Nordeste, inferior a dois salários mínimos

Quadro sobre os jogadores profissionais de futebol no Nordeste em 2015 (via CBF/FPF). Arte: Infogr.am (Cassio Zirpoli)

Um levantamento da CBF sobre o Nordeste, de 2015, aponta a existência de 1.911 contratos ativos de jogadores profissionais. No futebol, de uma forma geral, se enxerga um meio de altos salários, muito acima da média do trabalhador comum. Esse contexto existe, é verdade, mas numa parcela ínfima dos atletas, como Diego Souza (R$ 250 mil) e Grafite (R$ 166 mil), destaques de Sport e Santa Cruz, por exemplo. No geral, nas divisões inferiores, nacionais e estaduais, o rendimento mensal mal passa de um salário mínimo (R$ 788).

De acordo com o dado repassado pelo diretor de competições da FPF, Murilo Falcão, apenas 200 jogadores ganham mais de R$ 1 mil na região. E essa mesma fatia é a única com contratos superiores a três meses de duração. Pois é, o restante (89,5%) ganha menos e só atua 1/4 do ano. Não por acaso, no futebol local é comum ver os mesmos nomes disputando a primeira divisão no primeiro semestre e a segunda divisão no segundo semestre, sempre em clubes pequenos. Imagine em centros menos estruturados, como Sergipe e Piauí…

Em 2014, o movimento Bom Senso FC, liderado pelos próprios jogadores, também fez um raio x da categoria, num retrato nacional. Situação parecida. Dos 20 mil atletas no boletim informativo diário (BID), 82% joga por menos de salários mínimos (na época em R$ 724), com 15% de desempregados. Dos 684 clubes listados, 583 (ou 85%) ficam inativos por seis meses. É um problema geral.

Nordeste (CBF) 
1.911 jogadores profissionais
89,5% com menos de R$ 1.000
10,5% com mais de R$ 1.000

Brasil (Bom Senso FC)
20.000 jogadores profissionais
82% com menos de dois salários mínimos (R$ 1.448)
3% com mais de dois salários mínimos  (R$ 1.448) 

Na Série A2 do Pernambucano (abaixo), o cenário fica ainda mais evidente, até por ser “Sub 23”, com a possibilidade de inscrição de no máximo quatro jogadores sem limite de idade. Naturalmente, a faixa salarial cai ainda mais.

Série A2 (Sub 23) de 2015: Barreiros 0x0 Ipojuca. Foto: FPF/site oficial

Podcast 45 (175º) – Empate do Santa em São Luís e goleadas de Náutico e Sport

Começamos o 45 minutos com o Santa, que empatou com o Sampaio e se manteve a dois pontos do G4. Analisamos a partida, o gol anulado, as opções de Martelotte para a próxima rodada e o rendimento de Grafite. No Náutico, comentamos a segunda vitória seguida, que recolocou o time na briga pelo acesso. Na sequência foi a vez do Sport, que venceu a Chape, ganhando um pouco de tranquilidade para enfrentar o Huracán. Quais são as chances na Argentina? O campo reduzido pode induzir Falcão a mudanças?

Confira um infográfico com as principais atrações do podcast aqui.

Nesta 175ª edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Classificação da Série A 2015 – 28ª rodada

A classificação da Série A 2015 após 28 rodadas. Crédito: Superesportes

Na briga pelo título brasileiro de 2015, o Corinthians abriu sete pontos de vantagem sobre o vice-líder, pavimentando o caminho para o hexa. Na parte de cima, parece haver briga apenas pela 4ª vaga à Libertadores, com Galo e Grêmio fincados no G4. Enquanto isso,São Paulo, Palmeiras e Flamengo vão se revezando no ligar da última vaga ao torneio continental.

Tão embolada  quanto no fundo da tabela, com o Vasco numa recuperação impressionante (13 pontos nos últimos 15 disputados). Pressiona ainda mais a turma logo acima do Z4. Na marola, a 5 pontos do G4 e a 9 do Z4, o Sport, em 10º lugar após a vitória sobre a Chape. Com a possibilidade de ter um fim de ano tranquilo na competição, o time da Ilha do Retiro pode mirar a Copa Sul-Americana. Lá, um brasileiro campeão faria o G4 da Série A virar G3.

