A campanha do Mogi Mirim era vexatória (ainda é), com três empates e sete derrotas em dez rodadas. Nenhuma vitória. A fragilidade em campo e a falta de apoio fora dele, sempre às moscas, eram indicações claras para o Náutico buscar mais um resultado positivo fora de casa, consolidando sua campanha. Neste contexto, diante do lanterna da Série B, nem o empate. Pois o Timbu chegou a ficar à frente, num gol de de Douglas aos 30 minutos, em sua primeira investida, mas o saldo final foi decepcionante, custando até o lugar no G4.
No apito final, a comemoração pernambucana foi apenas de Rivaldo, de 43 anos. Presidente do Sapão, o melhor do mundo em 1999 se escalou numa tentativa de motivar seus atletas. Fisicamente, estava muito aquém da demanda exigida na Segundona. No segundo tempo, cansou como se esperava, sendo substituído por Gustavo, seu genro (!). Com onze jogadores “efetivos” em campo, o Mogi melhorou e incomodou a meta de Júlio César, ganhando as disputas no meio (63% de posse, segundo o Footstats) e finalizando bastante (21 x 5, no geral). Coube a Serginho, aos 25 e 42 minutos, virar a partida, 2 x 1.
O grupo timbu acusou o golpe, saindo cabisbaixo, com o discurso natural (e correto) de que “ganham todos, perdem todos”. Ao mesmo plantel, vale retomar a pegada já no sábado, no Clássico das Emoções, com mais pressão em campo e fora. Um jogo no qual Lisca terá o desfalque do lateral-esquerdo Gastón, expulso em Mogi. Outro ponto negativo numa noite para esquecer.
Eduardo Bandeira de Mello assumiu o Flamengo com uma dívida impagável, de R$ 758 milhões. Em dois anos, com uma gestão austera, o dirigente vem quebrando o senso comum. Desde 2013, já reduziu o passivo do clube carioca em R$ 138 milhões. Sem dúvida alguma, um alento ao time mais popular do país. O presidente rubro-negro vem contando com apoio de sua torcida, com o avanço dos sócios-torcedores e o consumo maciço de produtos oficiais do Mengo. Porém, o discurso do dirigente mostra uma torcida além da realidade.
Em 2015, o seu mantra tem sido o de apontar o Fla como o detentor da maior torcida em 24 unidades da Federação, considerando os 26 estados e o Distrito Federal. A mais recente foi repercutida no programa Linha de Passe, na ESPN, através do jornalista Juca Kfouri, que considerou os três estados sem domínio como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Confira algumas declarações de Bandeira de Mello sobre o mesmo tema.
“Um clube nacional como o Flamengo, com torcida em todos os lugares, não pode virar os olhos para a sua torcida do interior. Seja no Brasileiro, em amistosos ou torneios, sempre poderão ser realizados jogos em outras praças. Afinal de contas, o Flamengo é o clube mais popular em 24 das 27 unidades da Federação.” Em entrevista ao jornal O Globo, em 8 de maio de 2015.
“Em 24 dos 27 estados do Brasil, o Flamengo é o time mais popular.”
Em uma palestra na UFRJ, em 15 de maio de 2015.
“O Flamengo tem 40 milhões de eleitores, é o time preferido em 24 estados e a Nação Rubronegra deve acompanhar o voto dos parlamentares.”
Em coletiva em São Paulo, sobre a MP do Futebol, em 6 de julho de 2015
Nota-se que o nosso estado integra a visão do mandatário flamenguista, difundida sem correção. Abaixo, vale relembrar sete pesquisas de torcida realizadas em Pernambuco entre 1983 e 2014, dos mais variados institutos, incluindo o Ibope, o mais conhecido do Brasil. Em nenhum levantamento o Fla aparece à frente. Na verdade, o máximo foi alcançar o 3º lugar no primeiro estudo local feito pelo Instituto Plural, com 8%, um público localizado sobretudo no interior, uma vez que na capital a influência de times de fora é mínima.
Gallup 1983* (520 entrevistados)
1º) Sport 22,4%
2º) Náutico 14,1%
3º) Santa Cruz 12,9%
* O percentual de pessoas sem clube foi de 41%, fazendo com que os demais clubes, somados, chegassem a apenas 9,6%.
