“Um homem honesto, religioso e excelente advogado.” É assim que familiares, amigos e ex-colegas de trabalho definem o procurador da República Pedro Jorge de Melo e Silva, assassinado no dia 3 de março de 1982, no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. As declarações sobre o membro do Ministério Público Federal (MPF) estão no documentário Pedro Jorge: uma vida pela justiça, que será lançado na próxima segunda-feira, às 19h30, no Cinema São Luiz, com entrada gratuita. Um total de 300 ingressos serão distribuídos na bilheteria do local uma hora antes do início da exibição.
Pedro Jorge foi morto com três tiros quando saía de uma padaria. O crime, que completou 35 anos este mês, foi praticado após ele ter investigado e denunciado os envolvidos no Escândalo da Mandioca, como ficou conhecida a investigação do desvio de dinheiro do Banco do Brasil de Floresta, no Sertão do estado, na década de 1980. O documentário que tem 41 minutos de duração, foi produzido pela Procuradoria da República da 5ª Região e pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). No material apresentado ontem à imprensa estão diversas fotos do cotidiano de Pedro Jorge, inclusive com sua família.
“Eu não sabia que Pedro Jorge estava sendo ameaçado de morte por conta da investigação. Ele costumava atender muitos telefonemas, mas falava com a voz baixa e eu não escutava nada. Quando perguntava do que se tratava, ele falava que depois conversaria comigo. Mas nunca me revelou sobre o risco que estava correndo”, conta a viúva Maria das Graças Viegas.
Antes de ser assassinado, Pedro Jorge parou no Mosteiro de São Bento, onde conversou com dom Fernando Saburido. “Ele estava indo para casa e passou no mosteiro para me pedir um dinheiro adiantado, já que era o advogado de lá. Pouco tempo depois, quando estávamos rezando, chegaram para avisar ao abade dom Basílio Penido que Pedro Jorge havia sido assassinado. Ele morreu com um saco de pão e uma bolsa de leite nas mãos”, recorda no documentário o arcebispo de Olinda e Recife.
O média-metragem foi produzido sem fins lucrativos e traz depoimentos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, dos ex-procuradores-gerais da República Geraldo Brindeiro e Aristides Junqueira e de dom Fernando Saburido. Também foram entrevistados a viúva de Pedro Jorge, Maria das Graças Viegas, as filhas do casal, Roberta e Marisa, que eram crianças na época do crime, e o advogado criminalista Gilberto Marques, que atuou na acusação dos suspeitos. Após a exibição do vídeo, será realizado um debate.
O documentário tem produção e direção das jornalistas Ana Cláudia Dolores e Cláudia Holder. Já a edição ficou por conta da Unicap. “É um material importante para toda sociedade e para os membros do Ministério Público Federal”, destaca o chefe da Procuradoria Regional da República da 5ª Região, Marcelo Alves.