Caso Betinho: novo laudo inocenta adolescente da morte do professor

Mais um capítulo para o caso da morte do professor José Bernardino da Silva Filho, conhecido como Betinho do Agnes. Nova perícia realizada pela Polícia Federal apontou que as impressões digitais encontradas no ferro elétrico e no fio do ventilador usados para matar Betinho não seriam do estudante que à época do crime tinha 17 anos e foi indiciado juntamente com o estudante Ademário Gomes da Silva Dantas.

O pedido de um novo exame realizado pelo Instituto Nacional de Identificação (INI), em Brasília, foi feito pela advogada do então adolescente, Roselayne Souza, depois que o resultado da segunda avaliação das digitais de Ademário também deu negativo, diferentemente do que havia sido constatado pelos peritos papiloscopistas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O primeiro laudo coloca os dois estudantes na cena do crime.

Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

A advogada Roselayne Souza disse que a família do adolescente pretende entrar com um processo contra o estado por ele ter sido apontado pela morte de Betinho. “Os dois estudantes nunca estiveram no apartamento da vítima e não poderiam ter sido indiciados por um crime que não cometeram. A única coisa que os ligava a esse crime era esse laudo das digitais do IITB. Agora, com os resultados da Polícia Federal, essa acusação cai por terra”, comentou Roselayne.

De acordo com a Polícia Civil, Ademário e o estudante, que tinha 17 anos quando Betinho foi morto, foram os responsáveis pelo crime. O corpo de Betinho foi encontrado despido da cintura para baixo, na noite do dia 16 de maio de 2015, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado ao pescoço. Segundo a polícia, o ferro elétrico foi utilizado para dar pancadas na cabeça da vítima. As digitais do adolescente estariam no ferro e no ventilador. Já as digitais de Ademário estariam em uma cômoda do apartamento que fica no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista.

Procurada pelo blog Segurança Pública, a Secretaria de Defesa Social respondeu por meio de uma nota. “A Secretaria de Defesa Social informa que o caso já foi remetido à Justiça com todas as provas, elementos e testemunhas produzidas pelas polícias Civil e Científica de Pernambuco. Como a conclusão já foi acatada pelo Ministério Público e a denúncia já foi feita à Justiça, cabe ao poder Judiciário se pronunciar sobre a questão.”

Caso Betinho: MPPE pede novo laudo de digitais de estudante

Diante da diferença dos resultados dos laudos papiloscópicos produzidos pelo Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) e pela Polícia Federal (PF) sobre a morte do professor José Bernardino da Silva Filho, conhecido como Betinho do Agnes, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu a realização de um terceiro exame para confrontar com os resultados anteriores. O resultado da perícia feita pela PF revelou que não era do estudante Ademário Gomes da Silva Dantas a digital encontrada em uma cômoda do apartamento de Betinho, morto em maio de 2015, no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista.

Defesa de Ademário disse que novo exame não faz sentido. Foto: Wagner Oliveira/DP

Ademário foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco como um dos autores da morte de Betinho. Além dele, um estudante de 17 anos também foi responsabilizado pelo crime. O inquérito policial concluído pelo delegado Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apontou a presença da digital do estudante no móvel da casa da vítima. Já as digitais do adolescente, segundo a polícia, estavam no ferro e no fio do ventilador usados para matar Betinho. O advogado Jorge Wellington, que atua na defesa de Ademário, disse que não faz sentido a realização de uma terceira perícia. “Estou me pronunciando hoje no TJPE sobre esse pedido do MPPE. Não há provas contra Ademário. Isso já foi provado pela perícia realizada pela Polícia Federal, em Brasília”, ressaltou o advogado.

Uma nova audiência de instrução do caso está marcada para o dia 4 de agosto, às 13h, na Segunda Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Rodolfo Aureliano. A família da vítima espera que o culpado ou culpados pela morte de José Bernardino seja(m) punido(s) pelo assassinato. O corpo de Betinho foi encontrado despido da cintura para baixo, na noite do dia 16 de maio de 2015, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado ao pescoço. Segundo a polícia, o ferro elétrico foi utilizado para dar pancadas na cabeça da vítima.

