Funcionários do governo norte-americano alertados sobre risco de crimes no Recife

Funcionários do governo norte-americano foram alertados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos a não caminharem na Praia do Pina, na Zona Sul do Recife, após o anoitecer. O alerta compreende a faixa de areia da Rua Dona Benvida de Farias até final da beira-mar, já no bairro de Brasília Teimosa. Publicado no site da instituição, o aviso classifica o Brasil no nível dois de cuidados, em uma escala de quatro níveis. O comunicado alerta também que os estrangeiros não utilizem serviços de ônibus na capital pernambucana. Ambas políticas entraram em vigor desde o mês de novembro do ano passado. O Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife lembra, em seu site, que incidentes de segurança podem acontecer a qualquer momento e que todos estejam sempre atentos. Também no site há um texto de alerta aos norte-americados que estiverem no Recife.

Uma das recomendações é evitar a Praia do Pina à noite. Foto: Roberto Ramos/DP

“Diante da criminalidade a ônibus públicos no Recife e Região Metropolitana, o Consulado Geral no Recife está restringindo americanos que trabalham para a Missão dos EUA no Brazil e suas famílias a utilização de ônibus públicos no Recife e na área metropolitana. Além disso, o Consulado está restringindo americanos que trabalham para a Missão dos EUA no Brasil e seus familiares de caminharem pela Praia do Pina,  localizada na parte norte de Boa Viagem, ao anoitecer. Esta restrição abrange a faixa de areia da praia do Pina desde a Rua Dona Benvinda de Farias até o bairro de Brasília Teimosa. A proximidade do Pina à dunas de areia, vegetação espessa e a outras áreas não iluminadas representam maior ameaça do que outras áreas ao longo da Praia de Boa Viagem”, diz a nota.

Em resposta ao alerta dos Estados Unidos, a Secretaria de Defesa Social (SDS) enviou uma nota. Confira abaixo:

“Em relação as recomendações do Departamento de Estado Americano para os turistas americanos que visitam o Brasil, a Secretaria de Defesa Social esclarece que a área do Pina especificada recebe toda a atenção dos policiais. Nesse trecho, o 19º Batalhão de Polícia Militar realiza o policiamento a pé e motorizado, com guarnições fixas e volantes, além de contar com o apoio do Batalhão de Choque, da Radiopatrulha e outras especializadas. A área não é uma região característica de crimes violentos. A redução da criminalidade traduz-se nos números: em janeiro de 2018, o bairro do Pina registrou 9 crimes contra o patrimônio, contra 25 no mesmo período de 2017 – uma queda de 64%. Já sobre a recomendação a respeito dos ônibus, há um contraste com o cenário de redução significativa de casos de roubos em transporte coletivo. Pelo 4º mês seguido, caíram os números desse tipo de ocorrência, devido a ações de abordagens da PM nos principais corredores de ônibus e investigações da Polícia Civil. Os patamares dos últimos meses – 53 investidas em novembro – chegam a 74% de queda em relação a janeiro de 2017, por exemplo, quando houve 199 casos.

Casos de feminicídio em alta no estado neste final de ano

Remís e Verônica. Duas mulheres assassinadas. Duas vítimas de feminicídio. Crime praticado pela condição da vítima ser mulher. Pernambuco está encerrando o ano de 2017 com o vergonhoso registro de 77 crimes de feminicídio. Isso sem falar nos 5.030 homicídios notificados no estado de janeiro a novembro deste ano. Nesta sexta-feira pela manhã, foi preso um homem suspeito de matar a esposa no bairro da Charneca, no Cabo de Santo Agostinho.

De acordo com a polícia, Severino Cabral de Araújo Filho, 41, assassinou Verônica Maria da Silva, 45, com duas facadas na cabeça enquanto ela dormia no sofá, na residência do casal. Antes de fugir, o homem deixou uma carta confessando o crime e alegando ter obedecido “ordens de uma entidade”. Os dois estavam casados havia 12 anos. Severino foi preso na casa do pai dele, no mesmo bairro onde aconteceu o crime. O suspeito foi encaminhado para a Delegacia da Mulher, onde foi autuado em flagrante por feminicídio.

