Piratas são o novo perigo da Via Mangue

Por Jailson da Paz, da coluna Diário Urbano

O temor de ataque pirata está de volta ao Recife. Ao contrário do período colonial, as embarcações surgem no meio do manguezal e não do mar. Precisamente na área que margeia a Via Mangue, em Boa Viagem. Na tarde da última terça-feira, um barco ancorou nas imediações da Rua Alexandrino Martins Rodrigues. Ladrões desceram da embarcação, cruzaram a via e assaltaram uma pessoa que, de carro, deixava uma empresa.

Assaltos foram vistos pelo menos duas vezes esta semana. Foto: Peu Ricardo/Esp. DP
Assaltos foram vistos pelo menos duas vezes esta semana. Foto: Peu Ricardo/Esp. DP

Pouco demorou para policiais militares aparecerem no local. Ouviu-se três disparos. No começo da noite, segundo testemunhas, ainda era possível ver a embarcação no lugar onde havia sido deixada antes do crime. Cena essa semelhante à registrada na semana passada, quando os piratas assaltaram um casal na Rua Irene Ramos Gomes de Matos, interligada à Alexandrino Martins Rodrigues, e conseguiram retornar ao barco.

As duas ocorrências reforçam o que a sabedoria popular alerta: “ladrão dorme de olho aberto”. E a polícia, caso queira reduzir a área de alcance do ladrão ou agir rápido, como nessa terça-feira, também não pode fechar o olho. Se cochilar, os piratas partirão em suas barcaças com a mesma tranquilidade que têm chegado às margens da Via Mangue.

Piratas assaltam grupo no Parque das Esculturas

Quem imagina que piratas são personagens de continentes distantes, engana-se. Um caso registrado no Parque das Esculturas de Brennand, na frente do Marco Zero, na capital, é a prova de que eles estão bem próximos do recifense. Um autônomo de 27 anos, que pede para não ser identificado, contou que, no último domingo, por volta das 20h, estava com um primo e com um casal de amigos quando foram supreendidos por quatro jovens que se aproximaram em um pequeno barco movido a motor.

Amigos estavam do outro lado do Marco Zero quando um pequeno barco com quatro homens se aproximou. Dois deles desceram armados e anunciaram o assalto (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)

Depois de anunciarem o assalto, os ladrões escaparam da mesma forma que chegaram: navegando tranquilamente. Uma câmera de segurança, instalada em fevereiro pelas secretarias de Segurança Urbana do Recife e de Turismo e Lazer, na Central do Artesanato, não captou as imagens porque estaria direcionada naquela noite para o Marco Zero.

O autônomo contou que costuma frequentar o Parque das Esculturas e nunca tinha passado por uma situação semelhante. “A gente imaginou que eram pescadores e não nos assustamos. De repente, estacionaram o barco e dois deles já desceram com armas em punho. Eles mandaram a gente ficar calado e não olhar para eles. Também chegaram a dar tapas no casal”, lembrou. O autônomo também brincou com a situação inusitada. “São os piratas do Marco Zero. Levaram relógio, celular, carteira e dinheiro.” As vítimas prestaram queixa do assalto, na mesma noite, na Delegacia de Boa Viagem. Logo após o crime, policiais militares chegaram ao local com bicicletas, mas não localizaram os ladrões.

A explicação para a câmera do Centro de Artesanato não ter captado as cenas do assalto é que estaria direcionada para o Marco Zero, que registrou um grande movimento no último domingo. O equipamento tem a capacidade de filmar em um ângulo de 360 graus até a altura do parque das esculturas e é manipulada no Núcleo de Monitoramento, localizado no prédio da Prefeitura do Recife.

Apesar do governo municipal ter previsto a instalação de duas câmaras até fevereiro, apenas uma foi disponibilizada até agora. Ainda não há data para a colocação do outro equipamento. Além de tentar frear a violência no Parque das Esculturas, a estrutura tem o objetivo de evitar vandalismo nas esculturas. Procurada pelo Diario, assessoria de imprensa da Polícia Militar afirmou que só iria se pronunciar sobre o caso hoje.

Do Diario de Pernambuco