O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu a absolvição sumária do estudante Ademário Gomes da Silva Dantas, indiciado sob acusação de ter assassinado o professor José Bernardino da Silva Filho, 49 anos, conhecido como Betinho do Agnes. O pedido da promotora da 2ª Vara do Tribunal do Júri Dalva Cabral foi fundamentado no resultado da terceira perícia papiloscópica, que indicou não serem de Ademário as digitais encontradas na cômoda que estava na casa da vítima.
Também nesta segunda-feira, a promotora pediu à Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) a criação de uma Força-tarefa para investigar o assassinato ocorrido em maio de 2015, no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista. Outro pedido feito pela promotora após a realização de mais uma audiência sobre o caso foi que o governo do estado passe a utilizar o mesmo programa usado pela Polícia Federal para reconhecimento papiloscópico.
O advogado de Ademário Dantas, Jorge Wellington, acredita que a decisão do juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques deve sair entre 10 e 15 dias. “Ademário foi ouvido hoje, negou qualquer participação no crime e está tranquilo. Vamos aguardar a decisão judicial para depois disso exigir uma reparação por parte do estado. Essa acusação infundada destroçou não só a vida de Ademário como a de toda a família”, declarou Jorge Wellington. O resultado do primeiro laudo papiloscópico produzido pelo Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) apontou que 18 pontos de convergência de Ademário estavam no móvel da vítima. A pedido da defesa, outro laudo feito pela Polícia Federal apontou que não havia digitais de Ademário.
A promotora Dalva Cabral explicou o motivo do seu pedido. “Temos três perícias oficiais, uma do IITB, uma da Polícia Federal e uma do Instituto de Criminalística (IC), essa última requerida por nós, onde duas apontam o mesmo resultado. Porém, antes do último resultado, o IITB retificou em parte seu laudo para dizer que a informação a respeito do acusado Ademário seria inconclusiva, que os vestígios papiloscópicos não eram suficientes para apontar autoria dele. Daí, a lei nos obriga a, em casos como esses, em que não se prova autoria nem participação, requerer a aboslvição sumária e foi o que fizemos. As perícias dizem que aquela marca na cômoda, não é nem no objeto do crime, não é do acusado”, explicou a promotora.
Ademário foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco como um dos autores da morte de Betinho. Além dele, um estudante de 17 anos também foi responsabilizado pelo crime. A defesa do estudante que era adolescente à época da morte de Betinho também espera a liberação de uma terceira perícia para pedir que ele seja inocentado. O corpo de Betinho foi encontrado despido da cintura para baixo, na noite do dia 16 de maio de 2015, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado ao pescoço.
Segundo a polícia, o ferro elétrico foi utilizado para dar pancadas na cabeça da vítima. Também de acordo com a polícia, as digitais do adolescente estavam no ferro e no ventilador de Betinho. Uma das irmãs de Betinho, Sandra Ferreira, espera que o culpado seja encontrado. “Já são quase três anos de espera. Betinho não merecia morrer daquela forma. Vamos seguir até o fim para que o culpado ou os culpados sejam condenados e presos”, desabafou Sandra. A Polícia Civil de Pernambuco informa que não foi notificada sobre a criação da Força-tarefa para investigar o caso Betinho. Porém, “a PCPE está à disposição do Ministério Público e da Justiça para o que for necessário com o objetivo de esclarecer o caso”.