Defesa de acusado no caso Betinho do Agnes quer trancar processo

O advogado Jorge Wellington, que está atuando na defesa do estudante Ademário Gomes da Silva Dantas, indiciado pela Polícia Civil como um dos responsáveis pela morte do professor Betinho do Agnes pediu na Justiça que vários pontos do processo que acusa o jovem fossem revistos. Ademário e outro estudante que à época do crime tinha 17 anos foram apontados como os responsáveis pelo crime ocorrido em maio de 2015.

Entre os pedidos, a Justiça autorizou a realização de uma nova audiência requisitando a presença da delegada e do perito que estiveram no local do crime no dia em que o corpo da vítima foi encontrado, a entrega das mídias contendo as imagens do circuito interno do Colégio Agnes e a realização de perícia papiloscópica por peritos da Polícia Federal (PF) para comprovar se a impressão digital de Ademário foi encontrada num móvel da casa de José Bernardino da Silva Filho.

Ainda entre as dúvidas levantadas pela defesa está também a hora exata da morte de Betinho. Os horários apontados pelo Instituto de Medicina Legal (IML) e pelo Instituto de Criminalística (IC) estariam apontando divergências. Além disso, o Laboratório de Perícia e Pesquisa em Genética Forense foi oficiado para dar esclarecimentos quanto à natureza dos vestígios biológicos periciados.

Jorge Wellington disse que "perícia foi infundada". Foto: Teresa Maia/DP
Jorge Wellington disse que “perícia foi infundada”. Foto: Teresa Maia/DP

Segundo o advogado Jorge Wellington, que assumiu a defesa de Ademário recentemente, o objetivo dos pedidos é, caso o resultado da PF seja diferente do obtido pelo do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB), solicitar o trancamento da ação. “Essa perícia é infundada. Ademário nunca esteve naquele apartamento. Ele não participou daquele crime. Isso será provado. Vou pedir o trancamento da ação por falta de justa causa”, ressaltou o advogado, acrescentando que haverá uma audiência no próximo dia 26 de maio. Jorge Wellington ficou conhecido ao conseguir inocentar no júri popular os irmãos Marcelo e Valfrido Lira das acusações das mortes das adolescentes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado.

Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Crime aconteceu neste prédio, na Boa Vista. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

De acordo com o chefe de comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro, ainda não há data prevista para a divulgação do resultado da nova perícia. Além de Ademário, outro aluno do Colégio Agnes, segundo a polícia, teve participação no crime. O corpo de Betinho foi encontrado despido da cintura para baixo, na noite do dia 16 de maio de 2015, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado ao pescoço. Segundo a polícia, o ferro elétrico foi utilizado para dar pancadas na cabeça da vítima. As digitais do adolescente estavam no ferro e no ventilador. Já as digitais de Ademário estavam em uma cômoda do apartamento que fica no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista.

Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal
Professor trabalhava no Agnes e na rede municipal de ensino. Foto: Arquivo Pessoal

O delegado Alfredo Jorge concluiu a investigação e indiciou Ademário e adolescente como os responsáveis pela morte de Betinho. As impressões digitais foram as provas mais contundentes apresentadas pela investigação. Quando ouvidos na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os dois estudantes negaram participação no assassinato que está perto de completar dois anos. Além do Agnes, Betinho também trabalhava na Escola Municipal Moacir de Albuquerque, no bairro de Nova Descoberta, de onde havia pedido transferência uma semana antes de ser assassinado.

Gleide Ângelo assume Departamento de Polícia da Mulher na segunda-feira

A partir desta segunda-feira, a delegada Gleide Ângelo, que ficou conhecida por comandar investigações de casos importantes no estado, como os assassinatos da alemã Jennifer Kloker, da estudante Alice Seabra e da administradora Narda Alencar, assumirá o Departamento de Polícia da Mulher (DPMul). Gleide ficará no cargo que era ocupado pela delegada Inalva Regina. Desde novembro de 2015, Gleide estava à frente da Delegacia de Homicídios de Olinda. Antes disso, havia passado seis anos no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP
Gleide Ângelo em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP

Gleide assume o cargo com a missão de investigar os crimes praticados contra mulheres em Pernambuco e prender os responsáveis pelos assassinatos ou agressões. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 58 mulheres foram assassinadas em Pernambuco entre janeiro e fevereiro deste ano. Os dados de março ainda não foram divulgados. Mudanças também na assessoria do DPmul, a delegada Julieta Japiassu vai ocupar a vaga que era da delegada Marta Rosana. As substituições foram publicadas no Diário Oficial do estado desta sexta-feira.