Opine 2008 (1.732 entrevistados)
1º) Sport 22,9%
2º) Santa Cruz 17,1%
3º) Náutico 6,1%
4º) Corinthians 5,3%
5º) São Paulo 5,2%
6º) Flamengo 3,9%
Maurício de Nassau 2009 (3.363 entrevistados)
1º) Sport 26,4%
2º) Santa Cruz 15,7%
3º) Náutico 8,0%
4º) Flamengo 6,8%
5º) Corinthians 4,8%
6º) Palmeiras 3,8%
Ibope 2010 (nº de entrevistados não informado)
1º) Sport 33,0%
2º) Santa Cruz 12,8%
3º) Náutico 9,0%
4º) Corinthians 8,1%
5º) São Paulo 4,6%
Instituto Plural 2011 (1.200 entrevistados)
1º) Sport 26,0%
2º) Santa Cruz 16,0%
3º) Flamengo 8,0%
4º) Náutico 7,0%
4º) Corinthians 7,0%
6º) Palmeiras 4,0%
Instituto Plural 2013 (1.200 entrevistados)
1º) Sport 22,9%
2º) Santa Cruz 13,6%
3º) Corinthians 9,3%
4º) Náutico 6,4%
4º) Flamengo 6,4%
6º) São Paulo 4,3%
Ibope 2014 (300 entrevistados)
1º) Sport 26,3%
2º) Santa Cruz 24,0%
3º) Corinthians 7,3%
4º) Náutico 5,3%
5º) São Paulo 4,0%
6º) Palmeiras 3,3%
7º) Flamengo 2,3%
Numa amplitude regional, o Flamengo detém, sim, a maior torcida, com 22,4% segundo a pesquisa mais recente no Nordeste, da Pluri Consultoria, de 2012. Uma popularidade reconhecida. Lembremos, entretanto, que as declarações do mandatário vêm focando os estados. E Pernambuco é um dos cinco do país nos quais as torcidas locais são maioria, com 60,4% (Sport + Santa + Náutico), contra 39,6% dos “forasteiros”, ainda segundo a Pluri.
Um dos mais longos programas já gravados, com 1h46min. Começamos o 45 minutos falando do Sport, que empatou em Santa Catarina, mas acabou saindo da liderança do Brasileirão. Para completar, terá pela frente o novo líder, o Galo, no Mineirão. Na sequência, analisamos o Santa, cuja estatística mudou. Se antes não ganhava, agora não perde há cinco rodadas na Série B, tendo uma boa sequência de jogos no Recife a partir de agora. O Náutico, que venceu o Oeste na Arena, foi o terceiro tópico, com as mudanças pertinentes e o grau de favoritismo diante do lanterna Mogi Mirim, fora de casa. Fora a prévia do Clássico das Emoções no sábado, o blefe do Salgueiro, Copa América…
Confira o ingráfico com as principais atrações do programa aqui.
Neste podcast, o 148º, estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Após três rodadas seguidas na liderança, o Sport deixou a ponta do Brasileirão, mesmo pontuando fora de casa. No início da rodada, Atlético-MG, Fluminense e Grêmio apareciam como concorrentes diretos, obrigando o time pernambucano a vencer. Como o Leão empatou com o Avaí, às 11h, bastava um triunfo de um desses times no domingo para mudar a classificação. Dito e feito. No jogo das 16h, o Grêmio venceu o Santos na Vila Belmiro e às 18h30 o Atlético bateu o Inter no Beira-Rio. Por outro lado, o Leão, também com 23 pontos e em 3º pelo critério de vitórias (7 x 6), completou 11 rodadas no G4, desde a abertura.
Para seguir no pelotão de cima, terá pela frente um grande desafio, o líder Galo. Em vez do Independência, o time mineiro levou a partida para o Mineirão. A última vitória rubro-negra sobre o adversário em Belo Horizonte foi justamente lá, em 2000, num histórico 6 x 0 com cinco gols de Leonardo. Outra curiosidade: a partida será disputada no aniversário do fatídico jogo Brasil 1 x 7 Alemanha.
A 12ª rodada do representante pernambucano
08/07 (22h00) – Atlético-MG x Sport (Mineirão)
Histórico em BH pela elite: 2 vitórias leoninas, 5 empates e 9 derrotas.
Não foi no apagar das luzes porque aconteceu às 13h, com o sol esquentando a fria Florianópolis, mas o gol de André, de pênalti, no último lance da peleja contra o Avaí, manteve o Sport invicto no Brasileirão, torando a campanha histórica desde já. Com o 2 x 2, o time pernambucano chegou à 11ª rodada sem uma derrota sequer na Série A de 2015, estabelecendo a sua melhor arrancada, superando a marca de 1985, edição na qual terminou na 5ª colocação. Mais. O Leão não é derrotado na elite desde o ano passado.