Remís Carla ficou algumas dias desaparecida até ser encontrada morta. Foto: UFPE/Divulgação

Segue preso no Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, o auxiliar de pedreiro Paulo César Oliveira, 25, acusado de assassinar a namorada Remís Carla Costa, 24. O crime aconteceu no dia 17 de dezembro dentro de casa de Paulo César, no Loteamento Novo Caxangá. Ele ocultou o corpo da universitária em uma área perto dos fundos do local onde morava. O cadáver só foi localizado no dia 24. Remís já havia prestado queixa de agressão contra o namorado no dia 23 de novembro e até solicitado medida protetiva para que ele não se aproximasse dela. Amigos da vítima denunciam que Remís não teve a atenção e proteção necessárias por parte do estado.

Na tarde desta sexta-feira, a Polícia Civil prendeu o homem apontado como o assassino da auxiliar de ensino Marcela Gomes Leite, 32 anos, morta com mais de 30 facadas, na última terça-feira, no bairro de Aguazinha, em Olinda, no Grande Recife. A violência com a qual o crime foi praticado deixou parentes, amigos e vizinhos da vítima revoltados. Marcela era muito querida por todos na localidade onde morava. Denilson Andrade da Silva, 28 anos, também seguiu para o Cotel. Ele teria dito à polícia que cometeu o crime porque entrou na casa da vítima para furtar um telefone celular e Marcela teria acordado e tentado uma reação. No entanto, o caso ainda não foi detalhado pelos investigadores.

Um exército juvenil a serviço do crime em Pernambuco

Por Marcionila Teixeira e Wagner Oliveira

Um verdadeiro exército de crianças e adolescentes é recrutado nas comunidades, todos os dias, para lidar com armas, tráfico de drogas e assaltos. Vulnerabilizados por condições de pobreza e desagregação familiar, tornam-se presas fáceis de criminosos. Entram numa jornada às  vezes sem volta. Quase 10% dos homicídios ocorridos no estado entre janeiro e abril deste ano vitimaram menores de 18 anos.

São 199 assassinatos de crianças e adolescentes de um total de 2.038 mortes registradas no período, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS). São 69 corpos a mais quando a comparação é feita com os mesmos meses do ano passado. Outros 480 sobreviventes dessa “guerra” terminaram encaminhados para as unidades da Funase nos dois primeiros meses do ano.

O não cumprimento de metas determinadas por traficantes e dívidas de drogas estão por trás da maioria das execuções  de crianças e adolescentes em Pernambuco. Não os únicos motivos. Uma operação da Polícia Civil chamada Escudo da Juventude prendeu, em abril, 24 suspeitos desses crimes, todos ligados ao tráfico nas cidades de Olinda, Paulista e Recife. A vítima mais nova tinha apenas 13 anos.

Uma análise dos assassinatos revela mais: 42% das vítimas têm 17 anos, 93% são do gênero masculino, 51% foram assassinadas à noite ou de madrugada e 96% são pessoas classificadas pela polícia como pardas.

Compreender o contexto das ações violentas praticadas pelos jovens é mais um ponto de partida para uma reflexão sobre o assunto. Marcelo, 16 anos, traficante e assaltante desde os 14, usa o dinheiro do crime para sustentar a  mãe e os dois irmãos mais novos. Para ele, ir à escola significa perder clientes no comércio de drogas. Débora, 17, tem celular e computador bons presenteados pela mãe. Luta contra a tentação dos convites para assaltar. Nem sempre vence.

Como pontua Marcelo Pelizzoli, professor do mestrado em direitos humanos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do Espaço de Diálogo e Reparação da UFPE (www.ufpe.br/edr), a violência não é uma questão de caráter moral ou mera irracionalidade, mas um tipo de linguagem. “É um tipo de reação incorporada na forma de organizar as relações de sobrevivência biológica e psicológica e de reconhecimento, pertencimento ao grupo. Tudo que gera exclusão nesses níveis, conectados a pensamentos/imagens, emoções, necessidades, linguagem e sistema de relações, está fadado a encontrar respostas de violência.”

