Até o final deste mês, a Polícia Civil deve concluir o inquérito que apura a morte do pedagogo José Bernardino da Silva Filho, 49 anos. Neste domingo (16) completa três meses que Betinho, como era conhecido, foi encontrado morto dentro do seu apartamento, no Edifício Módulo, na Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife. Dois alunos do Colégio Agnes, onde a vítima trabalhava como coordenador pedagógico, são apontados pela polícia como suspeitos do crime.
O jovem de 19 anos, filho do diretor do colégio, e o adolescente de 17 foram ouvidos duas vezes, mas negaram envolvimento no assassinato. No entanto, a polícia tem como provas contras eles as impressões digitais encontradas nos objetos utilizados para matar a vítima e num móvel do apartamento.
A análise das digitais realizada pelos peritos papiloscopistas do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) não deixa dúvida quanto à presença dos dois suspeitos no local. Betinho foi encontrado despido da cintura para baixo, com as pernas amarradas por um fio de ventilador e com um fio de ferro elétrico enrolado no pescoço. As digitais foram encontradas no ventilador e no ferro.
A polícia disse ainda que o ferro foi usado para dar pancadas na cabeça da vítima que morava sozinha no imóvel. Apesar de ter sido encontrado sem vida por um amigo no dia 16 de maio, a polícia suspeita que Betinho tenha sido assassinado no dia 14 de maio, quando foi visto pela última vez entrando no edifício.
Antes da polícia revelar que os dois alunos do Colégio Agnes estariam envolvidos no crime, dois rapazes que costumavam frequentar o apartamento da vítima chegaram a prestar depoimentos na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde o caso está sendo investigado. Um deles foi a pessoa que encontrou Betinho morto e o outro é um homem que teria mantido um relacionamento com a vítima.
Ambos negaram participação no assassinato. E afirmaram que frequentavam o apartamento para consumir drogas com a vítima. Na casa do pedagogo foram encontrados latas e cachimbos para fumar crack. Procurado pelo blog, o delegado responsável pelo caso, Alfredo Jorge, disse que não poderia falar sobre o caso.
O que a polícia ainda não conseguiu descobrir foi a motivação do assassinato que chocou familiares da vítima, amigos, funcionários, alunos, ex-alunos do Agnes e da Escola Moacir de Albuquerque, em Nova Descoberta, onde Betinho também trabalhava. Uma semana antes de ser morto, o pedagogo havia pedido transferência de local de trabalho devido a um problema envolvendo ele e um aluno adolescente.
De acordo com Silvio Pereira, um dos irmãos de Betinho, a família recebeu as chaves do apartamento, que estavam com a polícia, no início dessa semana. “Já está fazendo três meses da morte do meu irmão e ainda não temos uma resposta definitiva. Toda a família espera que o caso seja concluído e que os culpados pagem pelo que fizeram”, destacou Silvio.