Elas são bonitas e poderosas

Lúcia, Paula e Lourdes escolheram fazer carreira na Polícia Militar. Em meio a um grupo de 380 profissionais, elas, junto com mais duas colegas, são as únicas mulheres do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) de Pernambuco. Sempre maquiadas e de brincos, as policiais costumam chamar atenção quando estão envolvidas em grandes operações e despertam admiração em muita gente que enxerga a profissão como algo essencialmente masculino. O comandante do BPChoque, major Walter Benjamin, diz que não há diferença entre as meninas e os homens da tropa. “Elas fazem os mesmos testes para chegar até aqui e participam das mesmas atividades. Elas não querem ser tratadas diferentemente dos homens.”

Lúcia, Paula e Lourdes adoram o trabalho no Batalhão de Choque

 

A tenente Lúcia Helena Salgueiro, 27 anos, está no batalhão há quase cinco anos e diz que o local onde mais gosta de trabalhar é onde também encontra mais dificuldades. “Quando estou nos presídios, seja em revistas ou rebeliões, sempre tenho problemas quando os presos escutam minha voz e percebem que sou mulher. Muitas vezes eles têm resistência em atender aos pedidos, mas os colegas homens acabam nos ajudando a contornar a situação. Mesmo assim, adoro participar de operações nas unidades prisionais”, revela a oficial, que antes de chegar ao BPChoque passou por todos os batalhões de área da Região Metropolitana do Recife (RMR).


Com apenas 12 meses no Choque, as soldados Paula de Oliveira Alves, 21, e Maria de Lourdes Santos, 24, se dizem honradas. “As pessoas levam um susto quando percebem que somos mulheres”, conta Lourdes. A soldado acabou um namoro de cinco anos após ter entrado no BPChoque. “O meu ex-namorado tinha muitos ciúmes, porque aqui tem muito policial homem. Sete meses depois que eu cheguei aqui, a gente terminou”, lembra. Loura e de olhos azuis, a militar fala que é olhada com respeito pelos homens na rua.

A colega Paula de Oliveira ressalta que a companhia masculina serve de proteção nessas horas. “Como a gente sempre está acompanhada dos PMs masculinos, os homens têm medo de dizer alguma coisa. Porém, em alguns jogos de futebol, vez por outra escutamos algumas gracinhas”, ressalta.
Diferentemente de Lourdes, Paula segue firme no namoro. “Meu namorado não é policial, mas entende que é a minha profissão”, destaca. A tenente Lúcia conta que já teve problemas com um antigo namorado. “Meu atual namorado não é militar, mas não temos problemas quanto ao meu trabalho. Mas já tive um namorado que fazia questão de vir no batalhão e até de me beijar na frente de todo mundo”, entrega. As mulheres que atuam nessa batalhão enfrentam situações de rebeliões, grandes shows, jogos de futebol, reintegrações de posse e participam de operações especiais.

 

OBS: As fotos que ilustram a matéria são de autoria da repórter fotográfica especial do Diario de Pernambuco Teresa Maia.