Quem gosta de história e tem curiosidade de saber um pouco mais sobre a Polícia Civil do nosso estado, que completou 197 anos recentemente, não pode deixar de ler o livro do historiador Carlos Bezerra Cavalcanti POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO – ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA. O autor, natural de Olinda, é coronel da Reserva Remunerada da PMPE.
Além disso, Cavalcanti é pós-graduado em Capacitação Pedagógica, professor de História de Pernambuco, membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, das Academias Recifense e Olindense de Letras, da União Brasileira de Escritores, do Centro de Estudos de História Municipal e do Instituto Histórico de Olinda.
Carlos Bezerra recebeu do Conselho Estadual de Cultura, o titulo de Historiador do ano 2.000, de História Viva do Recife, da Prefeitura da Cidade e de Cidadão Recifense da Câmara Municipal. Entres seus trabalhos literários, destacam-se: O Recife e seus bairros, Os pioneirismos de Pernambuco, O Recife um presente do passado, Epopeia de Bravos Guerreiros, Traços Históricos de uma Corporação, Curiosidades, se não sabia, fique sabendo, O Recife, pontos de encontro, Pernambuco feito de Glórias, Traços Históricos de uma Corporação, Guerreiros da paz, e Recife, crônicas poesias e canções.
Casarão onde hoje é a chefia da Polícia Civil fica na Rua da Aurora
Localizada à margem esquerda do Rio Capibaribe, no bairro da Boa Vista, a Rua da Aurora já foi um pântano. No início do século 19, foi aterrada para dar lugar aos casarões que resistem até hoje. Em 1842, um sobrado imponente surgiu no número 405. Durante 28 anos, o imóvel de estilo neoclássico foi residência de Francisco Rêgo Barros, o Conde da Boa Vista. Com a morte dele, em 1870, o prédio foi vendido ao estado de Pernambuco. Desde então, passou a abrigar órgãos públicos.
Do tempo da sua construção, resistem ainda alguns móveis e portas, dizem os servidores mais antigos. No entanto, um artigo de ferro que mede pouco mais de 15 cm e pesa 100 gramas recebe atenção especial dos policiais civis que trabalham no prédio e daqueles que o visitam eventualmente. Ninguém sabe precisar ao certo a idade da chave da porta principal do casarão. Alguns servidores mais antigos arriscam que ela tenha pelo menos 100 anos, mas o objeto poderia estar em uso há 172 anos, desde a fundação do prédio.
“Essa chave é uma relíquia. Não sabemos ao certo desde quando ela está em funcionamento nem se é a mesma desde a fundação do prédio, mas sei que é bastante antiga. Todos os dias pela manhã um agente tira a chave da gaveta para abrir a porta que dá acesso à Rua da Aurora. Depois, ela fica guardada até o fim do expediente”, explica o chefe da Polícia Civil, delegado Osvaldo Morais. Palco de residência de família importante e sede da Secretaria de Segurança Pública, o prédio de dois pavimentos sempre chamou a atenção de quem passa pela Rua da Aurora.
Diante do tempo que passou, sempre bem guardada, a chave amarelada e com sinais de velhice resistiu a tudo. “Ela já chegou a quebrar uma vez depois que levou uma queda, mas foi soldada e continua funcionando perfeitamente todos os dias”, ressalta Morais.
Cantada em músicas e exaltada em poesias, a Aurora, que vai da Rua da Imperatriz até a Avenida Norte, passou por algumas mudanças ao longo das décadas. No famoso endereço do Recife já funcionaram a Sorveteria Gemba, o Clube Internacional e a Fábrica Progresso (também chamada de Aurora).
“Todas as pessoas que veem essa chave ficam impressionadas com o formato dela e também com o material do qual ela foi feita. Atualmente não existem mais chaves desse modelo por aqui. Ninguém faz mais. Além de pedir para tirar fotos nas escadarias e no salão, alguns turistas e até mesmo servidores da polícia também tiram fotografias da chave”, conta o agente Wellington Francisco Marques, na PC há dez anos.
O delegado Manoel Carneiro, que foi chefe de Polícia por duas vezes, entrou na corporação no ano de 1974 e também encontrou a chave em pleno funcionamento. “Não sei precisar desde quando ela está em funcionamento, mas quando entrei para a polícia a chave já era essa que funciona até os dias de hoje”, afirma Carneiro.