Séries A e B do Nordestão em 2018, um desejo dos clubes. Das federações?

Copa do Nordeste com rebaixamento e acesso? Arte: Cassio Zirpoli/DP

Que a Copa do Nordeste é um torneio mais rentável que os nove campeonatos estaduais, não há discussão. De 2013 a 2016, a movimentação financeira do regional passou de R$ 16 milhões para R$ 26 milhões. Cotas maiores, públicos maiores, alcance maior. Para discordar disso, somente sentado na cabeceira de uma federação. Por isso, os clubes vêm tentando ampliar o regional. Não necessariamente com mais participantes, mas visando o nível técnico, num formato corrido, com mais clássicos, com acesso e rebaixamento…

Em maio, no Recife, os sete maiores clubes se reuniram para discutir a reformulação da Copa do Nordeste, a partir de 2018. O objetivo era reduzir o torneio de 20 para 12 clubes, com a entrada, somente no primeiro ano, do G7, via ranking histórico. Dois meses depois, outra vez na capital, um novo encontro com o grupo (Náutico, Santa, Sport, Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza) e três convidados (América de Natal, ABC e Botafogo de João Pessoa). Foi a primeira reunião após a divulgação do calendário da CBF para 2017, que enxugou o regional (de 12 para 8 datas) e esticou os estaduais (de 14 para 18).

Entretanto, como o documento da confederação deixava aberta a possibilidade de negociação de datas, as federações devem ceder, ao menos no próximo ano, mantendo os mesmos formatos e regulamentos, tanto no Nordestão (fase de grupo, quartas, semi e final) quanto no Pernambucano (hexagonal, semi e final). Até porque os 20 clubes da Copa do Nordeste de 2017 já estão definidos. Com o imbróglio resolvido, o foco avançou a 2018, ganhando força a ideia de Séries A e B, com doze clubes cada. A segunda divisão seria composta pelas vagas oriundas dos estaduais, além do (dos) rebaixado (s) da primeirona. Inicialmente, ainda em abril, se discutiu a implantação de um torneio de acesso no formato de grupos. Hoje, as duas competições seriam idênticas, com turno completo.

Entre os locais, participaram Emerson Barbosa e Toninho Monteiro, diretores do Náutico, Arnaldo Barros, vice-presidente do Sport, e Alírio Moraes, mandatário do Santa Cruz. O dirigente coral ilustrou o desejo dos clubes e os obstáculos…

” A pauta na verdade foi a construção de uma proposta para ser levada às presidências da Liga (do Nordeste), federações estaduais e CBF quanto ao modelo de campeonato em 2018. Há um entendimento entre os clubes (da região) que devemos ter uma Série A e uma Série B, cada qual com 12 clubes. Nesse contexto, os campeonatos estaduais perderiam importância e espaço. Ou seja, muitas discussões à vista.”

Formato proposto pelos clubes*
Série A – 12 clubes, com turno único, semifinal e final (15 datas)
Série B – 12 clubes, com turno único, semifinal e final (15 datas)
*Acesso e descenso de uma ou duas equipes por ano, ainda em discussão 

Composição das divisões em 2018 (adaptação)
Série A – 7 clubes via ranking histórico e mais 5 vagas vias estaduais
Série B – 12 vagas via campeonatos estaduais (PE, BA e CE com 2 times)

Composição das divisões a partir de 2019
Série A – 11 (ou 10) melhores da A de 2018 e o campeão (ou 1º e 2º) da B
Série B – 12º lugar (ou 11º e 12º) da A 2018 e 11 (ou 10) vagas via estaduais**
** A definir quais estados teriam duas vagas

Na prática, a Lampions teria não só que evitar a redução (de 12 para 8), como aumentar a agenda (de 12 para 15). Um formato divisional com oito datas soa inviável. Com doze, poderia haver um turno e decisão em jogo único, até mesmo em estádios pré-definidos. Porém, haveria risco sobre o interesse do público devido ao duríssimo critério de classificação, para apenas duas equipes.

Na visão do blog, levando em consideração o respeito aos critérios técnicos de composição, o formato sugerido pelos clubes é o avanço natural (também em termos de transmissão e patrocínios), lembrando a edição de 2001, que deixou o formato grupos e mata-mata e partiu para o turno único (na ocasião com 16 clubes), semifinal e final. Deu tão certo que o Nordestão de 2001 foi considerado pela imprensa nacional como o torneio regional de maior sucesso na época.