Cabo da PM suspeito de praticar crimes é liberado pela Justiça

O cabo do 11º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco que havia sido autuado em flagrante na tarde da última sexta-feira por envolvimento no crime ocorrido na quinta-feira, no bairro de Campo Grande, no Recife, foi liberado pela Justiça após ser apresentado na audiência de custódia. A audiência aconteceu no Fórum Rodolfo Aureliano, na tarde desse sábado. A Polícia Civil não tem dúvidas que ele participou do crime que resultou na morte de um ex-presidiário e no ferimento à bala de outro policial militar. Outros três suspeitos estão sendo procurados.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o cabo Cláudio da Silva Melo teve a prisão relaxada pelo juiz plantonista Edimilson Cruz Júnior, que considerou a prisão ilegal por ter sido realizada várias horas após o fato.

Militar havia sido preso na sexta-feira. Foto: Thamires Oliveira/Esp. DP
Militar havia sido preso na sexta-feira. Foto: Thamires Oliveira/Esp. DP

O policial compareceu ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, na tarde da sexta-feira, acompanhado de um advogado. Em seu depoimento, o cabo permaneceu calado, mas havia sido autuado em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio. O caso também está sendo acompanhado pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS). Segundo a polícia, os suspeitos do crime chegaram em uma caminhonete de cor preta. As vítimas estavam dentro de um Mitsubishi ASX quando foram atingidas pelos disparos.

O cabo Eduardo Leite da Silva, 38 anos, lotado no 16º BPM, foi baleado de raspão na cabeça e passa bem. A esposa dele também estava no carro, mas não foi atingifa. Já o motorista, Luciano Pereira da Silva, 38, conhecido como Lúcio da Bomba, morreu no Hospital da Restauração (HR), para onde ambos foram socorridos.

Delegado Luiz Andrey assume Diretoria Integrada Especializada

Novas mudanças na Polícia Civil de Pernambuco estão sendo feitas para que o governo consiga reduzir a criminalidade no estado. O delegado Luiz Andrey de Oliveira, que deixou a subchefia da PCPE recentemente, foi nomeado hoje para o cargo do Diretor Integrado Especializado, que chefia os departamentos e unidades especializados da Polícia Civil. Andrey assume o cargo que era ocupado pelo delegado Darlson Macedo. IMG_2573

Antes de ser subchefe da PCPE, Luiz Andrey comandou a Diretoria Integrada Metropolitana e o Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc). Também foi juiz de direito no estado da Paraíba, mas voltou para o quadro da PCPE. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) também ganha nova chefia a partir de hoje. O delegado Ivaldo Pereira assume a vaga que era de Mauro Cabral.

DHPP investiga morte de menino atingido por uma bala perdida

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando o assassinato do estudante Mateus Alexandre Teixeira da Silva, 14 anos. Ele morreu na manhã de ontem, após ter sido baleado durante uma perseguição policial na noite do último sábado. O adolescente foi atingido por um tiro na nuca quando estava na Rua Compositor José Dantas, no Vasco da Gama, Zona Norte do Recife.

A família de Mateus e moradores da localidade afirmam que o disparo partiu da arma de um policial militar. Policiais da Companhia Independente de Policiamento com Motos perseguiam três homens suspeitos de assaltos no momento em que o garoto foi baleado. O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social.