A 29ª rodada do representante pernambucano
03/10 (18h30) – Internacional x Sport (Beira-Rio)

Histórico em Porto Alegre pela elite: 2 vitórias rubro-negras, 6 empates e 7 derrotas

Sport goleia a Chape e ganha fôlego para ir com tudo na Sula, contra o Huracán

Série A 2015, 28ª rodada: Sport 3x0 Chapecoense. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Para tranquilizar a campanha no Brasileirão, a vitória sobre a Chapecoense era essencial ao Sport, que poderia abrir nove pontos sobre o 17º colocado, a dez rodadas do fim. Por mais que tivesse uma cara de decisão, a irregularidade da equipe afastou a torcida. Sem tanto apoio na Ilha, no encerramento da rodada, o time dirigido por Falcão – agora com quatro treinos até a peleja – conseguiu confirmar a expectativa e ganhou fôlego para ir a Buenos Aires com tudo.

É verdade que começou num ritmo lento. O Sport só finalizou uma vez no primeiro tempo, com Diego Souza aproveitando a sobra de um escanteio batido por Marlone. Bastou para ficar em vantagem, mas não sem tomar sufoco. Usando bastante o lado esquerdo rubro-negro, com a marcação de Renê e Danilo desordenada, a Chape levou perigo à meta de Danilo, que fez duas grandes defesas, em chutes de Bruno Rangel (livre) e Ananias (de fora da área).

A conversa no vestiário surtiu efeito, pois o Sport abriu mais o jogo, aumentando o aproveitamento no passe, finalizando mais. André perdeu três chances seguidas, no detalhe. E parecia ter sido dele o gol aos 33 minutos. De volta após as más atuações de Ferrugem, Samuel Xavier cruzou e André chegou para cabecear, mas Apodi deu uma ‘voadora’ e fez contra. No fim, Régis, ex-Chape e que acabara de entrar, fez boa jogada individual e cravou o 3 x 0. A goleada dá a tranquilidade necessária ao Leão, que na quarta enfrentará o Huracán precisando reverter o 1 x 1 em casa. É o jogo para manter “2015” ainda à vera..

Série A 2015, 28ª rodada: Sport 3x0 Chapecoense. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Aflitos, Arruda e Ilha Retiro no mapa de 1875, antes do futebol no Recife

Planta do Recife em 1875. Crédito: Biblioteca Nacional

Em 2015, a população do Recife chegou a 1,6 milhão de habitantes, segundo o IBGE. Há 140 anos, a população da capital pernambucana era de 116 mil pessoas. Era o primeiro dado demográfico da história do país, através do censo da Diretoria Geral de Estatística (DGE), ainda na época imperial. A partir deste Recife, então, imagine como seria a cidade naquele tempo. Há registros cartográficos, naturalmente. Na Biblioteca Nacional é possível ver a íntegra da Planta da cidade do Recife e seus arrabaldes. A última palavra, pouco usada hoje em dia, tem como sinônimos arredores ou cercanias. Ou seja, um esboço do que nós conhecemos atualmente como “Grande Recife”.

Em março de 1875, a Repartição de Obras Públicas elaborou um novo mapa cartográfico para a capital, pois a planta de 1855 estava ‘esgotada’. Foi um pedido do então presidente da província, o desembargador Henrique Pereira de Lucena. Ao blog, a indicação coube a João Guilherme da Silva, estudante de geografia na UFPE, justamente pelas localizações dos Aflitos, Arruda e Ilha do Retiro, ainda sem aterros, com veias abertas nos rios, ruas (“estradas”) com outros nomes, poucas pontes e quase nenhuma edificação, até porque a concentração urbana era no Bairro do Recife e na Boa Vista. Poucos pontos se mantêm, como o Hospital Português e a Igreja Nossa Senhora dos Aflitos.

O football só chegaria ao estado no século seguinte. E os próprios grandes clubes surgiram em outros lugares, perambulando até fincar raízes nos bairros tradicionais, em 1918 (Náutico), 1936 (Sport) e 1943 (Santa Cruz). O intenso crescimento urbano pode ser medido numa comparação com os mapas atuais, totalmente digitalizados, através do Google Maps: Aflitos, Arruda e Ilha do Retiro.