Curiosamente, no ano seguinte houve a implantação de uma divisão de acesso. Sim, o projeto atual não é inédito. Em 2002 o lanterna Confiança foi rebaixado, com 1 vitória, 1 empate e 13 derrotas. No segundo semestre a liga organizou um torneio seletivo com seis clubes – uma segunda divisão de fato, mas sem esse nome -, com vitória do Corinthians Alagoano. Tudo ok, caso a CBF não tivesse tirado o regional do calendário oficial em 2003, num processo (judicial) com sequelas até hoje. Não por acaso, os clubes estão tentando emular o passado.

Difícil será dobrar as federações sobre essa “independência” do Nordestão…

A tabela definitiva do Troféu Givanildo Oliveira, com oito clássicos em 2016

Troféu Givanildo Oliveira. Crédito: FPF/divulgação

Com o Clássico das Multidões homologado na Copa Sul-Americana, aumentou a lista de jogos para o Troféu Givanildo Oliveira, a disputa comemorativa instituída pela FPF para celebrar o centenário do duelo entre rubro-negros e tricolores, comemorado em 6 de maio de 2016. O regulamento é simples, somando todas as partidas oficiais entre os dois rivais nesta temporada. Inicialmente, havia a possibilidade de 4 a 10 jogos, dependendo do desempenho de cada um. No fim das contas, 8 partidas – só não chegou ao máximo porque não houve a decisão no Nordestão, com o time leonino caindo na semifinal.

O vencedor do troféu, que homenageia o ídolo de ambos (detentor de 16 títulos estaduais), será o clube com mais pontos somados nos confrontos. Em caso em empate na pontuação, a taça ficará em posse da FPF, exposta no salão nobre da sede da entidade, na Boa Vista, uma vez que não há outro critério de desempate, como saldo de gols e gol fora de casa.

Jogos disputados em 2016
21/02 – Sport 2 x 1 Santa Cruz (Estadual)
10/04 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (Estadual)
04/05 – Santa Cruz 1 x 0 Sport (Estadual)
08/05 – Sport 0 x 0 Santa Cruz (Estadual)
01/06 – Santa Cruz 0 x 1 Sport (Série A)

Jogos marcados a disputar
24/08 – Santa Cruz x Sport (Sul-Americana)*
31/08 – Sport x Santa Cruz (Sul-Americana)*
11/09 – Sport x Santa Cruz (Série A)
* As datas ainda serão confirmadas pela Conmebol

Classificação após 5 jogos
8 pontos – Sport
5 pontos – Santa Cruz

Para dar Sport
Com três pontos de vantagem, o Leão precisa, nos jogos restantes, de três empates ou, pelo menos, uma vitória e um empate. Curiosidade: como no Estadual, “decidirá” na Ilha.

Para dar Santa Cruz
A missão tricolor é complicada. Para levar a troféu, necessita somar ao menos sete pontos nos três jogos restantes. Logo, duas vitórias e um empate ou três vitórias seguidas.

Para ficar com a FPF
Como a regra prevê a posse “neutra”, existem duas situações de empate, com 10 x 10 ou 11 x 11. Ou seja, dois empates e uma vitória coral ou uma vitória leonina e duas vitórias corais.

Troféu Givanildo Oliveira será entregue na Ilha, em 11 de setembro. Sport ou Santa?

Troféu Givanildo Oliveira, em homenagem ao centenário do Clássico das Multidões. Crédito: FPF/divulgação

O Troféu Givanildo Oliveira foi revelado pela FPF, seguindo o conceito adotado pela entidade neste ano, com taças de fato, sem invenções artísticas. Não por acaso, lembra a taça do Estadual de 2016, conquistada pelo Santa em cima do Sport. Em relação à nova disputa das multidões, a peça prateada de 50 cm traz na base o nome “Clássico Centenário Givanildo Oliveira”, em homenagem ao jogador e técnico recordista de títulos pernambucanos, sendo nove pela cobra coral e sete pelo leão. O regulamento é simples, somando todos os jogos oficiais entre os dois rivais em 2016, no centenário do clássico, comemorado em 6 de maio. Quem somar mais pontos, leva (abaixo, a situação de cada um). O último duelo será em 11 de de setembro, pelo Brasileirão, na Ilha do Retiro.