Numa série iniciada em 2 de novembro, contra outro catarinense, o Figueirense, o clube chegou a 18 jogos invicto. Já é a 9ª maior série invicta da história do Brasileirão. Sem contar que o pontinho garantiu o time por mais uma rodada no G4, numa cartilha curiosa, com vitórias em casa (6) e empates fora (5). Sobre o jogo em si, vale uma ressalva. A intensidade esteve bem longe da apresentação contra o Inter, algo natural, pois aquela atuação foi impecável. Ainda assim, o time abriu o placar com Diego Souza (desta vez de bola rolando) e chegou a controlar o jogo. Em duas investidas pelo lado direito, o Leão da Ilha de lá virou o jogo. E trouxe a pressão. No segundo tempo, a partida ficou mais aberta, com a posse de bola equilibrada. Em finalizações, 12 x 11 a favor do Avaí.
Os pernambucanos bem que tentaram sair jogando, sem rifar a bola, mas erraram bastante. Tecnicamente, o time deveu. Tanto que vem mais um número representativo no domingo: 48 passes errados. Mas se tem outra característica marcante deste Rubro-negro, é a luta até o fim. Pela terceira vez marcou após o tempo regulamentar. Estreante, o zagueiro Jubal deu carrinho por trás em André, que dobrou o joelho. Marcação polêmica, mas com a certeza de que o zagueiro foi imprudente no lance. Na cobrança, o centroavante conhecido por gostar da noite fez a torcida do Sport curtir o resto da tarde de um domingo histórico.
Alvirrubros e tricolores ganharam no sábado pelo mesmo placar, 2 x 1. Na Arena Pernambuco, o Náutico venceu o Oeste, enquanto o Santa bateu o Bragantino no interior paulista. Com a sexta vitória na Série B, o Timbu abriu dois pontos de folga na zona de classificação à elite. A Cobra Coral, por outro lado deu um salto após o primeiro triunfo fora de casa, subindo para o 12º lugar, ainda a oito pontos do G4, mas com uma boa série de jogos como mandante a partir de agora. Na liderança, o Botafogo se manteve isolado, após o 5 x 0 aplicado no Sampaio Corrêa. Na próxima terça-feira, rodada cheia…
No G4, um carioca, um paraense, um pernambucano e um mineiro.
A 11ª rodada dos representantes pernambucanos
07/07 (19h30) – Mogi Mirim x Náutico (Romildo Ferreira)
07/07 (21h50) – Santa Cruz x CRB (Arruda)
Inicialmente, a Copa América de 2015 deveria ter sido organizada pelo Brasil, que trocou de vez com o Chile por causa da quantidade de eventos esportivos já agendados para o país. Aos chilenos, entretanto, a oportunidade era excelente. Uma chance de levantar a autoestima do país, que sofreu catástrofes recentes, além de colocar em campo a sua melhor geração, com chances reais de título. Algo que jamais havia sido alcançado por La Roja.
Jogando seis vezes no Estádio Nacional, em Santiago, sempre com uma pressão incrível de sua torcida, o Chile chegou lá. Superou a Argentina de Messi nos pênaltis, após 120 minutos em branco numa tensa final. A penalidade decisiva foi assinalada pelo craque da seleção, Alexis Sánchez. Um cavadinha para a história do país, o 8º membro da Conmebol a ganhar a Copa América.
Ano do 1º título sul-americano 1916 – Uruguai (15 no total) 1919 – Brasil (8) 1921 – Argentina (14) 1939 – Peru (2) 1953 – Paraguai (2) 1963 – Bolívia (1) 2001 – Colômbia (1) 2015 – Chile (1)
Eis o gol mais importante da história do futebol chileno…
Na primeira partida após a badalada contratação de Grafite, ainda sem o ídolo em campo, o Santa Cruz foi à Bragança Paulista para conseguir um objetivo imediato, sair do Z4 da Série B. Encontrou um campo pesado e pouca gente no estádio, num cenário típico do interior paulista. Marcelo Martelotte, com um histórico como goleiro do Bragantino, sabia bem onde estava. Num jogo de muita disposição física e oportunismo, o Tricolor saiu vencedor, 2 x 1. Um sábado para ganhar fôlego no campeonato brasileiro.