Garoto foi baleado quando voltava para casa. Fotos: TV Clube/Reprodução
Garoto foi baleado quando voltava para casa. Fotos: TV Clube/Reprodução

Revoltado com a morte do filho, o pedreiro Antônio Carlos Tavares, 37, espera que os responsáveis pelo crime sejam punidos. “Quando eu já estava na porta da Corregedoria, soube que meu filho tinha ido a óbito. Voltei para resolver as coisas, mas vou finalizar a denúncia. Eles têm que pagar. Quero que os policiais sejam presos. Eles não poderiam ter feito isso com o meu filho. Ele era um estudante cheio de sonhos e queria ser economista. Agora teve os sonhos interrompidos por esses policiais que não são bem treinados. Vamos processar o estado. Esses policiais são matadores”, desabafou o pai de Mateus. O corpo do adolescente permanece no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro. O sepultamento está previsto para a tarde de hoje, no Cemitério de Casa Amarela.

Antônio Carlos quer que os culpados pela morte do filho sejam punidos
Antônio Carlos quer que os culpados pela morte do filho sejam punidos

A assessoria de comunicação da Polícia Militar de Pernambuco, por meio de nota, informou que os PMs da CIPMoto “participaram de diligências policiais que resultaram na troca de tiros entre eles e, pelo menos, três assaltantes, que desceram de um veículo atirando contra os policiais, que revidaram.” Ainda de acordo com a assessoria da PM, dois suspeitos foram presos, uma arma apreendida e um terceiro homem conseguiu fugir. “Os policiais chegaram a dizer que o menino estava no meio dos assaltantes, mas isso não é verdade. Mateus estava voltando da lan house quando foi atingido por um tiro na cabeça”, disse uma moradora da localidade que preferiu não se identificar.

Ainda segundo a PM, “no boletim de ocorrência, os policiais da CIPMoto relataram que os homens estavam em um veículo Siena e faziam direção perigosa, quando desembarcaram atirando, sendo um deles presos imediatamente. Em seguida, um segundo suspeito foi preso pelos PMs após travar lutar corporal com um dos policiais, que saiu com ferimentos durante a ação.” A PM esclareceu ainda que “ao tomarem conhecimento de que um adolescente de 14 anos teria sido ferido por disparos de arma de fogo, os PMs ficaram à disposição do Departamento de Homicídios e Proteçao à Pessoas (DHPP). O comando da CIPMoto abriu uma sindicância para apurar o caso.”

Na última sexta-feira, no bairro do Totó, um menino de 11 anos também foi baleado durante uma ação da Polícia Militar. De acordo com a corporação, os próprios PMs levaram o garoto para o Hospital Otávio de Freitas (HOF). Kauã Vinicius da Silva foi atingido enquanto empinava pipa com outras crianças. Ele continua internado na unidade de saúde. Segundo os moradores da comunidade, o incidente ocorreu quando uma viatura chegou ao local, onde geralmente costumam ocorrer ações truculentas. Cerca de três horas depois, a comunidade fez um protesto na localidade.

Delegado Cláudio Castro assume Delegacia de Desaparecidos do DHPP

O delegado Cláudio Castro, que atuou durante 10 anos no Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, dos quais oito como delegado titular, está lotado agora na Delegacia de Desaparecidos e Proteção à Pessoa (DDPP) do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Castro assumiu o lugar que já ocupado pela delegada Gleide Ângelo, que atualmente está na 9ª Delegacia de Homicídios de Olinda.

Cláudio Castro comandou as duas prisões. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A/Press
Cláudio Castro foi titular do GOE. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A/Press

Castro tem vasta experiência em resolução de crimes de extorsão mediante sequestro e é conhecido pelo perfil operacional e por chefiar grandes operações na Polícia Civil. Em seu lugar no GOE assumiu o delegado Guilherme Caraciolo, que já havia passado pela especializada como delegado adjunto de Castro em 2008 e depois foi deslocado para outras delegacias. Caraciolo atuou um tempo da Delegacia de Homícidios de Jaboatão dos Guararapes, onde investigou a morte do médico Artur Eugênio.

Caso Betinho completa um ano e terá audiência no próximo dia 19

Um ano após o assassinato do professor José Bernardino da Silva Filho, 49 anos, a família ainda espera que os dois estudantes suspeitos pelo crime sejam punidos. O corpo do pedagogo conhecido como Betinho do Agnes foi encontrado dentro apartamento onde ele morava no dia 16 de maio do ano passado. Betinho estava despido da cintura para baixo, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado ao pescoço.