Esta é a segunda vez que a FPF coloca uma taça em jogo em um confronto centenário. Em 2009, a disputa do troféu do centenário do Clássico dos Clássicos foi oficializada em apenas um duelo, em 26 de julho, no dia seguinte ao aniversário. Com o 3 x 3 entre rubro-negros e alvirrubros, cada clube recebeu uma peça idêntica. Em 2017 será a vez do Clássico das Emoções completar cem anos, em 29 de junho. A federação repetirá o formato utilizado nesta temporada e já estuda o nome da personalidade que dará nome à taça. 

Em relação ao destino do Troféu Givanildo Oliveira, eis as opções…

Para dar Sport
regulamento do troféu especial considera apenas os pontos somados nos clássicos em competições oficiais de 2016, sem critério de saldo de gols. Hoje, o Leão tem três pontos de vantagem. Com apenas mais uma partida marcada, o time jogaria pelo empate para levar a disputa. Caso o mata-mata (já sorteado) da Copa Sul-Americana seja homologado em agosto, ampliando a lista para três partidas, precisaria de ao menos três empates ou quatro pontos. Curiosidade: com ou sem Sula, o último jogo será na Ilha, pela Série A.

Para ficar com a FPF
Sim, a regra prevê uma posse “neutra” em caso de empate na pontuação. Para a taça ficar no salão nobre da federação, é preciso ocorrer uma vitória coral no sexto duelo, encerrando a série atual. Assim, cada rival somaria oito pontos. A mesma lógica se aplica se os dois jogos do torneio internacional forem adicionados, podendo gerar empates em 10 x 10 ou 11 x 11.

Para dar Santa Cruz
A missão tricolor é complicada. Para levar a troféu, necessita estender a tabela de clássicos – hoje, só poderia evitar que a taça ficasse na Ilha, ganhando lá no returno do Brasileiro. Para aumentar a agenda, com a Sula, precisa ser eliminado da Copa do Brasil diante do Vasco, no Arruda. Ainda assim, precisaria somar ao menos sete pontos nos três jogos restantes. Claro, com a Sul-American, também haveria chance de posse para Sport e FPF.

Jogos disputados em 2016
21/02 – Sport 2 x 1 Santa Cruz (Estadual)
10/04 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (Estadual)
04/05 – Santa Cruz 1 x 0 Sport (Estadual)
08/05 – Sport 0 x 0 Santa Cruz (Estadual)
01/06 – Santa Cruz 0 x 1 Sport (Série A)

Jogo marcado a disputar
11/09 – Sport x Santa Cruz (Série A)

Possibilidade de confronto
Santa Cruz x Sport (Sul-Americana)
Sport x Santa Cruz (Sul-Americana)

Classificação
8 pontos – Sport
5 pontos – Santa Cruz

Campo sintético em análise para o futuro dos Aflitos. Clima ou economia?

Montagem do campo sintético da Arena da Baixada, em Curitiba, em fevereiro de 2016. Crédito: Mauricio Mano/Atlético-PR/site oficial

“O trabalho nas áreas de gramado e drenagem também já estão adiantados, com o diagnóstico, projeto e orçamento prontos. No gramado, uma empresa especializada apresentou duas propostas, uma sem reparos ou substituição da drenagem e outra com nova drenagem e irrigação automática. Está em estudo a possível utilização de gramado artificial.” 

O texto divulgado pela direção do Náutico sobre o plano de reforma dos Aflitos traz uma possibilidade drástica. No Brasil, o primeiro estádio particular com piso sintético (e avalizado pela Fifa) foi o Passo D’Areia, em Porto Alegre, em fevereiro de 2011. Ideia do presidente da federação gaúcha, Francisco Noveletto, após um jogo do Inter num gramado artificial no México. A partir dali, empresas especializadas passaram a montar campos em clubes menores e em centros de treinamento. O ponto alto foi a Arena da Baixada, em 2016.

