Por mais absurdo que pareça, quem usa os estacionamentos de grandes supermercados do Recife está sujeito a ações de bandidos, como a que quase provocou a morte de uma funcionária pública de 29 anos na última segunda-feira. No dia seguinte ao crime, o clima de medo aumentou entre clientes dos estabelecimentos. Quem já costumava tomar precauções nesses ambientes está redobrando os cuidados a partir de agora. O reforço na segurança, no entanto, nem sempre anda no mesmo ritmo.
O caso que chamou atenção pela brutalidade aconteceu no Extra da Madalena, por volta das 21h da segunda. O marido da vítima, um advogado de 32 anos, disse que o criminoso quis obrigá-la a entrar no carro, um Nisan Livina, mas ela se recusou, o que teria provocado a reação do suspeito. “Não sabemos qual era a intenção dele, se era assaltar ou estuprar. Ela acredita que ele estava muito drogado”, contou. Depois de quase ser linchado pelos clientes, o criminoso foi preso em flagrante e levado para o Cotel, em Abreu e Lima.
A mulher, cujo nome a família prefere não revelar, está internada em situação estável no Hospital Portugûês. Ela teve fraturas múltiplas no rosto e apresenta muito inchaço no local. A cirurgia poderá ser feita assim que os edemas diminuam.
No hipermercado onde ocorreu o caso, não havia seguranças no estacionamento ontem à tarde. “Se houvesse fiscalização, isso não teria acontecido”, comentou a dona de casa Jaquilene Gomes, 45. O marido dela, o autônomo Genildo Moura, 54, concorda: “Não temos vigilantes na área interna ou externa. É muito perigoso”, acrescentou.
A aposentada Cristina Lisbôa, 76 anos, disse que todas as semanas vai ao Carrefour, na Torre, pelo menos uma vez, e que se sente insegura quando segue para o estacionamento, onde costuma deixar seu carro. “Certa vez precisei pedir para uma pessoa me acompanhar até o veículo porque um estranho estava me seguindo”, comentou. No mesmo lugar, o aposentado Pedro Gonçalves, 66, disse que nunca sofreu tentativas de assalto, mas defende que deveria haver mais segurança no supermercado. “Nunca vejo vigilantes por perto dos veículos”, criticou. Coincidentemente, no mesmo momento da entrevista um deles passou de moto fazendo a ronda.
Através de nota, o Extra informou que prestou assistência imediata à vítima, que foi encaminhada ao hospital. “O estacionamento do Extra tem medidas para garantir a segurança dos clientes, tais como empresa terceirizada responsável pela segurança do local, controle de entrada e saída dos veículos através de câmeras de monitoramento e equipe treinada para acionar as autoridades competentes mediante qualquer atitude suspeita. A rede reitera que permanece à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos necessários”, diz a nota. A assessoria de imprensa do Carrefour, no entanto, afirmou que a rede não costuma falar sobre a segurança ofertada nos supermercados da rede, por cautela.
Do Diario de Pernambuco