Protesto por segurança no Sítio Histórico após morte de Maria Alice

Um protesto por mais segurança no Sítio Histórico de Olinda será realizado na tarde deste sábado (17). Organizado pela Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca), o ato pedirá o fim da violência que vitimou a arquiteta e artista plástica Maria Alice Soares dos Anjos, 74 anos, uma das fundadoras do bloco carnavalesco Eu Acho é Pouco. Conhecida pelos amigos e familiares como Baixinha, Maria Alice foi encontrada morta no quintal de casa na noite da terça-feira. A polícia segue investigando o crime e a hipótese de latrocínio é a mais forte até o momento. Nessa quinta-feira, a Polícia Civil confirmou que a vítima havia prestado queixa de furto em sua residência um dia antes de ter sido encontrada morta. Também nessa quinta, o corpo de Baixinha foi sepultado em Maceió, Alagoas, onde moram seus familiares.

Crime aconteceu dentro da casa da vítima, na Rua 13 de Maio. Foto: Julio Jacobina/DP

A concentração para o protesto que vai tomar as ruas da Cidade Alta está marcada para as 16h, nos Quatro Cantos. “Vamos clamar pelo fim dos assaltos, dos furtos e da violência que resultou na morte da nossa Baixinha, uma mulher forte, guerreira e muito querida e que foi assassinada brutalmente em sua própria casa. Pedimos que tragam flores dos seus jardins para o ato e que ponham uma faixa preta na fachada de suas casas para manifestar seu luto pela falta de segurança”, disse a nota divulgada pela Sodeca. Integrantes do bloco Eu Acho é Pouco também participarão do ato. O estandarte do bloco deverá desfilar junto ao grupo pelas ruas do Sítio Histórico.

A Delegacia de Homicídios de Olinda iniciou as investigações desde a manhã da quarta-feira. Vizinhos e pessoas que trabalharam na casa da vítima começaram a ser intimados para prestarem depoimento. As impressões digitais colhidas no vaso de plantas usado para assassinar Maria Alice podem levar a polícia aos assassinos. “As diligências estão em andamento tanto na delegacia quanto na rua. A delegada Andreia Griz, que está à frente do caso, irá falar quando a investigação for concluída. Por enquanto, não podemos informar o que está sendo realizado”, disse o delegado João Leonardo Cavalcanti, chefe da Delegacia de Homicídios de Olinda. Até agora a polícia sabe que foram levados da casa da vítima a bolsa com todos seus documentos e dois telefones celulares.

Maria Alice era chamada de Baixinha pelos amigos e foi uma das fundadoras do bloco Eu Acho é Pouco. Foto: Divulgação

Apesar de ter informado na quarta-feira que não havia nenhum registro de queixa de furto realizado pela vítima, a polícia informou nessa quinta-feira que Maria Alice denunciou o furto de cervejas e carnes, que ocorreu no último domingo. Na ocasião, a vítima acrescentou que os furtos estariam sendo frequentes na localidade. O engenheiro Carlos Guido, 69, primo de Maria Alice, espera que os responsáveis pelo crime sejam identificados e presos. “Estamos confiantes no trabalho da polícia e esperamos que o crime seja esclarecido rapidamente. Também irei participar desse ato que acontecerá no sábado pedindo segurança no Sítio Histórico”, declarou Guido.

Crimes assustam moradores do Sítio Histórico de Olinda

Moradores e comerciantes do Sítio Histórico de Olinda estão assustados com a onda de violência que voltou a invadir as ruas da Cidade Alta. Assaltos a qualquer hora do dia e arrombamentos de residências e comércios têm sido frequentes na localidade. A administradora de empresas Rosa Barcellos sabe bem o que representa esse aumento da insegurança na localidade.

Em pouco mais de um mês ela teve a casa invadida por criminosos duas vezes, na Rua Antônio Francisco Gomes, no bairro do Carmo. Segundo a Companhia Independente de Apoio ao Turista da Polícia Militar (CIATur), nos quatro primeiros meses deste ano, 379 casos de furtos foram notificados nos bairros do Carmo, Amparo e Varadouro.

Assaltos e arrombamentos acontecem a qualquer hora do dia. Fotos: Paulo Paiva/DP
Assaltos e arrombamentos acontecem a qualquer hora do dia. Fotos: Paulo Paiva/DP

De acordo com Rosa Barcellos, no dia 7 de abril sua casa foi invadida por assaltantes. “Nesse dia levaram R$ 1 mil em dinheiro, uma televisão e dois telefones celulares. Agora no dia 11 de maio minha casa foi invadida novamente. Tinha comprado uma televisão nova, que foi levada pelo assaltante, além de um tablet e dois notebooks. Duas horas depois o furto, o suspeito foi preso. Apenas os computadores e outros pertences menores foram recuperados”, contou a administradora.

Na rua onde Rosa mora, os vizinhos contaram ainda que assaltos acontecem a qualquer hora do dia. Na última quarta-feira, a CIATur prendeu Márcio da Silva Santos, 32 anos, suspeito de praticar vários arrombamentos e furtos no Sítio Histórico de Olinda. Na casa dele foram encontrados diversos objetos de moradores da área, inclusive da casa de Rosa.

Presença das câmeras de segurança não inibe ação dos criminosos
Presença das câmeras de segurança não inibe ação dos criminosos

Além do Carmo, o medo também está nos bairros do Amparo, Varadouro e no Alto da Sé. “Os assaltos estão acontecendo em várias ruas e a qualquer hora. A polícia quase não é vista por aqui”, disse uma moradora do Amparo. Na noite da quarta-feira, cerca de 40 moradores da Cidade Alta participaram de uma reunião com o comandante da CIATur, major Alano Araújo, o secretário de Segurança Urbana de Olinda, Ubiratan de Castro, e representantes da Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca).

“A reunião foi proveitosa. Foi apresentado um documento com todas as demadas dos moradores das ruas que têm registro de assaltos e uma nova reunião ficou marcada para o início do próximo mês. Esperamos que haja uma melhora no policiamento ostensivo e na iluminação pública”, ressaltou o conselheiro Edmilson Cordeiro.

O major Alano Araújo ressaltou que as quatro viaturas e as duas motos da Polícia Militar que fazem rondas 24horas no Sítio Histórico passarão a fazer mais rondas e mais abordagens nas ruas com maiores índices de reclamações. “Vamos reforçar a atenção em três localidades que foram apontadas pelos moradores como pontos inseguros. Nossas viaturas estarão mais presentes na Rua da Bica dos Quatro Cantos, na Rua da Palha, esquina com a Travessa São Francisco e na Avenida Joaquim Nabuco”, detalhou o comandante da CIATur.