Na outra ponta dessas histórias estão as famílias dos adolescentes, agora mutiladas. Estão sem seus filhos e filhas, distanciados por estarem mergulhados na violência ou por terem sido assassinados. A dor de quem perdeu um ente querido nessas condições tem a mesma intensidade do medo. É um sentimento presente até o fim da vida. Um pavor de reviver toda a violência, de tornar-se alvo. Poucos falam ou mostram o rosto. Alguns evitam até mostrar a foto dos parentes.

Os relatos dos sobreviventes dessa guerra, ontem soldados e hoje autores de um novo olhar sobre a própria vida, são um alento. Auxiliados por uma rede de ajuda humanitária, as histórias de superação são como um chamado para entender que um outro final é possível.

Leia o especial completo no endereço: bit.ly/ExercitoJuvenil

Mais de 30 mil jovens são assassinados por ano no Brasil

Os jovens de 15 a 29 anos são as principais vítimas de homicídio no Brasil e, entre 2012 e 2015, mais de 30 mil pessoas nessa faixa etária foram assassinadas por ano no país. Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2017, divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apesar de 2015 ter registrado uma queda de 3,6% em relação a 2014, o número de jovens mortos continuou acima dos 30 mil, com 31.264. A situação se repete desde 2012 e atingiu o pico de 32.436 em 2014.

Violência tem deixado a população de Pernambuco muito assustada. Foto: Wagner Oliveira/DP

De 2005 a 2015, o número de jovens mortos no país cresceu 16,7%. Enquanto a taxa de homicídios da população em geral é de 28,9 casos para cada 100 mil habitantes, entre os jovens a proporção é de 60,9 casos. Dentro dessa faixa etária, as principais vítimas são os homens jovens. Entre eles, a taxa de homicídios chega a 113,6 casos por 100 mil habitantes. O problema se agrava em alguns estados, onde a taxa pode ser o dobro da nacional.

Em Alagoas, 233 homens jovens de 15 a 29 anos foram assassinados para cada 100 mil homens dessa faixa etária. Sergipe tem a segunda maior taxa, com 230,4 para 100 mil. O Rio Grande do Norte registra 197,4 casos para 100 mil habitantes nessa faixa etária e gênero, mas foi o estado que teve o maior salto no período de 2005 a 2015: 313,8%.

Da Agência Brasil

Mais de 21 mil estupros ocorreram em Pernambuco nos últimos 10 anos

Não é só o número de assassinatos que tem deixado a população pernambucana apavorada. Crimes de roubos a bancos, assaltos a ônibus, roubos de carros e telefones celulares também seguem desafiando a polícia. E para completar a lista, os crimes de estupro também seguem em alta.

Além dos 497 casos registrados nos três primeiros meses deste ano, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), 21.256 estupros foram registrados em Pernambuco entre os anos de 2006 e 2016. Em todo o ano passado, 2.196 pessoas foram violentadas sexualmente no estado. O interior de Pernambuco é a região onde mais acontecem os estupros.

Essa é uma das vítimas desse tipo de violência. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP
Essa é uma das vítimas desse tipo de violência. Foto: Peu Ricardo/Esp.DP

Embora as estatísticas sejam assustadoras em todo Brasil, o retrato fiel da violência sexual pode ser muito pior. O 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela que apenas 35% das vítimas de crimes sexuais denunciam o caso às autoridades. Muitas dessas vítimas são violentadas por familiares.

A Lei Federal 12.015/2009 alterou a conceituação de estupro, passando a incluir, além da conjunção carnal, os atos libidinosos e atentados violento ao pudor. Entre as vítimas, estão homens e mulheres, embora o sexo feminino seja o mais vitimado.

Leia mais sobre o assunto em:

Estupro: marca difícil de apagar

Gleide Ângelo assume Departamento de Polícia da Mulher na segunda-feira

A partir desta segunda-feira, a delegada Gleide Ângelo, que ficou conhecida por comandar investigações de casos importantes no estado, como os assassinatos da alemã Jennifer Kloker, da estudante Alice Seabra e da administradora Narda Alencar, assumirá o Departamento de Polícia da Mulher (DPMul). Gleide ficará no cargo que era ocupado pela delegada Inalva Regina. Desde novembro de 2015, Gleide estava à frente da Delegacia de Homicídios de Olinda. Antes disso, havia passado seis anos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP
Gleide Ângelo em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP

Gleide assume o cargo com a missão de investigar os crimes praticados contra mulheres em Pernambuco e prender os responsáveis pelos assassinatos ou agressões. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 58 mulheres foram assassinadas em Pernambuco entre janeiro e fevereiro deste ano. Os dados de março ainda não foram divulgados. Mudanças também na assessoria do DPmul, a delegada Julieta Japiassu vai ocupar a vaga que era da delegada Marta Rosana. As substituições foram publicadas no Diário Oficial do estado desta sexta-feira.

