Aos 15 anos, Rafael* não sabe ler nem escrever. Trocou a sala de aula pelas drogas desde cedo. Começou experimentando maconha, passou pela cola e há mais de um ano foi apresentado ao crack. “Eu vendia pedras quando um homem me ensinou a fumar. Fiquei viciado na primeira vez que usei.”
Para sustentar a dependência, invadiu duas vezes a Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, em Apipucos, de onde levou objetos de prata e ouro. Após confessar os furtos à mãe, o garoto foi surpreendido pelo gesto de um policial federal, que se ofereceu a ajudá-lo no tratamento contra as drogas.
A mãe de Rafael, uma dona de casa de 37 anos, lutava há meses para internar o filho. Depois que o menino assumiu as infrações, ela telefonou para a Polícia Federal e contou o que aconteceu.
“Os policiais vieram à minha casa e perguntaram se meu filho havia chegado com algum objeto de ouro ou de prata. Eu disse que não vi nada. Sepois questionei meu filho e ele confessou”, disse a dona de casa.
O que a mãe não esperava era que um dos agentes da PF pudesse mostrar um caminho para acabar com o problema que tirava o sossego da família. “O policial perguntou se aceitaríamos que nos ajudasse a livrá-lo das drogas. Fiquei emocionada. Foi um anjo que apareceu na minha vida.”
O anjo a quem ela se refere é o agente Ricardo Belmonte. Policial federal há 19 anos, ficou comovido com a situação. “Faço parte de uma igreja que ajuda uma clínica de recuperação e perguntei se o garoto gostaria ser levado para lá. Ele e os familiares aceitaram na hora. Acredito nas pessoas e senti que o adolescente quer mudar de vida.”
O adolescente chegou a vender roupas e pedir dinheiro para comprar crack. “Não quero mais usar”, diz. Sem saber o valor das peças que furtou, ele vendeu tudo por R$ 2 mil.
“Paguei R$ 50 que devia a um colega e o restante gastei com drogas”, confessa. Ontem, Belmonte, o garoto e sua mãe foram ao Centro de Recuperação de Dependentes de Drogas, em Igarassu. “Fui ao Conselho Tutelar e pedi autorização para mandar meu filho à clínica. Tenho fé que ele vai se recuperar”, aposta a dona de casa.
*nome fictício