Aflitos (O terreno ficava no limite da estrada no bairro que sequer tinha nome)

Planta do Recife em 1875 (Aflitos). Crédito: Biblioteca Nacional

Arruda (Os dois canais próximos ao estádio, hoje, eram córregos do rio)

Planta do Recife em 1875 (Arruda). Crédito: Biblioteca Nacional

Ilha do Retiro (Era uma ilha de fato, que passaria por seguidos aterros)

Planta do Recife em 1875 (Ilha do Retico). Crédito: Biblioteca Nacional

Analisando o mapa de curtidas dos clubes em Pernambuco, via Globo/Facebook

Mapa de curtidas de clubes em Pernambuco. Crédito: globoesporte.globo.com (reprodução)

O Mapa das curtidas dos times do Brasil no facebook, produzido pelo globoesporte.com em parceria com a rede social de Mark Zuckerberg, é espetacular. Próximo do que se imagina caso o IBGE resolva adicionar, um dia, a pergunta “Para qual time você torce?” ao censo nacional. Foram analisadas 54 milhões de curtidas nas páginas oficiais de 43 clubes do país, em maio de 2015. A partir disso, um mapeamento individual em 5.570 municípios. Aqui, vamos tratar de Pernambuco. O mapa foi colorizado com o líder em cada cidade, independentemente da intensidade de pessoas envolvidas.

No caso local, apenas três clubes lideram entre os 185 municípios. Pelo volume territorial, a ordem seria a seguinte: Flamengo (vermelho), Corinthians (preto) e Sport (amarelo). Pela quantidade de cidades pernambucanas, a ordem seria Timão (99), Sport (53) e Fla (33). Contudo, os dois cenários vão de encontro ao Ibope, a pesquisa tradicional mais recente, que apontou a ordem Sport, Santa, Corinthians e Náutico. Vamos, então, a um exemplo de distorção. Petrolina, com maioria flamenguista, tem um território imenso, de 4.561 km², com 331 mil moradores. Já o Grande Recife é formado por 14 cidades, totalizando em 2.770 km², mas com uma população de 3.914.317 habitantes. Detalhe: o Sport ficou à frente em toda RMR. Visualmente, parece ter menos “likes”. Na própria Zona da Mata (com o Leão à frente) a densidade populacional é superior ao Sertão (Fla).

Em escala nacional ocorre a mesma distorção, com domínio territorial do Mengo, por mais que o Corinthians tenha mais curtidores (10,4 milhões x 10,1 milhões). Um mapa de calor poderia amenizar essa percepção, assim como a divulgação do percentual absoluto em cada estado, o que não foi divulgado num primeiro momento. São apenas observações sobre o levantamento, no qual o próprio portal faz questão de não tratar como “pesquisa de torcida”, até mesmo por não contar com a fatia (geralmente de 20%, segundo os institutos) de pessoas que não gostam de futebol. Mas em nada diminui a sensação sobre um raio x jamais visto neste polêmico assunto.

Sport: presente em 5.446 municípios, 1º em 53, 2º em 33, 3º em 38, 4º em 48
Santa: presente 3.130 municípios, 2º em 8, 3º em 17 e 4º em 22
Náutico: presente em 3.880 municípios, 4º em 4

Mapa de curtidas dos times do Brasil no Facebook (Sport). Crédito: app.globoesporte.globo.com/futebol/mapa-das-torcidas-no-facebook (reprodução)

Mapa de curtidas dos times do Brasil no Facebook (Santa Cruz). Crédito: app.globoesporte.globo.com/futebol/mapa-das-torcidas-no-facebook (reprodução)

Mapa de curtidas dos times do Brasil no Facebook (Náutico). Crédito: app.globoesporte.globo.com/futebol/mapa-das-torcidas-no-facebook (reprodução)

Del Nero garante continuidade do Nordestão após fim do acordo judicial

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, no sorteio do Nordestão de 2016, em Natal.

Natal – Com o turbulento cenário político na CBF, com a troca de presidente e polêmicas, é difícil imaginar quem será o mandatário da entidade em 2023. Neste ano, já não haverá o acordo judicial que obriga a confederação a reservar parte do calendário do futebol nacional à Copa do Nordeste. Ainda falta bastante para o cumprimento da decisão, com dez edições seguidas, mas o futuro aberto abre o questionamento sobre a continuidade, sobretudo pelo passado, quando a CBF riscou a competição do mapa, em 2003 – não por acaso, o imbróglio acabou na justiça. Após o sorteio da Lampions League de 2016, o atual presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, conversou com jornalistas no saguão do evento. Lá, o blog tocou no assunto numa rápida entrevista.

O contrato da Copa do Nordeste vai até 2022, que foi a medida de um acordo judicial. A partir de 2023 a Copa do Nordeste corre risco de sair do calendário?