O Atlético-PR trocou a grama natural pela sintética por causa da dificuldade de iluminação natural, gerando um alto custo de manutenção com luz artificial (R$ 100 mil/mensais). A despesa chegava a R$ 1,2 milhão/ano. O clube não revelou o valor pago à GV Group, mas a Gazeta do Povo trouxe a informação de R$ 1,5 milhão – fora a manutenção. Ou seja, em dois anos a economia justificará o investimento. Logo após a implantação, o campo paranaense foi homologado pela Fifa por um ano – o certificado precisa ser atualizado de forma recorrente.

Entre as três propostas nos Aflitos a mais factível é a criação de uma nova drenagem, além do novo campo, claro. Como a luz natural não é um problema, um campo sintético caberia num contexto puramente financeiro, à parte da questão técnica do jogo – e seria inédito em Pernambuco. O mandatário da FPF, Evandro Carvalho, chegou a manifestar o desejo de implantar gramados sintéticos nos estádios do interior, sem sucesso. Neste caso, a justificativa era clara, a falta d’água. Ainda que o piso artificial também seja irrigado (pela temperatura e resistência do material), a ação ocorre numa escala muito menor.

Campo sintético da Arena da Baixada, em Curitiba, em fevereiro de 2016. Foto: Mauricio Mano/Atlético-PR/site oficial

Sem consórcio e garantia de faturamento, Arena PE encara concorrência de aluguel

Arruda, Ilha do Retiro, Aflitos e Arena Pernambuco. Fotos: Cassio Zirpoli/DP (Arruda e Aflitos), Sport (Ilha) e Ministério de Esporte (Arena)

O fim do consórcio Arena Pernambuco, numa parceria público-privada entre o governo do estado e a Odebrecht, depois de apenas três anos de operação (malsucedida) colocou o empreendimento numa inédita situação de concorrência na praça. Sem clube algum de contrato assinado, uma vez que o acordo de 30 anos com o Náutico se dissipou junto à supracitada rescisão, o estádio agora só recebe jogos em caso de acordos pontuais. Cenário tanto com o Trio de Ferro quanto para qualquer outro clube de fora que encare os custos.

Neste primeiro momento, uma gestão temporária através da secretaria de turismo, esportes e lazer, cuja pasta está nas mãos de Felipe Carreras. Sem a muleta de faturamento mínimo garantido, numa cláusula pra lá de dispendiosa aceita pelo governo Eduardo Campos, foi preciso calcular custos jogo a jogo. Eis a primeira proposta apresenta ao Timbu, com dois cenários. Em ambos os casos, não haveria cobrança por aluguel e/ou manutenção da arena.

Até 5.000 pagantes
A renda seria insuficiente até para cobrir os custos da Arena. Contudo, o estado arcaria com toda a despesa. 

Acima de 5.000 pagantes
Renda suficiente para bancar os custos operacionais, com clube e governo dividindo a renda líquida. O estado usaria a sua parte para pagar a conta do cenário menor.

O Náutico não aceitou (até porque, em tese, sempre “apostaria” na presença de sua torcida para ter direito a algo) e nem enviou a contraproposta, acertando a realização de um jogo, contra o Bragantino, em 18 de junho, no Arruda. Endureceu a conversa, deixando aberta o restante da sua agenda em 2016. Estima-se que o custo operacional da Arena seja de aproximadamente R$ 70 mil. Os demais estádios da capital contam com uma tabela de aluguel, criada pela FPF para o Estadual e que pode ser usada pelos clubes para o Brasileiro – apesar de no nacional a cobrança ser livre. Neste caso, contudo, quem aluga também se compromete ao custo operacional.

No Arruda, além de pagar até R$ 24 mil, o clube interessado teria que bancar R$ 50 mil de custo (manutenção, estrutura, luz, limpeza etc). Em tese, valores semelhantes. Porém, o simbolismo da troca de mando timbu pesa na negociação, com rubro-negros e tricolores cada vez mais arredios às propostas do estado. Enquanto o governo tenta evitar um prejuízo maior, até a licitação internacional estimada para agosto, os clubes assumem o discurso de uso da arena sem custo e com garantia de receita – como era com o suspenso Todos com a Nota, com 25 mil ingressos subsidiados por lá.

