O Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) está investigando uma denúncia de maus-tratos contra crianças que frequentavam um berçário no bairro do Jordão, na Zona Sul do Recife. De acordo com as mães dos meninos e meninas que ficavam no hotelzinho, eles não se alimentavam corretamente e alguns teriam sofrido agressões por parte da proprietária do estabelecimento.
O caso foi denunciado no mês de julho e os depoimentos dos pais e responsáveis pelas crianças já foram colhidos. Ainda segundo os pais, após a denúncia, o hotelzinho foi fechado e reaberto por novos proprietários. A reportagem procurou a suspeita dos maus-tratos, mas o marido dela afirmou que ambos não irião se pronunciar.
Mãe de uma menina de 2 anos, a militar Jeiza Souza, 32, foi uma das primeiras a saber do que acontecia com as crianças do hotelzinho. “As professoras me procuraram e contaram as situações que aconteciam no berçário. De imediato, tirei minha filha de lá e passei a reunir provas de tudo que era praticado com as crianças. Depois disso, chamei os outros pais e contei tudo para eles. Foi quando decidimos denunciar”, contou Jeiza.
A militar relata que sua filha costumava chegar em casa com muita fome. “Ela passava o dia todo no hotelzinho e eu ainda pagava uma taxa extra para o almoço e o lanche, mas minha filha não se alimenta direito lá. À noite, ela jantava e ainda pedia comida do meu prato e do prato da minha mãe”, destacou.
A enfermeira Amanda de Almeida Ferreira, 28, tem um filho de 3 anos que também ficava no estabelecimento. Segundo a mãe, o menino chegou em casa com o rosto arranhado e contou que a responsável pelo ferimento havia sido a dona do hotelzinho. “Meu filho fez até exame de corpo de delito e repetia várias vezes que não queria mais voltar para o berçário. Trocamos de hotelzinho e ele perguntou se a dona do antigo berçário estaria lá também. Um sinal de que estava assustado”, contou Amanda. As mães das crianças denunciaram que a alimentação dos pequenos era, frequentemente, macarrão instantâneo com salsicha.
Os pais e responsáveis pelas crianças começaram a receber as intimações para prestarem depoimento. Eles esperam que a responsável pelo berçário e hotelzinho seja responsabilizada pelos maus-tratos. “Os meninos comiam a mesma comida que era colocada em uma bacia e era usada a mesma colher para alimentar todos eles. Ninguém imaginava que essa situação poderia estar acontecendo com nosso filhos. Mas as professoras contaram tudo o que as crianças passavam lá dentro”, completou a vendedora Juliana Barros Leal, 25, mãe de um menino de 2 anos.
O caso está sendo investigado pela delegada Cammilla Lydia. Além de entrar em contato com a dona do berçário por telefone, a reportagem esteve em sua residência, mas os vizinhos informaram que não havia ninguém em casa.