Crime está sendo investigado pelo delegado Alfredo Jorge do DHPP. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press
Crime aconteceu no edifício Módulo. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

A investigação da Polícia Civil apontou que o estudante Ademário Gomes da Silva Dantas, 20 anos, e outro estudante que à época tinha 17 anos foram os responsáveis pelo crime. Os dois eram alunos do Colégio Agnes, no Recife. O mais velho é filho do diretor do colégio. No próximo dia 19 está marcada a segunda audiência de instrução do caso.

No final de setembro do ano passado, depois de pouco mais de quatro meses de investigação, o delegado Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), pediu a prisão preventiva de Ademário à Justiça. Ele foi indiciado por homicídio qualificado. Além disso, o delegado pediu a internação para cumprimento de medida socioeducativa do adolescente, por ato infracional correspondente ao crime de homicídio.

No entanto, até hoje, os dois pedidos não foram atendidos. Para concluir o inquérito, o delegado ouviu cerca de 40 pessoas e interregou os suspeitos duas vezes. Os estudantes negam envolvimento no assassinato. O caso seguiu para a Justiça sem a motivação esclarecida.

O irmão de Betinho espera que a justiça seja feita. “Eu acho que ele pagou de uma forma que não era para ter sido assim. Se ele pagou com a vida, os suspeitos terão que pagar a prisão. Espero que a justiça seja feita”, disse Silvio em entrevista à TV Clube/Record. Para o promotor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Luís Sávio Loureiro, existem provas contra os estudantes na morte de Betinho. “Há evidências no processo que fazem concluir que os dois estiveram na cena do crime”, ressaltou Loureiro também em entrevista à TV Clube.

Segundo a polícia, Betinho foi torturado antes de morrer. “Ele teve o fio de ferro enrolado ao pescoço quando ainda estava vivo. Depois sofreu os golpes que causaram sua morte. As digitais do adolescente de 17 anos foram encontradas exatamente no ferro elétrico e no ventilador, cujo fio estava amarrando as pernas da vítima. Já a digital de Ademário estava na porta de um móvel do apartamento”, declarou o delegado Alfredo Jorge no dia da apresentação do inquérito.

Betinho morava no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife. Além do Agnes, ele também trabalhava na Escola Municipal Moacir de Albuquerque, em Nova Descoberta, de onde havia pedido transferência uma semana antes de ser assassinado após ser flagrado saindo do banheiro com um adolescente que é aluno da escola.

Além dos dois estudantes, o inquérito do DHPP foi enviado à Justiça com o indiciamento da supervisora de uma creche de Olinda. De acordo com o delegado Alfredo Jorge, Wenderly Gomes de Castro, tentou atrapalhar as investigações indicando falsas testemunhas para prestaram depoimentos.

Gleide Ângelo, a delegada “dos casos impossíveis”

O assassinato de uma turista alemã em pleno carnaval de 2010 chamou a atenção do estado e intrigou a Polícia Civil de Pernambuco. No dia 16 de fevereiro, Jennifer Marion Nadja Kloker, com 22 anos na época, foi encontrada morta às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Antes de ser assassinada, Jennifer estava com a família num passeio de carro.

Ouvidos pela polícia, os parentes relataram que foram assaltados e que os suspeitos levaram a alemã. A versão contada pelo marido e pela sogra da vítima não durou muito para ser desconstruída. Os investigadores sabiam que existia algo de errado na história narrada nos primeiros depoimentos. Foi aí que uma delegada até então desconhecida da mídia assumiu o caso e conseguiu prender os envolvidos.