Sem o antigo consórcio, que a arena só abra com condições de gerar receita…

Ah! Em 2017, o estádio dos Aflitos, com reforma mínima orçada R$ 2,5 milhões, aumentará a concorrência no Recife. As vantagens em São Lourenço terão que ser cada vez maiores…

Aluguel/jogo*
R$ 13.579 – Aflitos/dia
R$ 16.338 – Aflitos/noite
R$ 16.338 – Ilha do Retiro/dia
R$ 19.012 – Ilha do Retiro/noite
R$ 21.728 – Arruda/dia
R$ 24.444 – Arruda/noite*
*Valores corrigidos pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em relação aos preços tabelados pela federação (e ainda válidos) de 2012.

Custo operacional/jogo
R$ 30 mil – Ilha do Retiro
R$ 50 mil – Arruda
R$ 70 mil – Arena Pernambuco

Aluguel + custo operacional/jogo
R$ 270 mil – Arena Pernambuco**

** Apenas um jogo ocorreu neste modelo, Botafogo x Fluminense, na Série A de 2013, com o aluguel correspondendo a 73% da renda bruta. O alvinegro, mandante, teve um prejuízo de R$ 41 mil. Entretanto, este valor é negociável de acordo com o público projetado.

Após 30 anos, CBF se refere ao Central como campeão brasileiro da Série B

Texto da CBF sobre o aniversário do Central em 15 de junho de 2016

Em homenagem aos 97 anos do Central, neste 15 de junho de 2016, o site oficial da CBF publicou um texto sobre o clube pernambucano. No resumo histórico, de praxe nos textos sobre os aniversários dos times, a entidade listou pela primeira vez a conquista do Campeonato Brasileiro da Série B, uma polêmica bem antiga, que completa três décadas nesta temporada.

De 1980 a 1985, a segunda divisão nacional foi chamada de Taça de Prata. Em 1986, foi rebatizada como “Torneio Paralelo”, paralelo ao Brasileirão de fato. Eram quatro grupos, vencidos por Central, Treze, Criciúma e Internacional de Limeira. Não houve um cruzamento entre os melhores e o quarteto subiu para a elite do mesmo ano –  fato comum naqueles tempos. Desde então, os próprios clubes passaram a considerar a conquista, sem disputa pela exclusividade.

Posteriormente, os alvinegros de Caruaru e Campina Grande foram incisivos na busca pelo reconhecimento. Em 2013, além de ofícios, pediram autorização às respectivas federações (e foram atendidos) para pintar em seus estádios o “título brasileiro” – Lacerdão abaixo. Ainda assim, faltava a chancela. A própria confederação brasileira dificulta o conhecimento, pois não divulga em seu canal a lista de campeões – das Séries A, B, C e D, Copa do Brasil, torneios de base, femininos etc. Por isso, chamou a atenção a menção, a primeira.

Registros do título nos sites oficiais: CentralTrezeInter de Limeira e Criciúma.

Estádio Lacerdão, em Caruaru. Foto: centralsc.com.br

Como seria a Cacareco dos Sonhos? Um time repleto de jogadores da Seleção

Cacareco dos Sonhos, "titular" e "reserva". Arte: Joelson Né da Silva/divulgação

Cacareco foi o apelido dado pela imprensa do Sudeste à seleção pernambucana formada em 1959 para representar o país na Copa América, então chamada de “Campeonato Sul-Americano Extra”. Com o bom desempenho no torneio, terminando em 3º lugar, os pernambucanos adotaram o outrora pejorativo apelido. A partir disso, qual seria a escalação da “Cacareco dos Sonhos”?

Se antes a regra era escalar um time com jogadores presentes nos elencos de Náutico, Santa e Sport, a pergunta agora é baseada na origem de cada atleta. O designer Joelson Né da Silva criou (escalou e desenho) duas seleções (a titular, de azul, e a reserva, de branco, as cores da FPF) com este critério. Ideia iniciada a partir de um debate em São Paulo, onde mora, tratando o atacante Terto como o “melhor jogador produzido pelo futebol pernambucano”. Numa terra com Rivaldo, Ademir e Vavá, obviamente não foi, mas está na lista.

