O promotor de Justiça aposentado Miguel Sales não vai mais defender os irmãos kombeiros Marcelo e Valfrido Lira. Sales havia sido constituído pelos Lira porque o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu a anulação do júri popular que absolveu os irmãos, em setembro de 2010, das acusações das mortes das adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) deve julgar nos próximos dias se vai anular ou não o primeiro julgamento ocorrido no Fórum de Ipojuca.
Nesta semana, Miguel Sales enviou uma nota de esclarecimento à Associação do Ministério Público de Pernambuco (Amupe) informando sua decisão de não mais atuar na defesa dos Lira. Ontem, a Amupe repassou o informe para os promotores do estado. No documento, Sales informa que o principal motivo que o fez desistir de defender os kombeiros, caso haja um novo júri popular, foi a preservação integral do Ministério Público de Pernambuco. O promotor aposentado ressaltou que parte dos colegas do MPPE viram como inconveniente para a instituição ele atuar como advogado dos kombeiros.
O ex-promotor de Ipojuca chegou a devolver o inquérito que apontava os dois como culpados pelo duplo assassinato por cinco vezes, alegando falta de provas. As brigas entre o então chefe da Polícia Civil, Aníbal Moura, e o promotor Miguel Sales fizeram o caso ganhar proporções gigantes e se arrastar até hoje envolto em muitas dúvidas. Sales disse que aceitou o convite para defesa, incialmente, porque, além de acreditar que os Lira são inocentes, irá escrever um livro sobre o Caso Serrambi, como ficou conhecida a investigação das mortes das adolescentes.
Maria Eduarda e Tarsila morreram em maio de 2003, depois de saírem para um passeio de lancha. Elas se separaram dos amigos e desapareceram. Os corpos foram encontrados dez dia depois.
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