“Não. Foram tempos diferentes. Foram outros tempos. Hoje, nós estamos aqui, presentes, constantemente. A federação está presente. A federação organiza essa competição. Toda essa parte de logística da competição é da CBF. Ela quer fazer, ela quer continuar fazendo, mas quem determina o que fazer não é a Confederação Brasileira de Futebol. São as federações, são os clubes. Os clubes pedem às federações, as federações pedem à CBF e a CBF concorda, mas precisa haver unidade e respeito à administração do futebol brasileiro. Por isso, vai longe. E a Copa do Nordeste não vai parar aí não. Ela vai ser centenária logo, logo. Nós vamos chegar lá.”

Na sequência, o dirigente justificou a tese com a Copa Verde, que reúne equipes do Norte e Centro-Oeste. Espécie de “derivado” do Nordestão, a outra copa regional só entrou no calendário por causa do interesse da televisão.

“A Copa Verde foi criada à mercê de um trabalho muito forte da Confederação Brasileira de Futebol junto às televisões, porque alguém tem que pagar essa conta. Nessa oportunidade, o Esporte Interativo aceitou pagar a conta. Está fazendo a competição e já já começa a dar lucro.” 

Como curiosidade, o fato de que o mandato de Del Nero, de quatro anos, vai até 2019, podendo se estender, no máximo, até 2023, com uma reeleição. Logo, as suas palavras podem ter peso até lá. Se ele continuar, é claro.

O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, no sorteio do Nordestão de 2016, em Natal. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

As primeiras impressões dos clubes sobre os grupos do Nordestão de 2016

Natal – Logo após a definição dos cinco grupos da Copa do Nordeste de 2016, o blog ouviu a opinião dos representantes dos clubes pernambucanos no evento, com as primeiras impressões de cada um sobre os adversários na primeira fase. Clássico regional, importância da logística e “sorte” nas bolinhas do sorteio. Pontos de vista de um mesmo torneio, o mais importante do primeiro semestre para os times locais.

Constantino Júnior, vice-presidente do Santa Cruz

Clebel Cordeiro, presidente do Salgueiro

Nei Pandolfo, superintendente de futebol do Sport

Nos bastidores do sorteio do Nordestão, a costura dos presidentes da Liga até 2021

Sorteio da Copa do Nordeste de 2016, em 24/09/2015, em Natal. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Natal – Com a cúpula do futebol da região, entre clubes e federações, reunida para o sorteio da Copa do Nordeste de 2016, em um hotel costeiro em Natal, havia a expectativa sobre a eleição do novo presidente da Liga do Nordeste, para o triênio 2016-2018. Seria antes mesmo do evento. Se o atual presidente, Alexi Portela, parecia desgastado após a polêmica sobre a composição da Lampions League desta temporada, numa virada de mesa que excluiu o Santa Cruz, nos bastidores houve o entendimento.

No dia da apresentação do torneio, chegou a notícia sobre a remarcação da eleição da liga, para 1º de outubro, em Salvador, terra de Portela. O ex-mandatário do Vitória deve ser reeleito no comando da “Liga dos Clubes de Futebol do Nordeste”, a LCFN, que teve como primeiro presidente, em 2001, Luciano Bivar. O bate-chapa foi para o espaço e Eduardo Rocha, que já dirigiu o América de Natal e a própria liga até 2010, continuará como superintendente executivo da organização, cujo torneio faturou R$ 29 milhões este ano.

Nos corredores do hotel, devidamente paramentado para o lançamento da 13ª edição do regional, já é dada como certa até a eleição seguinte da Liga do Nordeste, com o próprio Eduardo Rocha de volta, de 2019 a 2021. Na possível casadinha de uma década entre baianos e potiguares, os pernambucanos – Náutico, Santa e Sport são membros fundadores – seguem apenas votando, sem tomar à frente das decisões.

Sorteio da Copa do Nordeste de 2016, em 24/09/2015, em Natal. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Podcast 45 (174º) – Empate do Sport na Sula, bastidor da Puma no Santa e Série B

O primeiro confronto oficial do Sport contra um clube argentino terminou em empate, 1 x 1, complicando a situação leonina na Sul-Americana. É possível reverter fora de casa, contra o Huracán? Comentamos no novo 45 minutos, que seguiu para a forte especulação da Puma como nova fornecedora do Santa Cruz. No fim, uma passagem nos jogos dos pernambucanos no próximo fim de semana, pelo Campeonato Brasileiro. Ah, teve espaço até para o Rock in Rio. 

Confira um infográfico com as principais pautas do programa aqui.

Nesta 174ª edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!