Confira os times, na formação 4-3-3, tendo Gentil Cardoso como técnico. São 22 escolhas possíveis a partir de 1940, o período da pesquisa sobre o futebol local. Apenas cinco não defenderam o Brasil, apesar do sucesso entre clubes.

Titular
Manga; Gena, Ricardo Rocha, Zequinha e Rildo; Givanildo Oliveira, Juninho Pernambucano e Rivaldo; Almir Pernambuquinho, Vavá e Ademir Menezes.

Reserva
Bosco; Carlos Alberto Barbosa, Lula Pereira, Zé do Carmo e Lúcio; Hernanes, Josué e Lula; Terto, Nado e Bita

Confira as equipes em uma resolução melhor aqui.

O blog discorda de algumas escolhas. Com fartura no meio campo, acabou havendo improvisações em outros setores. Zequinha, campeão mundial em 1962, era volante, mas acabou escalado como zagueiro. Idem com Zé do Carmo no segundo quadro. Entre os nomes que não poderiam ter sido esquecidos, o do recifense Tará, o maior artilheiro coral, com 207 gols. Jogou de 1931 a 1942 e depois em 1948. Logo, estaria no contexto.

Aprova a formação? Quais mudanças seriam necessárias?

Para apresentar a Cacareco, Joelson fez um vídeo na Arena Pernambuco.

Em transição, opção pela vaga na Sula ou na Copa do Brasil será feita por escrito

Reunião do Comitê de Reformas do Futebol Brasileiro em 09/06/2016. Foto:  Felipe Varanda/CBF

A classificação à Copa Sul-Americana atrelando a participação à eliminação precoce na Copa do Brasil, num formato esdrúxulo e antidesportivo, foi implantada pela CBF em 2013, quando os dois mata-matas passaram a ser simultâneos no segundo semestre. Foi assim em 2013, 2014, 2015 e 2016. E o cenário também caminha para ser aplicado em 2017, com as oito vagas (seis via Brasileiro, uma pelo Nordestão e outra pela Copa Verde) já regulamentadas. Contudo, deve haver uma novidade (já era hora).

Durante a apresentação das decisões do Comitê de Reformas do Futebol Brasileiro, formado por 18 membros, entre eles ex-jogadores como o pernambucano Ricardo Rocha, o diretor de competições da confederação, Manoel Flores, explicou que a classificação internacional deve passar por uma transição. A primeira, a curto prazo, é a opção por escrito.

“Essa é uma questão que continua. A gente, em conselho técnico, decidiu em conjunto com os clubes de que os clubes ao término do Brasileiro desse ano (2016) vão informar a opção deles. Eles querem isso, poder informar a opção. Foi decidido e aprovado por todos. Então, sabedores que estão classificados à Sul-Americana, vão fazer essa opção por escrito. É uma questão que está sendo trabalhada junto à Conmebol. A gente entende que no futuro, não muito distante, a readequação de Libertadores e Sul-Americana é algo que tem que ser revisto. A gente vai lutar por isso na entidade continental.”

Para 2017, pela declaração de Flores, é possível concluir que Santa Cruz e Paysandu, campeões regionais, terão que escolher entre Sula e Copa do Brasil antes da disputa, além dos seis melhores colocados da Série A, à parte dos classificados à Libertadores. Vale lembrar que o Sport tentou abrir mão da Copa do Brasil em 2016, para se dedicar à Sula, solicitando formalmente à CBF. Na ocasião, a entidade negou. O rubro-negro confirmou a atitude em nota oficial. Ao que parece, a ideal acabou entrando na pauta do comitê de reformas…

Reunião do Comitê de Reformas do Futebol Brasileiro em 09/06/2016. Foto:  Felipe Varanda/CBF