SDS registrou 148 estupros e 479 mortes no mês de janeiro no estado

Pernambuco segue com altos índices de violência. Somente no mês de janeiro deste ano, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), foram registrados 479 homicídios no estado. Ainda de acordo com a SDS, o Recife foi a cidade com mais mortes, 70 no total, seguida por Jaboatão dos Guararapes (30 assassinatos) e Paulista (23 homicídios). Já no interior do estado, o município de Caruaru teve o maior número de ocorrências com 21 vítimas de CVLI.

A cidade de Vitória de Santo Antão registrou 15 mortes e Santa Cruz do Capibaribe 11. Outro dado alarmente foi divulgado. Em todo estado foram contabilizadas 2.743 ocorrências de violência tendo como vítima pessoas do sexo feminino e 148 estupros, ou seja, quase uma média de cinco mulheres estupradas por dia no estado.

Foto: Peu Ricardo Esp/DP
Cinco mulheres, em média, são alvo de violência sexual por dia em Pernambuco. Foto: Peu Ricardo Esp/DP

Também em janeiro, ocorreram 10.691 Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP), que incluem os crimes de roubo, extorsão mediante sequestro e roubo com restrição da liberdade da vítima. Na Região Metropolitana, Recife registrou 3.796 ocorrências. Em Olinda foram 876 registros de CVP e outras 780 ocorrências em Jaboatão. No interior, o município de Caruaru teve 450 crimes contra o patrimônio seguido por 254 em Carpina e 251 em Santa Cruz do Capibaribe.

Número de homicídios volta a crescer em Pernambuco

Pernambuco registrou crescimento de mais de 13% de crimes contra a vida em 2016, contrariando a meta estabelecida pelo Pacto Pela Vida, que é de reduzir, anualmente, em 12%, o número de homicídios no estado. Segundo a Polícia Civil, de janeiro a novembro de 2015 foram 3.541 homicídios. Em 2016, esse número subiu para 4.007, levando em conta o mesmo período do ano. A última vez que o estado havia registrado mais de 4 mil assassinatos foi no ano de 2009, quando o número chegou a 4.018 mortes em Pernambuco.

Foto: Ricardo Fernandes/DP
Violência tem deixado a população assustada. Foto: Ricardo Fernandes/DP

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) divulgou ontem que realizou 44 Operações de Repressão Qualificada (ORQ) e prendeu 580 envolvidos durante o ano de 2016. As investigações de inteligência da PCPE são o principal meio de combater quadrilhas e associações criminosas no estado. O principal delito de 2016 foi homicídio, com aumento de 9,8% em relação a 2015. Além de tráfico de drogas e crimes contra a administração púbica. Entre os presos, 110 pessoas tiveram envolvimento em ações criminosas contra bancos e instituições financeiras.

O balanço das Operações de Repressão Qualificada foi apresentado ontem pelo Chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Antônio Barros. O número de homicídios é, entre todos os crimes, o maior, equivalente a 32% das investigações. De janeiro a novembro de 2016, foram registrados 4.007 homícidios (relacionados a ações de quadrilhas), 466 a mais, se comparado com o mesmo período de 2015, quando foram registrados 3541 homicídios. Já o tráfico de drogas representa 23% das operações. “Os homicídios, em sua maioria, estão também relacionados ao tráfico de drogas, são crimes interligados”, destacou Antônio Barros, Chefe da PCPE.