Levemente melhor no primeiro tempo, o campeão pernambucano voltou a sentir a falta de um melhor aproveitamento nas finalizações. Num jogo encardido, passava a impressão de que bastaria um chute certeiro para definir o resultado. No começo da etapa complementar, Aquino teve essa chance, bem na frente da torcida coral presente no estádio. Mostrou oportunismo. Em vantagem, os corais passaram um momento de nervosismo, errando vários passes. Ter calma era essencial, como exigia o técnico. E aí entra a figura de Renatinho.
Contestado na lateral esquerda, inclusive pelo blog, o jogador vem sendo aproveitado por Martelotte em outros setores, em busca de um encaixe para a sua qualidade técnica. A liberdade pode ser uma delas. Lançado antes do meio-campo aos 36 minutos, o baixinho de 1,57m correu demais. Quando a marcação chegou, mostrou personalidade, mandando por cobertura, num golaço para definir a primeira vitória coral longe do Arruda. O Braga diminuiu aos 49 minutos, insuficiente. De volta para casa, o Santa terá três jogos no Recife, incluindo um clássico contra o Náutico. Ainda sem Grafite, mas já empolgado.
Sábado de muita chuva em todo o Grande Recife, com um dos maiores índices pluviométricos dos últimos tempos. O clima, claro, afastaria parte do público da Arena Pernambuco. Ainda assim, 7.594 alvirrubros marcaram presença. O campo de jogo também suportou bem as precipitações, com plenas condições para a prática do futebol. Neste segundo contexto, o cenário seria bem favorável ao Náutico, tecnicamente melhor que o Oeste. Ainda que o jogo não tenha sido tão fácil, a vitória veio, a 6ª na Série B, após um hiato de três jogos. O resultado fincou o time na zona de acesso à elite, com 21 pontos.
Os comandados de Lisca chegaram a ter mais de 60% de posse de bola no primeiro tempo, mas sem objetividade. Tudo o que o Náutico não vinha sendo no Brasileiro. Tanto que boa parte de suas vitórias em casa começaram a ser definidas logo nos primeiros minutos. Desta vez, coube ao rendimento no segundo tempo, num jogo franco. Artilheiro timbu na competição, Douglas mostrou faro de gol aos 12 minutos. Acionado por Renato pela direita, invadiu a área e chutou forte, marcando seu 4º gol na Série B.
Ao ficar em vantagem, o Timbu recuou excessivamente, “chamando” o visitante. Antes de ceder o gol de empate, ainda viu Júlio César fazer duas boas defesas. No tento, porém, mérito absoluto para o centroavante Júnior Negão, que tocou por cobertura, num golaço, também chegando a 4 gols na Segundona. Apesar do susto, a igualdade não durou muito, com o Alvirrubro voltando a atacar pelo lado direito, desta vez de Hiltinho para Gil Mineiro e de Gil Mineiro para as redes, 2 x 1. Gil, aliás, deu mais dinâmica à equipe, aparecendo como mais uma opção para a longa jornada, cujo objetivo é no mínimo ficar onde já se encontra…
Disputado desde 1915, o Campeonato Pernambucano chegou a 101 edições em 2015, ano marcado pelo centenário da FPF. Levantando todo o histórico do futebol local no arquivo público, o pesquisador Carlos Celso Cordeiro completou o ciclo com o terceiro livro sobre a competição.
Com dados de 2001 a 2015, o 21º livro lançado por Carlos Celso traz todos os jogos, públicos, artilheiros, classificações, arbitragem, entre outras curiosidades relacionadas ao Estadual, seguindo o modelo visto nos dois exemplares anteriores, de 1915 a 1970 e de 1971 a 2000. Tive o prazer de ser convidado pelo historiador para fazer o prefácio (íntegra na lista de comentários).
O trabalho, como quase sempre, se deve à paixão de Carlos Celso pela história do nosso futebol, bancando do próprio bolso a publicação de 122 páginas, sem qualquer apoio. Nem mesmo da federação, que alegou um mau momento financeiro após o fim do Todos com a Nota, por parte do governo do estado
A enxuta tiragem, com apenas vinte livros, pode ser ampliada à medida em que os leitores se interessem pelo projeto. Para adquirir o livro (R$ 42), eis o contato do autor: ccelsocordeiro@oi.com.br.
A Carlos Celso, fica a torcida pelo sucesso. Trata-se do maior pesquisador do futebol pernambucano, um verdadeiro banco de dados.