Concorrência à vista pela transmissão do Campeonato Pernambucano em 2019

Possível duelo pela transmissão do Pernambucano a partir de 2019: Rede Globo x Esporte Interativo. Arte: Cassio Zirpoli/DP

atual contrato de transmissão do Campeonato Pernambucano tem duração de quatro temporadas, até 2018. O acordo, junto à Rede Globo, prevê um repasse anual aos clubes de R$ 3,84 milhões. Em 2019, seguindo o caminho lógico, com dezenove temporadas consecutivas, a emissora deve renovar o contrato. No entanto, há outro ator em cena. O mesmo de outras disputas nacionais, como o Brasileirão, Paulista, Carioca etc. A onipresente concorrência do Esporte Interativo vem alavancando as cifras, independentemente da escolha dos clubes. E aí está a chance de um incremento na cota do Estadual.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, cujos contratos acabaram em 2016, a proposta do EI fez com que a Globo se mexesse, tendo que aumentar entre 60% e 66% para se manter como emissora oficial em 2017, como mostra o jornalista Rodrigo Mattos, do Uol. Ou seja, com esses índices, o torneio local ficaria entre 6,144 mi e 6.374 milhões de reais (projeções abaixo). No estado, claro, o aumento poderia ser menor proporcionalmente, mas ainda assim além da média do futebol local. Sobretudo pelo interesse da concorrente, ouvida pelo blog.

Em reserva, o discurso é de “respeitar os contratos”, com alguma manifestação em meados de 2018. Pelo histórico dos clubes, uma mudança efetiva é difícil. Basta ver no Brasileiro, com o Trio de Ferro sondado, mas renovando com a Globo até 2024. Mas a contraproposta deve chegar, nem que seja apenas para a tevê paga. A última vez foi em 2000, quando a própria Globo adquiriu os direitos junto ao locutor Luciano do Valle, que exibira o torneio, com sucesso, na TV Pernambuco. A negociação, por quatro edições, saiu por R$ 1,92 milhão…

Campeonato Pernambucano
2015-2018

Cotas anuais
Grandes (3 times): R$ 950 mil (cada)
Pequenos (9 times): R$ 110 mil (cada)

2019*
Grandes (3): R$ 1,52 milhão a R$ 1,577 milhão (cada)
Pequenos (9): R$  176 mil a R$ 182 mil (cada)
*Estimativa de 60% a 66% de acréscimo, no Paulista e no Carioca

Campeonato Paulista (total)
2016 – R$ 100 milhões
2017 – R$ 160 milhões (60%)

Campeonato Carioca (total)
2016 – R$ 60 milhões
2017 – R$ 100 milhões (66%)**
** Em negociação

Termo de Ajustamento de Conduta pelo fim das organizadas, via STJD. Adianta?

Inferno Coral, Torcida Jovem e Fanáutico

As maiores torcidas uniformizadas dos clubes pernambucanos (Jovem, Inferno Coral e Fanáutico) estão vetadas há algum tempo nos estádios, tendo que se submeter a camisas com a palavra “paz” para obter uma autorização parcial. No caso da Jovem, nem isso, pois o Sport cortou relações. Indo além, a FPF firmou um termo um Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, pedindo o fim das facções. Na assinatura, com a presença do procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, os clubes locais se comprometeram com 12 cláusulas. A primeira delas é quase um resumo.

“Os clubes comprometem-se a abolir, extinguir, rescindir, romper, vedar imediatamente qualquer benefício ou custeio direto ou indireto a torcidas organizadas, tais como doação e/ou subsídio de ingressos, custeio de transporte interno ou externo para jogos como mandante ou visitante, reserva de assentos em sua praça de desporto, cessão de espaço dentro de estádios ou de sua sede, hospedagem, repasse de recursos, ou por qualquer outro meio de auxílio, apoio, subvenção ou patrocínio de qualquer natureza, inclusive quanto ao licenciamento ou utilização indevida de suas marcas ou símbolos.”

Para o presidente da FPF, Evandro Carvalho, o termo pode ajudar no controle e enquadramento dos sócios e no monitoramento da chegada e saída dos torcedores nos estádios, assim como  “criminalizar os vândalos”, saindo da esfera esportiva – abaixo, a íntegra do documento. Nesse tempo de violência no Recife, e são quase duas décadas, outros termos de ajustamento foram firmados, com compromissos semelhantes, com as mesmas uniformizadas. Por isso, é sempre bom relembrar o levantamento do Ministério Público de Pernambuco, com dados junto à Polícia Militar, delegacias da capital e Juizado do Torcedor. Foram 800 crimes envolvendo uniformizadas entre 2008 e 2012, num raio de até cinco quilômetros a partir dos estádios. Furto, roubo, lesão corporal, formação de quadrilha. Problema antigo, sempre ascendente…