Presídios estaduais podem não mais abrigar condenados por crimes federais

Da Agência Câmara

Em análise na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 6051/16, do deputado Alberto Fraga (DEM-DF), determina que as penas por prática de crimes federais, como tráfico de drogas e sonegação fiscal, deverão ser cumpridas em presídios da União. Hoje, as penas de reclusão e detenção aplicadas pela Justiça estadual podem ser executadas em outro estado ou em estabelecimentos federais (Lei de Execução Penal – Lei 7.210/84).

Prisões brasileiras abrigam mais de 600 mil pessoas, 61% acima de sua capacidade Wilson Dias/Agência Brasil
Proposta visa evitar a superlotação nas unidades prisionais. Wilson Dias/Agência Brasil

Segundo Fraga, a ideia é manter a execução penal em consonância com o crime praticado e com o foro competente, como forma de conter a superlotação dos presídios estaduais. “Apesar do baixo número de presídios federais, cada entidade federativa deve assumir sua responsabilidade, inclusive para permitir a ressocialização, pois enquanto perdurar a superlotação das penitenciárias estaduais, esta crítica situação só tende a piorar”, disse o parlamentar.

Hospital da Mulher oferece serviço completo para vítimas de estupro

“Força, estamos do seu lado”. Essa é apenas uma das muitas mensagens espalhadas em todos os ambientes do Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência Sony Santos, localizado no Hospital da Mulher do Recife (HMR), no bairro do Curado. Inaugurado em 15 de julho deste ano, o local já atendeu mais de 40 mulheres vítimas de violência em todo o estado.

Uma parceria entre a Prefeitura do Recife e o governo estadual possibilita que as vítimas recebam todos os atendimentos num único local e já deixem a unidade de saúde com uma queixa registrada, se esse for o seu desejo. O centro funciona 24 horas por dia e conta, além de atendimento médico, com uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, assistente social e legista. Tudo é feito com total sigilo.

Equipe multidisciplinar está à disposição das vítimas. Foto: Peu Ricardo/Esp DP
Equipe multidisciplinar está à disposição das vítimas. Foto: Peu Ricardo/Esp DP

A diretora do HMR, Isabela Coutinho, ressaltou que não só as mulheres vítimas de violência sexual são atendidas no Centro Sony Santos. “As mulheres que sofrem agressões físicas e psicológicas também podem procurar os serviços que nós oferecemos. O atendimento é reservado e realizado num prédio anexo ao hospital. Além de oferecer toda assistência às vítimas, temos como objetivo estimular as mulheres a denunciarem os casos de agressões e abusos sexuais para que esses crimes possam ser punidos”, destacou a diretora da unidade de saúde. O centro conta com dois consultórios, salas para atendimento psicológico, serviço social, sala de atividades e duas suítes para pacientes que precisem pernoitar na unidade de saúde.

Quando a mulher vítima de violência chega ao hospital, o primeiro atendimento é realizado pelo setor de assistência social. Segundo a coordenadora do centro, Sandra Leite, somente depois desse contato a mulher passa aos demais serviços. Para evitar que a vítima relate o que aconteceu a vários profissionais, caberá ao assistente social repassar as informações colhidas para toda equipe. Somente a partir desse momento é feito o atendimento à vítima.

Com o objetivo de humanizar essa assistência, em todos os setores por onde passam no centro, as mulheres encontram frases de encorajamento e apoio nas paredes. “Coragen, divida sua dor com a gente” e “Só o amor pode superar a dor” são algumas das mensagens.

A assistente social Lílian Oliveira destacou que muitas mulheres ainda têm resistência em denunciar as agressões sofridas. “Grande parte delas chega ao centro muito assustada. Nós conversamos com elas, tentamos tranquilizá-las, fazemos uma entrevista socioeconômica e depois perguntamos se elas querem registrar uma queixa. Muitas ainda resistem porque os agressores são seus companheiros ou familiares”, contou Lílian.

O acompanhamento da equipe multidisciplinar do centro é feito por um período de seis meses. No entanto, esse tempo não é uma regra. De acordo com a coordenadora do serviço de psicologia do HMR e do centro, Eduarda Pontual, a família tem papel fundamental na recuperação da vítima. “A mulher que sofre estupro precisa reorganizar toda sua vida, inclusive a sexual. Para isso, deverá contar com a família e em alguns casos o acompanhamento pode demorar mais um pouco”, destacou Eduarda.