Gleide Ângelo no dia da prisão de Delma Freire. Foto: Alcione ferreira/DP
Gleide Ângelo no dia da prisão de Delma Freire. Foto: Alcione ferreira/DP

O Caso Jennifer, como ficou conhecida a investigação, ganhou diversas manchetes no Diario de Pernambuco ao longo dos três meses de cobertura. Assim como a sogra de Jennifer, a enfermeira Delma Freire, ganhava cada vez mais destaque no noticiário, a delegada Gleide Ângelo também deixava sua marca ao desvendar a trama que renderia um filme. Auxiliada pelo delegado Alfredo Jorge, Gleide concluiu o inquérito sobre a morte da alemã e descobriu que a sogra da vítima, seu filho e um italiano que vivia com Delma na Itália, onde todos moravam, mataram a jovem para ficar com um seguro de vida milionário que havia em nome da vítima.

Nesse mesmo ano de 2010, outro crime de grande repercussão ocorrido em Pernambuco ganhou destaque na imprensa. A administradora Narda Alencar Biondi, 33 anos na época, foi dada como desaparecida no dia 29 de março. Familiares e amigos conviveram com a angústia da incerteza do seu paradeiro até o dia 4 de agosto de 2010, quando, após uma investigação trabalhosa, a delegada Gleide Ângelo descobriu que Narda havia sido morta por uma amiga e seu corpo estava enterrado no quintal de uma casa no bairro de Pau Amarelo, em Paulista, onde vítima e assassina estavam morando.

Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP
Gleide Ângelol em coletiva no DHPP. Foto: Paulo Paiva/DP

Quatro anos depois desse crime, a acusada foi condenada a 19 anos e seis meses de prisão. No julgamento realizado no Fórum de Paulista, a delegada Gleide Ângelo prestou depoimento como testemunha. Eu fazia a cobertura jornalística do júri popular e um fato observado nos intervalos do julgamento me chamou atenção. Todas as vezes que a delegada deixava a sala do tribunal do júri era apontada pelas pessoas que estavam na área do pátio do fórum. E não era só isso. Muitas delas aproximavam-se da delegada e a parabenizavam pelo seu trabalho. Outros tantos pediam para tirar fotografias com ela. “É muito gratificante o reconhecimento do povo pelo meu trabalho na polícia”, declara.

Delegada em ação no dia em que o corpo de Narda Biondi foi encontrado. Foto: Ricardo Fernandes/DP
Delegada em ação no dia em que o corpo de Narda Biondi foi encontrado. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Mas recentemente, em junho do ano passado, a delegada foi designada para solucionar mais um caso que gerou revolta e comoção em todo o estado. A estudante Maria Alice de Arruda Seabra, 19 anos, foi raptada, estuprada e morta pelo padrasto que queria manter um relacionamento amoroso com a jovem. Durante a investigação, Gleide Ângelo conseguiu fazer com que o suspeito se entregasse à polícia e mostrasse o local onde havia enterrado o corpo da enteada, num canavial no município de Itapissuma, no Grande Recife. Dos 13 anos de carreira na Polícia Civil do estado, a delegada que também ficou conhecida pelos seus cabelos vermelhos, pelas roupas coloridas e pelas suas bijuterias, acumula em seu currículo soluções de diversos casos considerados difíceis.

Delegada foi ao local onde o corpo de Alice estava enterrado. Foto: Julio Jacobina/DP
Delegada foi ao local onde o corpo de Alice estava enterrado. Foto: Julio Jacobina/DP

Quando era lotada no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), chegou a receber uma placa que foi colocada em sua sala com a frase: “a delegada dos casos impossíveis.” A entrada na polícia, conta Gleide, foi em busca da segurança de um emprego público. “Entrei na Polícia Civil em 2003 como agente, mas gostei tanto que resolvi fazer o curso de direito para ser delegada. Foi quando passei no concurso e assumi o cargo de delegada em 2008.”

Atualmente, Gleide está lotada na Delegacia de Homicídios de Olinda e sua popularidade aumenta a cada dia. Na semana passada, durante a homenagem prestada às mulheres pelo Shopping Tacaruna, a delegada foi uma das agraciadas. Quando o nome dela foi anunciado, muitos aplausos foram ouvidos pelos corredores do centro de compras. E o sucesso da policial não é só nas ruas. Em sua página no Facebook, Gleide tem mais de 65 mil seguidores. Suas postagens alcançam milhares de curtidas.