A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) vai instaurar um Processo Administrativo Disciplinar Especial (Pade) para investigar a equipe da Polícia Civil que estava de plantão na Delegacia de Boa Viagem na noite de 13 de agosto do ano passado, quando o motorista Pedro Henrique Machado Villacorta, que dirigia sob efeito de álcool, atropelou e matou duas pessoas. O caso, que aconteceu na Avenida Desembargador José Neves, resultou nas mortes de Isabela Cristina de Lima, 26 anos, e Adriano Francisco da Silva, 19.
O pedido de investigação foi feito pelo secretário da SDS, Antônio de Pádua, e tem como objetivo apurar se a equipe que era comandada pelo delegado Vicktor de Araújo Melo, dois comissários, quatro agentes e um escrivão, esteve no local do crime ou na UPA, para onde o motorista foi levado após atropelar e matar as duas pessoas.
Na portaria de Nº 5997 publicada no Boletim Geral da SDS, o secretário Antônio de Pádua diz que “considerando que os depoimentos de todas as testemunhas, policiais civis e militares indicam que o delegado de plantão da Delegacia de Boa Viagem (PJES) na data do fato, Vicktor de Araújo Melo, em nenhum momento compareceu ao local do crime ou à UPA da Imbiribeira. Além disso, por meio da análise dos depoimentos das testemunhas policiais civis, não há condições de se afirmar categoricamente que o delegado tenha de fato comparecido ao referido plantão, situação esta que só poderá ser devidamente esclarecida por meio da instauração de um Pade em desfavor de toda sua equipe, inclusive os despachantes policiais civis do Ciods, podendo caracterizar possível ato de improbidade administrativa.”
A SDS informou que o Pade será instaurado nos próximos dias e ficará sob responsabilidade da Comissão Especial da Polícia Civil na Corregedoria. O prazo inicial para a conclusão dos trabalhos é de 60 dias, mas pode ser prorrogado. Ainda na mesma portaria, Pádua pede o arquivamento dos autos do processo administrativo que investigava a conduta dos policiais militares envolvidos na ocorrência “por entender que os mesmos não cometeram qualquer tipo de irregularidade em relação à ocorrência.”
Os PMs estavam sendo investigados para saber porque o motorista havia sido liberado da UPA para um hospital particular sem ser levado para a delegacia. Em novembro do ano passado, a Polícia Civil apresentou o resultado do inquérito, indiciando o motorista por homicídio doloso, quando há intenção de matar. Pedro Henrique não foi preso.
O condutor também foi denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), mas a data do seu julgamento ainda não foi marcada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. Em 28 de novembro deste ano, parentes e amigos das vítimas protestaram colocando cartazes com as fotos de Isabel e Adriano no local onde foram mortos e pedindo agilidade na punição a Villacorta.
A manifestação aconteceu dois dias depois das três mortes que foram causadas por João Victor Ribeiro de Oliveira Leal, 26, que dirigia embriagado e ultrapassou um sinal vermelho do bairro da Tamarineira. Além das três pessoas mortas, entre elas uma grávida, pai e filha ficaram gravemente feridos.